• Nenhum resultado encontrado

2. REVISÃO DE LITERATURA 1 Características do sêmen de

2.2.2. Tipo de coleta do sêmen

A coleta do sêmen dos equídeos pode ser realizada utilizando-se diferentes modelos de vaginas artificiais fechadas, projetadas para a coleta do ejaculado total, ou utilizando modelos abertos, quando se pretende realizar a coleta fracionada do sêmen, tornando possível o descarte da fração pré-espermática, que contém grande quantidade de bactérias. Salienta-se, ainda, ser este tipo de coleta do sêmen mais higiênica, além de possibilitar o descarte, também, da fração gelatinosa (Love, 1992; Sieme et al., 2004). Independentemente do tipo de vagina artificial utilizada, esta deve

propiciar pressão e temperatura adequadas para se realizar uma boa coleta. A temperatura ideal é de 42 a 45ºC no interior da vagina artificial, com uma pressão de, aproximadamente, 66 mm/Hg no momento da coleta do sêmen (Tischner e Kosiniak, 1992). O procedimento de coleta do sêmen parece estar entre os principais fatores capazes de influenciar a sensibilidade do sêmen equino ao resfriamento e armazenamento, visto que este pode afetar a composição do plasma seminal e a concentração espermática (Aurich, 2008). O aumento no número de montas por ejaculado e no tempo necessário até a ejaculação resulta em aumento no volume e número de espermatozoides totais e redução da concentração espermática por mL do ejaculado . Portanto, a coleta deve ser realizada de maneira a obter-se ejaculação completa com uma única monta e mínima estimulação sexual do garanhão, visando-se a obtenção de um ejaculado com volume relativamente baixo e alta concentração espermática (Loomis, 2006).

A utilização da coleta fracionada do sêmen tem sido um dos métodos de concentração do sêmen, ao lado da centrifugação e da utilização de filtros apropriados. Além disto, visa à redução dos efeitos deletérios exercidos pelo plasma seminal às células espermáticas durante o armazenamento do mesmo. Assim, Sieme et al (2004), ao compararem a coleta fracionada com a coleta total em garanhões, observaram que a fração rica em espermatozoides representou 45,3% do volume total, embora respondesse por 73,2% dos espermatozoides totais do ejaculado.

31 Em jumentos, Mello (1998), observou

até 94% dos espermatozóides totais em 57,6% do volume na fração rica do ejaculado. Além disto, Tischner e Kosiniak (1992), relataram que 41% dos ejaculados coletados de maneira fracionada, utilizando vagina artificial aberta, apresentaram-se livres de bactérias.

Ainda, Sieme et al. (2004) observaram que a coleta da fração rica, associada à centrifugação do sêmen de equinos respondeu por uma maior motilidade progressiva e integridade das membranas espermáticas após o descongelamento, quando comparada à utilização da fração rica não centrifugada, bem como à centrifugação do ejaculado total. Entretanto, Mello (1998), não obteve vantagens quando da diluição da fração rica em espermatozóides em relação ao ejaculado completo, no que se refere à manutenção das características físicas do sêmen durante o resfriamento.

Ao comparar os espermatozoides oriundos do ejaculado total centrifugado ou não aos oriundos da fração rica, quanto à longevidade, Dalmau (2003) observou maior viabilidade das amostras armazenadas sem o plasma seminal. Entretanto, uma motilidade progressiva igual ou superior a 30% foi mantida por 37,05 horas quando o sêmen foi centrifugado, por 27,90 horas quando da utilização da fração rica em espermatozóides e por 22,30 horas quando utilizou-se o ejaculado total. 2.2.3. Frequência de coletas

Para uma máxima eficiência reprodutiva, os garanhões devem ser

manejados de maneira a manter comportamento sexual normal e boa libido, permitindo coletas de sêmen de boa qualidade, através de métodos adequados e a intervalos e frequências ideais. É comum, em programas de inseminação artificial, a realização de coletas de sêmen em dias alternados; entretanto, regimes de coleta diários são frequentes quando se trata de garanhões muito requisitados (Pickett et al., 1975). Gastal et al (1997) ao realizarem coletas duplas semanais com intervalo de quatro horas entre estas, em jumentos durante 12 meses, observaram diferença apenas no número de espermatozóides totais entre as coletas duplas consecutivas, que variou de 10,6 bilhões de células no primeiro ejaculado para 5,8 bilhões no segundo. Neste mesmo estudo, quando os parâmetros foram comparados em relação aos diferentes meses do ano, observou-se, apenas, uma variação do pH do sêmen, que apresentou-se inferior durante os meses do verão.

Em um estudo realizado por Pickett et al. (1970) quando cinco garanhões foram, similarmente ao trabalho mencionado anteriormente, submetidos a um regime de coletas duplas de sêmen por semana, a intervalos de quatro horas durante 12 meses, observou-se diferenças entre o primeiro e o segundo ejaculados, assim como entre os diferentes meses do ano. A concentração espermática no primeiro ejaculado foi de 437,8 milhões de células/mL, sendo de 211,9 milhões na segunda coleta. O número total de espermatozoides foi de 9365,1 e 4659,3 milhões de células, respectivamente, para o primeiro e segundo ejaculados.

32 No que se refere ao pH do sêmen, foi

inferior no primeiro ejaculado (7,43 e 7,60, respectivamente). Já o número de montas por ejaculado e o tempo de reação foram menores durante a segunda coleta.

Ao compararem dois diferentes regimes de coletas, sendo duas coletas com intervalo de uma hora entre elas, em dias alternados, ou uma coleta diária, durante três meses, Sieme et al (2004) observaram que o primeiro ejaculado do regime em dias alternados diferiu do sêmen coletado diariamente quanto à concentração espermática (178 e 147 milhões de espermatozoides/mL, respectivamente), motilidade progressiva após armazenamento a 5ºC por 24 horas (51,9 e 43,8%, respectivamente), bem como ao percentual de defeitos de peça intermediária (1,7 e 3,3%, respectivamente).

Em um estudo retrospectivo utilizando dados de 71 garanhões coletados em centrais de inseminação artificial, Sieme et al. (2004) relataram, ainda, uma maior taxa de nascimento associada a garanhões submetidos a uma maior frequência de coletas, ou seja, igual ou maior a uma coleta de sêmen por dia quando comparados àqueles submetidos a uma frequência menor ou igual a 0,5 e de 0,5 a uma coleta por dia durante a estação reprodutiva (70,6, 55,6 e 60,9, respectivamente). Quanto ao intervalo entre coletas, os garanhões coletados a intervalos de 0,5 a um dia apresentaram maior taxa de nascimento (77,4%), quando comparados aos demais grupos: um a 1,5 dias (61,1%), 1,5 a dois dias (66,8%), dois a 2,5 dias (62,4%) e maior que 2,5 dias (52,8%). Entretanto,

a idade dos garanhões e o número de éguas inseminadas por reprodutor, exerceram efeito significativo sobre as taxas de concepção e nascimento. 2.2.4. Tempo para a diluição do sêmen

Os espermatozóides dos equinos tendem a se agrupar ou aglutinar no sêmen fresco; desta forma, o sêmen deve ser diluído o mais rápido possível após a coleta, especialmente os ejaculados contendo um grande número de espermatozóides por mL (Pickett e Amann, 1987). A rápida diluição do sêmen não visa apenas à inibição da aglutinação, mas também à redução dos efeitos deletérios causados pela exposição prolongada aos componentes do plasma seminal, de forma a proporcionar uma maior sobrevivência espermática (Loomis, 2006).

A diluição do sêmen deve ocorrer o mais rapidamente possível após a coleta, principalmente, quando se trata de ejaculados contendo alta concentração espermática e baixo volume de sêmen, a fim de reduzir-se o acúmulo de subprodutos tóxicos do metabolismo espermático (Pickett e Amann, 1987). O tempo decorrido entre a coleta e a diluição é citado em alguns trabalhos como sendo de até três minutos (Douglas-Hamilton et al, 1984) e de dois a cinco minutos (Brinsko e Varner, 1992). Já em estudo realizado por Palmer (1984), quando avaliou-se a sobrevivência espermática de 36 ejaculados diluídos em até dois ou dez minutos após a coleta, observou-se uma superioridade do sêmen diluído em até dois minutos após a ejaculação, que não diferiu, entretanto, da sobrevivência

33 espermática observada no sêmen diluído

no momento da ejaculação, com o diluidor sendo colocado no recipiente de coleta do sêmen.

2.2.5. Diluidores utilizados para o