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Tempo Takt, as operações de fabricação e o incremento Pitch

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.4. OS MÉTODOS DE PCP NA MANUFATURA ENXUTA E A PRODUÇÃO NIVELADA

2.4.6. Tempo Takt, as operações de fabricação e o incremento Pitch

Na seção anterior foi explicada a aplicabilidade do conceito de tempo Takt para se determinar o ritmo de trabalho em linhas de montagem. Por outro lado, os sistemas de fabricação (vide Apêndice A), nos quais as taxas de produção diária excedem as dezenas de milhares de peças, diferem das linhas de montagem pelo fato daqueles apresentarem as seguintes características:

30 2. Os processos podem apresentar taxas de produção diferentes para cada produto, logo,

os tempos de fabricação dos lotes de cada modelo também podem ser distintos;

3. Restrições técnicas podem limitar o tamanho dos lotes a valores de lotes mínimos, como por exemplo, processos que fabricam produtos originados a partir de elementos na forma de bobinas, rolos, chapas, os quais, muitas vezes, não podem ser reduzidos.

Para os sistemas que apresentam essas restrições, o conceito de tempo Takt torna-se inade- quado. Isto ocorre, uma vez que os valores obtidos com base na equação de cálculo do tempo Takt seriam em torno de frações de segundos. Por exemplo, considerando os valores dados abaixo e utilizando a equação 2.6, encontramos:

TDP = 27.000 s

Demanda Diária Total = 500.000 peças

Takt = 27.000s / 500.000 peças

Takt = 0,054 s

Neste exemplo, o Takt igual a 0,054 s não representa um valor adequado para controlar a pro- dução em sistemas com operações de fabricação.

Dada essa limitação, uma alternativa é monitorar o Pitch de produção, isto é, adota-se a pro- dução de pequenas quantidades baseadas em tamanhos de lotes equivalentes ao número de peças por embalagem de um dado produto. Como alternativa, é possível utilizar o tamanho de lote mínimo dos modelos de produtos, ao invés do tamanho da embalagem. Assim, o Pitch, geralmente expresso em minutos, é o intervalo de tempo, baseado no Takt, requerido por um processo fornecedor (montante), para liberar, ao processo cliente (a jusante), um lote padrão de fabricação de um dado produto, de acordo com a equação 2.7:

Pitch = Takt . Lote Padrão (2.7)

Em outras palavras, se o lote não for produzido e transferido até intervalo de tempo corres- pondente ao Pitch, denotará atraso. Desta forma, o Pitch serve para controlar o ritmo da pro- dução. Neste contexto, se o tempo Takt do exemplo anterior for igual a 0,054 s e o tamanho

31 do lote de um dado modelo de produto for igual a 100.000 peças, o Pitch, calculado utilizando a equação para cálculo do tempo Takt, apresentará o seguinte valor:

Takt = 0,054 s

Lote padrão (produto A) = 100.000 peças

Pitch = 0,054 x 100.000 = 5.400 s

Pitch = 90 min

Significa que um lote do produto A deve ser produzido em 90 min e imediatamente transferi- do ao processo cliente. Por outro lado, em termos práticos, os tamanhos dos lotes devem ser reduzidos de tal forma que o valor do Pitch esteja no intervalo de 15 a 25 min, para demandas de alto volume. Com isto, há um ganho significativo em agilidade e flexibilidade, permitindo ao sistema reagir rapidamente às mudanças na demanda e aos problemas internos, tais como defeitos da qualidade e quebra de máquinas (DUGGAN, 2002; TAPPING ET AL, 2002).

Partindo dessa premissa, optou-se, neste trabalho, em classificar as operações de fabricação quanto ao valor do Pitch, no intuito de estabelecer um critério comparativo entre os sistemas de manufatura no que tange à aplicabilidade da produção just-in-time. Em outras palavras, quanto menor o Pitch – o tempo equivalente à produção de um lote – maior será a viabilidade de implantar o fluxo contínuo. Estes critérios estão definidos:

 Pitch < 60 min – Lotes pequenos (Produção just-in-time),  Pitch > 60 min – Lotes grandes (Produção em lotes).

Com base nesses intervalos, a produção em lotes referida nesta pesquisa, será considerada pa- ra Pitch acima de 60 min. Porém, vale ressaltar que esses intervalos foram considerados bali- zadores, uma vez que não se pretende criar regras rígidas.

Por outro lado, em sistemas de fabricação, é possível que o Pitch seja diferente para cada um dos modelos produzidos no mesmo fluxo de valor. Por essa razão, uma alternativa é monitorar o tempo de produção em intervalos de tempo preestabelecidos, por exemplo, utilizando um “incremento Pitch” equivalente a uma hora. Isto significa que, a cada hora, a produção reali- zada deve ser comparada à programação diária, para que se possa averiguar se existe atraso ou

32 não na produção. Tal abordagem pode ser operacionalizada por meio de um “quadro de con- trole da produção por hora”, ilustrado com base na figura 2.4:

Figura 2.4 – Quadro de controle da produção com incremento Pitch de uma hora para operacionalizar a gestão visual da produção. Fonte: Kamada (2007).

Verifica-se, na figura 2.4, que a cada intervalo de uma hora, a produção realizada (“Real”) é registrada em tinta preta, para que seja comparada à produção diária planejada (“Plano”). Ou- tra informação relevante consta na coluna identificada por “Problemas /causas”, os operadores registram os problemas e as respectivas causas-raízes. Isto representa uma técnica de gestão visual da produção e das ações necessárias para a solução de problemas no chão-de-fábrica.

Finalizando a explanação dos conceitos de Pitch (Pitch de produção ou tempo de fabricação do lote) e o incremento Pitch (intervalo de controle), será apresentada, no capítulo 3, uma al- ternativa de cálculo do Pitch para sistemas de fabricação, que será utilizada como base para o método proposto nesta pesquisa.

33 Na seção seguinte, é feita uma explanação da relação entre o plano nivelado e o cálculo do Kanban, como parte integrante dos métodos de PCP da Manufatura Enxuta previamente apre- sentado.

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