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Dentre as Teorias Críticas, Demartini Gomes (2003) arrolou a Teoria marxista dos meios de comunicação, a Teoria crítica ou da Escola de Frankfurt, a Teoria da hegemonia, a Teoria da economia política da comunicação e as novas perspectivas teóricas.

2.1.2.1 Teoria Marxista dos Meios de Comunicação

Segundo Mattelart (2006), no período da República de Weimar, o filósofo Max Horkheimer e o economista Friedrich Pollock, entre outros pensadores, fundam o Instituto de Pesquisa Social, afiliado à Universidade de Frankfurt. É a primeira instituição alemã de orientação abertamente marxista e seus estudos iniciais tratam da economia capitalista e do movimento operário.

De acordo com Demartini Gomes (2003), a teoria marxista dos meios de comunicação considerava que os meios de comunicação eram meios de produção da sociedade capitalista, de propriedade monopolista, organizados para servirem os interesses da classe dominante.

2.1.2.2 Teoria Crítica ou da Escola de Frankfurt

A Teoria Crítica ou da Escola de Frankfurt tinha como projeto fazer a junção entre Marx e Freud. Por meio deste, o método marxista de interpretação da história é modificado por ferramentas emprestadas à filosofia da cultura, à ética, à psicossociologia e à ‘psicologia do profundo’. Theodor Adorno e Max Horkheimer, expoentes desta teoria, criaram o conceito de indústria cultural e efetuaram análises sobre a produção industrial dos bens culturais como movimento global de produção da cultura como mercadoria (MATTELART, 2006).

Para Rüdiger (2008), os frankfurtianos trataram de um leque de assuntos que compreendia desde os processos civilizadores modernos e o destino do ser humano na era da técnica até a política, a arte, a música, a literatura, e a vida cotidiana. Nesses estudos, vieram a descobrir a crescente importância dos fenômenos da mídia e da cultura de mercado na formação do modo de vida contemporâneo. Por outro lado, os frankfurtianos se opuseram à prática de pesquisa orientada aos interesses do poder estatal e das empresas de comunicação. A preocupação central desses pesquisadores não era melhorar o conhecimento dos processos com que se envolvem os meios, para facilitar seu uso e exploração. Visavam, sim, problematizar a sua existência e seu significado do ponto de vista crítico e utópico (RÜDIGER, 2008).

2.1.2.3 Teoria da Hegemonia

Antonio Gramsci, em sua concepção da teoria da hegemonia, salientou que a hegemonia é a capacidade de um grupo social de assumir a direção intelectual e moral sobre a sociedade, sua capacidade de construir em torno de seu projeto um novo sistema de alianças sociais. Esta noção ilustrou, precocemente, a recusa em alinhar de modo mecânico as questões culturais e ideológicas às da classe e da base econômica, trazendo ao primeiro plano a distinção entre a sociedade civil e o Estado (MATTELART, 2006).

Para Demartini Gomes (2003), a teoria da hegemonia se centra na importância capital do conceito de ideologia dominante, que Althusser contempla como as relações imaginárias do indivíduo com suas condições reais de existência. Não é dominante por ser imposta através da força das classes dominantes, mas, sim, devido à penetrante e deliberada influência cultural que serve para interpretar a realidade de uma forma concreta e constante. A ideologia, nesse contexto, constitui uma visão deformada da realidade e uma expressão tangível das relações dialéticas entre as classes sociais (DEMARTINI GOMES, 2003).

2.1.2.4 Teoria da Economia Política da Comunicação

Para Demartini Gomes (2003), a teoria da economia política da comunicação destaca as deficiências e as carências do marxismo neste terreno e procura situar a economia como um elemento fundamental, descartando as teses superestrutural e ideológica. Conforme esta teoria, os meios de comunicação tendem à concentração empresarial em grande escala, tendo como fim principal o lucro e dando à publicidade um papel determinante. Os autores mais conhecidos são Schiller, Mattelart, Flichy, Richeri, Garnham, Golding e Murdock.

Segundo Mattelart (2006), a economia política pretendia suprir as carências da semiologia da primeira geração, preocupada, antes de tudo, com os discursos como conjuntos de unidades fechadas sobre si mesmas e que contém os princípios da sua construção. A economia política estimulou, na Inglaterra, uma polêmica aberta com a corrente do Cultural Studies, acusada de privilegiar de maneira isolada o nível ideológico (MATTELART, 2006).

2.1.2.5 Novas perspectivas teóricas

Dentre as novas perspectivas teóricas, Demartini Gomes (2003) elenca McQuail e Windahl, por um lado; e por outro, Bernard Miège. Segundo a autora, a teoria elaborada por McQuail e Windahl considera que se pode presumir que existe mais de um modelo, que reflita possibilidades alternativas de organizar os fatos, assim como políticas alternativas. São temas prioritários de McQuail e Windahl: a) a delimitação do marco da comunicação de massa com referência ao de outros, especialmente a informática e o telefone; b) a observação de que na comunicação internacional, a construção de um modelo depende de uma apropriada formulação teórica e da acumulação de dados; c) as relações econômicas e de poder em determinadas sociedades.

Individualmente, Windahl, em suas pesquisas, aborda: a) a função unificadora ou fragmentária dos meios; b) a não centralidade e a dependência dos meios; c) os meios como objeto de definição cultural e social; d) a ambigüidade e a multiplicidade das mensagens e objetivos dos meios; e) a liberdade e independência dos meios; f) as relações entre os meios e o poder; g) a mescla de elementos objetivos e normativos; h) a diversidade de modelos e modos de comunicação (DEMARTINI GOMES, 2003).

Bernard Miège e sua equipe, na obra Capitalisme et industries culturelles, interroga-se sobre a natureza da mercadoria cultural, tentando responder à pergunta: Que problemas específicos o capital encontra para produzir valor a partir da arte e da cultura. Para eles, a indústria cultural não existe em si; é um conjunto constituído por elementos que se diferenciam fortemente uns dos outros, por setores que representam suas próprias leis de padronização (MATTELART, 2006).

Para melhor visualização das teorias, optou-se por organizá-las em uma tabela:

Tabela 1: Teorias da Comunicação

Teorias Básicas Teorias Críticas

Teoria e Modelo de Lasswell Teoria Marxista dos Meios de Comunicação Teoria Matemática de Shannon e Weaver Teoria Crítica ou da Escola de Frankfurt Teorias de Mc Luhan Teoria da Hegemonia

Modelo Lingüístico de Jakobson Teoria da Economia Política da Comunicação Teoria Funcionalista Estrutural Novas perspectivas teóricas

Modelo de Gerbner

Teoria e Modelo de Maletzke Modelo de Difusão de Inovação Fonte: A autora, 2010

As teorias da comunicação apresentadas recuperam uma perspectiva histórica importante. Os diferentes aportes teóricos incorporados para sua compreensão demonstram que o processo comunicativo é essencialmente psicológico, sociológico, político, antropológico, etc. Nesse sentido, salienta-se que

não se tem comunicação sem informação, a informação é o conteúdo da comunicação.