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Foram mantidos relativamente constantes durante os 7 dias de experimento. Temperatura (média e desvio padrão) 28,0 ± 0,5 °C e salinidade 20 ‰.

5 DISCUSSÃO

O fluxo de água e outros tipos de turbulências na água podem influenciar o assentamento de larvas de diferentes tipos de invertebrados marinhos (ABELSON; DENNY, 1997), como a ostra norte americana C. virginica (TURNER et al., 1994; NESTLERODE; LUCKENBACH; OBEIRN, 2007).

De acordo com os resultados do presente estudo, é possível observar que com o aumento da vazão de água com alimento durante a fase de assentamento, ocorre aumento da taxa de metamorfose de larvas e posterior sobrevivência de pré-sementes de ostra nativa da espécie C. gasar.

Em condições semelhantes, Areias (2012) testou diferentes condições de temperatura e salinidade, obtendo os melhores resultados, entre 31 e 46% de sementes, superiores ao do presente estudo, nas mesmas condições de salinidade (20) e temperatura (28°C); além disso ofertou a mesma quantidade de alimento e vazão aproximada de 0,002 L/cm2/min., diferenciando da metodologia do presente estudo em virtude do uso de pó de concha como substrato para o assentamento. A alternativa do uso do substrato pode aumentar a taxa de assentamento devido ao aumento de área para o assentamento e a composição estrutural em três dimensões, semelhante aos substratos naturais nos bancos de ostra.

Durante a produção de sementes de Crassostrea gigas no Laboratório de Moluscos Marinhos (LMM), utiliza-se um fluxo superior, cerca de 0,007 L/cm2/min., obtendo o rendimento de sementes próximo a 80% (Comunicação pessoal SILVA, 2016).

Geralmente as larvas olhadas de ostra aderidas nas partes mais abrigadas dos substratos experimentaram regimes de fluxo

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de água dramaticamente menores das que fixaram na superfície exposta dos substratos. O papel que o fluxo da água exerce sobre a taxa de assentamento é desconhecido, entretanto trabalhos realizados durante a fase larval demonstra a preferência por fluxos baixos (BARTOL; MANN, 1997). Bushek (1988) demonstra que a ostra norte americana C. virginica preferencialmente se fixa em locais como pedras e piers onde tenha menor ação das ondas do mar.

Estudo com C. virginica confirmou a influência do fluxo de água (incluindo turbulência) associado a estimulo químico de glicil-glicil-L-arginina na maior taxa de assentamento (TURNER et al., 1994). Outro estudo importante, com vieiras, Pecten yessoensis, mostrou que fluxo de água recomendável foi de 71,7 mL/cm2/min e temperatura de 15 ºC (KINGZETT; BOURNE; LEASK, 1990).

A importância da velocidade da água durante o assentamento também foi observada para bivalves da família Mytilidae em condições de fluxo da água maior (RAJAGOPAL et al., 1998). Pode-se indiretamente relacionar o padrão de assentamento com o fluxo, onde o assentamento e metamorfose de larvas do Mytilidae Perna canaliculus aumentam com o aumento do fluxo de água, além disso, a mortalidade de larvas e juvenis diminui com maior fluxo de água após 24 horas em tanques experimentais (ALFARO, 2005).

Os resultados do presente estudo não conseguem elucidar se a maior quantidade de pré-sementes obtidas no tratamento de maior vazão se deu em função da maior sobrevivência das larvas olhadas condicionadas ao assentamento ou devido ao favorecimento das condições que proporcionam o assentamento. Pode ser que uma maior porcentagem de larvas pediveliger tenham sofrido a metamorfose e apenas uma parte tenha sobrevivido.

No LMM, a quantidade de sementes de C. gigas que são contabilizadas como sementes (tamanho de 1,5 mm.), representam cerca de 50% das larvas pediveliger condicionadas ao assentamento, sendo que os outros 50% das larvas sofreram

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metamorfose mas não sobreviveram durante a fase de crescimento (Comunicação pessoal SILVA, 2016).

Com o aumento da velocidade do fluxo de água que passa pelas pré-sementes presentes nos cilindros do tanque de assentamento, aumenta também a quantidade de pré-sementes maiores. Este crescimento superior deve-se pelo aumento da disponibilidade de alimento e a diminuição do gasto energético da ostra com a redução da taxa de bombeamento, proporcionando velocidade de crescimento maior do que os tratamentos com fluxo menor (Eckman et al. 1989). Foi testado com C. virginica fluxo de água associado a concentração de alimento. Este teste verificou que o tratamento com maior fluxo de água e alta concentração de alimento mostrou o melhor crescimento (LENIHAN; PETERSON; ALLEN, 1996).

Desta forma observa-se que o fluxo de água é um dos fatores importantes para otimizar a produção de sementes. Seu estudo em conjunto com o uso de diferentes tipos de substratos e nutrição podem levar ao aumento na produção de sementes em laboratório.

6 CONCLUSÕES

O tratamento 810-1200 mL/min. apresentou a maior quantidade de pré-sementes e a maior quantidade de pré-sementes retidas na malha 1,500 mm. O tratamento 510-800 mL/min. apresentou a maior média de altura das conchas das pré-sementes.

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