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INTERVENÇÃO / AÇÃO PESQUISADA (THIOLLENT, 2002; TRIPP, 2005; ANDRÉ, 2009 )

Procedimentos de coleta de dados (CRESWELL, 2007).

• Observação livre • Entrevista semi-

estruturada • Documentos

ANÁLIDE CONTEÚDO (BARDIN, 2009).

Formas de registro

Gravação de áudio das entrevistas Caderno de bordo

141 A turma foi dividida em dois grupos focais com seis a oito componentes cada. Foram obsequiados mediante perguntas abertas que, por sua vez, constantes no roteiro de entrevista semi-estruturada. O registro dos dados obtidos nas entrevistas foi feito através da gravação direta de áudio, anotações em tempo real, seguido da transcrição das mesmas, para obter-se a reconstrução dos diálogos (LÜDKE & ANDRÉ, 2014). No que diz respeito ao processo de construção do roteiro de entrevista, foi observado se o instrumento é capaz de: identificar padrões simbólicos e práticas empregadas no universo estudado; identificar valores, concepções, ideias, referenciais simbólicos que organizam as relações no interior da sala de aula; compreender seus códigos e configurar algum nível de generalização no que diz respeito ao universo escolar (DUARTE, 2002, p. 144).

O roteiro de entrevista semi-estruturada foi validado de acordo com os procedimentos descritos por Virgínio & Nóbrega (2004), a partir do conceito da validade de conteúdo, tomando como base as descrições, sugestões e recomendações eleitas na literatura pertinente e conjuntamente com o procedimento descrito a seguir, o que gerou propostas de modificações necessárias e relativas ao contexto específico.

O roteiro de entrevista foi devidamente validado junto a professores da UFBA, em procedimento prévio à aplicação do mesmo junto aos alunos. A validação do instrumento de coleta de dados foi realizada através da técnica de grupo focal, com a formação de um grupo professores-pesquisadores (aqui chamados de professores-validadores) com reconhecida expertise em investigação qualitativa, que examinarão o conteúdo do instrumento, julgando se o conjunto de itens constantes no roteiro de entrevista é abrangente e representativo dos objetivos da pesquisa e se está relacionado com o que se pretende avaliar. A seleção dos professores foi do tipo intencional, e os critérios para inclusão foram: ter experiência de no mínimo quatro anos com pesquisas qualitativas viabilizadas por entrevistas e análise de conteúdo; além de aceitarem voluntariamente participar do estudo, por escrito. Ao final, foi definida a composição do grupo focal: participaram 08 professores que atenderam aos critérios de inclusão estabelecidos, após explanação sobre a natureza do estudo e a metodologia utilizada para sua realização, com assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Resolução 510/16 do CNS do Ministério da Saúde).

Através da análise realizada pelos professores, foi estabelecido um consenso quanto ao acréscimo, retirada ou modificação dos itens. No total, foram realizadas três fases. Na primeira fase, o instrumento a ser validado foi enviado via e-mail para os professores, para que tivessem um contato inicial com o mesmo. As primeiras críticas já puderam ser enviadas

142 também via e-mail. A primeira fase gerou a primeira versão modificada do instrumento. Na segunda fase, o roteiro de entrevista, já parcialmente alterados pelos professores-validadores, foi aplicado individualmente, de acordo com suas respectivas disponibilidades de horário, com o objetivo de avaliar as condições para sua operacionalização, se o instrumento é adequado e confluente com os objetivos da pesquisa, e quais as mudanças necessárias para aperfeiçoá-lo. Esta fase serviu também com um piloto do instrumento, já que foram, de fato, realizadas entrevistas que serviram para aprimoramento do próprio instrumento: “esse teste é importante para estabelecer a validade de conteúdo de um instrumento e para melhorar questões, formato e escalas (CRESWELL, 2007, p. 166)”.

Após cada reunião ocorrente na segunda fase, o pesquisador realizou escuta das gravações, transcrição do conteúdo gravado, leitura dos registros e elaboração de resumo do assunto debatido. A partir dos registros e dos dados transcritos, foram realizadas também, a cada sessão, as modificações do instrumento de acordo com o conteúdo debatido e a elaboração da parte correlacionada do roteiro instrucional.

Logo após a segunda fase, o pesquisador submeteu o texto transcrito das entrevistas à análise de conteúdo, o que permitiu uma avaliação prévia sobre a efetividade do instrumento em gerar informações úteis e relacionadas com os objetivos da pesquisa; ou seja, conteúdos dos quais seja possível extrair as categorias esperadas; além de detectar novas categorias emergentes. Na terceira e última fase ocorreu a elaboração da versão final do instrumento e do roteiro instrucional junto aos professores-validadores. Nesta oportunidade o pesquisador manteve um diálogo com os mesmos, apresentando os resultados da análise, anotando novas propostas de melhorias e correções.

A práxis de ensino (sequencia didática), com seu planejamento e estruturação foi concebida pelo pesquisador com colaboração do docente da disciplina. A práxis focou na identificação e compreensão das ideologias historicamente construídas pelos estudantes, as quais foram analisadas por meio de inferências emergentes da análise de conteúdo das mensagens contidas nas entrevistas realizadas nas semanas iniciais da disciplina.

A entrevista semi-estruturada foi realizada durante as três primeiras semanas de aula, mas o procedimento de observação foi efetivado ao longo de toda a duração da disciplina. Durante a implementação da práxis e durante todo o restante da disciplina foram utilizados os seguintes procedimentos de coleta de dados: conversa casual, observação livre, observação sistemática e análise de documentos. Os dados foram registrados por meio de anotações em

143 caderno de bordo. Um estudo dirigido com questões dissertativas, resenha sobre filmes e sobre textos foram objeto de análise documental (CRESWELL, 2012). Estes procedimentos foram empregados com o intuito de descrever todo o andamento da disciplina e de avaliar o comportamento e o discurso dos estudantes durante a implementação da práxis pedagógica.

5.4 Análise dos dados

A análise dos dados foi realizada mediante elementos da técnica de análise de conteúdos. A análise de conteúdo foi empregada tanto na análise dos textos gerados nas entrevistas, quanto dos documentos dissertativos produzidos pelos alunos durante as aulas. Segundo Lüdke & André (1986), a análise de conteúdos é considerada um método de investigação do conteúdo simbólico das mensagens, permitindo a realização de inferências dos dados em função do seu contexto. De acordo com Bardin (2009, p. 40) “a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo de mensagens”. A análise de conteúdo tem o potencial de gerar uma compreensão da forma como as pessoas categorizam e atribuem conceitos a estas categorias. Isto é, buscou-se compreender o comportamento humano, a natureza dos conceitos que as pessoas formulam e como estes são organizados em sua relação com o mundo com o qual está continuamente em interação. O desvelamento dos significados contextuais dos conteúdos do diálogo é outra característica deste tipo de análise (MINAYO, 2007), atributo indicado a uma análise dirigida, utilizada pela presente pesquisa, já que esta se caracterizou por um aspecto prospectivo, exploratório e interventivo. A análise dirigida buscou explorar as características do conteúdo das mensagens, reconhecer as nuances e as diferentes direções do conteúdo, comparar temas, discursos, slogans ou mesmo a evolução dos textos de um autor (FREITAS; CUNHA JÚNIOR; MOSCAROLA, 1997).

Segundo Bardin (2009), o investigador deve realizar inferências e deduções lógicas referentes a condições de produção daqueles conteúdos analisados. A autora assinala ainda que, ao realizar as inferências, deve-se atentar para as causas que levaram a emissão de um dado enunciado e para as consequências que este mesmo enunciado poderá provocar. Na presente tese, as inferências foram realizadas de forma independente da frequência das emissões vocais, concentrando-se apenas no processo de interpretação dos significados destas emissões. A unidade de análise não foi fixada previamente, o pesquisador optou por analisar trechos do discurso dos estudantes que se apresentaram como unidades que contemplavam

144 ideias (ideologias) que faziam sentido no contexto de elaboração da fala. Como a teoria da ideologia embasou transversalmente esta pesquisa, não foi realizada a tradicional categorização. Procedeu-se a análise do conteúdo ideológico das falas em relação à ação social presumida dos entrevistados, pois se assumiu que ideologias são conjuntos de ideias que dão sentido à prática social e que são por ela moldadas.

A análise de conteúdo também foi utilizada para deduzir e inferir sobre o conteúdo dos documentos produzidos pelos estudantes (resenhas, trabalhos, resumos). As anotações realizadas a partir da conversa casual, observação livre, observação sistemática serviram para enriquecer a descrição dos processos interativos (didáticos) que ocorreram na dinâmica entre professor e aluno.

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