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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.4. Testes laboratoriais de antagonismo

O resultado dos testes laboratoriais de antagonismo em placas é mostrado na Figura 12. Das 26 cepas testadas quanto ao potencial inibidor contra a bactéria

Desulfovíbrio spp., 10 apresentaram algum tipo de inibição microbiana. Halos de 6

mm foram observados para as cepas AP2A-MBT e AT11-1. A bactéria AP1A-MBT obteve halo de 7 mm. Outras 4 linhagens produziram halos de 8 mm (JV4, AP1B-MBT, AP1C-MBT e AP2B-MBT).

Os melhores resultados obtidos para os testes de inibição foram observados para as bactérias AMD (10 mm), AT6 (11 mm) e AT11-2 (13 mm). Valores superiores aos obtidos por Magalhães (2014), que testando bactérias com atividade antagonista às BRS oriundas de amostras de água produzida de poços de petróleo, obteve halos

entre 7 e 9 mm para a cepa Halomonas aquamarina e 8-9 mm para a cepa

Marinobacter hydrocarbonoclasticus.

Figura 12. Atividade antimicrobiana das cepas isoladas da água produzida contra a Desulfovibrio spp.

Fonte: Próprio autor. Médias seguidas pela mesma letra, entre as barras, não diferem pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

A inibição mais expressiva encontrada no presente trabalho (13 mm para a cepa AT11-2) foi superior ao relatado por Rosa et al. (2013) estudando o antagonismo de bactérias do gênero Streptomyces contra bactérias envolvidas em processos biocorrosão, que obtiveram halos de 12 mm. O sobrenadante da cepa Streptomyces

lunalinharesii 235, que apresentou atividade inibitória frente à bactéria Desulfovibrio alaskensis, estava concentrado 300 vezes. Diferente dos sobrenadantes

das amostras testadas no presente trabalho, concentrados 200 vezes.

A Figura 13 mostra a diferença entre o controle negativo, placa apenas com BRS (13-A), e a formação dos halos de inibição pela adição das SAM (13-B).

Figura 13. Teste de antagonismo em placas por sobrecamada das cepas isoladas da água

produzida contra a cepa Desulfovibrio spp.

Fonte: própria autor. A - Controle negativo; B - Halo de inibição.

A inibição de bactérias redutoras de sulfato pela produção de SAM tem sido relatada em vários trabalhos na literatura. Jayaraman et al. (1999) avaliando a inibição de BRS por produção de peptídeos antimicrobianos em biofilmes produzidos por

Bacillus subtilis, evidenciaram que estas substâncias foram capazes de inibir o

crescimento das bactérias Desulfovibrio vulgaris e D. gigas, reduzindo significativamente as taxas de corrosão em condição de cultura contínua.

Gana et al. (2011) estudando o potencial antagonista de uma espécie nanopatogênica de Bacillus sp., obtido a partir de um campo de petróleo argelino contra um consórcio de BRS, observaram que o inibidor biológico produzido pela cepa apresentou melhor desempenho e eficácia na inibição da produção de sulfeto pelas BRS, quando comparado com o biocida químico THPS.

Rosa et al. (2013) estudando o potencial inibitório de bactérias do gênero

Streptomyces contra bactérias envolvidas em processos de biocorrosão, observaram

SAM de caráter proteico capazes de inibir a bactéria Desulfovibrio alaskensis.

Já Moradi et al. (2015) avaliando o efeito inibidor da corrosão pela formação de biofilmes protetores observaram que a bactéria Vibrio neocaledonicus sp. e seu subproduto metabólico aumentaram em mais de sessenta vezes a proteção contra a corrosão do aço carbono.

Atualmente, existe uma busca crescente por moléculas eficientes e menos tóxicas (green molecules) para o controle dos problemas causados pelas BRS na indústria do petróleo (ALBUQUERQUE et al., 2014). Dessa forma, bactérias que apresentam atividade inibitória frente a Desulfovíbrio spp., mostram-se como

potenciais produtoras de SAM contra os micro-organismos causadores dos processos de biocorrosão (ROSA et al., 2013).

5.5. Produção de biopolímeros

A produção de EPS foi observado em todos os isolados da água produzida. A Figura 14 apresenta gráfico com a média dos resultados obtidos para a produção de biopolímeros com base no diâmetro da camada de muco (mm). Foi aplicado um teste de comparação de médias (Scott-Knott), para determinar se havia diferença significativa na produção de biopolímeros entre os isolados.

Figura 14. Produção de EPS pelas bactérias isoladas da água produzida.

Fonte: Próprio autor. Médias seguidas pela mesma letra, entre as barras, não diferem pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Considerando a produção média de biopolímeros (mm), pode-se observar que houve diferença estatística entre os cultivos isolados da água produzida. As maiores produções foram encontradas para as cepas JV4, JV4-1, AMD e AT11-2 (40 mm). Já

os menores valores encontrados para a produção de EPS foram observados para as cepas AP01-A, AP01-D, AT1 e AT2 (entre 4 e 8 mm).

A Figura 15 mostra a confirmação da produção de biopolímeros pelas bactérias isoladas da água produzida.

Figura 15. Confirmação da produção de EPS pelas bactérias isoladas da água produzida.

Fonte: Próprio autor.

A presença de EPS associados a células bacterianas pode ser reconhecido pela formação de colônias mucosas em meio sólido (15-A) ou pela formação de longos filamentos pela extensão da colônia com uma alça de inoculação (15-B). A confirmação da produção de biopolímeros é vista na Figura 15-C pela formação de um precipitado após a adição do etanol (PAULO et al., 2012; RUAS-MADIEDO; REYES-GAVILÁN, 2005).

Micro-organismos produtores de EPS são importantes para a tecnologia MEOR uma vez que tais compostos podem aumentar a recuperação de petróleo através da modificação do perfil geológico do reservatório (BACHMANN et al., 2014).

Os biopolímeros são utilizados para aumentar a viscosidade da água de inundação, melhorando a mobilização e recuperação do óleo em campos maduros. Eles ainda podem ser utilizados para bloquear de forma seletiva zonas de alta permeabilidade, assegurando que a subsequente injeção de água produzida aumente o varrimento do petróleo (SEN, 2008; SHENG, 2013).

Além das aplicações citadas, os EPS produzidos por micro-organismos tem sido fonte de estudo de muitos pesquisadores na busca por cepas microbianas capazes de produzir biofilmes benéficos para inibir ou reduzir os efeitos nocivos causados pelas BRS na indústria do petróleo (GHAFARI et al., 2013; JAYARAMAN et al., 1999; MORADI et al., 2015; ZARASVAND; RAI, 2014).

A busca por novos micro-organismos que produzam EPS em grandes quantidades com menor custo de produção tem despertado grande interesse (BORGES, 2015). A indústria anseia por novos biopolímeros que possuam propriedades reológicas distintas, com estabilidade em ampla faixa de pH, salinidade e temperatura (GAO, 2015).

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