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Fase I. Teste de Leitura Textual das Palavras

Fase 6. Teste de Leitura Textual das Palavras com sentido cultural

Esse teste era o mesmo da Fase 1 e era reaplicado se o critério de acertos não fosse atingido naquela fase.

Fase7. Teste de Cópia e Ditado com Resposta Construída

Nessa fase era solicitada aos participantes a construção das palavras com sentido na presença da palavra ditada (ditado) e escrita (cópia). Os participantes construíam as palavras selecionando as sílabas que as compunham. Eram programados 2 blocos, um de cópia e outro de ditado, contendo 16 tentativas cada. Em cada bloco, cada uma das oito palavras era apresentada duas vezes, totalizando 16 tentativas.

A sequencia de palavras era a mesma nos dois blocos. Esse teste visava verificar a emergência da construção da palavra impressa tanto diante da palavra ditada (ditado) quanto da palavra impressa (cópia).

RESULTADOS

Sete cegos, adultos e crianças, eram submetidos ao pré-teste, sendo dois adultos selecionados para participar da pesquisa. Estes não apresentaram a nomeação oral nem as discriminações condicionais de nenhuma sílaba de ensino ou recombinadas das palavras impressas em Braille e do Alfabeto Romano em Relevo.

No teste de nomeação oral da Etapa I os dois participantes (Mauro e Tito) apresentaram a emergência imediata da nomeação oral de todas as sílabas de ensino e de todas as sílabas recombinadas, atingindo 100% de acertos na primeira exposição aos testes e sem ensino direto. A Tabela 4 apresenta o número de exposições ao teste de nomeação

oral das sílabas de ensino e recombinadas da Etapa I, necessário para a emergência da nomeação oral das sílabas.

Tabela 4. Número de exposições aos testes de nomeação das sílabas de ensino e recombinadas da Etapa I para atingir o critério de acertos por participante, nas duas condições, Braille e Alfabeto Romano em Relevo.

FASES SÍLABAS PARTICIPANTES

ENSINO RECOMBINADAS TITO MAURO

B R B R

5 no, bo e na 1 1 1 1

6 no, bo e na +ba 1 1 1 1

14 no, bo, na, do, ne e to 1 1 1 1

15 no, bo, na, do, ne e to +ba, be, da, de, ta e te 1 1 1 1

Na Fase 1 da Etapa II, os dois participantes demonstraram prontamente a leitura textual de todas as palavras na primeira exposição ao teste (ver Figura 1).

Participantes 0 20 40 60 80 100 1 2 Mauro Tito

Pe

rc

ent

ua

l de

a

ce

rtos

Braille Relevo

Figura 1. Percentual de acertos no teste de leitura textual das palavras na Fase 1 da Etapa II, nas condições Braille e Alfabeto Romano em Relevo.

Na Etapa II, ambos os participantes Mauro e Tito, demonstraram prontamente as relações AB, apresentando 100% de acertos no teste dessas relações. Os dois participantes também atingiram prontamente o critério de acertos nas relações AC, BC e CB que documentam a leitura com compreensão das palavras (ver Figura 3).

Nos testes de ditado e cópia da Etapa II, nas condições Braille e Alfabeto Romano em Relevo, os dois participantes demonstraram prontamente esses desempenhos emergentes, atingindo 100% de acertos na primeira exposição ao teste (ver Figura 2).

MAURO 0 20 40 60 80 100 LT AB AC BC CB D C LT AB AC BC CB D C Fases pe rc e nt ua l de a c e rt os TITO 0 20 40 60 80 100 LT AB AC BC CB D C LT AB AC BC CB D C Fases pe rc e nt ua l de a c e rt os

braille alfabeto romano em relevo

Figura 2. Percentagem de acertos de cada participante nos testes/ensino das relações palavra ditada objeto (AB). Nos testes das relações emergentes palavra ditada palavra impressa (AC), objeto palavra impressa (BC), palavra impressa e objeto (CB) e leitura textual (LT) e nos testes de Ditado (D) e Cópia (C) da Etapa II, nas condições Braille e Alfabeto Romano em Relevo.

A Tabela 5 apresenta o número de exposições a cada fase de ensino das discriminações condicionais das sílabas da Etapa I, para atingir o critério de acertos. Considerando o desempenho de cada participante, ambos atingiram o critério de 100% de acertos na primeira exposição, a cada fase de ensino, nas condições de Braille e Alfabeto Romano em Relevo.

Tabela 5. Número de exposições a cada fase de ensino das discriminações condicionais das sílabas para atingir o critério de acertos, nas condições de Braille e Alfabeto Romano em Relevo da Etapa I. Fases Participantes Mauro Tito B R B R 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 3 1 1 1 1 4 1 1 1 1 9 1 1 1 1

DISCUSSÃO

É possível contribuir com Políticas Públicas voltadas para a inclusão das pessoas com deficiência, através do desenvolvimento de um ensino mais eficiente e econômico voltado para a Educação. Esta pesquisa demonstrou que ocorreu uma aprendizagem sem erros em pessoas cegas, garantindo os direitos do cidadão e promovendo a inclusão sócio- educativa e, assim, contribuindo para a formação de uma sociedade mais justa e igualitária. Para assegurar esta posição, Pupo, Melo e Ferrés (2006), citam alguns documentos que tratam da deficiência em plano internacional. Dentre eles, a Declaração de Direitos Humanos da ONU de 1948. Esta propõe medidas para proteger os direitos das pessoas com deficiência mediante o apoio à plena autonomia e inclusão em todos os aspectos da vida. Outro documento citado pelos autores refere-se à Declaração de Madri, em 21/05/2002, que estabelece o parâmetro conceitual para a construção de uma sociedade inclusiva, focalizando os direitos das pessoas com deficiência, as medidas legais, a mudança de atitude e a vida independente. Igualmente importante, os autores citam a Declaração de Quito, de 11/04/2003 - na qual os governos da América Latina defendem uma Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das Pessoas com Deficiência (ONU).

Os resultados da presente pesquisa confirmam os de Kato e Pérez-González (2004), de Maués (2007) e Barros (2007) e Leitão (2009) e Feitosa (2009) quanto à emergência imediata da leitura textual e com compreensão de palavras após o ensino de discriminação das unidades silábicas que as compõe. Os três primeiros estudos com o mesmo delineamento, diferenciando somente quanto aos estímulos táteis ao invés de visuais, utilizaram crianças visos-normais da pré-escola, sendo no primeiro estudo, crianças espanholas e nos dois subsequentes, crianças brasileiras. Nos estudos de Leitão (2009) e

10 1 1 1 1

11 1 1 1 1

12 1 1 1 1

Feitosa (2009) foram ensinadas discriminação de palavras em inglês como língua estrangeira para participantes cegos promovendo a emergência imediata da leitura recombinativa de novas palavras simples com recombinação de onset e rime. Estes estudos demonstraram a emergência imediata de leitura textual e com compreensão de palavras recombinadas simples e compostas em inglês, indicando a emergência das novas relações entre palavras impressas em Braille, e do alfabeto romano em relevo e com seus respectivos objetos.

. Todos os participantes demonstraram prontamente a emergência da nomeação oral de todas as sílabas tanto de ensino como recombinadas.

Vale (2010) demonstrou emergência da leitura textual de palavras e frases de ensino e recombinadas. Neste estudo, todos os participantes demonstraram a leitura textual das sílabas simples e complexas e a emergência imediata da leitura com compreensão das palavras de ensino. A maioria dos participantes demonstrou prontamente a leitura textual e com compreensão das palavras e de fases com 2,3,4 e 5 palavras.

No presente estudo, após o ensino explícito das relações condicionais das sílabas de ensino, foi documentada prontamente a emergência da leitura textual e com compreensão das palavras formadas pelas sílabas de ensino e recombinadas. Ocorreu também a emergência imediata dos desempenhos nas tarefas de ditado e cópia de palavras impressas em Braille e em alfabeto romano em relevo. Estes resultados corroboram os resultados de Nascimento (2007) quando esta afirma a facilidade das crianças cegas na aprendizagem de discriminações condicionais de letras (A, E, O) assim como o elevado percentual de acertos nos testes de equivalência envolvendo estímulos táteis.

O presente estudo esta de acordo com os resultados do trabalho de Feio (2003) que mostrou que o espaçamento entre as sílabas em Braille pode facilitar a leitura recombinativa por pessoas cegas. Assim como nos estudos de Leitão (2009) e Feitosa

(2009), no presente estudo os participantes também apresentaram alta precisão nas discriminações condicionais de sílabas do alfabeto romano em relevo, facilitando assim a emergência imediata da leitura oral e com compreensão e dos desempenhos de ditado e cópia. Supõe-se que que o espaçamento entre as letras nas palavras impressas do alfabeto romano em relevo tenha contribuído para a emergência imediata.

Os resultados do estudo de Nascimento (2007) demonstraram a eficiência do ensino de discriminações condicionais entre estímulos auditivos e táteis e elevados percentuais de acertos nos teste de equivalência em participantes cegos. Consistente com o estudo de Nascimento (2007), os dois participantes do presente estudo apresentaram alta precisão nas discriminações condicionais entre estímulos auditivos (palavra ditada) e táteis (palavra impressa em Braille e alfabeto romano em relevo e objetos).

Os resultados da presente pesquisa indicam que o alfabeto romano em relevo pode proporcionar aos cegos, maior facilidade em suas relações profissionais e educacionais, pela utilização do alfabeto romano em relevo em teclas de computador, em placas de consultórios médicos, dentre outros informativos em espaços públicos. O alfabeto romano em relevo pode ser lido não apenas pelos cegos, mas também pelos viso-normais, proporcionando a inclusão social.

O procedimento utilizado no presente estudo aponta a possibilidade da implementação imediata de um serviço qualificado em ambientes públicos, garantindo a acessibilidade aos deficientes visuais, com baixo custo. É de inegável importância, adaptar as bibliotecas para a obtenção de acervo escrito no Alfabeto Romano impresso em relevo com o objetivo de torná-las acessíveis aos usuários com deficiência visual. Nesta mesma direção, por meio do alfabeto romano em relevo, oferecer as condições de fácil acesso à informação nas diversas áreas do conhecimento e diversos setores de atuação profissional,

favorecendo a inclusão do deficiente visual. Dessa forma, pode-se aumentar a autonomia dessas pessoas, garantindo a utilização dos serviços oferecidos.

Como os alunos cegos dependem de outras pessoas para a leitura de textos impressos em tinta e a comunicação escrita com as pessoas viso-normais que não sabem Braille não é possível, a utilização do alfabeto romano em relevo poderia aumentar a autonomia e a comunicação interpessoal, criando maiores possibilidades de progressão acadêmica e inserção no mercado de trabalho (Feitosa, 2009).

A participação de adultos cegos com uma longa história de exposição a estímulos táteis e auditivos nas tarefas cotidianas, em casa e no trabalho pode ter contribuído para o desempenho dos participantes nas fases de ensino de discriminações condicionais nos testes de leitura do Braille do alfabeto romano em relevo (Bliss, Kujala & Hämäläinen, 2004).

De acordo com Sidman (1985) promover uma aprendizagem sem erros é possível, programando-se o ensino de forma a estabelecer previamente todos os pré-requisitos necessários para a emissão do comportamento que se deseja ensinar. Isto se aplica tanto para crianças e adultos considerados “normais” como também para pessoas com necessidades educacionais especiais. No presente estudo, foi documentada uma aprendizagem sem erros, devido à programação gradual de cada fase de ensino e de teste, assegurando as condições ambientais além dos pré-requisitos comportamentais necessários para cada fase.

Nesse estudo, o delineamento das contingências de ensino estabeleceram os pré- requisitos comportamentais necessários para a ocorrência do comportamento desejado e a aprendizagem imediata e sem erros demonstrou que a programação do ensino, possibilita uma aprendizagem sem erros.

Sem dúvida procedimentos que promovam a aprendizagem sem erros são um importante fator de inclusão, especialmente para pessoas com necessidades educacionais especiais por atender suas necessidades, promovendo uma aprendizagem mais rápida e sem erros. Desta forma, poderia eliminar ou reduzir as limitações cognitivas que dificultam o desenvolvimento dessas pessoas e sua inclusão social.

Sugere-se a ampliação do estudo, aumentando o número de sílabas de ensino o que pode gerar maior número de sílabas recombinadas e de palavras formadas pelas sílabas de ensino e recombinadas. Uma igualmente importante investigação da leitura refere-se a da leitura recombinativa de sílabas e palavras com menores tamanhos da fonte e o ensino e teste da leitura das palavras sem espaçamento entre as sílabas componentes. O tempo gasto na leitura pode favorecer informações relevantes para a comparação da leitura em Braille e alfabeto romano em relevo.

Os desempenhos emergentes que caracterizam o comportamento produtivo poderiam ser documentados pela construção de novas palavras recombinadas pela seleção de sílabas de ensino ou com recombinação de letras disponíveis ao participante poderia gerar ampliando essa linha de pesquisa.

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