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Capítulo II – Método

2.2. Tipo de Investigação

Ponderando-se sobre a temática em estudo, a pergunta de partida delineada e os objetivos propostos, considera-se relevante que a presente investigação adquira um carácter empírico, sendo realizada no âmbito do paradigma positivista. De acordo com Malhotra e Birks (2006), é possível identificar duas correntes de pensamento distintas: o positivismo e o interpretativismo.

O paradigma positivista defende que o conhecimento deverá ser científico, compreendendo, por conseguinte, a necessidade de identificar o modo mais eficaz e objetivo possível de recolher informação sobre a realidade em estudo, assim como a importância de o investigador se abstrair dos seus valores pessoais durante a recolha dos dados, conduzindo a investigação com base em proposições teoricamente estabelecidas, de forma a eliminar potenciais elementos com capacidade de enviesar o estudo. Com o objetivo de realizar uma investigação o mais objetiva possível, o investigador deverá utilizar uma linguagem que seja uniformemente reconhecida, frequentemente emergente da teoria existente, e que torna possível estabelecer comparações com os resultados obtidos sendo, por isso, de igual importância que estes sejam medidos de uma forma consistente. Esta corrente de pensamento procura estabelecer causalidade entre as variáveis em estudo auxiliando, deste modo, a explicação dos fenómenos e generalizando as conclusões obtidas à população, na medida em que, devido às suas elevadas dimensões, se torna impossível inquirir todos os elementos pertencentes a determinada população (Malhotra e Birks, 2006).

A corrente interpretativista distingue-se do paradigma positivista na medida em que enfatiza a natureza dinâmica, construída e evolutiva da realidade, reconhecendo que pode existir uma grande variedade de interpretações da realidade ou dos atos sociais, sendo os estudos realizados frequentemente afetados pelo investigador na medida em que os seus valores influenciam a forma como este questiona, explora e interpreta os dados recolhidos durante a investigação. Ao contrário da corrente positivista, onde a linguagem utilizada pelo investigador é uniformemente reconhecida, no interpretativismo a linguagem utilizada com os respondentes poderá divergir e modificar-se à medida que o investigador aprende mais sobre o tema e sobre a natureza dos respondentes. Um elemento fundamental neste paradigma é o desejo de generalizar os resultados obtidos a diferentes contextos como, por exemplo, alargar a aplicação das informações obtidas sobre um determinado grupo de consumidores a todos os consumidores independentemente do seu contexto, sendo este um tipo de pesquisa assente na utilização de estudos de caso e num método de pesquisa evolutivo, que se modifica e adapta às diferentes etapas da investigação, visando desenvolver e testar a força de uma teoria, fazendo uso do quadro teórico existente apenas como direção inicial, não desejando que a sua investigação seja restringida pelo conhecimento previamente existente (Malhotra e Birks, 2006).

Tendo em consideração as características dos dois paradigmas identificados por Malhotra e Birks (2006), é possível compreender que, tendo em conta a temática em estudo e a pergunta de partida assim como os objetivos traçados, o paradigma positivista se assume como o mais adequado à investigação a desenvolver.

No que se refere ao tipo de pesquisa a ser utilizada neste estudo, foram tidos em consideração os três tipos de pesquisa identificados por Gil (2002) – pesquisa exploratória, descritiva e explicativa -, com o objetivo de selecionar o tipo de pesquisa mais adequado às necessidades da investigação.

Uma vez que se pretende observar a relação existente entre a confiança e a intenção de compra online, procurando-se descrever a relação observada, compreendeu- se ser adequada a utilização de uma pesquisa de carácter descritivo na medida em que este tipo de pesquisa permite observar fenómenos, descrevendo-os e interpretando-os, expondo, deste modo, as características da população ou de determinado fenómeno. A pesquisa descritiva, contrariamente à pesquisa explicativa, não tem como objetivo explicar os fenómenos que descreve sendo que, apesar disso, a informação resultante da sua descrição poderá servir de base à sua explicação. Este é um tipo de pesquisa que, por oposição à pesquisa exploratória, é utilizado em investigações em que existe um sólido quadro teórico, como é o caso do presente estudo, e que se rege por procedimentos de pesquisa formais, sendo um processo planeado e estruturado, em que se procede à formulação prévia de questões de investigação e hipóteses de trabalho, sendo o inquérito por questionário o principal instrumento de recolha de dados. Tendo em consideração as suas características, a pesquisa descritiva afirma-se como a mais adequada à investigação proposta, em que se deseja a adoção de procedimentos de pesquisa formais que possibilitem descrever a relação existente entre a confiança e a intenção de compra online dos indivíduos.

Relativamente à recolha de dados, essencial à realização do presente estudo, foram consideradas metodologias de investigação quantitativas e qualitativas, de modo a selecionar a metodologia considerada mais adequada à resolução do problema de investigação proposto.

Considerando as especificidades dos métodos quantitativos e dos métodos qualitativos e ponderando as necessidades da investigação proposta, considerou-se adequada a utilização de uma metodologia quantitativa na medida em que esta possibilita

a medição e avaliação de variáveis comportamentais passíveis de serem medidas, comparadas e relacionadas durante o processo de investigação consistindo em testar, verificar e comprovar teorias e hipóteses, sendo o objetivo do estudo desenvolver generalizações que contribuam para aumentar o conhecimento e possibilitar prever e explicar fenómenos (Coutinho, 2013). Este é um método caracterizado por fazer uso da quantificação, tanto no que diz respeito à recolha de dados quanto ao seu tratamento, realizado com apoio da Estatística e/ou de outras técnicas matemáticas, constituindo-se como um método que possui como diferencial a intenção de garantir a precisão das investigações realizadas, conduzindo a resultados com um baixo grau de distorção. No seu âmbito, a recolha de dados é usualmente realizada através da aplicação de inquéritos por questionário e entrevistas, compreendendo variáveis distintas e relevantes para a pesquisa, sendo a apresentação dos dados realizada, de forma geral, através de tabelas e gráficos (Dalfovo, Lana e Silveira, 2008).

Na presente investigação é ainda adotado o método dedutivo, utilizado em estudos de carácter positivista e que compreende o processo através do qual o investigador identifica uma área de pesquisa no contexto de um quadro teórico estabelecido que é utilizado como elemento norteador da investigação, sendo elaboradas hipóteses de trabalho que o investigador verifica com recurso a dados recolhidos através de um instrumento de recolha de dados elaborado por si, permitindo que o investigador teste a sua teoria de acordo com a aceitação ou rejeição das hipóteses delineadas, sendo que, ao testar a sua teoria num novo contexto, o investigador procura contribuir para o desenvolvimento de conhecimento na área em estudo. É, deste modo, possível compreender que o processo dedutivo permite ao investigador alcançar conclusões tendo por base factos aceites e mensuráveis (Malhotra e Birks, 2006, Prodanov e Freitas, 2013). Compreendendo-se as características do método dedutivo assim como as particularidades da presente investigação, considera-se que este se constitui como o método mais adequado ao desenvolvimento do estudo proposto.

Deste modo, é possível concluir, de forma sucinta, que esta se trata de uma investigação inserida no paradigma positivista, realizada com recurso ao método dedutivo, sendo uma pesquisa de carácter descritivo, desenvolvida com recurso a uma metodologia quantitativa.

Tendo sido apresentada o tipo de investigação a realizar, considera-se pertinente proceder à apresentação do instrumento utilizado na recolha de dados.