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Teve apoio (pelo menos uma vez) Concorreu mas nunca teve apoio

amostra teve apoio nesta modalidade e 19% candidatou-se, mas nunca teve apoio).

Gráfico 14. Modalidades de apoio de que beneficiaram as entidades que tiveram apoio e a que se candidataram entidades que nunca tiveram apoio

(Base: n=522, resposta múltipla para cada um dos contingentes: teve apoio e concorreu mas nunca teve apoio)

Fonte: CIES-IUL, EPEA, 2017.

O quadro 6 cruza as variáveis de caracterização com o historial de apoios. Comparando o total da amostra, constata-se que para as entidades que nunca concorreram ou que concorreram mas nunca obtiveram são particularmente significativas as situações em que as entidades são pessoas singulares (32% e 35% respetivamente, face ao total da amostra, 22%).

Já quanto ao sector de atividade, evidencia-se que os apoios são predomi- nantes em entidades do terceiro sector (81%, contra total 72%).

1,5% 14,0% 15,3% 10,5% 25,1% 7,5% 11,7% 2,7% 2,7% 0,4% 1,5% 5,0% 19,2% 0,4% 3,8% 0,2% 0,8% 0 10 20 30

Não beneficiou após 2006 Apoio direto | quadrienal Apoio direto | bienal Apoio direto | anual Apoio direto | pontual Apoio indireto | acordos tripartidos Apoio à internacionalização das artes Apoio extraordinário Outro apoio

Quadro 6. A amostra segundo o historial de apoios (percentagens em coluna) Historial de apoios Total Teve apoio (pelo menos uma vez) Concorreu mas nunca teve apoio Nunca concorreu Número de casos 264 131 127 522 Tipologia de atividade Criação 39,4 42,0 41,7 40,6 Programação 9,1 5,3 12,6 9,0 Mista 51,5 52,7 45,7 50,4

Área artística (agregada)

Artes performativas 75,4 60,3 53,5 66,3 Artes visuais 7,6 17,6 26,8 14,8 Cruzamentos disciplinares 13,6 18,3 12,6 14,6 Outras 3,4 * 7,1 4,4 Pessoa jurídica Coletiva 90,2 65,6 67,7 78,5 Singular 9,8 34,4 32,3 21,5 Sector de atividade Terceiro sector 80,7 65,6 58,3 71,5 Privado lucrativo 18,6 32,8 40,2 27,4 Outro * * * 1,1 Região da sede Norte 26,1 23,7 20,5 24,1 Centro 18,6 18,3 18,1 18,4

Área Metropolitana de Lisboa 45,5 47,3 44,1 45,6

Alentejo 6,8 6,1 6,3 6,5

Algarve 2,3 * 6,3 3,6

Outra situação * * 4,7 1,7

Fundação/início de atividade Até 1970 3,8 6,1 7,1 5,2 1971-1980 8,0 * * 5,0 1981-1990 9,8 6,9 6,3 8,2 1991-2000 28,4 13,0 11,0 20,3 2001-2010 40,5 32,8 27,6 35,4 2011-2017 9,5 38,2 47,2 25,9 Orçamento para 2006

Sem orçamento para 2016 10,2 22,9 23,6 16,7

≤ 5.000 € 5,7 18,3 26,8 14,0 5.001 a 10.000 € 2,3 16,8 13,4 8,6 10.001 a 40.000 € 22,3 17,6 16,5 19,7 40.001 a 100.000 € 19,7 16,0 8,7 16,1 100.001 a 200.000 € 16,3 * 4,7 10,3 200.001 a 300.000 € 7,6 * * 4,8 300.001 a 500.000 € 7,6 * * 4,2 > 500.001 € 8,3 * * 5,6

Fonte: CIES-IUL, EPEA, 2017.

Nota: (*) As percentagens reportam-se a menos de 6 casos.

Motivos invocados pelas entidades para nunca terem concorrido aos apoios Exclusivamente para as entidades que afirmaram nunca ter concorrido aos apoios financeiros da DGArtes (24% da amostra) foi perguntado sobre os moti- vos dessa não participação26.

Os motivos invocados pelas entidades são diversos. Desde logo, os mera- mente circunstanciais (não adequado ou não oportuno) mas também os que se prendem com a falta de informação ou o desconhecimento da existência destes apoios. Para aqueles que ainda assim tiveram intenção de se candidatar, são invocados motivos como o não cumprimento das condições de elegibilidade do modelo de apoio (designadamente no que se refere à localização geográfica, à natureza jurídica e ao tempo de atividade), mas também as dificuldades espe- cíficas no processo de candidatura e a desconfiança face ao processo de sele- ção.

26 Q11d. Identifique por favor os principais motivos para nunca ter concorrido aos apoios financeiros disponibilizados pela DGArtes. A taxa de resposta é 100% (pergunta obriga- tória).

Para algumas das entidades inquiridas, o facto de não terem concorrido deve-se a motivos meramente circunstanciais: ou seja, não ter sido adequado ou oportuno.

Nenhum [motivo] especifico. Estivemos focados mais em redes internacionais e programas de apoio local e europeu onde fomos promotores e prestadores de serviços na área comunitária,

[339 – cruzamentos disciplinares, nunca concorreu] Como profissional na área das artes plásticas inserido no "mercado da arte " através das galerias não tenho sentido necessidade de apoio. Arrisco eu nos meus projectos

[359 – artes plásticas, nunca concorreu] Uma vez que a companhia tem um pequeno subsídio municipal, foi decisão da direcção adquirir algum historial antes de concorrer aos apoios da DGArtes.

[322 – teatro, nunca concorreu] Desde a sua fundação, só nos últimos três anos a entidade possuiu uma estru- tura adequada ao desenvolvimento de projectos dignos de financiamento. Po- rém durante os últimos três anos, ou nunca se conseguiu um projecto, que ao ver da entidade, fosse estruturado o suficiente para financiamento ou os pra- zos de candidatura eram demasiado apertados.

[353 – música, nunca concorreu] Não estávamos preparados. Não havia experiência suficiente para redigir pro- jetos ganhadores.

[337 – cruzamentos disciplinares, nunca concorreu]

Falta de informação e desconhecimento sobre os apoios

O desconhecimento da existência deste tipo de apoios e da sua aplicabilidade a determinadas áreas e domínios artísticos é invocado por algumas entidades.

Desconhecimento sobre os programas de apoio existentes e respectivo enqua- dramento.

não temos conhecimento de apoios ou simplesmente não existem para a es- pecificidade dos projetos que desenvolvemos.

[323 – música, nunca concorreu] falta de informação sobre a abertura de candidaturas

[362 – música, nunca concorreu] Não recebo informações sobre os concursos a decorrer

[60 – outra área, nunca concorreu] pq não existe informação pertinente às empresas, funciona como "cluster" sempre para os mesmos,

[78 – cruzamentos disciplinares, nunca concorreu]

Não cumprimento das condições de elegibilidade

Alguns depoimentos recolhidos evocam as condições de elegibilidade que as entidades não preenchem. Por exemplo, o facto de serem apenas elegíveis as entidades com residência fiscal em Portugal continental e que aí exerçam a sua atividade (excluem-se, deste modo, as atividades e entidades sediadas nas re- giões autónomas dos Açores e da Madeira e fora do país).

Ter sede e domicílio fiscal na Região Autónoma da Madeira e ser impedido pela legislação em vigor de fazê-lo

[72 – dança, nunca concorreu] Residia fora de Portugal.

[219 – artes digitais, nunca concorreu] O não cumprimento de outros critérios, designadamente a constituição de uma entidade com personalidade jurídica de direito privado ou a precedência de um histórico de concurso, são motivos invocados pelas entidades inquiridas.

Por não ter um grupo devidamente formado para participar nestas iniciativas. [104 – cruzamentos disciplinares, nunca concorreu]

Alguns concursos terem a necessidade de tempo mínimo de actividade que ainda não preenchemos. Todos os concursos terem a necessidade de experi- ência prévia comprovada de criação ou produção o que limita o acesso inicial aos mesmos.

[67 – dança, nunca concorreu] Dificuldade no processo de candidatura

Um elevado número de entidades evoca dificuldades em levar a bom termo o processo de candidatura. E estas dificuldades sentem-se a diversos níveis: o (apertado) calendário para apresentação do dossiê de candidatura, a dificul- dade em reunir toda a documentação necessária (em especial o comprovativo por parte de entidades parceiras) e em preencher os formulários.

As datas de anúncio de abertura de concurso são extremamente tardias o que impossibilita preparação eficaz do projecto artístico e recolha de documenta- ção obrigatória para execução das candidaturas.

[523 – dança, nunca concorreu] Na altura em que pretendíamos concorrer o tempo previsto para a preparação da candidatura era demasiado pequeno (um mês), e calhou na altura de férias da grande maioria das entidades com quem pretendíamos trabalhar.

[1 – artes plásticas, nunca concorreu] Os concursos contêm uma vertente empresarial com demasiado peso, particu- larmente em questões como gestão de projecto e e uma previsão de gastos tão rigorosa que obriga a recorrer a uma empresa para tratar das candidaturas. No fundo o dinheiro é desviado da criação artística para as competências em- presariais.

[258 – artes plásticas, nunca concorreu] Para estas entidades artísticas, a complexidade e a burocracia do processo de candidatura são dissuasoras da participação. A excessiva parametrização dos formulários, a quantidade de documentação solicitada e a falta de flexibilidade para as especificidades de cada uma das áreas artísticas são alguns dos elemen- tos invocados.

Processo burocrático, face à estrutura administrativa que a associação possui. [80 – música, nunca concorreu] O processo de candidatura é bastante complexo, comparado por exemplo com as bolsas da Gulbenkian e com outras bolsas internacionais, e exige um enorme investimento de tempo face ao numero de apoios que concede.

[131 – artes plásticas, nunca concorreu] Processo demasiado burocrático. Formulário e plataforma online de candida- tura desajustados à descrição de projetos individuais de criação e investigação artísticas.

[11 – artes plásticas, nunca concorreu] A excessiva aferição paramétrica da caracterização das iniciativas no que refere à participação e tipologia dos públicos; não é ponderada a hipótese das práti- cas artísticas também englobarem processos e iniciativas que nem procuram público nem são pensadas para qualquer tipo de público específico: como a àrvore que cai na floresta e ninguém ouve nem sabe que caiu pode acontecer que haja situações estético-expressivas, performativas, conceptuais que dis- pensam o testemunho e a experiência directa.

[136 – artes plásticas, nunca concorreu]

Em alguns casos as entidades artísticas não conseguem fazer face à com- plexidade processual, tendo por vezes que recorrer a serviços externos

Anterior estrutura organizacional insuficiente para elaboração das candidatu- ras.

[493 – música, nunca concorreu] Não tendo orçamento para pagar a um especialista nem tempo para dedicar ao preenchimento dos formulários, sigo utilizando outras formas de financia- mento, ou seja, ganho o dinheiro a dar aulas e tento vender os espectáculos.

[193 – música, nunca concorreu] Tentámos fazer candidatura, mas a plataforma pede informações que são com- plicadas de completar, pois o Diretor da Companhia, é também técnico de luz, som, coreógrafo, faz o marketing, etc. Como não temos possibilidade de pagar a alguém para fazer esse tipo de trabalho. Na plataforma é pedido sempre o

valor orçamental para todos esses cargos, sendo o Diretor quem faz esse tra- balho é muito dificil concorrer pois estaria a colocar o seu nome em todos estes critérios.

[22 – dança, nunca concorreu]

Desconfiança face ao processo de seleção

Outras entidades evocam o processo de seleção dos projetos como motivo para a sua não participação. Descrença, desconfiança, falta de reconhecimento de mérito artístico dos jurados escolhidos para avaliar as propostas e falta de trans- parência no processo de seleção dos projetos a apoiar são alguns dos argumen- tos recolhidos.

Não fiz candidaturas, primeiro, por pensar que esta atribuição de fundos pode já estar reservada a determinados grupos, grupos já conhecidos e bem posici- onados no mercado

[104 – cruzamentos disciplinares, nunca concorreu] Conhecimento de que as verbas disponíveis são escassas e que as entidades já apoiadas têm sempre alguma vantagem inicial.

[420 – cruzamentos disciplinares, nunca concorreu] Os apoios são geralmente atribuídos a estruturas maiores e mais experientes, com capacidade de auto-financiamento de parte do orçamento dos projetos apresentados.

[53 – teatro, nunca concorreu] Também em boa verdade sofro do preconceito , pois nunca concorri em nome individual, e acho que o processo é complicado e pouco claro na atribuição favorecendo os amigos e cheio de " CUNHAS". Tenho esta impressão desde que fiz parte de um projecto colectivo a concurso na área do teatro.

[359 – artes plásticas, nunca concorreu] Por fim, não reconheço ao Juri destes apoios, pelo menos nestes últimos anos, qualidade critica. O juri deveria ser reconhecido pelo meio artístico.

Registam ainda outras respostas que evidenciam as dificuldades dos artis- tas individuais emergentes em participar nestes concursos e ainda um desajus- tamento face a algumas áreas artísticas.

Como individual nunca concorri. Todo o processo é muito complicado para al- guém que não domina os meandros dos projetos e por vezes é a opção de tra- balhar ou fazer os projetos, tenho optado por trabalhar enquanto outros fazem os projetos.

[164 – dança, nunca concorreu] Porque as probabilidades de apoiarem uma artista em inicio de carreira são praticamente impossíveis, por esse motivo nunca concorri, além do mais rara- mente apoiam projectos individuais, ou pelo menos é esta a ideia que se tem da DGARTES.

[138 – artes plásticas, nunca concorreu] Comecei a fazer a candidatura e percebi que estava muito vocacionada para instituições ou grupos de teatro ou dança. Aliás, vê-se pelos resultados que há uma elevada preferência pelas artes do espetáculo. É extremamente burocrá- tico e favorece aspectos mais institucionais. Tem de haver também apoio aos artistas que trabalham a nível independente.

[5 – artes plásticas, nunca concorreu] Visto que a nossa associação actua sensivelmente no campo da arquitectura, é do nosso entender que a DGArtes e os modelos de apoio financeiro, não estão adaptados para as necessidades destes campos. Isto dificulta a proposta assim como os campos de actividade que possam receber apoio financeiro da DGAr- tes.

[102 – arquitetura, nunca concorreu] Não tenho conhecimento de que a DGArtes contemple apoios para a produção de cinema independente e de baixo orçamento, (minha actividade principal) ou de apoios à organização/curadoria de videoarte e cinema experimental não narrativo.

[196 – outra área, nunca concorreu] As nossas áreas artísticas principais, nomeadamente Artes de Rua e Circo Con- temporâneo, não estão contempladas nos apoios financeiros atribuídos pela DGArtes.

Ao contrário do que acontece noutros outros países europeus e do mundo oci- dental, videojogos não são considerados arte em Portugal, e não existem apoios específicos para a área. Estão num limbo entre software e cultura.

[185 – outra área, nunca concorreu] Desconfiança de a DGArtes alguma vez apoiaria Banda Desenhada - área artís- tica híbrida que se confunde com os apoios à literatura devido ao suporte do livro...

5. OS POSICIONAMENTOS

Neste capítulo analisam-se os posicionamentos das entidades. Segue-se a or- dem das questões tal como foram inquiridas na parte II do questionário. A es- tratégia expositiva dos contributos segue uma lógica comum nos vários pontos: (i) breve enquadramento da questão ou grupo de questões; (ii) apresentação de dados estatísticos quando aplicável27; (iii) leitura global das principais temá- ticas que a análise de conteúdo revela, identificando-se as tendências que emergem dos posicionamentos, bem como as diferentes temáticas em pre- sença; (iv) transcrições diretas dos contributos das entidades, em geral inte- grais28, e em que se manteve a escrita original, com exceção dos sublinhados, da responsabilidade da equipa para destacar determinadas temáticas. Os con- tributos, com que se procura evidenciar as diferentes perspetivas e que são sus- cetíveis de melhor ilustrar as temáticas em causa, são referenciados às entida- des de modo codificado, para salvaguarda de anonimato, com os seguintes ele- mentos:

[número de questionário – área artística principal, relação com os apoios] As taxas de resposta totais por questão da parte II podem ser consultadas no anexo 5.

Modalidades de concurso por tipologia de atividade