• Nenhum resultado encontrado

tendências recentes da participação nos lucros ou resultados no Brasil

No documento Panorama Macroeconômico (páginas 31-34)

novembro de 2006

lhadores na negociação da PLR. Deste modo, os dados da pesquisa revelam que, mesmo com as restrições da legislação, os sindicatos têm conseguido desempenhar um papel ativo na negociação da PLR, garantindo o fortalecimento do processo de negociação.

Tipos de Programa e Abrangência

Os programas de PLR foram classificados, na pesquisa do DIEESE, em quatro tipos: (i) a participação nos lucros (PL), que vincula o pagamento ao cumprimen- to de uma meta de lucratividade estabelecida pela empresa; (ii) participação nos resultados (PR), que relaciona o pagamento ao alcance de determinados resultados operacionais; (iii) participação nos lucros e resultados (PLR), uma combinação das duas ante- riores; e (iv) a participação independente (PI), uma espécie de bônus a título de PLR, sem vinculação a nenhuma meta preestabelecida.

Do conjunto de acordos analisados pela pesquisa, os programas de participação nos resultados (PR) são os mais populares no País, sendo adotados por 44,7% dos respondentes; 26% eram programas mistos, ou seja, programas de PLR; 18,7% programas independentes (PI); e 10,6%, programas de participação nos lucros (PL). Zylberstajn (2003) também constatou a prefe- rência pelos programas de participação nos resultados (56% dos casos), mas ao confrontarmos os dados com os da pesquisa do DIEESE, nota-se que esses planos perderam espaço para os programas mistos.

A maioria dos acordos e convenções pesquisados possuía algum tipo de indicador ao qual se vinculava uma meta, cujo cumprimento definia o pagamento da PLR. Entre os 123 acordos analisados, apenas 23 não apresentavam qualquer tipo de indicador; e em termos acumulados, quase 80% dos documentos tinham até cinco indicadores no total.

Os indicadores e metas podem ter abrangência in- dividual ou coletiva, e quanto à última, podem ser divididos em indicadores setoriais ou globais. Indi- cadores como absenteísmo, ou uso de equipamentos de segurança – ainda que contribuam para o aumento da produtividade – são considerados indicadores indi-

viduais. Indicadores de produção e/ou produtividade são, em geral, considerados coletivamente, e podem ainda, conforme mencionado anteriormente, estar circunscritos a determinadas áreas (setores), ou ser considerados globalmente, como o lucro.

Do ponto de vista do trabalhador, os melhores acordos são aqueles baseados no maior número possível de metas e indicadores coletivos, que previnem a quebra de solidariedade e a competição entre equipes ou en- tre trabalhadores da mesma equipe. Alguns autores, porém, argumentam que esse tipo de remuneração incentiva o comportamento ‘caronista’.

Os problemas relacionados ao surgimento do efeito carona foram analisados em Corrêa e Lima (2006), com base nas análises existentes na literatura interna- cional acerca do tema. O argumento do efeito carona negligencia a interação que ocorre dentro dos grupos: a partir do momento em que se instaura um esquema de incentivo coletivo, em que o desempenho de cada trabalhador afeta o rendimento de todos, cria-se um incentivo a maximizar o desempenho do grupo como um todo, que parece prevalecer sobre o incentivo à carona.

A lei que regulamenta a PLR estabelece liberdade na escolha dos critérios que podem ser negociados para o cálculo da participação: lucro contábil, resultados econômicos não contábeis (tais como produtividade,

market share etc.) ou resultados não econômicos (re-

dução no número de faltas, melhoria da qualidade, cumprimento de prazos, entre outros). É importante, entretanto, que a discussão das regras produza um acordo que tenha indicadores compreensíveis para todos os funcionários, e estabeleçam metas factíveis dentro da jornada de trabalho normal, de modo a evitar a intensificação do ritmo de trabalho do em- pregado, bem como prejuízos à sua saúde.

O estudo do DIEESE chama a atenção para o fato de que, ao regulamentar a PLR, o Estado não assegurou aos componentes das comissões de trabalhadores que negociam os critérios da participação a estabilidade provisória no emprego durante o processo de nego- ciação e por um período posterior a ele. A ausência

novembro de 2006

de tal garantia poderia constituir uma restrição à efetiva possibilidade de os empregados negociarem com um mínimo de representatividade e autonomia as condições da PLR.

Em relação aos indicadores individuais, a pesquisa do DIEESE observou que a assiduidade e o desempenho pessoal são os dois mais comumente utilizados nos acordos. Quanto aos indicadores setoriais, os mais freqüentes são o alcance das metas, a redução de despesas e a redução de refugos; os principais indica- dores setoriais, por sua vez, são o lucro/rentabilidade, o atendimento das metas e a redução de acidentes.

Os critérios utilizados para o cálculo da PLR denotam uma forte preocupação das empresas com os indicado- res relacionados à produtividade, na medida em que a eficiência produtiva tende a elevar a rentabilidade da firma. A questão da assiduidade também tem con- siderável relevância em tempos de produção enxuta, pois quando o quadro de funcionários é reduzido, a ausência de um funcionário ou a ocorrência de aci- dentes pode produzir impactos consideráveis sobre a produção.

No que diz respeito às formas de distribuição da PLR (mesmo valor para todos os trabalhadores, distribui- ção desigual, ou distribuição mista – uma parcela igual e outra variável), a pesquisa do DIEESE constatou que pouco mais de 50% dos acordos analisados pagaram a PLR de forma desigual, 36,6% pagaram valores iguais, e cerca de 12% pagaram uma parte igual para todos e outra de acordo com o salário do funcionário. Cerca de 47% dos acordos e convenções analisados garantiam o pagamento de um valor mínimo, independentemente do alcance das metas, como forma de reconhecimento do esforço dos trabalhadores. Esses valores variaram, de forma bastante aleatória, entre R$ 70 e R$ 5.000, ou então como porcentagem sobre o salário.

Considerações Finais

A participação dos trabalhadores nos lucros ou resulta- dos das empresas vem conquistando espaço crescente

um processo de difusão e desconcentração em termos setoriais e regionais, apesar da região Sudeste – so- bretudo o Estado de São Paulo – e dos setores mais sindicalizados continuarem a ser os mais ativos no processo de negociação.

A forte participação dos sindicatos no estabelecimento dos acordos, a despeito de uma legislação que não lhes confere o monopólio da negociação, caracteriza um processo de negociação mais equilibrado, e melhor representatividade dos interesses dos trabalhadores.

A persistência e difusão dos esquemas de PLR, que são objetos obrigatórios de negociação, mas não de adoção, indicam que tanto trabalhadores como as empresas tendem a ganhar com esses planos. O aumento da produtividade, redução do número de faltas e de perdas com material são algumas das conseqüências geralmente associadas à adoção da PLR. A justiça dos acordos e a produção de incentivos aos trabalhadores, por sua vez, dependem do estabelecimento de metas factíveis dentro da jornada normal de trabalho, sem intensificação do ritmo de trabalho do empregado.

Referências Bibliográficas

Corrêa, D. Participação dos trabalhadores nos lucros das empresas: a experiência internacional. Boletim Informações Fipe, edição 298, julho 2005.

_______. (2005), Participação dos trabalhadores nos lucros e re- sultados das empresas: o caso brasileiro. Boletim Informações Fipe, edição 299, agosto 2005.

Corrêa, D.; Lima, G. T. Participação dos trabalhadores nos lucros e resultados das empresas – lições da experiência internacional.

Revista de Economia Contemporânea, v. 10, n. 2, p. 357-388, maio/

ago. 2006.

DIEESE. Participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das empresas. Estudos e Pesquisas, Ano 3, n. 22, 2005.

Zylberstajn, H. Participação dos empregados nos lucros ou nos re-

sultados das empresas – um balanço da negociação. In: Chahad, J. P. Z.; Picchetti, P. (orgs.), Mercado de trabalho no Brasil: padrões de comportamento e transformações institucionais. São Paulo: LTr, 2003.

novembro de 2006

Em termos genéricos, pode-se distribuir o eleitorado brasileiro em cinco grupos distintos: a) os próceres e afiliados dos diversos partidos existentes aos quais se soma um número substantivo de simpatizantes que, por via de regra de maneira acrítica ou levados por interesses pessoais das mais variadas espécies, orbitam os partidos políticos mais expressivos; b) um grupamento não muito grande integrado por votantes “ideológicos”, porém não vinculados imediatamente a nenhum partido; trata-se de adeptos dos mais dis- crepantes matizes político-ideológicos cujos votos são consistentemente orientados pelas idéias esposadas por seus titulares; c) um largo segmento de desvalidos cuja pobreza os credencia a receberem auxílios gover- namentais do tipo do Bolsa Família; d) um conjunto igualmente numeroso de votantes enquadráveis nas várias faixas de rendimento correspondentes às nossas classes médias, desde aqueles com rendas bem mo- destas, passando pelos remediados e alcançando os detentores de bens móveis e imóveis e outros recursos e rendas bastantes para oferecer-lhes um padrão de vida elevado; e) por fim, eleitores pertencentes à elite econômica detentora de polpuda parte da riqueza nacional.

A experiência proporcionada pelo desenrolar e pelos resultados das últimas eleições gerais, sobretudo quanto à escolha do presidente da República, evi- dencia existirem, nos dias correntes, condições para formular-se um programa de ação governamental capaz de atender aos interesses de grande parte das pessoas vinculadas à maioria dos cinco grupos acima delineados. Tal programa, ademais, pode ser pensado e implementado visando-se, tão-somente, ao poder e à sua manutenção, sem qualquer compromisso com os interesses nacionais de longo prazo, com o desen- volvimento econômico sustentável e com o bem-estar das futuras gerações.

Enfim, defrontamo-nos com uma situação da qual poderá decorrer um longo período de estagnação eco- nômica e de indesejável involução política. Vejamos, de modo sintético, alguns dos principais elementos do programa de ação governamental aqui aventado.

No plano econômico, a continuidade e a eventual ampliação das práticas assistencialistas ora desen- volvidas, entendidas por mim como um verdadeiro Clientelismo de Estado, assegurará a persistência do apoio dos despossuídos, apoiamento este passível de ser ampliado numericamente à medida que se der o referido alargamento dos programas ora desenvol- vidos.

De outra parte, a manutenção da atual política macro- econômica propiciará o atendimento dos interesses da camada mais rica do eleitorado. Para evitar que se repita o lamento do atual presidente no referente à falta de apoio irrestrito de parte substancial de tal grupo, impor-se-á um plano de “conscientização polí- tica” da elite de sorte a fazê-la compreender definitiva e cabalmente as intenções subservientes e meramente continuístas do atual ocupante do palácio do Planalto – o qual certamente será reeleito –, de seus acólitos e de seus demais seguidores.

Quanto às camadas médias, será necessário tomá-la minimamente em conta e ceder-lhe algumas poucas benesses, pois a resistência maior, da perspectiva nu- mérica, à reeleição de Luiz Inácio da Silva deveu-se, justamente, aos votos amealhados por seu oponente nesta numerosa parcela do eleitorado. Facilitar o crédi- to para a aquisição da casa própria e para a compra de bens duráveis bem como uma atenção maior quanto à formulação das regras do imposto de renda definem- se como fortes argumentos para angariar a anuência da classe média aos projetos presidenciais e para

iRaCidel neRoda Costa(*)

o segundo mandato: um

No documento Panorama Macroeconômico (páginas 31-34)

Documentos relacionados