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Tipo de denúncias (interna, externa ou ambas) envolvido no mecanismo de whistleblowing.

Apesar de se ter verificado na revisão bibliográfica que o mecanismo de whistleblowing envolve tanto denúncias internas como externas, o objetivo foi analisar na opinião dessas empresas, qual o tipo de denúncias, essencialmente, envolvido no mecanismo de whistleblowing.

A Figura 3.15 apresenta as respostas obtidas.

42,9% 14,3% 42,9% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Tipo de denúncia Denúnicas internas Denúncias externas Ambas

Figura 3.15. Tipo de denúncias envolvido no mecanismo de whistleblowing.

A Figura 3.15. indica que a percentagem dos respondentes que escolheram a opção «denúncias internas», é igual àqueles que responderam a opção «ambas», sendo que apenas uma delas respondeu opção relativa a «denúncias externas».

Esta tendência de resposta, vai de encontro às opiniões dos vários autores analisados na revisão da literatura. Conforme observado, apesar de o mecanismo de whistleblowing envolver quer denúncias internas, quer externas, é preferível que se denuncie primeiramente às partes internas da organização, e só posteriormente em caso da não resolução do problema, denunciar externamente. Por outro lado, se na organização existir um departamento responsável por receber e tratar das denúncias, faz sentido que primeiramente se recorra a esse sistema no interior da organização oferendo-lhe a oportunidade para corrigir o problema.

83 4. Posição dos respondentes relativamente às denúncias aos meios de comunicação

social.

Na revisão da literatura, viu-se que a PIDA do RU é uma das leis que abarca a denúncia aos meios de comunicação social. Procurou-se saber qual a opinião dessas empresas relativamente a este tipo de denúncia. As respostas obtidas apresentam-se na Figura 3.16.

28.6% 71.4% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Concordo Discordo

Figura 3.16. Denúncias aos meios de comunicação social.

Conforme se observa na figura, 71,4% das empresas discordam com a denúncia aos meios de comunicação social, enquanto 28,6% consideram poder haver circunstâncias em que se justifica este tipo de procedimento.

É compreensível a posição dos respondentes, relativamente às denúncias aos meios de comunicação social. Conforme visto na revisão bibliográfica, este tipo de denúncia coloca muitas vezes em causa a motivação do denunciante. O objetivo desta questão não foi considerar a denúncia aos meios de comunicação social, como uma opção a priori para se efetuar denúncias, mas sim perceber se na opinião dessas empresas existem situações pontuais que justifiquem recorrer a este tipo de meios para efetuar denúncias. De acordo com as respostas apenas 2 empresas concordam com essa opção, sendo que as restantes 5 manifestam-se contra. O facto de a maioria dos respondentes discordar com a denúncia aos meios de comunicação social pode estar relacionado com o zelo das empresas pela sua continuidade, que por vezes pode ser posta em causa, em virtude de denúncias mais causticas e por vezes até infundadas. Aliás como visto na revisão da literatura, a denúncia ao exterior que venha a ser de conhecimento público (o que se verifica sempre no caso da denúncias aos meios de comunicação social) causa sempre prejuízo à empresa, no mínimo, o da má publicidade associada. É de referir no entanto que, ainda que visto como um último recurso a utilizar, podem existir situações em que é legítimo utilizar este meio para efetuar denúncias, principalmente quando está em causa perigos de vida ou do bem-estar social.

84 5. Posição dos respondentes, em relação à existência de um incentivo monetário

fornecido aos denunciantes.

Conforme visto na parte teórica, os EUA é um dos países que aposta fortemente na recompensa daqueles que denunciem irregularidades, dentro de determinados parâmetros. Sobre esta questão, a opinião dos nossos respondentes foi conforme os dados representados na Figura 3.17.

100%

Os colaboradores devem «falar», como parte da conduta do dia-a-dia de cada um deles e não deve existir nenhuma recompensa

Uma recompensa monetária pode revelar-se importante na medida em que pode traduzir-se num aumento das denúncias (0%).

Figura 3.17. Incentivo monetário fornecido aos denunciantes.

É interessante notar a unanimidade das empresas em discordarem com a atribuição de uma recompensa monetária ao denunciante, em virtude de este ter efetuado uma denúncia.

A questão da existência de recompensas monetárias fornecidas aos denunciantes também é uma das questões polémicas por muitas vezes se questionar sobre a motivação do denunciante. Os respondentes foram unânimes nas respostas. Conforme analisado, foi recentemente nos EUA, com a lei Dodd-Frank que se instituiu fornecer recompensas monetárias, dentro de certos parâmetros, aos denunciantes. Provavelmente para os respondentes, visualizando o mercado português, é uma questão que não se coloca. Mas tendo em conta, a maior economia mundial, como é o caso dos EUA, consegue-se perceber o porquê do estabelecimento desta medida. Como visto as duas maiores leis americanas que contemplam o mecanismo de whistleblowing – SOX e Dodd-Frank - surgiram em virtude de duas grandes crises que abalaram o mercado financeiro – a de 2002 e a de 2008 – com impacto a nível internacional. Talvez por isso, como forma de estimular as denúncias, estipularam esta medida, uma vez que em virtude de uma denúncia de fraude, é possível impedir ou recuperar perdas de montantes astronómicas, muito superiores aos montantes pagos aos denunciantes. Por outro lado, a continuidade dos denunciantes na organização é também muitas vezes posta em causa, o que inibe muitos potenciais denunciantes de

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divulgarem fraudes, sendo provável que a instituição de recompensas monetárias fornecida aos denunciantes pode servir de estímulo às denúncias.

6. Posição dos respondentes, relativamente a uma necessária obrigatoriedade por