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INOVAÇÃO DO BRASIL 281 ANEXO B PERGUNTAS DO QUESTIONÁRIO DO MODELO

2.2 MÉTODOS DA PESQUISA

2.2.3 Terceira etapa: Modelagem conceitual

A modelagem dos conceitos para efeitos dessa pesquisa se baseou em mapas mentais e no modelo baseado na Teoria da Atividade, descrita adiante.

Para integrar os conceitos encontrados nas etapas anteriores, foi utilizado o software FreeMind na versão 0.8.1, Copyright 2000-2008. O FreeMind permite a construção de mapas mentais com o objetivo principal de facilitar a organização e análise de conceitos.

Mapa mental é uma excelente ferramenta para ―identificar e compreender a estrutura de um assunto e da forma como partes de informação se conectam, assim como para registrar fatos contidos em notas‖ (Tsinakos, Balafoutis, 2009). Mapas mentais também servem como ferramenta complementar à construção e compartilhamento de conhecimento.

O software FreeMind, escrito em Java para elaboração de mapas mentais e licenciado por GPL (General Public License), foi escolhido por apresentar funcionalidades de edição e visualização suficientes para o alcance dos objetivos do trabalho.

O FreeMind é uma ferramenta de software sobretudo para edição de mapas mentais, porém também foi projetada para prover visualização de dados provenientes de diferentes fontes, que foi um dos principais propósitos para a escolha e uso dessa ferramenta. Desta forma, o FreeMind foi utilizado para modelar os conceitos de inovação das diferentes fontes de informação. O mapa mental serviu para integrar e organizar as informações levantadas na pesquisa bibliográfica e documental, somadas às informações levantadas com as entrevistas semiestruturadas. Através do mapa foi possível identificar dois grupos

distintos de informações de inovação: um relacionado ao processo operacional da inovação e outro que se refere ao conjunto de informações estratégicas que subsidiam a tomada de decisão.

A proposta de O´Leary (2010) para modelagem de ontologia de organizações, baseada na Teoria da Atividade formulada por Engestrom em 1987, foi utilizada para modelar esses dois grupos de informações de inovação identificados no mapa mental. O´Leary (2010) apresenta essa abordagem não como uma metodologia explícita, mas como uma abordagem baseada num template em nível de classe, mostrado na Figura 6, para facilitar análises. Essa abordagem normalmente é utilizada para agregar e analisar informação. O autor apresenta a Teoria como uma proposta para especificar livremente ontologias e ir decompondo as especificações em subclasses até chegar na unidade básica para criar as classes da ontologia.

Figura 6 - Esquema para modelagem de ontologia de organizações, baseada na Teoria da Atividade formulada por Engestrom em 1987

Fonte: O´Leary (2010)

O principal objeto da Teoria é a atividade de trabalho humano, ou tarefa, sendo a atividade uma forma de ―fazer algo‖ ligada diretamente a um objeto. Ou seja, a atividade é a unidade básica de análise para transformar um objeto em um resultado. O sujeito é geralmente uma pessoa que executa uma atividade, individualmente ou como parte de um time, podendo assumir diferentes papéis tanto na transformação de materiais quanto no uso de informação. Na Teoria da

atividade, o objeto é aquele que é modificado ou explorado por um sujeito para o alcance do objetivo da atividade, podendo ser materiais ou intangíveis. O resultado de uma atividade poderia (ou não) ser aquilo que o objeto realiza, se houver uma representação do resultado. Se um exemplo de objeto é determinar os ―assuntos centrais da teoria da atividade‖, um resultado correspondente pode ser a representação textual desses assuntos (O´LEARY, 2010). Já comunidade refere-se a praticamente todas as pessoas diretamente envolvidas na atividade particular que é analisada, e ferramentas são artefatos mediadores, físicos ou mentais, que modelam a forma como pessoas interagem com a realidade. Regras em geral se referem ao domínio específico do conhecimento que deve ser capturado. Regras incluem os guias, códigos e convenções (internos ou externos à organização) que dirigem as atividades e comportamentos dos membros da comunidade para produzir uma atividade específica. A divisão de trabalho refere-se como cooperações e especializações ocorrem em uma atividade, podendo se referir à estrutura hierárquica de organizações que suportam as atividades, ou ao balanceamento de atividades e partes de atividades entre pessoas e artefatos.

A modelagem permitiu identificar e selecionar os principais conceitos e elementos de inovação que devem ser considerados no instrumento de coleta de dados que é aplicado nas organizações. Inicialmente, o modelo conceitual recebeu como base os Fundamentos de Inovação do Modelo de Gestão da Inovação (IMM) de Lindholm e Holmgren (2005), que foram revisados para integrar também os tópicos e elementos listados nas dimensões do Framework de Inovação proposto por Crossan e Apaydin (2010). A modelagem conceitual criou as condições necessárias para o refinamento dos conceitos que caracterizam o cenário das organizações de P&D+i no que se refere à gestão estratégica do processo de inovação, com o apoio dos elementos levantados durante as entrevistas nas organizações de excelência da Espanha. O resultado final dessa etapa foi um instrumento de coleta de dados, conforme Figura 7, que é um dos pilares do framework de apoio à gestão estratégica da inovação.

Figura 7 - Instrumento de Coleta de Dados: O primeiro pilar do Framework

O Instrumento de coleta de dados

O instrumento de coleta de dados foi estruturado com questões associadas a cada um dos elementos de inovação selecionados do modelo conceitual. Durante a elaboração foi possível melhor estruturar e refinar os conceitos identificados e os tópicos que devem ser associados a cada um desses conceitos. O instrumento de coleta de dados é o meio que permite identificar a situação dos elementos físicos, estruturais, culturais e sociais do ambiente de inovação nas organizações de P&D+i.

O procedimento de criação do instrumento de coleta de dados foi dividido nas seguintes etapas: a elaboração das perguntas, a implementação do instrumento de coleta, a validação, e por fim, a aplicação do instrumento de coleta de dados.

a) Elaboração das perguntas

O desenvolvimento do instrumento de coleta de dados foi baseado na proposta de Lindholm e Holgren (2005), mas diferentemente do que apresentou os autores, nesse caso as questões objetivas

apresentam opções de resposta, sem o uso da escala de Likert8. As possíveis respostas para uma pergunta são textos elaborados que exigem o ―pensar‖ do respondente. Essa abordagem foi utilizada para diminuir o número de perguntas, com o agrupamento de tópicos a serem analisados, tendo em vista que os respondentes não dispõem de muito tempo. Por outro lado, essa abordagem permite explorar as respostas com as técnicas de extração do conhecimento empregadas pela engenharia do conhecimento. Quando utilizada a estrutura de representação semântica, é possível extrair conhecimento das respostas do questionário ao se comparar textos não formatados e, portanto, identificar grupos de idéias ou grupos de pessoas com ideias comuns.

b) A implementação do instrumento de coleta de dados Para facilitar a coleta e processamento dos dados o instrumento de coleta de dados foi implementado em ambiente computacional. As perguntas foram estruturadas em formulário Google Docs, uma ferramenta do Google9 que facilita a criação de formulários online, automatizando o processo de design da página e trazendo vários estilos de perguntas pré-construídas. Outra vantagem do Google Docs é que as respostas coletadas são automaticamente inseridas em uma planilha, podendo ser transportadas para uma planilha eletrônica, como o Excel da Microsoft10, para facilitar o processamento e apresentação dos dados com a geração de estatísticas, gráficos, cruzamento de dados, entre outros tipos de operação.

c) Verificação do instrumento de coleta de dados

A etapa de verificação do instrumento de coleta de dados se deu por um grupo de profissionais de diferentes organizações e que atuam em diferentes áreas.

Foram selecionados para a verificação os seguintes profissionais:

8 Escala de Likert é um tipo de escala de resposta usada habitualmente em questionários, com respostas diretas no formato: ―não concordo totalmente‖, ―não concordo parcialmente‖, ―indiferente‖, ―concordo parcialmente‖, ―concordo totalmente‖.

9Google Inc. é uma empresa multinacional de serviços online e software dos Estados Unidos. O Google hospeda e desenvolve uma série de serviços e produtos baseados na internet e gera lucro principalmente através da publicidade.

10O Microsoft Office Excel (nome popular Microsoft Excel) é um programa de planilha eletrônica escrito e produzido pela Microsoft, empresa multinacional de tecnologia e informática.

i. um Pós-Doutor, pesquisador da Faculdade de Informática da Universidade Politécnica de Madrid que atua na área de desenvolvimento de software

ii. dois professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC) da Universidade Federal de Santa Catarina, sendo um da área de gestão do conhecimento e um da área de engenharia do conhecimento

iii. duas doutorandas da área de gestão do conhecimento que trabalham com assunto relacionado a inovação em seu trabalho de pesquisa, sendo que uma é profissional de organização de desenvolvimento de software.

iv. um doutorando da área de engenharia do conhecimento que atua em empresa pública federal da área tecnológica.

v. um pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC – Epagri

O grupo de verificação foi selecionado para avaliar cada questão e encaminhar suas considerações para melhoria das questões do formulário quanto a conteúdo e clareza. As sugestões e comentários do grupo avaliador foram considerados para refinar as perguntas. Primeiramente, as perguntas foram alteradas diretamente conforme os comentários e sugestões do grupo avaliador e, posteriormente, reavaliadas para outras melhorias de acordo com os comentários recebidos.

d) Aplicação do instrumento de coleta de dados

Como o instrumento de coleta de dados é um dos elementos constituintes do framework de inovação, a etapa de aplicação só ocorreu após a construção do framework.