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Teoria das vantagens comparativas de Ricardo

4. Revisão da bibliografia

4.2 Teorias do Comércio Internacional

4.2.2 Teoria das vantagens comparativas de Ricardo

Também David Ricardo se debruçou sobre o tema – comércio internacional. Em 1817, apresentava na sua obra “Princípios de Economia Política e Tributação”, a lei da vantagem comparativa, que consiste na ideia que, mesmo que um país seja menos eficiente do que o outro país na produção de ambas as mercadorias, ainda assim existirá uma base para o comércio mutuamente benéfico (Ferreira, 2009).

Seguindo o pensamento referido anteriormente, os países devem-se especializar-se na produção e na exportação dos bens ou serviços do qual obtêm a vantagem absoluta

28 maior, sendo que as importações dos bens ou serviços devem ser relativos aos que têm uma menor desvantagem (Ferreira, 2009).

Com isto, a teoria de Ricardo, é essencial para conseguir entender as teorias de comércio, ela explica a maneira como os dois países podem beneficiar reciprocamente do comércio livre. Ricardo vem assim contrariar a teoria existente de Adam Smith – Teoria da Vantagem Absoluta (Gonçalves, 2015).

Ricardo, na sua teoria, esclarece os proveitos do bem-estar obtidos quando um país se especializa na produção de bens nos quais possui uma larga vantagem comparativa. Ainda neste modelo, são observados simplesmente dois países e dois bens, restringindo também todos os fatores de produção a um somente, o trabalho. Com estes pressupostos, a tecnologia seria o fator que elucidaria por si só o modelo do comércio internacional. Assumindo, a inexistência dos custos de transporte, o modelo determina os requisitos para que o comércio internacional seja uma verdade, bem como a existência de diferenças entre os custos de oportunidade de se produzir cada um dos bens em ambos os países.

Contudo, a teoria de Ricardo, embora seja considerada importante, evidencia determinadas limitações. O modelo, ao comparar os custos de produção entre os dois países nas trocas comerciais, concentra-se essencialmente no fator trabalho. Possibilita a completa mobilidade de produtos dentro do país e entre países, mas não abrange os custos de transporte nem o uso no processo produtivo de avanços tecnológicos. Os países precisarão de aperfeiçoar-se nesse caso na produção dos bens em que têm maior vantagem relativa ou menor desvantagem relativa e importar os outros. Assim sendo, o comércio internacional seria proveitoso para qualquer país (Blanco, 2011).

Ainda, Oliveira (2007) refere que a teoria de David Ricardo é criticada em bases irrealistas e especificas sobre tecnologia, estrutura industrial e condições macroeconómicas e na flexibilidade dos fatores trabalho e capital.

Apesar das limitações encontradas, na teoria de Ricardo, diversos estudos têm assegurado a previsão principal do modelo, que seria que os países tenderiam a exportar bens em que a produtividade fosse alta e a importar aqueles em que a produtividade do país fosse mais reduzida.

Esta teoria persuadiu na decisão das políticas governamentais, ao admitir que os governos podem modificar a vantagem comparativa de fatores por diversas formas de interferência, e explicou a aplicação de políticas com o objetivo de reduzir os custos

29 referentes das empresas de um país em paralelo com os custos dos adversários internacionais (Coutinho et al., 2006).

Em seguida, apresentam-se alguns exemplos que exemplificam a teoria da Vantagem Competitiva de David Ricardo, utilizando o exemplo que ele usou, em 1817. Neste exemplo pode-se verificar que os dois países podem manter relações comerciais, mesmo verificando-se que um tem mais eficiência produtiva do que o outro, em ambos os produtos, utilizados no exemplo.

Número de homens necessários

para produzir: Portugal Inglaterra

Roupa 90 100

Vinho 80 120

Tabela 5 - Exemplo de Vantagem Comparativa, parte 1

Fonte: Baseado em “On the Principles of Political Economy and Taxation”, David Ricardo, 1817

p.135

Nesta tabela, pode-se verificar que Portugal tem vantagem absoluta na produção dos dois produtos. No ponto de visto de Adam Smith, não existia suporte para a troca entre esses países concluindo que Portugal é mais eficaz na fabricação de ambos os produtos, mas imediatamente segue que a Inglaterra tem desvantagem absoluta em ambos os produtos. Ricardo, entretanto, sugeriu que Portugal é relativamente mais competente na produção de vinho do que de tecido e a desvantagem da Inglaterra é inferior em tecido.

Nas palavras de David Ricardo (1817, p.134-135):

“Se Portugal não tivesse nenhuma ligação comercial com outros países, em vez de empregar grande parte de seu capital e de seu esforço na produção de vinhos, com os quais importa, para seu uso, tecidos e ferramentas de outros países, seria obrigado a empregar parte daquele capital na fabricação de tais mercadorias, com resultados provavelmente inferiores em qualidade e em quantidade.

A Inglaterra pode estar em tal situação que, necessitando do trabalho de 100 homens por ano para fabricar tecidos, poderia, no entanto, precisar do trabalho de 120 durante o mesmo período, se tentasse produzir vinho. Portanto, a Inglaterra teria interesse em importar vinho, comprando-o mediante a exportação de tecidos. Em Portugal, a produção de vinho pode requerer somente o trabalho de 80 homens por ano, enquanto a fabricação de tecido necessita do emprego de 90 homens durante o mesmo tempo. Será

30 portanto vantajoso para Portugal exportar vinho em troca de tecidos. Essa troca poderia ocorrer mesmo que a mercadoria importada pelos portugueses fosse produzida em seu país com menor quantidade de trabalho que na Inglaterra. Embora Portugal pudesse fabricar tecidos com o trabalho de 90 homens, deveria ainda assim importá-los de um país onde fosse necessário o emprego de 100 homens, porque lhe seria mais vantajoso aplicar seu capital na produção de vinho, pelo qual poderia obter mais tecido da Inglaterra do que se desviasse parte de seu capital do cultivo da uva para a manufatura daquele produto.

Então a Inglaterra entregaria o produto do trabalho de 100 homens em troca do produto do trabalho de 80. Tal troca não poderia ocorrer entre os indivíduos de um mesmo país. O trabalho de 100 ingleses não pode ser trocado pelo de 80 ingleses, mas o produto do trabalho de 100 ingleses pode ser trocado pelo de 80 portugueses, 60 russos ou 120 indianos.”

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