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Segundo Nunnally e Bernstein (1994), um dos objetivos da ciência é estabelecer relações funcionais entre variáveis. A medição de variáveis deve ocorrer antes de estas inter-relações poderem ser avaliadas. A fim de tornar afirmações significativas sobre tais relacionamentos, é necessário recorrer a medidas que validam e medem os construtos de interesse, denominada de validade de construto. Além disso, a validade discriminante da medida deve ser avaliada, para determinar se a escala é diferente de outras escalas de medição relacionadas, mas, teoricamente, com construtos distintos (MALLARD; LANCE, 1998). Finalmente, a validade preditiva da escala deve ser estabelecida, e isto é conseguido pela utilização da escala para estimar o comportamento de um critério que é externo à medida (NUNNALLY; BERNSTEIN, 1994). Em última instância, a validade de medida do construto é estabelecida pela forma como a medida se encaixa em uma rede de relacionamentos esperados ou o que é chamado de uma rede nomológica vista na Figura 22. Existem inúmeras formas de avaliar tal validade, como expressa o Quadro 8, salientado por Rodrigues (2006):

Quadro 8 - Abordagens na Construção de Escalas

ABORDAGEM VANTAGENS DESVANTAGENS

Empírica Poder preditivo.Menores requisitos metodo- lógicos.

Maior esforço empírico (a- mostra e questionário) Incoerência lógica (difícil para intervenção).

Clássica

(TCT) Coerência teórica. Entendimento do processo. Procedimentos estabeleci- dos.

Moderadamente complexa. Requer maior robustez teóri- ca.

Contemporânea

(TRI) Coerência teórica e prediti-va. Entendimento do processo.

Elevada Complexidade. Procedimentos em constru- ção.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como fundamento para avaliar a validade da tradução conceitual para a versão operacional dos construtos do MEG (FNQ) adotados no PMQ, para avaliação do desempenho das empre- sas, será usada a abordagem clássica de construção de testes (TCT), em que as unidades de observação são as avaliações de diferentes juízes em relação aos critérios MEG das organiza- ções participantes.

Malhotra (2001) afirma que a pesquisa, quanto aos seus fins ou objetivos, pode ser classifica- da de forma mais ampla como exploratória ou conclusiva.

A pesquisa exploratória tem como principal objetivo possibilitar uma melhor compreensão do problema enfrentado pelo pesquisador, permitindo defini-lo com maior precisão, identificando cursos alternativos de ação, desenvolvendo hipóteses, isolando variáveis e relações-chave para exame posterior, obtendo critérios para desenvolver uma abordagem do problema ou estabelecer prioridades para pesquisas posteriores. Caracteriza-se também por uma maior fle- xibilidade, amostras pequenas e não representativas e dados qualitativos. Além disso, para o levantamento de informações, Lakatos e Marconi (2003) sugerem que os pesquisadores recor- ram a pesquisas documentais e bibliográficas com o objetivo de obter elementos prévios sobre o campo de interesse, identificando problemas e orientando-se para outras fontes de coleta de informações.

Já a pesquisa conclusiva deve testar hipóteses e examinar relações específicas. Para tanto, baseia-se em amostras grandes e representativas da população, e os dados obtidos são analisa- dos quantitativamente. Pela própria natureza das pesquisas conclusivas, as constatações pode- rão ser utilizadas para subsidiar decisões gerenciais.

Em adição, Siena (2007, p. 65), afirma que:

Em relação aos objetivos, as pesquisas podem ser classificadas como:

- Pesquisa Exploratória - o objetivo é obter maior familiaridade com o problema para torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Assumindo a forma de pesquisa bibliográfica ou estudo de caso, pode conter entrevistas, questionários, análise de exemplos, etc.;

- Pesquisa Descritiva - objetiva a descrição das características de certa população ou fenômeno ou estabelecer relações entre variáveis. Como forma de levantamento, exige o emprego de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionário e observação sistemática;

- Pesquisa Explicativa - visa explicar a razão dos fatos, por meio da identificação e analise as relações de causa-efeito dos fenômenos. Em geral,assumem as formas de pesquisa ex-post-facto e experimental.

Quanto à forma da abordagem do problema, a pesquisa pode ser qualitativa ou quantitativa, ou ainda um mix entre as duas categorias. A pesquisa qualitativa, conforme Goldemberg (2005), enfatiza o que há de particular em um fenômeno atentando para o significado da a- mostra pesquisada, e lida com um universo de significados, motivos e aspirações. Já a pesqui- sa quantitativa, de acordo com Vieira e Zouain (2004) Babbie (1999), apreende a parte con- creta e visível do problema, por meio de um levantamento de dados tipo survey ou pesquisa de dados secundários.

Em complemento, como afirmam Shaffer e Serlin (2004, p. 23):

Os métodos qualitativos e quantitativos são, em última análise, métodos para garantir a apresentação de uma amostra adequada. Ambos constituem tentativas para projetar um conjunto finito de informação para uma população mais ampla: uma população de indivíduos no caso do típico inquérito quantitativo, ou uma coleção de observações na análise qualitativa. [...] O objetivo em qualquer análise é adequar a técnica à inferência, a afirmação à comprovação. As questões que se colocam a um investigador são sempre: Que questões merecem ser levantadas nesta situação? Que dados poderão lançar luz sobre estas questões? E que métodos analíticos poderão garantir afirmações, baseadas em dados, sobre aquelas questões? Responder a estas questões é uma tarefa que envolve necessariamente uma profunda compreensão das potencialidades e limites de uma variedade de técnicas quantitativas e qualitativas.

uma pesquisa aplicada, com base de dados quantitativa bem definida, é pelo método hipotéti- co-dedutivo. É na descrição do método a ser utilizado na pesquisa que serão evidenciadas as regras e as respectivas orientações para que os objetivos propostos sejam obtidos. O método hipotético-dedutivo consiste no reconhecimento da existência de uma lacuna nos conhecimen- tos, formulando-se conjecturas ou hipóteses para tentar explicar o fenômeno. Pelo processo de inferência dedutiva, identificam-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas, en- quanto no método dedutivo se procura confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, evidências são buscadas para falseá-la (GIL, 2002).

Dessa forma, pelo fato de existirem inúmeras classificações de tipos de pesquisas, dependen- do do autor referenciado, faz-se necessário esclarecer que a classificação adotada para este trabalho é um mix que se caracteriza como pesquisa quantitativa conclusiva (com característi- cas descritivas, explicativas, e, considerando a característica ímpar de originalidade do mode- lo nomológico, também exploratória), com suporte no método hipotético-dedutivo.

As principais etapas no processo de realização da pesquisa são evidenciadas no fluxograma a seguir:

Fonte: Elaborado pelo Autor.

Buscando alcançar os objetivos da tese e avançar no conhecimento de modelos de referência, as cinco etapas do fluxo acima conduzem a conclusões confiáveis e sugestões de desdobra- mentos para trabalhos futuros. Dessa forma, podem-se distinguir dois níveis de contribuições genéricas, quanto à natureza da pesquisa empreendida: diretivas que podem modificar a pró- pria realidade e oferece soluções a problemas práticos; e diretivas que visam apenas a modifi- car o nível de conhecimento sobre a realidade, procurando documentar e explicar a prática existente dos modelos de referência e dos modelos de gestão das organizações. Afinal, esses modelos acontecem e são afetados por diferentes tipos de agentes.