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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.3 ANÁLISE DOS DADOS DAS ETA DA AdA

5.3.1 Teste Chi-Quadrado

Os resultados obtidos do teste estatístico Chi-Quadrado de independência para o conjunto de dados em estudo em cada ETA encontram-se resumidos nas Tabelas 42 e 43, constando integralmente no Anexo III. Para cada par “variável resposta (AdV na água tratada) - variável explicativa (parâmetros operacionais de tratamento)” nas duas ETA em estudo foi testada a sua independência (evidência de relação).

Para os casos em que existe dependência entre as variáveis foi também avaliada a extensão dessa dependência através do valor do coeficiente de contingência para os referidos testes, de acordo com a classificação estabelecida em 4.2.1.

Tabela 42 – Resultados Teste Chi-Quadrado de Independência para ETA de

Alcantarilha

Adenovírus

Valor Referência Evidência de Relação Força da Relação

Dose de O3 1,35 mg/l Não -

Residual O3 0,15 mg/l Não -

Tempo de Contacto O3 16 mins Não -

CT O3 2,00 mg.min/l Não -

Dose de Coagulante 45 mg/l Não -

Dose PAC 0 mg/l Não -

Tempo de Mistura Rápida 6 mins Não -

Velocidade de Fltração 0,0010 m/s Não -

Dose de Cl2 1,35 mg/l Sim Fraca

Residual Cl2 1,00 mg/l Não -

Tabela 43 – Resultados Teste Chi-Quadrado de Independência para ETA de Tavira

Adenovírus

Valor Referência Evidência de Relação Força da Relação

Dose de O3 0,9 mg/l Sim Fraca

Residual O3 0,15 mg/l Não -

Tempo de Contacto O3 25 mins Não -

CT O3 3,00 mg.min/l Não -

Dose de Coagulante - - -

Dose PAC 0,7 mg/l Não -

Tempo de Mistura Rápida 6 mins Sim Razoável

Velocidade de Fltração 0,0010 m/s Não -

Dose de Cl2 1,35 mg/l Sim Fraca

Residual Cl2 1,10 mg/l Não -

CT Cl2 31,5 mg.min/l Não -

Previamente à interpretação dos resultados obtidos, é reconhecido que esses apresentam limitações consideráveis, fundamentalmente relacionadas com os valores de referência fixados para cada parâmetro. A escolha dos valores de referência foi em grande parte condicionada pelo facto de, por existir um número curto de amostragens dos parâmetros para cada ETA, teve maior peso na escolha dos valores a possibilidade de permitirem que o número de amostras para cada categoria fosse equivalente, do que propriamente eleger um ou mais valores representativos de cada parâmetro em estudo.

Posto isso, analisando os resultados observa-se que para a ETA de Alcantarilha apenas o parâmetro “Dose Cl2” apresentou relação com os dados obtidos de AdV,

enquanto que na ETA de Tavira três parâmetros revelaram dependência com a variável resposta, sendo eles “Dose O3”, “Tempo de Mistura Rápida” e “Dose Cl2”.

Analisando ao pormenor as evidências de relação, verifica-se que para as duas ETA existe apenas um parâmetro em comum que apresenta uma relação (neste caso fraca) com a ocorrência de AdV na água tratada, tratando-se esse da dose de cloro na desinfeção final - “Dose Cl2”. A dose de cloro fixada como referência para o teste

realizado foi de 1,35 mg/l, o que indica assim que, idealmente, doses acima de 1,35 mg/l estão associadas à não-ocorrência de AdV na água tratada. Nas Tabelas 44 e 45 encontram-se as Tabelas de Referência Cruzada que serviram de base aos testes.

Tabela 44 – Tabela de referência cruzada “AdV * Dose Cl2” para a ETA de Tavira

Tabela 45 – Tabela de referência cruzada “AdV * Dose Cl2” para a ETA de Alcantarilha

Sobre a ETA de Tavira, observa-se que em um número relativamente alto de amostragens (neste caso nove), se conseguiu com sucesso eliminar o contaminante através de doses de cloro iguais ou superiores a 1,35 mg/l, e só em três amostras deste tipo se registou que o tratamento foi ineficaz em remover o contaminante. Inversamente, para doses inferiores a 1,35 mg/l, nove amostras confirmaram que o contaminante ainda se encontrava na água após o tratamento, e apenas ¼ dessas amostras não registaram o contaminante. Neste caso, o sentido da relação aponta claramente (ainda que de forma fraca), para que doses de cloro iguais ou superiores a 1,35 mg/l possam ser eficazes para remover o agente biológico.

Já em relação à ETA de Alcantarilha os resultados são mais vagos, dado que para doses de cloro igual ou superiores a 1,35 mg/l se verificaram doze amostras de água negativas para AdV, mas também nove amostras detetaram o microrganismo, ou seja, quase 45% das amostragens com doses superiores a 1,35 mg/l. Por outro lado, para doses inferiores à fixada, apenas em uma amostra não se detetou o contaminante. Neste caso, pode-se afirmar que o sentido da relação é também que doses igual a superiores a 1,35 mg/l de cloro serão mais eficientes no sentido eliminar AdV na água, contudo ressalva-se que em 45% da amostra se detetou ainda o contaminante.

Outra hipótese a ser levantada trata-se de que, de facto, as doses de cloro aplicadas poderão ter mesmo um papel relevante para a remoção do contaminante, mas em conjunto com outros fatores à margem deste teste estatístico.

Dose Cl2 Total ≥1,35 mg/l <1,35 mg/l Adenovírus Negativo 9 3 12 Positivo 3 9 12 Total 12 12 24 Dose Cl2 Total ≥1,35 mg/l <1,35 mg/l Adenovírus Negativo 12 1 13 Positivo 9 6 15 Total 21 7 28

Quanto à discussão dos outros dois parâmetros em que se registaram relações com os resultados de AdV na água (no caso da ETA de Tavira: “Dose O3” e “Tempo de

Mistura Rápida”), a mesma será desprezada pois é provável que se tratem de resultados

fortuitos e/ou que apresentem sentidos de relação inversos (maiores doses de O3/tempos

de mistura significarem mais resultados de AdV positivos). Em primeiro lugar, a variável “Tempo de Mistura Rápida”, para o mesmo valor de referência, apenas verificou evidência de relação numa das ETA, para além de não existirem referências que evidenciem a sua importância na remoção integrada de AdV, o que indica assim o resultado ser possivelmente fortuito. Já em relação à variável “Dose O3” assiste-se a

uma aparente contradição, já que na ETA de Tavira a aplicação de doses de ozono relativamente mais baixas (0,9 mg/l) registarem uma relação fraca, enquanto que doses mais altas aplicadas em Alcantarilha (1,35 mg/l) não registarem qualquer relação. Isto quando, tal como verificado anteriormente em 5.1, as características da água bruta serem semelhantes para as duas ETA.