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O testemunho de Patrick Waldberg, para quem a experiência de Acéphale parece ter sido um verdadeiro martírio, mas que é talvez, entre todos, o mais valorizante justamente por seu intento de

No documento Acéphale e a hora presente (páginas 173-175)

desvalorização: “Como pudemos ficar presos por tanto tempo na armadilha mística de Bataille*°°;

lettres et documents (1932-1939) rassemblés, présentés et annotés par Marina Galletti. Paris, Ed. de la Différenoe. 1999,

pp.573-576.

Cf. N.R.F., n. 62, “Hommage à André Breton”, 1967. Masson que, embora fosse então o amigo mais próximo de Baíaille e ilustrasse, com exclusividade, os 4 números coletivos da revista Acéphale, parece jamais ter tomado parte nos rituais da comunidade às Acéphale.

^^“C éta it très beau. Nous ètions une vingtaine, àprendre le train jusqu 'à... Comment s'appelle déjà cette station? Cette três belle station? Saint-Nom-la-Bretèche. Donc un soir nous arrivons là-bas. La recommandation é ta it: “vous meditez; mais en secret! il ne faudra jamais rien dire de ce que vous avez ressenti ou pensé!” Bataille lui-mème ne nous en a jamais dit plus. il ne nous a jamais communiqué ce que la sorte de cérémonie représentait”.EntTevista de Klossowski com

Bemard-Henry Lévy citada por HOLLEER, Denis, “L’inénarrable - Les vas non-communicants” in Georges Bataille, après

tout, p.278.

' ^ “Comment avons-nous pu donner si longtemps dans le panneau mystique de Bataille?” citado por CAMUS, Michel,

ibid. Ver também “Acéphalogramme” (te.xte paru dans le Magazine littéraire, n. 331, avril 1995) em que 45 anos depois,

0 ressentimento já vem convertido em profundo reconhecimento. Após narrar a gênese de Acéphale e o ritual de sua iniciação no grupo, Patrick Waldberg conclui; “La guerre ayant eclaté, Acéphale vacillait, miné par les dissensions internes, atterré peut-être par la conscience de sa propre incongruité au sein du désastre mondial. A la demière rencontre au coeur de la forêt nous n’étions que quatre et Bataille demanda solennellement aux trois autres de bien vouloir le mettre à moit, afin que ce sacrifíce, fondant le mythe, assuràt la survie de la communauté. Cette faveur lui fut refusée. Quelques mois plus tard se déchainait la vraie guerre qui balaya ce qui pouvait rester d’espoir. // Tout ce qui précède, à mesure que je récrivais, m’est apparu comme le récit d’un rêve, ou d’une fiction telle qu’en pouvait concevoir ui\ Villiers de 1’Isle- Adam. Jamais peut-être n’avaient été associés un aussi formidable sérieux à une puérilité aussi énorme en vue de porter la vie à un certain degré d’iiicandescence et d’obtenir ces ‘instants privilégiés’ auxquels nous aspirions dès Tenfance. Les rieurs eussent eu beau jeau - 1’aurom encore - et 1’échec n’était pas évitable. Toutefois pour certains, dont je suis, Texpression 'changer la vie’avait cessé d’être une formule creuse. Quant à la ‘transformation du monde’, il est devenu de plus en plus clair qu’elle demeure à jamais sans pouvoir sur la nature profonde de 1’être humain.” “A guerra tendo

cronologicam ente menos que o de Klossowski, de Roger Caillois :

“Bataille tinha outras preocupações; pouco dissimulava sua intenção de recriar um elemento

sagrado, virulento e devastador, que terminaria por se impor graças a seu contágio epidêmico, e

exaltar a quem tivesse sido o primeiro a semear seu germe. / Durante uma das reuniões privadas [do

Colégio de Sociologia], contou sua idéia a Alexandre Kojevnikov (que abreviou mais tarde seu nome

para Kojève). Este respondeu que semelhante taumaturgo não teria mais oportunidade de ser

arrebatado, por sua vez, pela sacralização desencadeada por ele, que un prestidigitador de persuadir-

se da existência da magia e assombrar-se com seus próprios jogos de mãos. / Eu estava convencido

disso. Mas Bataille, que tinha a assombrosa faculdade de encolerizar-se à vontade, passou por alto o

argimiento. Ademais, não o dizia todo. Esperava constituir o foco inicial da expansão irresistível do

sagrado mediante um gesto ritual irreparável, consistente, segundo me confiou mais tarde, num

sacrifício humano consentido, para o qual contava já com a vítima e havia obtido dela (ou estava

seguro de obtê-lo) um certificado destinado à justiça, que excusava de antemão ao assassino. Tanta

cautela, por outra parte tão útil, não concordava com a explosão selvagem do sagrado que devia

revigorar uma sociedade sem fervor. Pensei na objeção de Kojevnikov e me tomei ainda mais

reticente. Mais por incredulidade que por respeito à palavra dada, guardei o segredo que se me havia

exigido, pelo menos até a publicação em Nova York, durante a guerra, de indiscrições que era

estalado, Acéphale vacilava, minado pelas dissenssões internas, aterrado talvez pela conciência de sua própria incongruência no seio do desastre mundial. No último encontro no coraçào da floresta não éramos mais que quatro e Bataille pediu solenemente aos outros três que bem quisessem metê-lo à morte, afim de que esse sacrifício, fundando o mito, assegurasse a sobrevida da comunidade. Esse favor lhe foi recusado. Alguns meses mais tarde se desencadeava a verdadeira guerra que varreu o que podia restar de esperança. // Tudo o que precede, à medida que escrevia, apareceu-me como 0 relato de um sonho, ou de uma ficção tal as que podia conceber um Villier de TIsle-Adam. Jamais talvez foram associadas uma tão formidável seriedade a uma puerilidade tão enorme em vista de portar a vida a um certo grau de incandescència e de obter esses ‘instantes privilegiados’ a que aspiravamos desde a infância. Os risonhos tinham do que rir - o terão ainda - e o fracasso não era evitável. Não obstante, para alguns, entre os quais eu, a expressão ‘mudar a vida’tinha cessado de ser uma fórmula oca. Quanto à ‘transformação do mundo’, tornou-se cada vez mais claro que ela permanece a jamais sem poder sobre a natureza profimda do ser humano. L Apprenti Sorcier, pp.596-597.

una espécie de comunidade com rito de iniciação, cujo nome Acéphale, revelava seu sentido anti- intelectualista, para não falar de sua adesão às emoções viscerais, mas, curiosamente, não renunciou jamais a acoplá-la ao Collège de Sociologie, tão cerebral.”^'

Por outro lado, relacionada ao que diz Klossowski - confirmando aliás o texto das “Instruções”

No documento Acéphale e a hora presente (páginas 173-175)