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Teresa 2.1 Entrevista

No documento a Cristina Batista Rodrigues Tita (páginas 125-129)

Guião da entrevista

2- Teresa 2.1 Entrevista

Nasceu em 1937, na Atalaia, freguesia de Gavião. Aí residiu até se mudar para a sede de concelho, onde frequentou o ensino primário. Para frequentar os anos seguintes mudou-se para Portalegre, para o Colégio Teresiano.

O curso do Magistério Primário havia de ser tirado em Évora. Após o curso frequentou várias acções de formação ao longo da vida profissional, assim como o curso para o ensino da 5ª e 6ª classes, o curso de monitora da telescola e, claro, muitas reuniões.

As escolas que frequentou enquanto aluna: A – Monte da Pedra

B – Portalegre

C – Colégio Teresiano – Portalegre

D – Curso do magistério primário em Évora

E – Acções de formação ao longo da vida profissional; Curso de formação para o ensino da 5ª e 6ª classes; curso de monitora da telescola; muitas reuniões.

É casada, também com um professor primário.

O seu pai era analfabeto e a mãe possuía a 5ª classe. Ele era agricultor e a senhora doméstica.

1- Idade com que começou a leccionar e total de anos de serviço:

Começou a leccionar aos 18 Anos e aposentou-se com 37 Anos de serviço.

2- Escolas onde leccionou e o número de anos: A Tolosa 2 anos

B Seda 2 anos

C Cabeço de Vide 2 anos D Alter do Chão 2 anos

3- Razões da escolha desta profissão:

Desde muito nova que senti o desejo de ser professora. Toda a família me apoiou e com a ajuda dos meus pais consegui tirar o curso

4- Passatempos e interesses pessoais:

Tarefas caseira s, leitura, pequenos trabalhos de costura, renda, bordados, televisão…

Depois de aposentada com maiores disponibilidades de tempo e económica s tenho aproveitado para pa ssea r e participa r nalgumas viagens pelo país e pelo estrangeiro. Também ajudei a criar os netos e dou apoio á família.

5- Iniciou as suas funções como professora antes de possuir qualquer formação

pedagógica? Se sim, onde? Com que orientações? Que dificuldades sentiu? Só iniciei as minha s funções como professora depois de concluir o curso do magistério Primá rio de Évora.

6- Como desenvolveu as suas práticas pedagógicas ao longo dos anos?

Ao longo dos anos fui desenvolvendo e aperfeiçoando as prática s pedagógica s através da leitura de livros relacionados com o ensino, conversa com os colegas, reuniões, acções de formação, planificação diária das aulas experiência ao longo dos anos e contacto com os alunos.

7- Como avalia o impacto do seu trabalho a nível social, tendo em conta a época e as necessidades da sociedade?

Julgo ter desempenhado satisfatoriamente o meu trabalho. Na época era frequente o castigo corporal tanto na família como na escola. Quando o apliquei fi-lo sempre com a intenção de bem educar e preocupação de cumprir os programas que eram extensos e exigentes.

8- Sentiu-se realizada profissionalmente? Porquê?

Senti-me realizada profissionalmente.

Hoje é com satisfação que em conversa com antigos alunos eles manifestam o seu agrado e reconhecimento pelo tempo que passaram na escola .

9- Alguma vez se sentiu discriminada por ser mulher?

10- Que valores, normas e comportamentos eram exigidos a uma professora?

À professora era exigido um comportamento exemplar dentro e fora da escola . Ser pontual, assídua, afectuosa com os alunos e tratar a todos de igual modo. A professora antes de casa r tinha que pedir autorização ao ministério da educação e só lhe era concedida se o noivo tivesse uma remuneração igual ou superior à sua.

11- O espírito de missão e sacrifício eram ou não requeridos? Se sim, em que medida?

Logo na Escola do magistério nos incutiam a ideia de que a nossa actividade escolar devia ser de sacrifício e espírito de missão. Com esta formação dedicávamo-nos inteiramente á tarefa de educar e ensinar e algumas vezes com prejuízo da família. Também acontecia prolongarmos a s aulas para além do horário escola r principalmente na proximidade dos exames e provas finais.

12- Como era o relacionamento com as famílias? E com a comunidade em geral?

O meu relacionamento com as famílias, duma maneira geral, era bom. Os pais entregavam os filhos, confiantes no trabalho do professor e raramente discutiam a sua acção.

Na comunidade integrei-me nalguns a ctos sociais como catequese e alguma s festas.

13- O que é que gostou mais na sua profissão? Por que motivo?

Cumprir um sonho que tinha desde criança e contribuir para o sucesso de muitos alunos que me passaram pela sala de aula. É com bastante alegria que encontro antigos alunos com formação superior, que reconhecem a importância da professora primária.

14- Esta é uma profissão que tem vindo a ser desvirtuada ao longo do tempo. Que

mensagem gostaria de deixar aos jovens professores?

Os jovens professores dispõe de boa s instalações e meios que lhes permitem melhor informação e preparação das aulas. A mensagem que lhes deixo é que aproveitem tudo o que têm ao seu dispor para o melhor desempenho das sua s funções. Cumpram rigorosa mente os programas e sejam mais exigentes com os alunos no seu comportamento e aproveitamento.

15- Passou por três fases distintas na história do país e da sociedade – ditadura, revolução de Abril e anos 80. Qual foi para si a melhor ou pior fase e porquê? Em termos profissionais, sempre me preocupei em desempenha r o melhor possível as minhas funções em qualquer destas três fases referidas e nunca manifestei qualquer tendência política.

A partir da revolução de Abril, sem duvida que melhoraram as nossas condições de vida profissional, social e económica.

16- Qual a situação, ou situações, que mais a marcaram enquanto professora, esposa

e mãe?

Como professora o que mais me marcou foi sentir a impossibilidade de ajudar algumas crianças que encontrei com grandes dificuldades e verificar que se tivessem tido algum apoio psicológico e ajuda de professores do ensino especial teriam ficado com melhor preparação para enfrentar a vida.

Como esposa, considero-me privilegiada por ter casado com um professor pois deu-me apoio e ajuda na escola e em ca sa. Era a ele que recorria quando alguma coisa me preocupava.

Como mãe relevo o nascimento das minhas duas filhas. Iniciou-se uma fase de maior organização pa ra conciliar o trabalho profissional com as ta refas doméstica s e dar todo o apoio, carinho e atenção que elas necessitavam.

Estas três situações complementaram-se e enriqueceram-se ao longo da minha vida.

No documento a Cristina Batista Rodrigues Tita (páginas 125-129)