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Mapa 2 Sistematização do Sistema Municipal de Atenção Básica

3.1 O território do campo de estudo e os

O lócus do nosso estudo foi o município de Mossoró/RN, como já indicado, situada na mesorregião19 do oeste potiguar, a uma distância de 275 Km da capital Natal, com uma população de 259.815 habitantes e uma área de 2.099 km² (IBGE, 2010).

O município é considerado, como o segundo mais populoso do estado do Rio Grande do Norte, e detém uma grande importância no setor petrolífero, de fruticultura irrigada e de produção de sal para o país.

A cidade de Mossoró é considerada como uma das que mais crescem no país, e que agregam a esta característica, condições que permitem a seus moradores usufruírem de qualidade de vida, por deter condições infraestruturais satisfatórias. Cabe salientar, que nos últimos anos, é visível o desenvolvimento da cidade, tanto no campo econômico como no social, embora haja muito o que realizar pelo Poder Público para contemplar as necessidades dos cidadãos mossoroenses.

No tocante à saúde, o município de Mossoró encontra-se habilitado à forma de Gestão Plena20 do Sistema de Saúde, e tem expandido a sua rede de atenção à saúde, o que se caracteriza por uma diversidade de serviços implantados nos diversos níveis de complexidade. Na atualidade, há uma demanda crescente por atenção hospitalar, visto contarmos com um número reduzido destas instituições para a população, que vem aumentando substancialmente nos últimos anos, além do que fica sob responsabilidade de Mossoró, atender a saúde dos municípios circunvizinhos, quando são casos que exigem atenção mais complexa.

As Unidades de Saúde da Família (USF) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) constituem-se, como porta de entrada do usuário no Sistema Municipal de Saúde. Estas, são responsáveis pelos riscos e agravos ocorridos na sua

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A mesorregião do oeste potiguar é uma das quatro mesorregiões do estado do Rio Grande do Norte e é considerada a segunda mais importante e populosa. É formada, pela junção de 62 municípios agrupados em sete microrregiões, a saber: Chapada do Apodi, Médio Oeste, Mossoró, Pau dos Ferros, Serra de São Miguel, Umarizal e Vale do Açu (FELIPE; CARVALHO, 2001).

20 Quanto à forma de gestão, o município pode ser habilitado como Gestão Plena da Atenção Básica e

Gestão Plena do Sistema Municipal, desde que atendam aos requisitos relativos às modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu desempenho (Norma Operacional Básica de 1996).

área adscrita, devendo ser capazes de identificar os problemas de saúde que apresentem maior relevância epidemiológica, bem como os indivíduos ou grupos mais susceptíveis de adoecimento e/ou morte. Tal procedimento, demanda conhecimento, pela equipe da Estratégia Saúde da Família, do perfil saúde-doença destes indivíduos, para que haja o planejamento e execução de ações cabíveis a cada caso de morbimortalidade, circunscrito ao território sob sua responsabilidade.

É ainda uma das atribuições da ESF, articular-se com os diferentes equipamentos sociais presentes na sua área de abrangência, tais como: escolas, creches, sociedades de amigos de bairro, igrejas, ambientes de trabalho, dentre outros. É preferencialmente nestes espaços societais que se estabelece o primeiro contato dos trabalhadores com a população usuária, e os vínculos são formados, ampliados e fortalecidos.

A rede de Unidades de Saúde do Município é constituída de 46 USF/UBS e 237 demais estabelecimentos que atendem os usuários mossoroenses, conforme explicitado nos quadros e no mapa abaixo:

Quadro 1: Distribuição das Unidades Básicas de Saúde por área, zona geográfica, equipes de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e equipes de Saúde da Família (SF) do município de Mossoró – RN. Março / 2009.

ÁREA ZONA GEOGRÁFICA UBS (ACS) UBS (SF) TOTAL URBANA NORTE 02 08 10 SUL - 06 06 LESTE 01 08 09 OESTE 01 05 06 CENTRAL - 02 02 RURAL RURAL - 10 10 TOTAL 06 04 39 46 Fonte: GES

Mapa 2 - Sistematização do Sistema Municipal de Atenção Básica de Saúde do Município de Mossoró, 2010.

Como podemos perceber, através da visualização destes dados, o município de Mossoró é formado por vinte e oito bairros, subdivididos em cinco zonas geográficas (Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro), e Zona Rural, que demonstram que a base da atenção no município de Mossoró apresenta

[...] a Política Nacional de Atenção Básica e a Estratégia de Saúde da Família (ESF) consolidadas, o que significa que a reorganização da Atenção Básica dessas unidades foi pautada nas diretrizes ministeriais, assumindo um discurso de romper, com as amarras do modelo biológico da saúde e voltar-se para a melhoria das condições de trabalho e da qualidade no atendimento (FERNANDES, 2010, p.89).

Quanto aos demais estabelecimentos de saúde, podemos observar pelo quadro abaixo, que o poder Público Municipal e Estadual, precisam aumentar a cobertura na cidade, visto esta conformar-se, como um pólo onde se resolvem os problemas de saúde das cidades do Rio Grande do Norte, que fazem parte da mesorregião do oeste potiguar, bem como, de cidades circunvizinhas, pertencentes aos estados do Ceará e Paraíba.

Quadro 2: Tipos de Estabelecimentos de Saúde do Município de Mossoró, 2009. Descrição Total CONSULTÓRIO ISOLADO 89 CLÍNICA ESPECIALIZADA/AMBULATORIO DE ESPECIALIDADE 56 CENTRO DE SAÚDE/UNIDADE BASICA 46

UNIDADE DE APOIO DIAGNOSE E

TERAPIA (SADT ISOLADO) 22

HOSPITAL GERAL 6

HOSPITAL ESPECIALIZADO 5

PSICOSSOCIAL

PRONTO SOCORRO GERAL 3

PRONTO SOCORRO ESPECIALIZADO 1

POLICLÍNICA 1

UNIDADE MÓVEL DE NÍVEL PRÉ-

HOSP - URGÊNCIA/EMERGÊNCIA 1

FARMÁCIA 1

UNIDADE DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE 1

CENTRAL DE REGULAÇÃO DE

SERVIÇOS DE SAÚDE 1

TOTAL 237

Fonte: http://cnes.datasus.gov.br -2009

Em Mossoró, a Gerência Executiva da Saúde, tem buscado reorganizar a rede de atenção básica no intuito de reverter à centralidade do atendimento hospitalar e a procura irracional pelo atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento, que só deveriam ser buscadas quando a complexidade do caso, assim o exigisse, mas no cotidiano, é uma prática constante21.

Não podemos negar que as UPAs, têm cumprido um importante papel no atendimento das demandas reprimidas das USFs/UBSs, ou seja, têm possibilitado o atendimento de usuários, que não encontram resolutividade para seus problemas de saúde, na atenção básica, fazendo desse modo, a intermediação entre os níveis de atenção, primária e terciária.

No processo de reestruturação da atenção básica, coube as UBSs e USF o acolhimento da demanda espontânea, realizando o pronto-atendimento às intercorrências clínicas (alívio do sofrimento agudo, imprevistos resultantes de súbito agravamento, de usuários acompanhados em programas de saúde desenvolvidos pela rede, atenção às urgências de pequena e até mesmo de média complexidade). As Unidades não vem estabelecendo estratégias que assegurem, em sua rotina de trabalho, o acompanhamento de parte dessa

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Este fato torna-se explícito no Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem da FAEN/UERN, intitulada de “A atenção à saúde do homem em Mossoró/RN: refletindo um campo atual de desafios” e defendido em 19 de julho de 2011, orientado por Lucineire Lopes de Oliveira, onde os dados demonstram que a procura pelas UPAs, torna-se, muitas vezes, a única possibilidade de atenção aos usuários, visto que as UBS/USF não se mostram capazes de resolutividade aos problemas de saúde que os afligem.

demanda de “eventuais”, permitindo que a população busque o atendimento de suas necessidades de saúde nas UPAs, e no Pronto Socorro do Hospital Regional Dr. Tarcísio de Vasconcelos Maia.

O Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF), estabeleu, como meta, a cobertura de 70% da população, pela Saúde da Família, substituindo o Modelo de Atenção vigente, sendo que as Unidades de Saúde da Família (USFs), deverão constituir-se na porta de entrada do Sistema de Saúde local, possibilitando a reorganização dos demais níveis de Atenção.

Em Mossoró, esta foi uma importante conquista da população, mas consideramos que muito deve ser feito, para que a atenção à saúde do mossoroense, tenha como basilares, o respeito aos princípios norteadores do Sistema Único de Saúde. Dentre estes, merece especial atenção os idosos, que por apresentarem maiores fragilidades, são usuários constantes do sistema de saúde do município, e precisam ter, suas necessidades supridas.

No que conserne aos participantes do estudo, estes foram 20 (vinte) idosos residentes no município de Mossoró/RN. A cooptação destes atores sociais, deu-se, a partir da nossa inserção, em diversos ações sociais que desenvolvem atividades com os sexagenários mossoroenses.

Na constituição do grupo de idosos, foi utilizada a amostra por conveniência, que para Patton (citado por Flick 2004), trata-se de um critério, no qual, a seleção dos sujeitos torna-se mais fácil de ser realizada, a partir de determinadas situações/condições. Desta forma, o grupo de idosos foi formado mediante nossa participação, em alguns eventos, dirigidos a este grupamento específico, no qual foi adotado o critério da “bola de neve”, para localização e seleção dos participantes. Nesta técnica, os primeiros entrevistados indicaram outros, e assim sucessivamente, até que fosse atingido o “ponto de saturação teórico” o qual consiste na repetição dos discursos já obtidos em entrevistas anteriores, sem o acréscimo de informações relevantes.

Assim, o grupo foi constituído por vinte idosos, respeitando os critérios de inclusão e exclusão que foram, respectivamente:

Critérios de inclusão: que todos os participantes fossem usuários permanentes do SUS; que residissem em Mossoró; que tivessem suas funções cognitivas preservadas; que não apresentassem qualquer problema físico e/ou psicológico que afetasse a sua compreensão da problemática pesquisada; que

aceitasse participar voluntariamente da pesquisa; e, que assinasse o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Critérios de exclusão: que não fossem usuários do SUS; que não residissem em Mossoró; que fossem portadores de deficiências cognitivas; que apresentassem qualquer problema físico e/ou psicológico que afetasse a sua compreensão da problemática pesquisada; que não aceitasse participar voluntariamente da pesquisa; e, que se recusassem a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).