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Este sistema descreve a natureza das interações enfermeiro-cliente que conduzem até o alcance de metas, constituindo um método participativo, dinâmico, que valoriza o paciente como um ser atuante no seu processo saúde-doença- cuidado (KING, 1981).

Figura 3 – A Teoria do Alcance de Metas de Imogene King. Fortaleza – CE, 2015.

Fonte: Imogene King (1981).

Segundo King (1981), os pressupostos específicos da interação enfermeiro-cliente são:

a) as percepções, metas, necessidades e valores da enfermeira e do cliente influenciam o processo de interação;

b) as pessoas têm direito de conhecer sobre si mesmas e de participar das decisões;

c) os profissionais de saúde têm a responsabilidade de obter informações que colaborem para que as pessoas tomem decisões informadas sobre seu cuidado de saúde; e

d) as metas dos profissionais de saúde e as dos clientes podem ser incongruentes.

Para King (1981), nessa interação, os comportamentos observáveis são: a) reconhecimento das condições apresentadas, como um problema de

saúde, social ou relacionado ao ser humano;

b) operações ou atividades relacionadas à situação ou condições, como decisões sobre metas; e

c) motivação para exercer algum controle sobre os eventos na situação para alcançar objetivos, como acordos dos meios para alcançá-los. Durante o encontro, há a interação interpessoal, do enfermeiro com o paciente, sendo necessário que as percepções de ambos estejam intactas, a fim de que juntos também fiquem conscientes dos propósitos do outro, em uma dada

situação. O modo como cada um se vê na situação (um de doente, outro de promotor da saúde), dos seus papéis, do seu estado interacional, constitui o ser, self que tem influência na situação (KING, 1981).

King utiliza esses elementos como conceitos para formular uma Teoria de Enfermagem que preconiza a obtenção de metas definidas pelo paciente e pelo enfermeiro por meio da transação na situação de Enfermagem. É um método participativo, dinâmico, que torna o paciente um ser atuante no seu processo de saúde-doença-saúde.

Com amparo na Teoria do Alcance de Metas, King (1981) desenvolveu proposições previsivas:

a) exatidão perceptiva, congruência de papéis e comunicação em uma interação enfermeiro-cliente leva à transação;

b) as transações conduzem à obtenção de metas e ao crescimento e desenvolvimento;

c) a obtenção de metas carreia à situação e à assistência de Enfermagem efetiva.

A Teoria de Imogene King torna-se de grande utilidade para os profissionais de Enfermagem, pois é um instrumento de investigação, orientação e educação, auxiliando na óptica dos fatores que influenciam o ambiente e a qualidade de vida das pessoas, levando a uma avaliação da própria assistência.

Juntos, enfermeiro e cliente implementam um plano de Enfermagem, que viabiliza adaptação do paciente no tempo e no espaço em acordo com suas possibilidades e respeitando suas limitações (KING, 1981).

A Teórica estadunidense propõe a utilização de um Registro de Enfermagem Meta-orientado para o acompanhamento da evolução clínica do paciente ao longo das interações. Consta da Lista de problemas, Lista de metas e das Notas de progresso. Seu modo de operar é descrito a seguir.

Da análise dos dados, os problemas são identificados, numerados, intitulados e listados no registro do paciente. A lista de problemas pode ou não ser um diagnóstico, mas é uma reunião das informações interpretadas e novos problemas podem ser identificados e posteriormente resolvidos (KING, 1981).

Quando o paciente está munido de conhecimento, ele é capaz de identificar e concordar, por julgamento crítico, com outras metas propostas pelo

profissional. Ele define as metas alcançáveis para a sua realidade, procurando, junto ao profissional, estratégias que facilitem sua plena realização.

Esse instrumento para a Enfermagem ajuda no crescimento de habilidades na formação dos diagnósticos de Enfermagem, no aperfeiçoamento das percepções, nas interações com o paciente de modo resolutivo, a fim de que as pessoas participem da tomada de decisão que influencia suas vidas e a saúde.

A lista de problemas constitui um guia para a assistência contínua, permitindo o acompanhamento de sinais e sintomas, objetivamente. Permite, ainda, identificar de maneira mais prática os diagnósticos de Enfermagem, os quais agilitam o planejamento do cuidado. É um registro que deve ser usado por toda a equipe de Enfermagem, o que colabora para um acesso livre à coordenação de problemas de Enfermagem aos demais profissionais (KING, 1981).

A lista de metas é o terceiro elemento no registro de Enfermagem, a qual serve para guiar as enfermeiras no monitoramento dos distúrbios ou inferências no cliente e alertar novas informações. As metas permitem a interação da enfermeira com o cliente, o compartilhamento de informações, o estabelecimento de metas mútuas, a exploração de meios e o acordo para o alcance dessas metas. Possibilitam, ainda, a continuidade do cuidado, com foco na participação do cliente na tomada de decisão e demonstra um cuidado individualizado (KING, 1981).

O quarto elemento no registro de Enfermagem é um plano baseado na assistência do problema. King usa um formato de Weed (1969), chamado SOAP (S – Subjective data – dados subjetivos; O – Objective data – dados objetivos; A –

Assessment of problem – assistência do problema; P – Plan – Plano), que ajuda a

descrever e avaliar problemas.

S – Como fazer o cliente perceber o problema? Como fazê-lo sentir o problema? Nesta etapa, há coleta de dados do paciente para conhecer o problema de saúde, o que é feito por meio da anamnese.

O – Exames físicos, laboratoriais, raio x, medidas objetivas que incluem atividades da vida diária e parâmetros fisiológicos mensurados como pressão arterial, pulso, respiração e temperatura.

A – Assistência do problema. Da base de dados, o problema não é só identificado, mas há o monitoramento das mudanças, sejam elas positivas ou negativas, a fim de identificar ações que sejam necessárias.

P – Plano. Isto inclui o Diagnóstico de Enfermagem e os meios acertados para resolver o problema e atingir as metas. Educação em Saúde pode ser uma parte integral do plano.

O quinto elemento é a evolução do paciente, nas Notas de Progresso, em que os enfermeiros registram o progresso do paciente num resumo conciso, em que cada problema é discutido, cada meta é considerada se foi ou não alcançada. Metas futuras também podem ser colocadas (KING, 1981).

Ao final do processo e continuamente nas interações subsequentes, é realizada uma avaliação, a qual permite apoio na obtenção de metas, optando-se por outros meios, aprimorando as metas estabelecidas e atingindo o objetivo principal da Enfermagem: a Promoção da Saúde.

A própria King (1981) testou sua teoria e demonstrou positivamente resultados de sua implementação. A fim de concretizar esse processo, o teste da Teoria de Imogene King seguiu algumas fases, procurando responder a três questionamentos.

a) Quais elementos nas interações enfermeiro-paciente conduzem a transações?

b) Que relações entre esses elementos conduzem a transações? c) Quais as variáveis essenciais nas interações enfermeiro-paciente

que resultam em transações?

Em seu livro, o teste da Teoria conclui que enfermeiro e paciente exibem comportamentos interativos e recíprocos e, ainda, o conhecimento de percepção é essencial para que os enfermeiros compreendam as interações (KING, 1981).

Quando uma meta é atingida nas interações, há implicação de que ela foi valorizada pelo enfermeiro e pelo paciente.

Para a primeira resposta, aparecem sete elementos que são:

a) a identificação de um problema, preocupação ou distúrbio no ambiente do paciente;

b) estudo da situação; c) troca de informações; d) metas;

e) exploração dos meios para resolver o problema e atingir a meta; f) mudanças para implementação de um plano e alcance da meta e

g) o sétimo elemento na definição foi chamado de critério ou variável- dependente, porque, se as transações ocorrerem, as metas são atingidas e os resultados podem ser mensurados.

O segundo questionamento aponta: o que conduz às transações é a comunicação verbal e nãoverbal entre enfermeiro e paciente; e as variáveis que facilitam a obtenção das metas. Respondendo à terceira questão, tem-se a percepção acurada do enfermeiro e do paciente, a comunicação adequada e a obtenção de meta mútua.

No curso dessas interações, informações são partilhadas, há estabelecimento mútuo de metas, e clientes são chamados a participar das decisões sobre os meios para alcançar as metas. Um plano é implementado. Há assistência e avaliação contínuas mediante as interações, observações e mensurações do enfermeiro (KING, 1981).

Portanto, a Teoria do Alcance de Metas é a alternativa para a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), por meio do Processo de Enfermagem proposto por King (1981), o qual viabiliza um cuidado planejado, individualizado e contínuo.

É necessário conhecer os limites da Teoria, até onde sua proposta pode ou não ser limitada nos contextos de cuidado, e perceber que não condiz com o discurso do grupo.

Então, os limites internos da Teoria são: a) enfermeiro e cliente não se conhecem;

b) o enfermeiro está habilitado para o exercício da profissão; c) o cliente está precisando de serviços de enfermagem;

d) o enfermeiro e o cliente estão em uma relação recíproca em que o primeiro tem conhecimento e habilidades específicas para ajudar o segundo no estabelecimento de metas; o cliente tem informação sobre o self e percepção dos problemas, que, quando transmitida ao enfermeiro ajudarão no estabelecimento de metas mútuas; e

e) o enfermeiro e o cliente estão em presença mútua, interagindo com propósito de alcançar metas.

King (1981) exprime como limites externos: a) interações em um grupo de duas pessoas;

b) interações limitadas para enfermeiros habilitados e clientes com necessidades de cuidados de enfermagem;

c) interações tomam lugar em ambientes naturais.

Os limites expostos não restringem a Teoria no tempo e no espaço, pois as interações enfermeirocliente podem ocorrer em qualquer situação de Enfermagem a qualquer tempo e em todo lugar.

4 METODOLOGIA

Consoante costuma exprimir o cientista de Educação Paulo Freire, o caminho se faz ao caminhar, porém, há que se saber onde se quer chegar. Por este motivo, indica-se na sequência o caminho percorrido nesta jornada, no que se refere a tipo de pesquisa, local do estudo, sujeitos do estudo, produção dos dados, análise dos resultados e aspectos éticos, demonstrando as expectativas, sucessos e frustrações que existiram ao longo do percurso.