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I.5) VETOR DE CORREÇÃO DE ERRO – VECM

5. EVIDÊNCIAS

5.3 CAUSALIDADE DE GRANGER: CRÉDITO X PRODUÇÃO

5.3.1 TESTE DE CAUSALIDADE DE GRANGER PARA OS MODELOS EM NÍVEL

As tabelas 8 e 9 ( no apendice A) mostram os resultados para os modelos em nível, primeiro para o IGP-DI , para o IPCA ( no apendice A) e em seguida uma comparação entre eles. Lembrando que tem-se como hipótese nula de que as variáveis do canal de crédito, pelo segmento dos empréstimos bancários não Granger causam o produto. Também testa-se a nula, a produção não causa o crédito no sentido de Granger. Para estas análises foi estimando o canal de crédito (empréstimos bancários e balanço patrimonial) pelo eviews 6.0. O resultado para as demais variáveis do canal de crédito se encontram no anexo D.

i) Modelos do IGP-DI

Os modelos do canal de empréstimos bancários usando o IGP-DI, foram estimados em nível, devido a existência de cointegração. Na tabela 8, pode-se observar, de forma resumida,

39 Baseado no trabalho de Souza –Sobrinho (2003) e do Denardim (2007) que utilizam a defasagem mais elevada

e não a ótima, tendo uma preocupação em eliminar problemas de correlação serial nos resíduos mantendo os graus de liberdade.

40 Com exceção do modelo de crédito livre pessoa física para as indústrias de produção de BCD pelo uso do

esse efeito causal, sendo que o mercado opera de forma assimétrica e sofre impacto da interligação financeira, deixando os agentes com assimetria na hora da tomada de decissão quanto ao investimento.

Com relação aos sentidos de causalidades de Granger, pelo segmento da linha de empréstimos pelo crédito pessoal41, que, com excessão da produção de BK, existe uma causalidade no sentido de empréstimos produtos, de modo que a produção é prevista com uma maior precisão usando os valores defasados da variavel crédito pessoal do que não usando estes valores. Nota-se que não ocorre no sentido inverso. Os valores defasados do produto não causa Granger no crédito pessoal, não existindo uma relação de endogeneidade entre as variáveis.

Um dos motivos da variavel de produção de BK não ser causada pelo crédito pessoal, pode ser, porque esta indústria produz mercadorias não para a população em geral, mas para pequenos e grandes investidores. Um dos exemplos é que essa produção é constituida de máquinas e equipamentos.

Com relação ao crédito pessoal, apenas a produção de BK não é explicada por ele, sendo que nas demais variáveis o crédito pessoal causa a produção da economia brasileira rejeitando-se a hipótese nula. Já em sentido contrário as variáveis defasadas dos indicadores de produção não causam no sentido de Granger o crédito pessoal, não coexistindo uma relação endógena entre as variáveis, mas mostrando que o canal de crédito por este segmento tem forte evidência para uma elevação da capacidade produtiva. E a não incidência no sentido inverso é porque as indústrias não buscam este segmento, mas mostram inferência na determinação do crescimento da economia.

Com relação ao crédito livre PF, nota-se que entre as classes das indústrias, geral e transformação, existe causalidade no sentido de Granger de crédito para produção, e não sentido ao contrário. Já nas categorias de produção, a única que não tem efeito causal de Granger é a produção de BCD. Com relação as demais, BK, BI, BC e BCND podem ser previstas com maiores precisão usando os valores defasados do crédito, isto é, o crédito passado é um indicador de elevação da capacidade destas indústrias no Brasil, e não ao contrário neste segmento de empréstimos livre para a pessoa física.

Nota-se que o canal de empréstimos bancários existe pelo crédito livre pessoa física e pelo crédito pessoal pelo motivo de que existem muitos incentivos aos aumentos de créditos nessas modalidades. Um deles é o crédito consignado. Isso faz com que as pessoas físicas

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elevem suas compras e com isso, também elevem a oferta da indústria e consequentemente a capacidade produtiva e assim, o crescimento econômico.

No ramo que trata de empréstimos, a pessoa jurídica, no caso do capital de giro, nas classes das indústrias, mostra que não se rejeita a hipótese nula, isto é, o crédito não Granger causa a produção, e sim o sentido inverso. Ou seja, a produção causa Granger o crédito, de forma que os valores defasados das indústrias de transformação em geral preveem com uma maior precisão o capital de giro. Em outras palavras, a indústria busca financiar sua produção se existir uma demanda para ela, caso contrário, não há incentivos em capital de giro, evitando um projeto não lucrativo para a firma e assim, sua falência.

Com relação às categorias de produção, correspondendo as industrias de BK, BI, BC, BCD, BCND, a mesma análise é feita. Mas possui exceções. A indústria de BK, não possuem relação de causalidade em nenhum dos dois sentidos, já a produção de BCD, existe uma endogeneidade, isto é, um efeito feedback, o qual significa que ambos os valores pasados têm efeito na determinação de ambas as variáveis, ou seja, os valores defasados do capital de giro causam Granger a produção e vice-versa. Dessa forma, é a demanda por produtos que fazem as empresas buscarem créditos, mostrando incidência de um canal de crédito de forma indireta, fruto da assimetria de informação e da ineficiência de mercado.

Na mesma linha, porém, para o crédito livre pessoa juridica, há algumas diferenças com relação as categorias, já as classes seguem a mesma análise do capital de giro, não rejeitando a hipótese nula. A produção de BK e BI tem efeito de endogeneidade, rejeita-se a hipótese nula em ambos os sentidos, ou seja, crédito causa a produção e a produção causa crédito. No segmento de BC e suas divisões, não rejeita a hipotese nula, onde o crédito não causa Granger a produção, mas no sentido inverso, apenas o BCD não tem efeito do crédito livre PJ. Já a produção de BC e o BCND são previstas com maiores precisões usando os valores defasados do crédito, do que não usando.

Neste segmento de crédito à pessoa juridica, mostra-se que o canal de crédito existe e com bastante assimetria, isto é, os mercados agem de forma imperfeita forçando os agentes a tomarem suas decisões de forma assimétrica. Uma outra característica, é que as grandes indústrias que possuem capital aberto não têm apenas estas linhas de empréstimos, buscando seus invetimentos no mercado acionário (será detalhado no capítulo 6) e também no mercado de derivativos (não será analisado nesta pesquisa). O que deixa o canal de crédito bancário mais significante e incidente às pequenas e médias empresas, sendo por isso de forma geral, tem efeito indireto via elevação da demanda em alguns ramos industrias, e principalmente, nas classes das indústrias.

Em linhas gerais, e para efeito de comparação com os demais trabalhos sobre este canal, foi realizado o teste de causalidade para a linha de crédito livre total. Neste segmento observa- se que o existe efeito causal de crédito para produto, isto é, rejeita a hipótese nula, mostrando incidente o canal de crédito na economia brasileira, isso porque o crédito livre total é uma composição dos créditos pessoa fisica e jurídica. Isso para as classes e para as categorias de produção. No sentido inverso, não se rejeita a hipótese nula, mostrando que a produção não Granger causa o crédito total, e dessa forma não coexistindo com endogeneidade entre as variáveis macroeconomica em análises.

Portanto, na economia brasileira, ao se estimar o canal de crédito usando os hiatos das produções e analisando pessoas físicas, jurídicas e geral, há evidências de efeito causal do canal de crédito como forma de transmissão de política monetária, como na grande maioria dos trabalhos analisados no capítulo 3. Observa-se na tabela 8, de forma sitetizada e simples os sentidos de causalidades.

Tabela 7: Causalidade de Granger do canal dos empréstimos em nível: empréstimos bancários X produção

MODELO COM IGP-DI – EM NÍVEL

EMPREST. P/ PRODUTO PRODUTO P/ EMPREST.

Crédito pessoal Causa Granger 0.0210 Não causa Granger 0.9170 Indústria geral

Crédito pessoal Causa Granger 0.0299 Não causa Granger 0.9095 Indústria de transfor.

Crédito pessoal Não causa Granger 0.4531 Não causa Granger 0.1483 Produção de BK

Crédito pessoal Causa Granger 0.0001 Não causa Granger 0.9123 Produção de BI

Crédito pessoal Causa Granger 0.0597 Não causa Granger 0.8940 Produção de BC¹

Crédito pessoal Causa Granger 0.0669 Não causa Granger 0.8867 Produção de BCD

Crédito pessoal Causa Granger 0.0124 Não causa Granger 0.8795 Produção de BCND

Crédito livre PF Causa Granger 0.0491 Não causa Granger 0.7837 Indústria geral

Crédito livre PF Causa Granger 0.0631 Não causa Granger 0.8260 Indústria de transfor.

Crédito livre PF Causa Granger 0.0336 Não causa Granger 0.7205 Produção de BK

Crédito livre PF Causa Granger 0.0002 Não causa Granger 0.5416 Produção de BI

Crédito livre PF Causa Granger 0.0575 Não causa Granger 0.6575 Produção de BC

Crédito livre PF Não causa Granger 0.1254 Não causa Granger 0.5919 Produção de BCD

Crédito livre PF Causa Granger 0.0036 Não causa Granger 0.5204 Produção de BCND

Capital de giro Não causa Granger 0.7032 Causa Granger 0.0032 Indústria geral

Capital de giro Não causa Granger 0.5570 Causa Granger 0.0025 Indústria de transfor.

Capital de giro Não causa Granger 0.8062 Não causa Granger 0.1302 Produção de BK

Capital de giro Não causa Granger 0.3995 Causa Granger 0.0224 Produção de BI

Capital de giro Não causa Granger 0.3253 Causa Granger 0.0240 Produção de BC

Capital de giro Causa Granger 0.0488 Causa Granger 0.0000 Produção de BCD

Capital de giro Não causa Granger 0.1142 Causa Granger 0.0261 Produção de BCND

Crédito livre PJ Não causa Granger 0.1749 Causa Granger 0.0020 Indústria geral

Crédito livre PJ Não causa Granger 0.1375 Causa Granger 0.0028 Indústria de transfor.

Crédito livre PJ Causa Granger 0.0513 Causa Granger 0.0016 Produção de BK

Crédito livre PJ Causa Granger 0.0671 Causa Granger 0.0030 Produção de BI

Crédito livre PJ Não causa Granger 0.4560 Causa Granger 0.0213 Produção de BC

Crédito livre PJ Não causa Granger 0.6957 Não causa Granger 0.1940 Produção de BCD

Crédito livre PJ Não causa Granger 0.3140 Causa Granger 0.0130 Produção de BCND

Crédito livre total Causa Granger 0.0065 Não causa Granger 0.1949 Indústria geral

Crédito livre total Causa Granger 0.0035 Não causa Granger 0.2909 Indústria de transfor.

Crédito livre total Causa Granger 0.0836 Não causa Granger 0.1956 Produção de BK

Crédito livre total Causa Granger 0.0002 Não causa Granger 0.2394 Produção de BI

Crédito livre total Causa Granger 0.0062 Não causa Granger 0.3856 Produção de BC

Crédito livre total Causa Granger 0.0939 Não causa Granger 0.5599 Produção de BCD

Crédito livre total Causa Granger 0.0008 Não causa Granger 0.3285 Produção de BCND

Fonte: elaborada pela autora com base nos testes estimados pelo programa Eviews 6.0

Os modelos com o uso do IPCA encontram-se no apêndice A, pois o objetivo do uso deste indicador foi para ter uma maior precisão, pois é o indicador que as autoridades monetárias usam para controlar a inflação, e fazer uma análise comparativa por adotar que neste existe um período em que se opera em mercados perfeitos.

ii) Considerações entre os dois indicadores: IGP-DI e IPCA

Há divergência entre os resultados gerados para os dois indicadores. O canal pelo IGP- DI mostra que há inferência mais significativa sobre o canal de credito, por admitir que os agentes detenham de maiores nível de assimetria. Isso é porque adotam um nível de assimetria elevado e um mercado imperfeito, pois desta forma afeta a economia real, como foi detalhado na derivação do canal do empréstimo e é um dos pressupostos para a existência deste canal de credito. Os resultados para o IPCA também mostram incidência do canal, porem com divergência maior (mais influenciado indiretamente do que diretamente, veja apêndice A), pois ao analisarem a credibilidade e reputação dos polickmakers, diminui o nível de assimetria, supondo que ao confiarem nos agentes, detém de um maior nível de informação diminuindo a assimétrica. Por isso, os trabalhos dessa área buscam analisar o canal de credito pelo IGP-DI, por considerar uma maior assimetria e ineficiência de mercado.