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4.5 Análise da Técnica Delphi

4.5.3 Terceira Rodada da Técnica Delphi

Para a terceira rodada, foram excluídas as variáveis que apresentaram baixa ou média dispersão na segunda rodada, ou seja, que apresentaram um maior consenso entre os especialistas (CV menor que 15% ou entre 15% e 30%). Dessa forma, o terceiro questionário não foi composto pelas seguintes variáveis: existência de poucos mecanismos de controle da fraude (CV= 10,00%), ambiente de alta competição (CV= 15,27%), muitas transações entre organizações de um mesmo grupo empresarial (CV= 16,64%), fraca governança corporativa (CV= 21,37%), baixa proporção de diretores externos no Conselho de Administração (CV= 22,33%), contas classificadas como Diversos ou Outros (CV= 25,56%) e não existência de um comitê de auditoria (CV= 26,56%).

Como pode ser observado no Apêndice C, o terceiro questionário desta pesquisa buscou avaliar quais variáveis os especialistas mais relacionam com o risco de fraude contábil em bancos, e quais, na visão deles, estão menos relacionadas a esse risco a partir da escolha de cinco ou três variáveis para cada um dos três grupos de análises e, também, considerando a informação da média das notas atribuídas pela comissão dos especialistas na rodada anterior.

Ressalta-se que, para a terceira rodada, foram entregues para os especialistas os resultados da segunda rodada em busca de uma convergência das opiniões.

Após o término da terceira rodada, foram compiladas as percepções dos especialistas acerca do objetivo estabelecido e das questões de pesquisa, sendo-lhes entregues os resultados finais. Os resultados obtidos na terceira rodada da técnica Delphi são apresentados nas Figuras 19 a 24.

De acordo com a Figura 19, observa-se que a maior parte dos especialistas concorda que a existência de lucros menores que o esperado, indicadores insatisfatórios de risco de crédito e tesouraria, baixa liquidez e descasamento entre ativos e passivos apresentam maior relação com o risco de ocorrência da fraude contábil em bancos. Por outro lado, os indicadores associados ao grau de imobilização e à margem líquida foram os menos citados quanto à importância, não havendo nenhum especialista que apontasse a alta independência como relacionada ao risco de ocorrência da fraude contábil em instituições financeiras bancárias. É importante destacar que as maiores importâncias atribuídas foram para aquelas variáveis que apresentaram maiores médias na rodada anterior.

Figura 19 – Resultados da terceira rodada da técnica Delphi quanto à maior relação para a situação econômico-financeira

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme a Figura 20, observou-se que a maior parte dos especialistas concorda que a alta independência financeira, alta lucratividade dos ativos e a alta margem financeira possuem uma menor relação com o risco de fraude contábil em bancos. Contudo, as respostas para essa questão não seguiram a média das notas atribuídas pela rodada anterior. Além disso,

é importante ressaltar que algumas variáveis continuaram indefinidas para a relação ou não com o risco de fraude contábil em bancos, sendo elas: alta rentabilidade, alta participação dos empréstimos, prejuízos menores que o esperado e alto retorno sobre o patrimônio líquido.

Figura 20 – Resultados da terceira rodada da técnica Delphi quanto à menor relação para a situação econômico-financeira

Fonte: Dados da pesquisa.

O fato é que a alta margem líquida, o alto grau de imobilização e o índice de Basiléia abaixo dos limites estão mais próximos de uma não relação com o risco de ocorrência de fraude contábil, enquanto que o alto endividamento está mais próximo de uma relação com o risco de ocorrência da fraude contábil na percepção dos especialistas.

Analisando a Figura 21, observa-se que a maior parte da comissão de especialistas concorda que a influência do ambiente econômico, a existência de planos de ações e bonificações para os gestores e a existência de infrações contábeis na CVM têm maior relação com o risco de ocorrência da fraude contábil em bancos. Assim, como na primeira questão, os especialistas opinaram pelas variáveis que apresentaram maiores médias na rodada anterior. Ademais, apesar de não haver um consenso para a variável pressão do ambiente regulatório, 43,50% dos especialistas relacionam-na com o risco de ocorrência da fraude contábil em bancos.

Figura 21 – Resultados da terceira rodada da técnica Delphi quanto à maior relação para o ambiente externo e interno

Fonte: Dados da pesquisa.

Já com base na Figura 22, concluiu-se que a maior parte da comissão de especialistas concorda que o excesso de procedimentos de controle é um aspecto que tem menor relação com o risco de fraude contábil em bancos. Coincidentemente, essa variável recebeu a menor nota na rodada anterior da técnica Delphi. Ademais, quem realiza a auditoria, a mudança de auditoria, os comentários dos auditores independentes sobre a eficácia dos controles internos, a reputação dos gestores no mercado de crédito e a manutenção da carteira de clientes também estão mais próximos de uma não relação com o risco de fraude contábil em bancos.

Figura 22 – Resultados da terceira rodada da técnica Delphi quanto à menor relação para o ambiente externo e interno

A Figura 23 evidencia que a maior parte dos pesquisados concorda que as contas Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa, Participações em Coligadas e Controladas, Relações Interfinanceiras (Recebimentos Antecipados de Contratos Cedidos) e Instrumentos Financeiros Derivativos têm maior relação com o risco de ocorrência da fraude contábil em bancos. Da mesma forma que os anteriores, a percepção dos especialistas tem relação com as variáveis que receberam as maiores notas na rodada anterior da técnica Delphi.

Figura 23 – Resultados da terceira rodada da técnica Delphi quanto à maior relação para as contas contábeis

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 24 – Resultados da terceira rodada da técnica Delphi quanto à menor relação para as contas contábeis

Conforme apresentado na Figura 24, a maior parte dos analistas financeiros, auditores e professores pesquisados concorda que as contas de Ativo Diferido e Obrigações Fiscais têm menor relação com o risco de ocorrência da fraude contábil em bancos. Dessa maneira, essas variáveis apresentaram as menores notas na rodada anterior à aplicação da técnica Delphi.

Apesar de não haver um consenso entre os especialistas, mas com base nas suas opiniões, observa-se, na Figura 24, que as contas Operações de Crédito e Resultado não Operacional estão mais próximas de uma relação com o risco de ocorrência da fraude contábil, enquanto a conta Resultados de Exercícios Futuros parece ainda dividir as opiniões. Já as contas Receitas de Prestação de Serviços, Contas Associadas a Seguros, Intangíveis, Resultado Operacional e Operações de Arrendamento Mercantil estão menos relacionadas com o risco de ocorrência da fraude contábil em instituições financeiras bancárias.