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CAPÍTULO II – O ERRO NA AULA DE AULA DE LE (INGLÊS)

2.6 Teoria Sociointeracional

Aprender é uma experiência universal, social e fundamental para impulsionar o processo de desenvolvimento das funções psicológicas superiores (Vygotsky, 1984 pp. 89-103). Podemos afirmar que, segundo os conceitos vigotskianos, aprender é interagir com o outro e se apropriar de conhecimentos dos mais diversos campos, seguindo princípios que contribuam para o desenvolvimento cognitivo do indivíduo, a saber: o princípio de deslocamento do saber; da repetição; e da reprodução deste. O sujeito, então, elabora sua representação pessoal sobre um determinado conteúdo da realidade social de modo a construir significativamente um conceito próprio para o conhecimento já existente. Este processo demonstra que aprender não equivale ao acúmulo de saberes, mas a integração, a modificação, o estabelecimento de relações e a coordenação do que já adquirimos com os novos conhecimentos. Assim, para que a aprendizagem ocorra.

Faz-se necessário considerar as relações interpessoais, posto que, estas são fundamentais para a construção do aspecto intrapessoal.8

Nesse aspecto o Outro assume uma dimensão de extrema relevância na construção de significados e nas resignificações referentes ao desenvolvimento cognitivo, social, histórico e cultural de um indivíduo. Como já apontamos, a aprendizagem depende do conhecimento real que um sujeito possui e suas relações com novos saberes. Resultando, por conseguinte em desenvolvimento humano.

Vygotsky (1984) Aponta dois níveis de desenvolvimento, a saber: o efetivo ou real; e o potencial. O primeiro refere-se a conquistas, capacidades e funções consolidadas (conhecimento prévio), não necessitando, portanto, da assistência de outrem para que se realizem. Isto quer dizer, resolução independente. O segundo nível, por sua vez, relaciona-se ao desenvolvimento proximal ou potencial, que determina aquilo que um indivíduo não é capaz de realizar sem a ajuda do Outro. Ou seja, a resolução ocorrerá através da resolução mediada. Esta assistência e ou interferência pode se configurar de várias formas: fornecimento de pistas; imitação; diálogo; colaboração. Ressaltamos ainda, que, de acordo com os pressupostos vigotskianos existência de uma distância metafórica, entre o desenvolvimento real e o potencial, é conceituada como Zona de Desenvolvimento Proximal (doravante ZDP). Neste espaço mental hipotético configuram-se os aspectos ou funções humanas que estão em nível de maturação e traz ainda, em fase embrionária, a capacidade de movimentar um determinado processo de desenvolvimento. A ZDP não possui, portanto, uma propriedade linear, estável e estática, pois difere de acordo com cada sujeito devido à singularidade inerente ao ser humano. Sendo assim, um mesmo saber, tema ou ponto poderá apresentar níveis de aquisição diferentes e pontuais entre si, apesar dos sujeitos envolvidos estarem inseridos no mesmo contexto social e cultural. Desse modo, temos que todo indivíduo poderá ser agente de intervenção ou de redução na ZDP de Outros e ou aprendiz buscando conquistas evolutivas por intermédio do despertar cognitivo e ou procedimental provocado (ou intermediado) pela interação. Mas, devemos considerar que, há limites para a ação interventiva de um sujeito na ZDP de outro. A colaboração prestada pode não obter o resultado esperado porque a tarefa estará além da capacidade de execução deste.

A fim de termos uma compreensão mais abrangente dos estudos de Vygotsky (1984) evidenciamos alguns outros pressupostos que alicerçam a teoria

sociointeracionista. Ao nascer o Homo Sapiens carrega em si processos psicológicos elementares que são de origem biológica. Ou seja, são processos sensoriais, reflexos, ações automáticas e associações simples que são análogas aos animais e que também estão presentes, de forma mais preponderante, no início da vida de uma criança. Ao longo dos anos o indivíduo passa a desenvolver as funções psicológicas superiores que direcionam o comportamento dos seres humanos tais como a capacidade de planejamento, a imaginação e memória voluntária. Esses processos são tidos como superiores e sofisticados visto que, abrangem mecanismos intencionais, ações controladas conscientemente e processos voluntários que possibilitam que um indivíduo possa agir de acordo com o contexto sócio, histórico, cultural que o rodeia.

Assim, como são processos construídos nas relações sociointeracionais e na internalização de significados, é através da dialética interacional do homem com o meio que proporciona o desenvolvimento das características do sujeito. Então as funções psicológicas humanas são culturalmente e historicamente estabelecidas. Dessa forma, a sociedade constitui o homem e ele a resignifica, de acordo com seu percurso evolucionário. Posto que ela, a sociedade, não é imutável, fixa, passiva, universal e independente do contexto histórico temporal. A interação com um universo social e com a cultura produzida por e dentro dele passa a reger o comportamento e o desenvolvimento do indivíduo.

O cérebro é a base biológica do funcionamento psicológico que promove a (trans)formação do ser humano. Ele é um órgão físico, imutável e fixo biologicamente, porém, aberto e possuidor de uma grande e, ao mesmo tempo, pouco conhecida plasticidade, capaz de estruturar novas funções de acordo com a evolução histórica da humanidade. Porém, apesar da imensa capacidade cerebral que o sujeito possui ele não se relaciona com o meio de forma direta. O homem necessita de instrumentos técnicos e sistemas de signos que possam mediar essa relação. Com este intuito, o indivíduo cria ferramentas que se tornam historicamente e culturalmente estabelecidas, capazes de intermediar a relação dele com o mundo e com seus semelhantes. A construção de instrumentos facilita a execução de tarefas específicas tendo como objetivo atender as necessidades de sobrevivência humana. São também, responsáveis pela ampliação da ação interventiva do homem na natureza. Sendo que, suas técnicas de construção e manejo são legados transmitidos hereditariamente.

Outra forma de mediação são os sistemas signos. A linguagem estabelece relações e rege as ações sobre os processos psicológicos humanos. Ela age na evolução da espécie humana, privilegiando o aspecto ontogenético (o desenvolvimento do

indivíduo) e o sociogenético (social). Para Vygotsky a linguagem expressa e organiza o pensamento(Vygotsky 1984,1987). Ela é, também, um instrumento psicológico, pois, pode controlar as atividades mentais. Através dela podem-se processar informações, situações não presenciais, analisar, generalizar, tecer conjecturas, conceituar, fazer planos e ordenar eventos do mundo real. Assim como, têm função comunicativa, pois, através de um sistema de signos comum a uma mesma comunidade, ocorre a sociointeração. Desse modo, os saberes e experiências desenvolvidos pelo homem podem ser preservados, transmitidos e resignificados.

Através das afirmações, indagações e reflexão produzidas pelos/as participantes da pesquisa, principalmente pela professora Bianca, e partindo do contexto comum que compartilhamos, passamos para a análise dos dados coletados. Consideramos que os saberes postulados na revisão teórica constroem significados e resignificam os conhecimentos levantados nesta pesquisa. Corroborando, assim, para que possamos implementar nosso processo de formação continuada.