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Terceiro período morfológico: ditadura e redemocratização

No documento ALTERNATIVAS PARA AS CIDADES DO CAMPO (páginas 125-131)

87interior também de pobreza extrema, está bem

2.3.3. Terceiro período morfológico: ditadura e redemocratização

Os anos que seguem a este período de expansão e interiorização de infraestruturas são marcados pela ruptura democrática do Golpe Militar de 1964, que “foi amplamente apoiado pela burguesia local” no TMAP, inserindo a região em articulações econômicas e políticas de grande escala, tendo inclusive políticos locais ocupando cargos na cúpula do governo, como o uberlandense Rondon Pacheco, que governou o Estado de Minas Gerais entre 1971 e 1975, no auge do “milagre econômico” do governo militar. (BRANDÃO, 1989)

As políticas deste período buscavam a

“homogeneização do espaço para o grande capital, ampliando a área ‘produtiva’”, fomentando o desenvolvimentismo econômico e a “ocupação do território” com políticas que privilegiavam a implantação de uma produção agrícola industrial, beneficiando os latifúndios e grandes proprietários de terras. “Esta

estratégia ‘territorial’, de ordem e segurança nacional, tinha na geopolítica seu sustentáculo”, que contava com o General Golbery do Couto e Silva como um dos principais mentores intelectuais, que colocava a área central do território brasileiro como estratégica geopoliticamente, onde o Triângulo seria o “nó de amarração natural de todo o bloco continental, plataforma essencial ao futuro expansionismo para o interior”. (COUTO E SILVA, 1981; BRANDÃO, 1989) Figura 40: Inauguração do Parque de Exosição Agropecuária, em 1978

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Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)

Figura 41: Monte Alegre - terceiro período morfológico (década de 1970 a 1990)

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O Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba fica novamente em posição privilegiada na política de integração nacional idealizada com a geoestratégia do General Golbery, que vai ser implementada com a série de políticas voltadas para a modernização da produção agrícola e ocupação do cerrado, elencadas anteriormente neste trabalho. O cerrado e

especialmente o TMAP, oferecia todas as

características necessárias para a implementação dessas políticas de fomento à agroindústria, pois a região era dotada de “adequada estrutura fundiária”, devido à concentração da propriedade da terra, com maior presença de latifúndios a minifúndios. Além de também contar com infraestrutura para escoamento da produção, topografia favorável para o uso de máquinas e pivôs de irrigação, com grandes áreas de terreno quase plano, e solo ácido e deficiente, mas bem drenado, que pode ser corrigido através de

implementos químicos. Todos estes fatores

determinaram a implantação destas políticas de

expansão da fronteira agrícola e produção industrial voltada para exportação, dependente e financiada com capital estrangeiro através de acordos internacionais. (BRANDÃO, 1989)

Durante este período Monte Alegre se especializa produtivamente transformando-se no maior produtor de abacaxi no país, exportando a fruta para países do Mercosul, principalmente Argentina, Uruguai e Paraguai. Como resposta ao incentivo estatal para a produção agroindustrial na região, MAM vai se firmar enquanto “cidade do campo” e o TMAP vai se reiterar como uma “região agrícola”, segundo termos utilizados pelo geógrafo Milton Santos (1994).

A área urbana de Monte Alegre passa por algumas mudanças durante a fase do “milagre econômico” do governo militar. Os prefeitos Ademar Delfino e Braz Vieira, ligados ao partido Arena e apoiados pelos militares e pelo então governador de Minas Gerais, o uberlandense Rondon Pacheco, fizeram algumas obras que iriam reorganizar o espaço urbano. Este período

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em MAM está mais ligado à reorganização do espaço urbano, com a implantação de infraestruturas e equipamentos urbanos, do que com a expansão da malha urbana, que só iria acontecer no final do governo militar, com loteamentos financiados pelo Banco Nacional de Habitação (BNH).

Figura 42: Construção do Conjunto Habitacional Paloma I e II, financiado pelo BNH, em 1984

Fonte: Acervo do Depto. de Cultura (2018)

Dentre os novos equipamentos deste período estão a nova sede do Fórum, de 1979, com projeto arquitetônico padrão repetido em outras cidades mineiras como a cidade vizinha Campina Verde; o Estádio Popular do time local Triângulo Esporte Clube, que foi construído próximo à rodovia BR-365 em decorrência da utilização de sua antiga área para a construção das praças que abrigam a nova sede do Fórum e a agência do Banco do Brasil; o Parque de Exposições, de 1978, construído também próximo à rodovia, em frente ao Estádio Popular; a construção de novas sedes para a Prefeitura e Câmara, durante a década de 1970; e a canalização do Córrego Monte Alegre, com a implantação da Avenida Tancredo Neves em suas margens, entre 1979 e 1980. É também da década de 1970 o conjunto de casas com comércio nas margens da BR-365 conhecido como “Barracas”, que são voltadas para os comerciantes que aproveitam o tráfego de veículos da rodovia. A Santa Casa de Misericórdia, único hospital de MAM, é uma instituição

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filantrópica fundada em janeiro de 1964, pouco antes do golpe militar, que aconteceu em abril daquele ano. No final do governo militar, em 1983, acontece o loteamento dos conjuntos habitacionais Paloma I e Paloma II, que contou com financiamento do BNH. Nos anos seguintes, já no período de redemocratização, são registrados os loteamentos de ampliação do Bairro Flamengo, em 1988, o Conjunto Habitacional Paloma III e o Bairro Industrial, em 1990, e o Bairro Jardim Eldorado, em 1993.

Figura 43: Fórum, construído em 1979

Fonte: Foto do Autor (2013)

Nota-se que o terceiro período morfológico de Monte Alegre é caracterizado pela reorganização do espaço urbano e implantação de infraestrutura e equipamentos durante o regime militar e que a ampliação da malha urbana aconteceu apenas no final do período ditatorial, a partir de 1983, impulsionada pela política habitacional do BNH, e seguida pela implantação de novos loteamentos já no período democrático, no início da década de 1990.

Figura 44: Paço Municipal construído na década de 1970

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Figura 45: Parque de Exposição Agropecuária na década de 1970

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2.3.4. Período atual: início do século XXI

No documento ALTERNATIVAS PARA AS CIDADES DO CAMPO (páginas 125-131)