• Nenhum resultado encontrado

Texto base 11

No documento DIVERSIDADE DOS SERES VIVOS (páginas 161-165)

ORIGEM DA CÉLULA EUCARIONTE

A diversidade da vida pode ser aquela observada em diferentes níveis de organização biológica – moléculas (genes, proteínas), células, tecidos, órgãos, sistemas, indivíduos, populações, comunidades e ecossistemas. Edward Wilson afirma, no seu livro A criação – como salvar a vida na Terra, que a tarefa da Biologia é descrever e organizar a diversidade e compreender sua origem. Veja que, se associarmos os verbos acima (descrever, organizar e compreender) com os níveis de organização des-tacados, teremos sintetizado o campo de atuação da Biologia. Assim, é possível perceber que o tema da diversidade é bastante amplo e agrega diversos conteúdos, sendo um desafio para o ensino na Educação Básica.

Para os ecólogos, por exemplo, a diversidade tem sentido mais res-trito. Na Ecologia, o número de espécies de uma comunidade é o que se chama de riqueza, enquanto diversidade leva em conta o número de es-pécies (riqueza) e a abundância de cada uma delas em uma comunidade, ou seja, a quantidade de indivíduos de cada espécie. No entanto, o uso cotidiano da palavra diversidade tem se restringido à riqueza, ou seja, ao número de espécies de uma determinada comunidade.

Outra abordagem da biodiversidade que faz parte do meio acadêmico é a discussão de “quantas e quais mudanças genéticas são necessárias à formação de espécies a partir de um ancestral”. Esse é um tema muito debatido pelos especialistas, mas tal assunto, acreditamos, foge ao escopo do Ensino Médio.

Portanto, uma questão importante é associar diferentes níveis de di-versidade: a diversidade no nível genético com a diversidade das espécies. A diversidade de espécies, por si só, é um tema bastante debatido entre os biólogos. No contexto do ensino básico, acreditamos que seja muito importante discutir com os alunos as seguintes perguntas:

• Como essa biodiversidade se distribui entre os diferentes grupos de seres vivos?;

• Como essa biodiversidade se distribui no planeta?; • Como essa biodiversidade evoluiu ao longo do tempo?; e • Como a espécie humana se relaciona com essa biodiversidade?

Veja um possível caso de especiação vegetal que relacio-na bem a diversida-de genética com a formação de novas espécies no texto “A especiação em tempo real”, dis-ponível em http:// cienciahoje.org. br/a-especiacao--em-tempo-real/. Foi acessado em 14 ago. 2018. Sugerimos a leitura do artigo que trata da especiação

alo-pátrica, publicado na revista Ciência

Hoje: “Quase uma

nova espécie”, dis-ponível em: http:// cienciahoje.org.br/ ate-que-os-andes--os-separem/. Foi acessado em 14 ago. 2018. Sugerimos que assista ao filme A biodiversidade na floresta tropical, da série Aventura Visual Documentá-rios. O vídeo tem 28

minutos e dá uma ideia da imensa diversidade bioló-gica presente nas florestas tropicais de todo o mundo. Disponível em: http://www. youtube.com/ h?v=zFYPlnmoAa0. Acessado em 14 ago. 2018.

Então, vamos a elas...

Em 2010, na revista Science, Robert May, importante ecólogo austra-liano, criou a seguinte cena para reflexão do problema da estimativa da diversidade biológica em nosso planeta:

“Se alguma versão de Alienígena da nave estelar Enterprise visitasse a Terra, qual seria a primeira pergunta dos visitantes? Eu acho que seria: “Quan-tas formas distin“Quan-tas de vida – espécies – possui o seu planeta? De forma constrangedora, o nosso melhor palpite seria na faixa de 5 a 10 milhões de eucariotos (esqueçam os vírus e bactérias), mas nós poderíamos defender números superiores a 100 milhões, ou tão baixos quanto 3 milhões”.

Uma estimativa atual do número de espécies em nosso planeta foi publicada no ano passado na revista PlosBiology e envolveu uma rede de pesquisadores de mais de 80 países. O total de espécies de eucario-tos estimado chegaria a 8,7 milhões (margem de erro de 1,3 milhão); aproximadamente 2,2 milhões seriam espécies marinhas. Os resultados sugerem que 86% das espécies na Terra e 91% das espécies nos oceanos ainda aguardam descrição.

Segundo Camilo Mora, da Universidade do Havaí, um dos auto-res desse estudo, “a questão de quantas espécies existem tem intrigado cientistas há séculos, e a resposta, somada a pesquisas em distribuição e abundância de espécies, é particularmente importante neste momento, uma vez que diversas atividades e influências humanas estão acelerando as taxas de extinção”. No entanto, “muitas espécies podem desaparecer antes mesmo que saibamos de sua existência, de seu nicho particular ou de sua função em ecossistemas”.

Os números das diversas pesquisas, no entanto, oscilam entre 5 e 30 milhões, mas apenas cerca de 1,8 milhão delas já foram descritas. Segun-do registros fósseis, calcula-se que o número de espécies extintas seja 100 vezes maior que o das espécies vivas.

A distribuição das espécies conhecidas e viventes pelos diferentes grupos taxonômicos de seres vivos pode ser observada na tabela a seguir.

Para saber mais sobre os resultados desse estudo com relação à estima-tiva do número de espécies, sugeri-mos a leitura da reportagem: “Cien-tistas calculam quantas espécies existem”, disponível em: http://agencia. fapesp.br/cien- tistas-calculam- -quantas-especies--existem /14383/, acessada em 14 ago. 2018.

Tabela 1: Número de espécies conhecidas e viventes por grupos de seres vivos.

Categoria Número de espécies Vertebrados Mamíferos 5.490 Aves 9.998 Répteis 9.084w Anfíbios 6.433 Peixes 31.300 Total 62.305 Invertebrados Insetos 1.000.000 Aranhas e escorpiões 102.248 Moluscos 85.000 Crustáceos 47.000 Corais 2.175 Outros 68.827 Total 1.305.250 Plantas Angiospermas 281.821 Pinheiros (gimnospermas) 1.021 Samambaias (pteridófitas) 12.000 Musgos (briófitas) 16.236 Total 311.078 Outros

Algas vermelhas e pardas 10.134

Liquens 17.000

Fungos 31.496

Algas pardas 3.067

Total 61.697

TOTAL DE ESPÉCIES 1.740.330

Fonte: União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

Para perceber como essa estimativa da diversidade microbiana está mudando, veja a reportagem da revista Ciência Hoje: “As bactérias de sua pele”, disponível em: http://cienciahoje. org.br/as-bacterias--da-sua-pele/, com acesso em 14 ago. 2018. Trata-se de uma pesquisa que detec-tou, por meio de técnicas de sequen-ciamento do DNA, bactérias de 205 gêneros diferentes, pertencentes a 19 filos na pele huma-na. Os métodos tradicionais usados até então, basea-dos no cultivo de amostras

microbia-nas em laboratório, tinham resultados bem mais modes-tos: a nossa pele seria dominada por bactérias do gênero

Staphylococcus,

com pouca varia-ção adicional.

Até 2007, havia cerca de 5.300 espécies de procariontes descritos (bactérias e arqueobactérias). Estima-se, no entanto, que isso correspon-da a 1% do número de espécies existentes. Logo, se essa estimativa estiver correta, existem 530.000 espécies de procariontes. Acreditamos que esse número pode crescer muito com o avanço de diferentes métodos que avaliam a diversidade de microrganismos.

Sugerimos que assista ao vídeo

Mundo Invisível

para que esse tema seja debatido com as suas turmas. Nele podemos ter a dimensão da diversidade de bac-térias e algumas aplicações práticas que vêm sendo desenvolvidas com elas. Como dura apenas 6 minutos e 20 segundos, você pode usar em sala para despertar os alunos para a diversidade dos microrganismos. Disponível em: http://www.youtu-be.com/watch?v=I 82Lr6Fx8hE&featu re=related. Acesso em 14 ago. 2018.

No documento DIVERSIDADE DOS SERES VIVOS (páginas 161-165)