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I.5) VETOR DE CORREÇÃO DE ERRO – VECM

6. EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS PARA O CANAL DE CRÉDITO AMPLO

6.1 TESTES DE CAUSALIDADE DE GRANGER

A análise do canal do crédito amplo, ou também chamado de balanço patrimonial, tem importância principalmente, após a adoção da governança corporativa, que contribuiu para reduzir o risco desse mercado e se desenvolveu na economia brasileira, apesar de ainda ser pequeno se comparado com a literatura internacional. A teoria indica que as grandes empresas são responsáveis pelos aumentos de créditos acionários. Decorrente a isso, esta pesquisa buscou analisar também as evidências desse canal de crédito.

O canal do balanço patrimonial leva em conta a existência do mercado acionário e torna-se mais relevante em economias nas quais se tem mercados de capitais consolidados.

No caso da economia brasileira foi analisado esse canal para os diversos indicadores de produção como nas classes das indústrias e também nas categorias de uso. Foram realizados testes de causalidades de Granger para os modelos em nível e em 1ª diferença, a semelhança dos modelos dos empréstimos bancários.

6.1.2 TESTE DE CAUSALIDADE DE GRANGER PARA OS MODELOS EM NÍVEL

As tabelas 17 e 18 (no apendice A)apresentam os resultados para os modelos em nível e em 1ª diferença, tendo como hipótese nula a de que as variáveis do canal de crédito, pelo segmento do balanço patrimonial não Granger causam o produto e vice-versa. A hipótese alternativa é que existe uma relação causal entre as variaáveis macroeconômicas. Nesta sub- seção será apresentada apenas para o valor patrimonial e a produção, os demais resultados encontram-se anexo D.

i) Modelos do IGP-DI

As grandes empresas e as que são consolidadas no mercado, na qual são as que exercem influência na determinação dos financiamentos da sua produção pelo mercado acionário, por possuírem garantia de empréstimos, são as que mais exercem pressão neste segmento do canal de crédito amplo. A preferência dos tomadores de empréstimos é pelas empresas que possuem maiores collaterais, em que os riscos são menores por possuírem maiores valores líquidos de fluxos de caixas e porque os seus ativos se tornam mais lucrativos. Os investidores buscam rentabilidade enquanto as empresas buscam financiamento de suas produções, o que eleva o nível de produção através deste autofinanciamento.

Desta forma, observa-se na tabela 17, que as classes das indústrias (indústria geral e indústria de transformação) não são causadas pelo mercado acionário. Mas, é a produção que vai causar Granger o crédito acionário, sugerindo que ao elevarem suas produções incentiva os investidores a investirem em suas ações, não havendo uma relação endógena entre elas.

A partir destes resultados, observa-se que para as categorias de produção, também não existe uma relação endógena. A produção de BK e de BCD é causada pelo valor patrimonial

das empresas, isto é, rejeitam a hipótese nula de que não existe causalidade de Granger. No sentido inverso, não se rejeita a hipótese nula, não existindo um efeito causal. Mas a produção, como BI, BC e BCND, não existem uma relação de causalidade de Granger do valor patrimonial para a produção, não rejeitando a hipótese nula. Em sentido inverso, também não se rejeita a hipótese nula, com exceção a produção de BI onde a produção, ou seja, a expansão da capacidade produtiva faz elevar o investimento acionário, pois os agentes investem em ações que garantem lucratividade, e assim, elevando a produção, forçando um o crescimento do produto potencial, elevando o nível de crescimento econômico. A tabela 17 mostra os sentidos da causalidade de Granger.

Tabela 14: Causalidade de Granger para o balanço patrimonial em nível: valor patrimonial X produção

MODELOS COM IGP-DI - EM NÍVEL

VP p/ Produção Produção p/ VP

Valor das empresas Não causa Granger P[0.3800]* Causa Granger P[0.0922] Indústria geral

Valor das empresas Não causa Granger P[0.2978] Causa Granger P[0.0635] Indústria de transf.

Valor das empresas Causa Granger P[0.0152] Não causa Granger P[0.1276] Produção de BK

Valor das empresas Não causa Granger P[0.1013] Causa Granger P[0.0213] Produção de BI

Valor das empresas Não causa Granger P[0.6751] Não causa Granger P[0.2216] Produção de BC

Valor das empresas Causa Granger P[0.0542] Não causa Granger P[0.2009] Produção de BCD

Valor das empresas Não causa Granger P[0.7113] Não causa Granger P[0.4016] Produção de BCND

Fonte: elaborada pelo autor com base nos testes estimados pelo programa Eviews 6.0

Nota: os valores correspondem ao p-valor do teste de F e H0: sem sentido causal H1: existe causalidade * p- valor entre colchetes.

ii) Considerações entre os dois indicadores

Os resultados evidenciam que o canal do balanço patrimonial exerce uma influência diferenciada entre os diversos indicadores de produção. Assim, com a valorização dos ativos, o que eleva o fluxo de caixa, atrai investidores, elevando a capacidade produtiva da economia, com maior impacto nos modelos do IPCA (apêndice A), em virtude dos riscos desse mercado. Além disso, as analises da causalidade foi para determinar o sentido causal entre valorização patrimonial e a produção e verificar se existe uma relação endógena. Conclui-se que nos modelos do IPCA, evidencia uma relação endógena entre as indústrias de BK, BI e BCD, mas não existe para os modelos do IGP-DI.

6.1.3 TESTE DE CAUSALIDADE DE GRANGER PARA OS MODELOS EM 1ª DIFERENÇA

i) Modelos com IGP-DI

Observa-se na tabela 19, que para as classes das indústrias (geral e transformação), não se rejeitam a hipótese nula das ações para a produção, mas sim, em sentido inverso. Isto é, a elevação da produção vai fazer com que os agentes busquem o investimento nestas empresas, e com isso elevando o nível de produção, gerando crescimento da economia.

Para as categorias das indústrias, a hipótese nula é rejeitada apenas para a produção de BCD, ou seja, o valor acionário causa a produção, o inverso também ocorre, sugerindo que há uma endogeneidade, sendo mais significativa em curto prazo. As demais categorias de produção não rejeitam a hipótese nula do valor patrimonial para a produção, mas a produção de BK e BI causam Granger à valorização das ações, rejeitando a hipótese nula e dando incidência de um canal indireto. A tabela 19 mostra os sentidos da causalidade de Granger.

Tabela 15: Causalidade de Granger para o balanço patrimonial em 1ª diferença: valor patrimonial X produção

MODELOS COM IGP-DI EM 1ª DIFERENÇA VP p/ Produção Produção p/ VP

Valor das empresas Não causa Granger P[0.6242]* Causa Granger P[0.0486] Indústria geral Valor das empresas Não causa Granger P[0.5625] Causa Granger P[0.0483] Indústria de transf. Valor das empresas Não causa Granger P[0.5155] Causa Granger P[0.0446] Produção de BK Valor das empresas Não causa Granger P[0.7497] Causa Granger P[0.0019] Produção de BI Valor das empresas Não causa Granger P[0.7181] Não causa Granger P[0.2012 Produção de BC Valor das empresas Causa Granger P[0.0127] Causa Granger P[0.0366] Produção de BCD Valor das empresas Não causa Granger P[0.8788] Não causa Granger P[0.5154] Produção de BCND

Fonte: elaborada pelo autor com base nos testes estimados pelo programa Eviews 6.0

Nota: os valores correspondem ao p-valor do teste de F e H0: sem sentido causal H1: existe causalidade. * p- valor entre colchetes.

ii) Considerações entre os dois indicadores

No geral, em curto prazo, os modelos têm incidência do canal do balanço patrimonial, sendo mais diversificado com o uso do IPCA (apêndice A), pois analisam a credibilidade e

reputação da política monetária, e essa análise mostra que possui menor risco. Para os modelos do IGP-DI por terem um maior impacto do câmbio, esse canal é mais influente em sentido inverso, ou seja, quando eleva a capacidade de produção da empresa, faz com que os agentes invistam, porque elevou o valor de mercado da firma e diminuiu o prêmio de financiamento externo, e com isso os agentes compram ações elevando novamente a produção.

As principais evidências das estimações dos modelos em 1ª diferença, é que em relação aos IGP-DI, existe endogeneidade na produção de BCD e em relação ao IPCA, existe endogeneidade entre a produção de BK e de BCD. Vale ressaltar que a única produção que não tem efeito do canal do balanço é a produção de BCND, tanto pelos modelos em nível (IPCA e IGP-DI) como pelos modelos em 1ª diferença.