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3. METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo é do tipo empírico, valendo-se de um arcabouço teórico para o norteamento da pesquisa. Caracteriza-se também, como um estudo exploratório-descritivo, exploratório pois pretendeu-se não apenas configurar e diagnosticar as condições de trabalho dentro das empresas pesquisadas e também relacioná-lo com as novas formas de flexibilização da produção e do trabalho, mas explorar novas perspectivas existentes. E será descritivo, pois de acordo com Triviños (1987), pretendeu descrever as características do fenômeno.

A abordagem qualitativa possibilitou uma análise mais profunda do tema, sendo que este tipo de abordagem é mais compatível com o estudo de casos e com a técnica de coleta de dados utilizada neste estudo, as entrevistas semi-estruturadas.

3.1.1 Definição das categorias analíticas e questões de pesquisa

Neste estudo foram selecionadas três categorias analíticas que irão sustentar a pesquisa: flexibilização da produção, flexibilização do trabalho e relações de trabalho.

a) Flexibilização da Produção: o sentido de flexibilização da produção para este estudo

estaria relacionada à sua capacidade de assumir ou transitar entre diferentes estados dentro de um sistema produtivo, sem deterioração de custos de forma significativa, de qualidade e tempo, em que a empresa opera com estratégias em contexto de produto, processo e mercado. A flexibilidade é também definida como a aptidão de qualquer sistema ou subsistema de reagir às adversidades e perturbações do meio ambiente e ainda, a flexibilidade é justificada pela necessidade das firmas adaptarem-se às constantes e inesperadas mudanças do sistema sócio-econômico, sendo também uma forma das empresas ampliarem sua capacidade de transitar e assumir diferentes estados de um sistema produtivo. (BOYER apud KOROSUE 1999; BRESCIANI, 1990). Além disto a flexibilização da produção traz consigo a mudança

nas tecnologias de produção e nas formas de organização do trabalho, que determinam novos arranjos entre capital-trabalho.

Dentro da categoria de pesquisa flexibilização da produção serão incluídos alguns aspectos a serem analisados no estudo de caso, entre eles estão as indagações quanto às modificações: na divisão do trabalho, no ritmo e intensidade do trabalho, no conteúdo do trabalho, autonomia no trabalho e as melhorias que aconteceram no trabalho, quanto ao ambiente físico, ambiente psicológico, social e econômico.

b) Flexibilização do Trabalho: nesta pesquisa a flexibilidade do trabalho é concretizada em

meio a concepções e práticas de organização e gestão da produção, também pela legislação trabalhista, sindical e social, condicionantes econômicas, tecnológicas, sócio-culturais e políticas, imposta pela lógica competitiva. Esta também pode ser concebida como uma possibilidade das empresas contarem com mecanismos jurídicos para adaptarem sua produção, emprego e condições de trabalho diante das flutuações rápidas do sistema econômico, das inovações tecnológicas e outros, que demandam ajustes com certa rapidez (BRESCIANI, 1990; SIQUEIRA NETO, 1997). Estas formas flexíveis do trabalho estão relacionadas às terceirizações, subcontratações, trabalho temporário, banco de horas, utilização de serviços de cooperativas de trabalho, entre outras formas.

Dentro da categoria de pesquisa flexibilização do trabalho serão incluídos alguns aspectos a serem analisados no estudo de caso, entre eles estão as indagações quanto às modificações: no trabalho terceirizado ou subcontratado, as melhorias do trabalho formal em termos de remuneração, benefícios, entre outros; o banco de horas; vantagens e desvantagens da flexibilização do trabalho; qualificação do trabalhador; e os critérios de promoção e seleção entre outros.

c) Relações e condições de Trabalho: neste estudo as relações do trabalho constituem uma

forma de relacionamento entre dois agentes sociais, de papéis opostos, porém complementares no processo de produção econômica, sendo eles: os trabalhadores, que detêm a força de trabalho, que transformam as matérias-primas em objetos socialmente úteis, e que levam o seu valor de uso adicionado; além dos empregadores, aqueles que detém os meios de produção, ou os meios para realização deste processo. As relações de trabalho, acima de tudo, “... são

determinadas pelas características das relações sociais, econômicas e políticas da sociedade abrangente”(FISCHER, 1987, p. 19). Enfatizando que as condições de trabalho, envolvem

não somente o ambiente físico, mas também o bem estar do trabalhador no meio social e familiar, através da possibilidade deste participar efetivamente na sociedade.

Dentro destas categorias de pesquisa relações e condições de trabalho serão incluídos alguns aspectos a serem analisados no estudo de caso, entre eles estão as indagações quanto às modificações: nas relações interpessoais, na participação do trabalhador e autonomia do trabalhador; nas condições de ambiente físico, melhorias do ambiente físico; social, benefícios sociais; psicológico, participação e econômico, melhoria na remuneração.

A questão central identificada como problema de pesquisa desta dissertação é: quais

são os reflexos da flexibilização da produção sobre as relações e condições de trabalho?

As demais questões de pesquisa que contribuíram para esclarecer a questão central deste estudo são:

1. Quais os motivos que levaram a empresa introduzir formas flexíveis de produção?

2. Quais as transformações que ocorreram no conteúdo do trabalho (a divisão do trabalho, o ritmo, intensidade, o controle, etc.) com a flexibilização? Quais os principais obstáculos enfrentados neste processo?

3. Quais os tipos de flexibilização da produção que a empresa vem adotando? (células de manufatura, flexibilidade de processo e produto, fabricação conforme a necessidade de cada cliente/customização, diferenciação do produto).

4. Quais os motivos que levaram a empresa flexibilizar sua mão-de-obra (através de subcontratação, banco de horas, terceirização, ou outras formas)? Por que?

5. Quais os setores ou etapas do processo produtivo que a empresa utiliza este tipo de mão- de-obra flexível?

6. A adoção das formas flexíveis de produção e do trabalho geraram algumas modificações nas condições e relações de trabalho? Quais são as modificações?

3.1.2 Trajetória da pesquisa de campo

Junho de 2001 Julho de 2001 Agosto de 2001

Setembro de 2001 Agosto de 2001

Outubro de 2001 Novembro de 2001 Dezembro de 2001

Março de 2002 Janeiro e Fevereiro de 2002 Contato com a primeira

empresa.

Primeiro contato com a gerência de RH da empresa Alfa.

Envio do instrumento de coleta de dados para liberação da pesquisa na empresa Alfa; contato com o SENAI de Brusque.

Retorno à empresa Alfa para realização das entrevista com os gerentes de produção e trabalhadores.

Visita à empresa Delta, e realização das entrevistas. Retorno a empresa Alfa para término das entrevista.

Término das entrevistas na Empresa Delta; transcrição das entrevistas Término da transcrição das entrevistas e análise

das Entrevistas. Entrevista com os sindicato.

Defesa da

Dissertação Correções e Preparação para a Defesa da Dissertação

Elaboração da Dissertação

Fonte: elaboração da autora.

Em junho e julho de 2001 foi realizado o primeiro contato junto ao departamento de recursos humanos da primeira empresa (Alfa) pesquisada. Em agosto de 2001, foi enviado o instrumento de coleta de dados para que houvesse a liberação da pesquisa na empresa Alfa.

Neste mesmo mês foi realizado contato com o SENAI de Brusque-SC. Ainda no mês de agosto houve o retorno à empresa Alfa para a realização das entrevista com os gerentes de produção e trabalhadores.

No mês de setembro de 2001 realizou-se a primeira visita à empresa Delta, e a realização também das entrevistas. Houve o retorno à empresa Alfa para término das entrevista no chão-de-fábrica. Em outubro de 2001 houve o término das entrevistas na Empresa Delta. A partir daí a pesquisadora passou a dedicar-se às transcrições das fitas cassetes que foram utilizadas nas entrevistas

No mês de novembro a pesquisadora terminou as transcrições das entrevistas e realizou as entrevistas com o sindicato. Em dezembro de 2001 foi realizada a análise das entrevistas e a elaboração da dissertação. Em janeiro e fevereiro de 2002 foram feitas as correções para a defesa e em março de 2002 a apresentação e defesa da dissertação.

3.1.3 Participantes da pesquisa

Os participantes da pesquisa foram os integrantes das empresas Alfa e Delta, reunidos em categorias hierárquicas: grupo de gerentes, grupo de supervisores e grupo de trabalhadores. A seleção dos entrevistados foi conduzida através da técnica de amostragem intencional: a gerência e supervisores pelo cargo que ocupavam e os trabalhadores, sendo que se buscou selecionar aqueles que tinham maior tempo de empresa, uma vez que o processo de introdução de novas tecnologias e inovações sócio-organizacionais geralmente ocorrem gradualmente dentro das empresas. A pesquisadora não teve acesso aos trabalhadores do terceiro turno da empresa Alfa, dada a não permissão para entrar na empresa no período noturno. Também buscou-se ouvir a representação sindical dos trabalhadores.

Quadro I: Estudo Comparativo de Casos: entrevista realizadas

Caso Empresa Entrevistas

Empresa Gerentes Supervisores Trabalhadores Cargos Adm. Total

Alfa 04 11 17 02 34

Delta 02 02 06 02 12

Total 06 14 24 04 46

Fonte: Pesquisa de campo

Conforme o quadro acima foram realizadas entrevistas em duas empresas, sendo entrevistados quatro gerentes, 11 supervisores, 17 trabalhadores e dois trabalhadores auxiliares administrativos, no total 34 entrevistas foram realizadas na empresa Alfa que possui aproximadamente 700 funcionários. Na pequena empresa, Delta, foram realizadas entrevistas com dois gerentes, dois supervisores, seis trabalhadores e dois auxiliares administrativos, e portanto no total foram realizadas 12 entrevistas, esta empresa possui 55 trabalhadores.

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