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2. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

2.8. Temas de RSE predominantes no Setor Florestal

Muitos estudos focam-se na análise dos temas de RSE divulgados pelas empresas em relatórios, comunicações, internet ou outros meios de divulgação. É comum os temas serem organizados de acordo com dimensões ou categorias de responsabilidade ou atividade. Carroll (1979, 1991)

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faz a distinção entre responsabilidades económicas, legais, éticas e filantrópicas. Dahlsrud (2006) identifica cinco dimensões de RSE: gestão de stakeholders; social; económica; voluntariedade; e ambiental. Van der Laan Smith, Adhikari e Tondkar (2005) identificam seis tipos de divulgação social: envolvimento com a comunidade; práticas ambientais; relações com os clientes; recursos humanos, segurança de produto e direitos dos acionistas. Por sua vez, Sobhani, Amran e Zainuddin (2009) categorizam a comunicação social empresarial segundo: recursos humanos; consumidor e produto; envolvimento com a comunidade; ambiental; e geral. Focado exclusivamente no setor florestal, Panwar et al. (2006) ressalta que a gestão florestal sustentável deve integrar responsabilidades económicas, ambientais e sociais.

Todas as diferentes formas de agrupar os temas são válidas, acabando por se intercalar. O mesmo se passa com os temas de RSE adotados na literatura: a definição de muitos deles abrange, é abrangida ou intercala-se com definições de outros autores. Apesar de existirem já estruturas de categorização de atividades de RSE, como o Global Reporting Initiative (GRI), não existe ainda um que tenha sido adotado universalmente (Toppinen et al., 2012). Não surgiu, tampouco, nenhum quadro de referências adaptado ao setor florestal. O resultado é uma disparidade na categorização dos temas de RSE na literatura que aborda a RSE no setor florestal.

Toppinen et al. (2012) adapta a estrutura do GRI ao setor florestal e distingue seis tipos de responsabilidade das empresas de produtos florestais: económicas; práticas laborais e empregabilidade; sociais; ambientais; direitos humanos; de produto e serviços. De acordo com o modelo, são consideradas responsabilidades económicas o desempenho económico, a presença de mercado e os impactos económicos indiretos. As responsabilidades de práticas laborais englobam o emprego, as relações entre trabalhadores e gestores, a saúde e higiene no trabalho, a formação e educação e a diversidade e igualdade de oportunidades. A comunidade, corrupção, políticas públicas e comportamento anti-concorrencial são consideradas responsabilidades sociais. Dentro das responsabilidades ambientais encontram-se materiais, energia, água, biodiversidade, emissões, efluentes e refugo, produtos e serviços, e transporte. As diretrizes enumeram também as responsabilidades de direitos humanos: práticas de investimento e aquisição, não-discriminação, liberdade de associação e negociação coletiva, trabalho infantil, trabalho forçado, práticas de segurança e direitos dos indígenas. Finalmente, na responsabilidade de produtos ressaltam-se a saúde e segurança do cliente, a rotulagem dos produtos e serviços, comunicações de marketing e privacidade do cliente.

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Han e Hansen (2012) aplicam o guia de implementação de RSE “CSR Catalogue” ao setor florestal e classificam as atividades em sete tipos: a) ética, liderança, visão e valores, onde se definem a missão, valores e visão da empresa e o modo como estas são traduzidas em políticas e procedimentos práticos; b) atividades comerciais, considerando relações responsáveis com os clientes, responsabilidade de produto, rotulagem de produtos RSE, competição ética e assegurar que os mercados funcionam para todos; c) atividades laborais, incluindo a comunicação e representação dos trabalhadores, empregabilidade e desenvolvimento de capacidades, a diversidade e a igualdade, remuneração justa e responsável, equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores e reestruturação responsável; d) atividades de rede logística, ou seja, ser um cliente justo e difundir padrões através da cadeia de fornecimento, promovendo a inclusão social e económica; e) gestão de stakeholders, consultando-os e mapeando as suas principais preocupações, gerindo-as, respondendo e comunicando; f) atividades de apoio à comunidade através de doações financeiras, de tempo e de ofertas, sendo um bom vizinho; g) atividades ambientais, gerindo a utilização de recursos e de energia, de poluição e refugo, planeando o transporte e demonstrando responsabilidade ambiental de produto.

Welford, Chan e Man (2007), analisando 491 empresas de indústrias variadas, comparam quinze áreas de RSE: a) políticas sociais e ambientais; b) práticas de saúde e segurança; c) desempenho ambiental; d) governo empresarial; e) gestão de recursos humanos; f) investimento na comunidade e voluntariado dos trabalhadores; g) códigos de conduta na rede logística e inspeções à fábrica; h) responsabilidade de produtos, serviços e marketing; i) filantropia e doações de caridade; j) apoio a iniciativas pelos direitos humanos; k) parcerias de RSE com outras empresas e ONGs; l) adesão a padrões e diretrizes internacionais; m) códigos de conduta face à corrupção e suborno; n) diálogo contínuo com os stakeholders. Como síntese conclusiva da presente revisão de literatura, foi construída uma grelha de critérios de RSE otimizada para o setor florestal (Anexo I). Para isso, foram utilizados como base os trabalhos de Han e Hansen (2012) e Toppinen et al. (2012), que representam tentativas de categorização dos diferentes aspetos de RSE ao setor florestal, e a revisão de literatura de Mikkilä e Toppinen (2008) sobre RSE no setor florestal. O GRI é globalmente reconhecido como um dos mais dominantes quadros de diretrizes para elaboração de relatórios, e um número crescente de empresas da indústria florestal têm declarado a sua adoção voluntária (Toppinen et al., 2012). Por esse motivo, o seu modo de agrupar os temas de RSE foi adotado como base

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na construção da grelha de critérios. A integração destes três pilares é complementada com a inclusão de trabalhos semelhantes não específicos para o setor, nomeadamente Welford, Chan e Man (2007), Blowfield e Murray (2008), Sobhani, Amran e Zainuddin (2009), que se consideram adequados devido à sua integridade e abrangência. O desenho da tabela é justificado por estes trabalhos, levando em consideração a revisão de literatura às várias definições de RSE e sustentabilidade empresarial elaborada por Montiel (2008) e a restante presente neste capítulo. A grelha desenvolvida não pretende enumerar todos os temas existentes na literatura, mas agrupá-los tal que se adequem ao setor florestal global de uma forma compreensiva.