• Nenhum resultado encontrado

Mapa 16: Fixos emissores e receptores de fluxos de madeira e celulose através da

3.1.2. Terminais de Uso Privativo (TUP)

A definição de Terminais de Uso Privativo não consta na Lei de Modernização dos Portos, mas sua definição se aproxima de uma Instalação Portuária de Uso Privativo (Lei nº 8.630/93, art. 1º, parágrafo 1º, inciso V) conforme segue;

“Instalação Portuária de Uso Privativo: explorada por pessoa jurídica de direito público ou privado, dentro ou fora da área do porto, utilizada na movimentação de passageiros ou na movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinados ou provenientes de transporte aquaviário”.

A Antaq complementa a Lei fornecendo uma definição mais instrutiva, destacando que um Terminal de Uso Privativo é uma instalação construída ou a ser implantada por instituições privadas ou públicas para a movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ao transporte aquaviário ou provenientes dele; não é integrante do patrimônio do Porto Organizado e somente será admitida a implantação de um terminal dentro da área do porto quando o interessado possuir domínio útil do terreno. Destaca-se que a exploração de uma Instalação Portuária de Uso Privativo pode ser realizada em duas modalidades: uso público e uso privativo. A modalidade de uso privado se subdivide segundo a opção de exploração do titular em: exclusivo, movimentando apenas carga própria64; misto, movimentando carga própria e de terceiros65; turismo, movimentando passageiros; e como uma Estação de Transbordo de Carga66. Quando uma Instalação Portuária de Uso Privativo opera na modalidade de uso privativo misto, segundo a legislação vigente, o percentual

64 Resolução Antaq nº 1.660 de 8 de Abril de 2010: Art. 2º, IV. Carga própria: é a carga pertencente à autorizada, à sua controladora, à sua controlada, ao mesmo grupo econômico ou às empresas consorciadas no empreendimento, cuja movimentação, por si só, justifique, técnica e economicamente, a implantação e a operação da instalação portuária objeto da outorga.

65 Resolução Antaq nº 1.660 de 8 de Abril de 2010: Art. 2º, V. Carga de terceiros: aquela compatível com as características técnicas da infraestrutura e da superestrutura do terminal autorizado, tendo as mesmas características de armazenamento e movimentação, a mesma natureza da carga própria autorizada que justificou técnica e economicamente o pedida de instalação do terminal privativo, conforme §1º deste artigo, e cuja operação seja eventual e subsidiária.

66Lei nº 8.630 de 3 de agosto de 1993 (“Lei de Modernização dos Portos”): Estação de Transbordo de Cargas: a situada fora da área do porto, utilizada, exclusivamente, para operação de transbordo de cargas, destinadas ou provenientes da navegação interior (art. 1º, parágrafo 1º, inciso VI)

80

mínimo de cargas próprias a serem movimentadas deve corresponder a um percentual maior do que 50% da tonelagem total das cargas movimentadas no referido terminal67.

Camargo (2010) ressalta que a definição citada na Lei não é completa, pois uma Instalação Portuária de Uso Privativo (IPUP) não se caracteriza somente pela natureza da pessoa que a explora (público ou privado) ou pela sua localização (dentro ou fora do Porto Organizado), mas a principal característica desta instalação portuária é a possibilidade do uso privativo da instalação para a movimentação e armazenagem de cargas oriundas de atividades econômicas selecionadas pelo seu titular, ou seja, caracteriza-se pela autonomia assegurada à sua administração. A instalação portuária de uso privativo quando localizada na área interna do porto organizado, contudo, fica sujeita às autoridades portuárias (Lei nº 8.630/93, art. 3º), o que importa em restrição à sua autonomia.

Quando uma IPUP é explorada sob a modalidade de uso público é, logicamente, aberta ao público em geral, e sua exploração fica restrita à área do porto organizado68 resultando em uma exploração de efetiva prestação de serviço público, sendo possível movimentar ou armazenar carga geral indiscriminadamente em benefício de qualquer usuário sob o regime do direito público. Licenciada nessa modalidade diretamente pela União, ou mediante concessão, permissão ou até mesmo arrendamento; deve se localizar exclusivamente na área de um Porto Organizado; e o titular se relaciona com os usuários através da prestação de serviço público mediante pagamento de tarifas sob o regime do direito público.

A exploração de uma Instalação Portuária de Uso Privativo sob a modalidade de uso privativo, mesmo na modalidade de exploração de uso misto, não se confunde com a exploração sob a modalidade de uso público por não ocorrer restritivamente à área do Porto Organizado, dessa forma, nessa modalidade uma Instalação Portuária de uso Privativo deve ser implantada e explorada mediante contrato de arrendamento (quando localizado dentro da área de um Porto Organizado) ou mediante ato administrativo de autorização de acordo com legislação (quando localizado fora da área de um Porto Organizado), não havendo uma relação de serviço público, sendo as relações legais entre o titular o os usuários sujeitas exclusivamente às normas do direito privado.

67 Decreto nº 6.620 de 29 de outubro de 2008, Art. 35: As instalações portuárias de uso privativo destinam-se à realização das seguintes atividades portuárias; inciso II, movimentação preponderante de carga própria e, em caráter subsidiário e eventual, de terceiros , em terminal portuário de uso misto (grifo nosso).

Camargo (2010) busca esmiuçar juridicamente as diferenças entre os Terminais de Uso Privativos e as Instalações Portuárias de Uso Privativo, destacando que um Terminal de Uso Privativo não é definido na Lei nº 8.630/93, mas seria uma Instalação Portuária de Uso Privativo licenciada na modalidade de uso privativo, atuando assim como um porto, mas diferentemente do Porto Organizado, administrado e operado segundo normas de direito privado e explorado por pessoa diversa da União ou por um concessionário. Deve ser implantado e explorado mediante ato administrativo de autorização; pode se localizar fora da área de um Porto Organizado, ou dentro quando o titular tiver o domínio útil do respectivo terreno; o titular se relaciona com os usuários sob o regime do direito privado. No que diz respeito à fiscalização, o Terminal de Uso Privativo está sujeito exclusivamente às autoridades aduaneira, marítima, sanitária, de saúde e de polícia marítima, não, porém, à autoridade portuária.

No contexto desta rica discussão jurídica, nos interessa compreender que um Terminal de Uso Privativo, na legislação vigente, é uma instalação portuária privada, onde o titular tem faculdade para operar a movimentação dos fluxos que lhe interessa, segundo a modalidade facultada ao seu titular: uso público ou uso privativo. Esse é aspecto que o diferencia de um fixo destinado exclusivamente ao serviço público (Porto Organizado) por isso o analisaremos de forma exclusiva.

A Antaq, autoridade responsável por licenciar as instalações de uso privativo, seguindo a legislação vigente69, concede outorga de autorização para exploração, construção e ampliação de Terminal Portuário de Uso Privativo formalizada mediante Contrato de Adesão entre a autarquia e o interessado, sendo este pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, constituída sob as leis brasileiras, com sede e administração no país, que atende aos requisitos técnicos, econômicos e jurídicos estabelecidos.

Segundo o Banco de Informações e Mapas de Transportes (BIT)há no Brasil 127 Terminais de Uso Privativo, sendo 58 marítimos e 69 fluviais, conforme pode ser observado no mapa 5. Observa-se que há uma concentração maior de terminais nos Estados litorâneos da Região Sul e Sudeste, bem como nos dos rios da Bacia Amazônica.

69 Constituição Federal de 1988: Art. 21, XII, alínea "f" e Art. 175. Lei nº 8.630/1993: Art. 4º e § 2º, I e II. Lei nº 10.233/2001: Art. 14, III, alínea "c", e Art. 27, XXII. Decreto nº 6.620/2008: Art. 35, 36, 37 e 38. Resolução Antaq nº 1.660/2010. Resolução Antaq nº 1.695/2010.

3.2. Fixos e Fluxos aquaviários: os caminhos e o conteúdo da navegação de cabotagem de