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Em 1835, a província de Minas Gerais, era composta por cinco comarcas: Ouro Preto, Rio das Mortes, Rio das Velhas, Serro Frio e Paracatu. A Cidade Imperial de Ouro Preto, a cidade de Mariana e a vila de Queluz, assim como seus respectivos Termos, faziam parte da Comarca de Ouro Preto.

Tarquínio de Oliveiravi, responsável pelo estudo crítico e organização da obra

Corografia Histórica da Província de Minas Gerais, de Cunha Matos (inclusive com a

reconstrução de parte do texto manuscrito perdido), em nota, definiu comarca como “a grande divisão judiciária, sob autoridade de um ouvidor geral”31. As comarcas eram divididas em

Termos de vila, “equivalentes ao atual conceito de município, sob autoridade de uma câmara

eleita pelos homens bons do respectivo território”32. Os bairros da vila ou cidade, cujo título era reservado inicialmente às sedes de bispado e, no Império, se tornou “honorífico”, se agrupavam em distritos ou grandes distritos, sob a autoridade de um capitão de ordenançasvii.

Os arraiais, segundo Tarquínio de Oliveira, eram também chamados de distritos quando possuíam capitão de ordenanças próprio. Os arraiais maiores muitas vezes se “confundiam”33 (ou se sobrepunham) com as freguesias e paróquias da divisão eclesiástica. Os arraiais menores, cuja autoridade era um alferes ou tenente de ordenança, estavam subordinados ao comandante do distrito e, sob o aspecto eclesiástico, constituíam-se como capelas filiais. O uso da atribuição

aldeia (muitas vezes empregada na tradução de obras de viajantes que por Minas Gerais

passaram nas primeiras décadas do século XIX), fazia referência às reduções indígenas,

31 MATOS, Raimundo José da Cunha. Corografia Histórica da Província de Minas Gerais (1837). Belo

Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EdUSP, v. 1, 1981, p. 58.

32 MATOS, Raimundo José da Cunha. Corografia Histórica da Província de Minas Gerais (1837). Belo

Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EdUSP, v. 1, 1981, p. 58.

33 MATOS, Raimundo José da Cunha. Corografia Histórica da Província de Minas Gerais (1837). Belo

segundo Tarquínio, o que não se aplicaria ao contexto do Termo de Ouro Preto. As aldeias, quando comandadas pelo capitão de ordenanças, eram também consideradas distritos, quando não comandadas, eram somente aldeias.

A criação das comarcas não resultou necessariamente na definição precisa de seus limites. De acordo com Cláudia Damasceno a definição dos limites das comarcas tinha como objetivo “determinar a que comarca pertencia cada um dos núcleos mineradores”34. Entretanto, segundo a autora, “indicar com exatidão todos os limites parecia, na época, uma tarefa tão difícil quanto inútil: para que delimitar fronteiras em sertões pouco conhecidos e quase desertos?”35. Tais limites só seriam ajustados com o passar do tempoviii, à medida que a ocupação do território era encaminhada e as divergências de jurisdição se manifestavam.

Ouro Preto, não ocupava local de centralidade geográfica na comarca, tampouco no Termo. Foi desde o início da ocupação colonial da região “o sítio de maior conveniências que os povos tinham para o comércio”36, para onde as vias de circulação se encaminhavam, além, obviamente, de referência na produção aurífera. Entretanto, sua proximidade com Mariana e seu distanciamento de arraiais às margens do rio Paraopeba, fez com que houvesse um “desequilíbrio” interno na relação de governança. Não à toa, o sinclinal Moeda e a região do vale do Paraopeba, teria sido escolhida por Inácio de Souza Ferreira, no início do século XVIII, para sediar estruturas de fundição de moedas falsas.

Uma análise do processo de ocupação do território do Termo de Ouro Preto, aponta para pelo menos três etapas. A primeira envolveu a chegada do colonizador, a partir de vias de circulação já existentes que o levaram até o local (ou os locais) onde encontrou os metais preciosos procurados. Pode-se dizer que o colonizador foi guiado por esses caminhos.

A segunda etapa, a partir de “descoberta” do ouro, envolveu o estabelecimento dos arraiais próximos às áreas de mineração e uma adequação das vias para melhor atender tais áreas e facilitar a circulação. Ainda que o colonizador deixasse de ser guiado pelos caminhos e tivesse comando sobre a definição de traçados, sua vida estava condicionada à localização das minas e das vias de circulação que a elas atendiam.

Uma terceira etapa se caracterizaria pelo deslocamento das vias até as localidades. Os caminhos ou estradas, além de atenderem aos princípios técnicos que favoreceriam a

34 FONSECA, Cláudia Damasceno. Arraiais e vilas d’el Rei: espaço e poder nas Minas setecentistas. Belo

Horizonte: Editora UFMG, 2011, p. 143.

35 FONSECA, Cláudia Damasceno. Arraiais e vilas d’el Rei: espaço e poder nas Minas setecentistas. Belo

Horizonte: Editora UFMG, 2011, p. 143.

36 FONSECA, Cláudia Damasceno. Arraiais e vilas d’el Rei: espaço e poder nas Minas setecentistas. Belo

mobilidade, de acordo com os meios de transporte empregados em cada período, seriam “levados” até os principais núcleos populacionais estabelecidos. Ocorreria um deslocamento das vias de circulação. Esse fato ocorreria nos primeiros anos do século XVIII, de maneira tão rápida, que nem mesmo as fontes documentais e cartográficas utilizadas pela historiografia teriam conseguido diagnosticá-la de maneira precisa.

A obra de Antonil, Cultura e Opulência do Brasil, escrita em 1711, um dos principais documentos utilizados na caracterização dos itinerários dos principais caminhos que levavam à região de Ouro Preto, quando foi escrito, já se encontrava defasada, assim como, o que apresentou já era resultado de adequações ocorridas no sistema de circulação daquele território. No século XIX, com a abertura de estradas carroçáveis e, principalmente com a construção das ferrovias, a “terceira etapa” ficaria evidente. Afinal, como destacado por Monbeig “o traçado, sem dúvida, foi desenhado em função das facilidades oferecidas pelo relevo, mas obedeceu mais ainda aos interesses econômicos, indo os trilhos à procura de frete”37.

Em outras palavras, como colocado por Lysia Bernardes, a natureza, ao “oferecer” os obstáculos que influenciaram a localização das vias e a localização da matéria prima desejada, condicionou a posição do arraial de Ouro Preto (leia-se todos os arraiais que formaram Vila Rica). Em outro momento, o “domínio” sobre a natureza e o escasseamento das fontes de matéria prima, fizeram com que alternativas de circulação fossem buscadas. A posição de Ouro Preto que outrora era estratégica, pois estava, literalmente sobre a mina de ouro, perdia qualidade ao observar a queda da produção aurífera38. Não obstante, a partir da metade do século XVIII, foram inúmeras as manifestações públicas que atribuíram às vias de circulação o motivo de todos os males que afligiam a capitania e, no século XIX, a província de Minas Gerais.

A posição geográfica da cidade regularia a relação, tanto com os arraiais e vilas mais próximos de Ouro Preto, quanto com os mais distantes, como a cidade do Rio de Janeiro. A economia seria outra variável importante na alternância do poder de influência de Ouro Preto sobre o seu entorno. O próprio entorno, em dado momento poderia ultrapassar as fronteiras da capitania, enquanto em outros momentos, poderia se limitar às cercanias dependentes de serviços e fornecedoras de gêneros, matérias primas e recursos humanos. As vias de circulação em simbiose com os meios de transporte, seriam outro aspecto definidor do status de influência

37 MONBEIG, Pierre. Estudo Monográfico duma Estrada de Ferro. Boletim Geográfico, Rio de Janeiro: IBGE,

ano IV, nº. 45, 1946, p. 1147.

38 BERNARDES, Lysia Maria Cavalcanti. Elementos para o estudo geográfico das cidades. Boletim Geográfico,

das localidades. Algumas localidades ganharam ou perderam importância à medida que os caminhos se deslocaram, como exemplo, pode-se citar Ibituruna e Itaverava, fora do Termo de Ouro Preto, ou mesmo Cachoeira do Campo, enquanto o caminho pelo Capão do Lana e Tripuí não alcançavam o status de “caminho principal” para quem chegava do Rio de Janeiro e São Paulo, até a primeira metade do século XIX.

O Termo da cidade de Ouro Preto e o Termo de Ouro Preto, como município, compreendiam territórios diferentes. O Termo de Ouro Preto era composto pela cidade de Ouro Preto (com dois distritos ou freguesias) e outros sete distritos. Os limites do Termo de Ouro Preto coincidiam, em parte, com os da Comarca de Ouro Preto, excetuando-se o contato com a Comarca do Serro Frio e com as províncias do Espírito Santo e Rio de Janeiro.

De acordo com Tarquínio de Oliveira, o Termo de Ouro Preto “limita-se ao norte com o termo da Vila de Sabará, ao nascente com o termo da cidade de Mariana, ao poente com o termo da Vila de São João del Rei, e ao sul com o da Vila [arraial em 1835] de Queluz”39. O Termo de Ouro Pretoix, como representado no mapa anexo, confinava a leste com a cidade de Mariana, mais precisamente com o arraial da Passagem. A partir do arraial de Taquaral, seguia acompanhando o caminho para o morro de São João, até a crista, em seguida, sobre a cumeeira, no sentido noroeste, acompanharia todo o divisor de água das bacias dos rios São Francisco e Doce, passando pela serra de Capanema, chegando ao ponto mais alto dessa formação a 1895 metros de altitude.

Os picos mais elevados da serra do Caraça, que ultrapassam os 1900 metros, não estavam incluídos. O mesmo ocorreu para os rios Gualaxo do Norte e Santa Bárbara (atual rio Conceição), cujas nascentes não faziam parte do Termo. O pico mais alto da cordilheira do Espinhaço, naquele trecho, era o ponto quádruplo de contato entre os Termos de Ouro Preto, Sabará, Caeté e Mariana.

Uma volta não naturalx se fazia para incluir o arraial de Capanema no Termo, localidade distante 44 km da cidade de Ouro Preto. Por estar localizado na bacia do rio Doce, na vertente para o rio Conceição e com divisores tão evidentes como as cristas da serra do Espinhaço, seria de se esperar que a localidade fizesse parte do Termo de Caeté. A provável justificativa seria a existência de minas, na vertente norte da serra do Capanema, exploradas até o século XX por companhias estrangeiras.

A partir do ponto mais elevado na cordilheira, uma linha imaginária provavelmente acompanhava o córrego Curral de Pedras, em um pequeno vale, na descida escarpada da serra, 39 MATOS, Raimundo José da Cunha. Corografia Histórica da Província de Minas Gerais (1837). Belo

chegando ao interflúvio de duas microbacias que se encontram nas proximidades da ponte sobre o rio das Velhas. O trecho corresponde, em parte, ao atual limite entre os municípios de Ouro Preto e Itabirito.

A partir da ponte (atual ponte de Ana de Sá) o limite do Termo de Ouro Preto seguia o sinuoso traçado do rio da Velhas até a barra do rio do Peixe, em sua margem esquerda. Ao seguir para oeste, o limite não acompanhava o curso d’água e, sim, a crista do Morro do Chapéu, de elevação modesta próxima ao rio, mas feição destacada e abrupta no encontro com a serra da Moeda. A partir da formação de relevo conhecida atualmente como serra da Calçada, o limite do Termo de Ouro Preto se direcionava ao sul, acompanhando a cumeeira. Novamente atingiria outro ponto elevado das serras mais notáveis da capitania de Ouro Preto. Passaria pelo ponto mais elevado da serra da Moeda, ao norte, 1578 metros de altitude, antes de dar uma guinada para oeste rumo ao rio Paraopeba.

O limite do Termo acompanhou, possivelmente, outro caminho consolidado como referência para descida da serra da Moeda. Após acompanhar o caminho calçado até São Caetano da Moeda, continuava a oeste, provavelmente pela drenagem do ribeirão Três Barras até o rio Paraopeba. A partir daí, acompanhando o leito do rio, seguia para o sul, passando pela garganta próximo a atual cidade de Jeceaba, pelo povoado de Caetano Lopes, chegando à barra do rio Congonhas (atual Maranhão), em sua margem direita.

Dividindo o arraial de Congonhas ao meio, o limite do Termo de Ouro Preto, continuava a leste e, depois a sudeste, na companhia do rio Congonhas. O limite deixaria o rio Congonhas na barra do ribeirão Soledade, acompanhando-o até a barra do ribeirão da Passagem. Prosseguia a sudeste até o encontro com o caminho para o Rio de Janeiro, onde uma ponte referenciava a mudança de Termos e de Comarcas. O ribeirão da Passagem era acompanhado até suas nascentes, a leste, na serra de Itaverava.

Outra mudança de direção levava o limite para o norte pela garganta próxima ao Fundão, na divisa com Vargem, já no Termo de Mariana, onde o curso do rio Mainart começa a receber as águas de seus afluentes da serra do Itacolomi. O limite se mantinha no divisor de águas até o pico do Itacolomi, o segundo pico mais elevado do Termo, com 1772 metros de altitude. Do pico seguia na direção norte até o ribeirão do Carmo, no arraial de Taquaral, onde o polígono era encerrado. A áreaxi aproximada do Termo de Ouro Preto, em 1835, era de 2.458,824 km2.

O limite do Termo diferia dos atuais limites municipais, assim como, não é possível afirmar que a soma dos desmembramentos posteriores, nos séculos XIX e XX, correspondam ao “município original” de 1835 (Figura 1). O Termo de Ouro Preto em 1835 compreendia todo o atual município de Moeda, a quase totalidade dos atuais municípios de Ouro Preto, Itabirito

e Ouro Branco, e parte dos atuais municípios de Belo Vale, Brumadinho, Nova Lima, Rio Acima, Santa Bárbara, Itaverava e Congonhas.

Figura 1 - Mapa do Limite do Termo de Ouro Preto em 1835 e dos municípios atuais

Fonte: Elaborado pelo autor.

De acordo com Cunha Matos40 a Cidade Imperial de Ouro Preto estava dividida em dois distritos ou freguesias. O primeiro deles, de Nossa Senhora do Pilar da Cidade de Ouro Preto, era formada por quatro pequenos distritos, distantes uns dos outros. Ouro Preto e Cabeças, à oeste da praça central, compreendiam um pequeno distrito. O arraial de São Sebastião, cuja referência era o morro de mesmo nome, na serra de Ouro Preto, era um segundo pequeno distrito. O arraial de Boa Vista, distante cerca de 12 km da praça de Ouro Preto, era o terceiro pequeno distrito. E, o arraial mais distante, Rodeio, estava a 35 km da praça de Ouro Preto e era o quarto pequeno distrito dessa freguesia.

O segundo distrito, de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias da Cidade de Ouro Preto, era composto também por quatro pequenos distritos, em sequência, à leste da praça. Antônio Dias, Alto da Cruz e Morro de Santana, separadamente e, unidos Taquaral e Padre Faria.

40 MATOS, Raimundo José da Cunha. Corografia Histórica da Província de Minas Gerais (1837). Belo

Fora da cidade de Ouro Preto, havia o distrito de Itatiaia, que compreendia os arraiais de Santo Antônio de Itatiaia e Santa Rita, sendo o primeiro a sede da paróquia. Havia também o distrito de Nossa Senhora de Nazaré de Cachoeira do Campo, composto pelo arraial de mesmo nome e sede da paróquia, e pelo arraial de São Gonçalo do Tijuco. Outro distrito, o menor (em área) fora da cidade de Ouro Preto, era Santo Antônio da Casa Branca, composto apenas pelo arraial de mesmo nome. São Bartolomeu, composto pela cabeça da paróquia e pelo arraial de Capanema, formavam outro distrito.

Santo Antônio do Ouro Branco, era mais um distrito, composto pelo arraial de Ouro Branco e pelo Arraial da Passagem do Ouro Branco. Em área, restavam os dois maiores distritos do Termo de Ouro Preto. Congonhas do Campo, composto pelo arraial de mesmo nome e sede da paróquia, e pelos arraiais de Boa Morte e Nossa Senhora da Soledade. E, o maior deles, Nossa Senhora da Boa Viagem da Itabira do Campo, que compreendia o arraial de mesmo nome e sede da paróquia e, conforme a Tabela 1, o arraial mais distante da cidade de Ouro Preto, São José do Paraopebaxii.

Tabela 1 - Distâncias entre arraiais do Termo de Ouro Preto, em quilômetros.

P ila r d e O u ro P ret o A n tôn io D ias A lt o da C ruz P ad re F ar ia C ab eças M or ro de S ant ana T aq u ar al Bo a V is ta S ão B ar tol om eu C ac h oe ir a d o C am p o C as a B ran ca It a tia ia S an ta R ita O u ro B ra n co S ão G onç al o d o T ij uc o P as sag em d e O u ro B ran co R ode io C ap an em a It a bi ra do C a mpo So le da de C o ng o nha s do C a mpo B o a Mo rt e S ão J os é do P ar aope ba

Ouro Pretoxiii 0,3 0,3 1,0 1,5 1,5 2,0 3,5 12 15 22 22 25 25 27 29 35 35 42 45 51 58 65 92 Fonte: Elaborado pelo autor.

A distribuição da população pelo Termo de Ouro Preto era desigual, tanto em relação aos distritos, quanto em relação ao território que ocupava cada distrito. Não havia proporcionalidade entre tamanho de área e tamanho de população. Da mesma forma não havia uma grande confiabilidade nos dados demográficos. Cláudia Damasceno afirmou que somente a partir da primeira metade do século XIX os dados se apresentariam sistematizados, “mais confiáveis e mais detalhados”41.

41 FONSECA, Cláudia Damasceno. Arraiais e vilas d’el Rei: espaço e poder nas Minas setecentistas. Belo

Cunha Matos, que utilizou mapas de população para apresentar dados demográficos dos anos 1818 e 1826, escreveu:

Mostro a população da província extraída dos mapas paroquiais, cumpre confrontá-la com a que ficou lançada na descrição civil, para se conhecer a diferença que há entre os mapas do presidente e do bispo. O termo médio entre uns e outros (os do presidente e os do bipo) será talvez o quantitativo mais aproximado da exatidão.42

E Tarquínio de Oliveira, ao comentar os números apresentados por Cunha Matos, referentes ao ano de 1823, escreveu: “Não são confiáveis. [...] Tudo faz crer que a população rural não é considerada fora dos povoados (paróquias e capelas filiais)”43.

Figura 2 - Mapa Distância dos distritos e arraiais a partir da Cidade de Ouro Preto

Fonte: Elaborado pelo autor.

Além disso a população do distrito de Congonhas do Campo contabilizou a população residente também fora do Termo de Ouro Preto. De acordo com mapas de população anteriores, cerca de apenas 10% do total residiam no Termo de Ouro Preto. Baseado apenas nos números apresentados por Cunha Matos, tem-se que a população aproximada do Termo de Ouro Preto, em 1826, era de 20.284 habitantes. Desse universo, 13.265 (65%) viviam em um raio de até 20 42 MATOS, Raimundo José da Cunha. Corografia Histórica da Província de Minas Gerais (1837). Belo

Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EdUSP, v. 2, 1981, p. 124.

43 MATOS, Raimundo José da Cunha. Corografia Histórica da Província de Minas Gerais (1837). Belo

km (Figura 2), ou aproximadamente 4 horas, da sede do Termo. Cunha Matos havia contabilizado o número de 14.926 habitantes no ano de 1823 e de aproximadamente 20.502 em 1818.

Os viajantes que passaram por Vila Rica nas primeiras décadas do século XIX também trouxeram informação sobre o número de moradores. Em 1809, o viajante inglês John Mawe44 estimou a população, da então Vila Rica, em 20.000 habitantes. Em 1814, Georg Wilhelm Freireyss, relatou serem de 10.000 habitantes a população de Vila Rica45. Em 1817, Johann Spix, afirmou viverem em Vila Rica, 8.500 pessoas46. Em 1820, Johann Emanuel Pohl, afirmou serem em número de 1.600 as edificações e a população estimada em 8.600 habitantes47. Charles Bunburryxiv, que esteve em Ouro Preto, em 1834, estimou a população local em 8.200 habitantes48.

Considerando que a informação trazida pelos viajantes, em sua maioria, correspondia à Vila Rica ou à Cidade Imperial de Ouro Preto; que Tarquínio de Oliveira alertou para a imprecisão dos dados de 1823; e que não ocorreram fenômenos migratórios ou deslocamentos populacionais consideráveis nas primeiras décadas do século XIX; tem-se que a população do Termo de Ouro Preto era de aproximadamente 20.000 habitantes em 1835.

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