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20. Ajustes do modelo

2.6 Teoria do comportamento planejado decomposto

Como visto, uma variedade de perspectivas teóricas tem sido desenvolvida e aplicada na tentativa de entender os determinantes de adoção de uma nova tecnologia. Nesse sentido, Taylor e Todd (1995) tentaram integrar duas perspectivas de estudo propondo um novo

modelo denominado “Teoria do comportamento planejado decomposto” (TCP decomposto), a qual busca explorar e unir conceitos da teoria da difusão de inovações e teoria do comportamento planejado.

Seguindo os modelos apresentados, a TCP decomposto faz parte de uma linha de pesquisa que considera intenção comportamental como construto predecessor de comportamento real. O foco, então, segue a perspectiva de pesquisa da TAR e da TCP, em que o comportamento é determinado pela intenção comportamental. Os antecedentes da intenção, assim como na TCP, são: atitude, normas subjetivas e controle percebido (AJZEN,1985).

O modelo, porém, busca também examinar uma variedade de fatores que se mostraram determinantes na taxa de difusão de inovações, segundo a teoria da difusão de inovações (IDT): vantagem relativa, compatibilidade, complexidade, observabilidade e testagem. Taylor e Todd (1995), que incluíram essas variáveis em seu modelo, corroboram com Rogers (1983) que a relação entre as variáveis e a intenção de adotar uma inovação seria positiva, exceto no caso do construto complexidade.

A TCP decomposto propõe, portanto, a integração dessas duas linhas de pesquisas (FIG. 6). Assim, crenças atitudinais é decomposto em três construtos derivados da literatura sobre as características da inovação (ROGERS, 1983): utilidade percebida, facilidade de utilização e

compatibilidade. Os dois primeiros estão presentes no modelo de aceitação de tecnologia

(TAM) e se referem aos construtos vantagem relativa e complexidade, presentes na IDT. A terceira variável está presente na teoria da difusão de inovações (IDT). As três variáveis são consideradas por Taylor e Todd (1995) como poderosas predecessoras das crenças de atitude.

Crenças normativas relacionam-se às opiniões entre os principais grupos de referência. Crenças de controle decompõem-se em dois grupos: autoeficácia e condições facilitadoras. A

autoeficácia está relacionada à habilidade percebida de utilizar uma nova tecnologia; e condições facilitadoras referem-se à disponibilidade de recursos para realizar o

uso de uma nova tecnologia e de existência de condições facilitadoras maior será a intenção de adotar a inovação (TAYLOR e TODD, 1995).

FIGURA 5 - Teoria do comportamento planejado decomposto Fonte: Adaptado de Taylor e Todd (1995)

A pretensão do modelo é explorar de forma mais completa as dimensões das teorias anteriores. Assim, como mostra a FIG. 5, atitudes e controle percebido são decompostos em específicas dimensões de crença.

Para a TAR e a TCP, a identificação das relevantes dimensões das crenças de atitude tradicionalmente se mostrou problemática. Alguns teóricos acreditavam que havia dificuldades em estabelecer as crenças salientes, o que dificultava a explicação da intenção de uso de uma nova tecnologia. Justamente por isso Davis (1989) refinou e validou medidas de atitude: facilidade de uso, que diz respeito ao grau em que um indivíduo acredita que o uso de um determinado sistema estaria livre de esforço – corresponde ao construto vantagem

relativa, presente na IDT; e utilidade percebida, entendida como o grau em que um indivíduo

acredita que o uso de determinado sistema melhoraria o seu desempenho – corresponde ao construto complexidade, da IDT. A variável compatibilidade, proposta por Rogers (1983), refere-se à relação de consistência que a inovação possui com os valores, necessidades e

Atitude Norma subjetiva Controle percebido Utilidade percebida Facilidade de uso Compatibilidade Auto eficácia Condições Facilitadoras RECURSOS Condições Facilitadoras TECNOLOGIA Intenção comportamental Comportamento Construtos da TCP

experiências passadas de um indivíduo. Nesse caso, as crenças da dimensão atitude são derivadas da literatura e que descrevem as características ligadas à inovação (TAYLOR e TODD, 1995).

Muitos estudos têm sugerido a decomposição da estrutura das crenças normativas entre os relevantes grupos de referência. Argumenta-se que a importância da decomposição advém da possibilidade de existirem divergências de opiniões entre os grupos. Taylor e Todd (1995) citam como exemplo que um indivíduo, no seu exercício profissional, pode ter vários grupos de referência: subordinados, pares e superiores. Esses grupos podem apresentar divergências de opiniões e apresentar diferentes influências no comportamento.

A decomposição das crenças de controle se refere à noção de que controle pode ser visto da perspectiva interna ao indivíduo ou externa. A primeira seria a autoeficácia, que representa a crença do indivíduo em sua capacidade de realizar determinado comportamento. As condições

facilitadoras, por sua vez, referem-se à disponibilidade de recursos físicos, como tempo,

dinheiro e recursos tecnológicos, e outros recursos específicos à realização do comportamento (TAYLOR e TODD, 1995).

Segundo os mesmos autores, essa decomposição possibilita algumas vantagens, na medida em que torna as relações entre os construtos mais claras e compreensíveis. Além disso, é gerencialmente mais relevante, pois permite explicitar os fatores específicos que determinam a adoção e a utilização de uma nova tecnologia (HERNANDEZ e MAZZON, 2006). Como desvantagem, Taylor e Todd (1995) ressaltam a operacionalização do modelo, mais complexa que as teorias originais, pois engloba um número maior de variáveis.

A teoria do comportamento planejado decomposto, proposta por Taylor e Todd (1995), foi testada, obtendo suporte empírico na pesquisa realizada pelos autores. Eles obtiveram um ajuste do modelo que se mostrou satisfatório em seus estudos sobre a intenção de utilizar um centro de recursos de computação (CRC). O resultado da pesquisa foi um R2 de 0,60, indicando que 60% da variância da intenção comportamental pôde ser explicada pelas variáveis do modelo proposto.