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Capítulo 2 – Eventos

2.4. Tipologias dos Eventos

Os eventos apresentam um conjunto de tipologias existentes na literatura, sendo que as tipologias que serão apresentadas de seguida, foram selecionadas tendo em conta os principais autores que se debruçam sobre a temática em estudo.

Os eventos podem ser classificados de acordo com diferentes critérios, nomeadamente o seu tamanho e a sua forma. Allen, et. al. (2011) considera que os eventos podem abranger as seguintes tipologias: seminários, casamentos e eventos familiares, festivais ou mesmo espetáculos musicais.

Por outro lado, Jago & Shaw (1998) elaboraram um modelo de acordo com a dimensão e escala do evento. Desse modo, os eventos podem ser diferenciados por serem comuns (não planeados) e especiais (planeados). Os eventos especiais podem ser de pequena ou grande dimensão, sendo que os de grande dimensão subdividem-se entre eventos “hallmark” e “megaeventos”.

Figura 2: Tipologia dos Eventos

Fonte: adaptado de Jago & Shaw (1998)

A distinção entre eventos comuns e eventos especiais é feita tendo em conta que, os primeiros são caracterizados pelo seu cariz habitual e de reduzida projeção e, em contrapartida, os eventos especiais são menos frequentes, mas proporcionam uma experiência gratificante e de evasão aos participantes. São acontecimentos únicos, que permitem que toda a comunidade se sinta fora do seu ambiente habitual. Apesar disso, um evento realizado anualmente pode ser considerado especial, mas, com o decorrer do tempo passar a ser rotineiro (Jago & Shaw, 1998).

Os eventos de grande dimensão, são estritamente planeados, normalmente envolvendo a comunidade local e um conjunto de normas específicas. Ao contrário dos eventos de pequena dimensão, os grandes eventos geralmente têm um forte impacto, resultando em benefícios económicos, nomeadamente pela criação de emprego, sociais pelo sentimento de pertença das comunidades locais, culturais pelo intercâmbio cultural ou mesmo ambientais pelo desenvolvimento urbanístico (Getz,2008).

Apesar disso, os grandes eventos são esporádicos, mas com uma duração mais prolongada e com objetivos mais complexos relativamente aos eventos de pequena dimensão (Jago & Shaw, 1998).

Os grandes eventos podem subdividir-se entre eventos “hallmark” e megaeventos. No que concerne à sua distinção, pode-se afirmar que existe ainda uma falta de clareza acerca do significado real destes dois conceitos. Relativamente aos eventos “hallmark”, Ritchie (1984, p.2; citado por Getz, 2008, p.407) considera que são "eventos de grande dimensão e de duração limitada, desenvolvidos principalmente para aumentar a consciência, o apelo e a rentabilidade de um destino turístico".

Em contrapartida, Getz (2005, p.16, citado por Getz, 2008, p.407) refere-se a este conceito de uma maneira mais relacionada com a imagem de marca dos destinos turísticos: "eventos ‘hallmark’ são descritos como eventos que possuem tal significado, em termos de tradição, atratividade, qualidade ou publicidade que oferecem o local de acolhimento, a comunidade e uma vantagem competitiva para os destinos.”

No que toca aos megaeventos, estes são considerados bastante importantes quer a nível de tamanho, quer pelo seu prestígio. O impacto gerado e os benefícios económicos para os destinos e populações, fizeram com que as empresas do setor criassem programas de investigação associados à conceção de novos eventos (Jago & Shaw, 1998).

Whitson e Macintosh (1996, p.279; citado por Getz, 2008, p.414) mencionam ainda que "os países e cidades competem por megaeventos para demonstrar a sua modernidade e dinâmica económica".

Por essa razão, os stakeholders turísticos devem de ter em atenção os benefícios e implicações gerados por megaeventos, pois têm não só um impacto económico significativo, como também auxiliam na imagem de marca e reconhecimento nacional e internacional.

Numa outra perspetiva, Jago & Shaw (1998) apresentam algumas similaridades relativamente às características destes dois tipos de eventos, nomeadamente o facto de

ambas implicarem uma tradição ou simbolismo; têm igualmente um elevado prestígio; têm um custo elevado; integram outro tipo de eventos/festivais; estimulam a procura e atraem investimento. No que toca à sua área de atuação, tanto os eventos “hallmark” como os megaeventos atuam tanto a nível nacional como internacional.

O mesmo autor refere ainda algumas diferenciações, nomeadamente o facto de os megaeventos atraírem um maior número de pessoas, habitualmente mais de 1 milhão de visitantes relativamente aos eventos “hallmark”. Implicam um processo político de aceitação, pois são de cariz público, com uma série de regras a cumprir e, têm ainda a reputação de “obrigatoriedade” de participação relativamente aos eventos “hallmark” (Jago & Shaw, 1998).

Desse modo, os megaeventos têm um maior impacto, contam com a participação de toda a comunidade, são eventos importantes para os media e habitualmente resultam na melhoria das infraestruturas. Pode-se então afirmar que os megaeventos representam maiores benefícios para a indústria turística.

Também Getz (2008) apresenta diferentes tipologias de eventos, sendo que, para além dos megaeventos e dos eventos ‘hallmark’, considera ainda que os eventos podem ser locais e regionais. São eventos periódicos e, na sua maioria, não têm interesse do ponto de vista turístico, pois pretendem preservar a autenticidade. Em contrapartida, os eventos regionais e locais que têm potencial turístico necessitam de investimento para diversificarem a oferta e atraírem um maior número de visitantes e turistas.

Por outro lado, Getz (2008, citado por Getz, 2005, p.404) considera que os eventos podem ainda ser classificados pela sua forma, nomeadamente: celebrações culturais (festivais, comemorações, eventos religiosos); eventos políticos (cimeiras, ocasiões importantes); eventos de arte e entretenimento (concertos, cerimónias de prémios); eventos de negócios (convenções, feiras); eventos educacionais e científicos (seminários, conferências); competições desportivas (profissionais/amadores); eventos de recreação ( jogos/ desportos para lazer) e ainda, eventos privados (casamentos, festas).

Quanto maior a dimensão do evento, maior a sua procura turística (Getz,2008) ou seja, as empresas e os stakeholders da indústria dos eventos, se pretendem ter um potencial turístico elevado devem planear eventos de grande dimensão, mais concretamente megaeventos e eventos ‘hallmark’.

Existem por isso, diversas de tipologias de eventos em turismo, sendo que foi possível verificar que os megaeventos e os eventos ‘hallmark’ assumem uma importância central para os destinos turísticos.