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Por uma escolha voltada a importância de uma reflexão epistemológica do amparo teórico utilizado para análise do objeto, foi situado o neo-institucionalismo no âmbito da

teoria organizacional na discussão metodológica. Neste sentido, a teoria organizacional domina a ortodoxia do paradigma funcionalista, o predomínio deste paradigma para Morgan (1996) em grande parte foi influenciado por pressupostos reforçados e reafirmados por diversos pesquisadores, assumindo uma visão única e inquestionável, acompanham esta visão Serva, Dias e Alpersted, (2010), pois assumem que esta ortodoxia na teoria organizacional, se deu por meio de metáforas suportadas pelo paradigma funcionalista.

Tendo em vista a construção de uma linha de raciocínio do desenvolvimento das diferentes abordagens nos estudos organizacionais, serão utilizadas as observações feitas por Neto e Truzzi (2002), ao reconhecer como precursores dos estudos organizacionais os autores do Século XIX, corroborados pelos estudos de Hacth (1997), que destaca como expoentes: Adam Smith, Karl Marx, Emile Durkheim, Max Weber. Nesta perspectiva os trabalhos de vanguarda se atentaram para o questionamento das mudanças nas organizações e no interior das sociedades, em um cenário de aumento da industrialização e a sua própria influência sobre o trabalho.

Neste cenário, Neto e Truzzi (2002) identificam ao menos três abordagens sobre estudos organizacionais. Na primeira abordagem já observada em Hatch (1997), esta teoria evoluiu em quatro perspectivas: clássica, moderna, simbólico interpretativa e pós-moderna. Na segunda abordagem identificada por Reed (1998), Neto e Truzzi (2002) argumentam que também pode ser entendida nos seguintes temas: racionalidade, integração, mercado, poder, conhecimento e justiça. Por fim, os autores exemplificam a percepção de Burrel e Morgan (1977), que compreendem a abordagem organizacional pelos paradigmas: funcionalista, interpretativo, humanismo radical e estruturalismo radical.

Não é objeto desta análise entrar nas características das teorias destacadas, mais sim conhecer as origens epistemológicas desta perspectiva teórica, em especial as perspectivas mais contemporâneas deste construto, onde encontramos o novo institucionalismo como expoente escolhido para compreender o objeto de pesquisa.

É interessante marcar o seu caráter interdisciplinar, no mesmo direcionamento das observações de Neto e Truzzi (2002, p. 43), que reconhecem a influência de áreas de conhecimento distintas.

O que provoca a proposição de novas perspectivas teóricas dado a sua interdisciplinaridade, desconstruindo antigas observações e propondo novos pressupostos, com finalidade da busca da compreensão dos fenômenos organizacionais em sua integralidade.

Dentre as perspectivas organizacionais mais atuais, temos: a ecologia das populações, a dependência de recursos, a contingência estrutural e o novo institucionalismo, sendo adotado este último para ancoramento teórico dentro da complexidade da análise organizacional, para isso será caracterizado e na medida do possível diferenciado das demais abordagens.

Basicamente, todos partem do princípio da complexidade do ambiente que as organizações estão imersas, compartilhando a análise das relações organizacionais com os atores externos, assim pretende-se fazer uma breve abordagem com algumas de suas características e principais diferenças, de modo a ancorar a escolha do construto teórico mais adequado ao problema de pesquisa, indicando o melhor direcionamento metodológico.

Nesse sentido, Neto e Truzzi (2002) em suas afirmações discutiram estas características, começando pela ecologia das populações, nesta abordagem resgatou os argumentos de Nohria e Gulati (1994), ao destacar o enfoque na capacidade adaptativa das organizações, onde as diversas organizações se adaptariam as características ambientais, focando o nível de sua análise no conjunto de organizações e não em sua singularidade.

Na sequência é argumentado por Neto e Truzzi (2002) sobre a dependência de recursos, dando destaque que sua orientação é canalizada aos recursos escassos das organizações, neste enfoque o nível de análise são as relações interorganizacionais. Aproxima-se da ecologia das populações, ao compartilhar a orientação da influência do ambiente sobre as organizações, porém diverge a forma que processa esta interação com o ambiente, para isso os autores utilizam os argumentos de Hall (1990) que relacionam a dependência de recursos como polo ativo, e a ecologia populacional consideram as organizações receptoras passivas do ambiente.

No terceiro enfoque da contingência estrutural abordado por Neto e Truzzi (2002), relacionam como fator de dependência as interações entre as organizações, ou seja, neste construto é relativizado a forma que as organizações lidam com as incertezas, de modo que as diferenciam dos enfoques anteriores, dado a possibilidade de absorver os objetivos como integrante da cultura organizacional.

No último enfoque Neto e Truzzi (2002) abordam o novo institucionalismo, reconhecendo neste construto a importância da relação entre as organizações e seu ambiente, explicando os processos que as originam ou as modificam em suas diversas perspectivas analíticas, para isso os autores utilizando argumentos de DiMaggio e Powel (1991) ao relacionar que esta abordagem institucional das organizações imersas em campos com

organizações congêneres, que conforme a estruturação dos campos organizacionais tendem a se tornar mais homogêneas, através do processo de isomorfismo.

Nesta linha, abordam três pressões ambientais que se originam o isomorfismo nas organizações – isomorfismo coercitivo, isomorfismo normativo e o isomorfismo mimético, que pode ser relacionado com os níveis de análise, para isso utilizam as observações de Scott (1995), relacionando respectivamente com os níveis: regulativo, normativo e cognitivo.

Após reconhecida “a multiplicidade de trabalhos” da perspectiva institucionalista por Neto e Truzzi, (2002, p. 39), conferindo certa “dificuldade de sistematização” de seu entendimento, aguçado pela sua marcante interdisciplinaridade, “que tem investigado uma gama de fenômenos” em diferentes disciplinas. Assim, os mesmos autores relacionam que “uma das grandes contribuições” deste construto “está no entendimento de como se configura o isomorfismo” entre organizações, “diferindo da ecologia das populações” na medida em que os ecologistas “buscam explicar por que existem tantos tipos de organização”, ao passo que os institucionalistas se aterem à similaridade entre as mesmas.

Dentro deste raciocínio, se justifica a escolha da vertente institucionalista para análise do objeto, devido que a partir destas considerações se propõe o questionamento de um único modelo de racionalidade organizacional, tendo em vista a existência de diferentes fontes de legitimidade organizacional, ao qual tem impacto nas estruturas políticas e sociais enraizadas na cultura de países e regiões. Então, esta pesquisa parte da orientação que as formas organizacionais são resultantes das disputas de poder e na sua própria imersão em contextos socioculturais.

Tecidas estas colocações, na sequência é abordado precisamente o método de pesquisa adotado para o estudo, sua composição e o ferramental necessário utilizado para coleta dos dados e a técnica para sua análise.

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