• Nenhum resultado encontrado

EMPREENDEDORISMO OFERECIDAS PELAS INSTITUÍÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NA REGIÃO SUL

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.1 Tipos de conhecimento

Assim como existem vários conceitos de conhecimento, observa-se que o mesmo acontece quanto à sua classificação. Santos e Varvakis (2010 c) apresentam os vários tipos de conhecimento, conforme pode ser observado no Quadro 2.

Quadro 2 - Tipos de conhecimento Tipo de

conhecimento

Definições

Tácito O conhecimento tem origem nas ações, experiências e no envolvimento do indivíduo em um contexto específico. Habilidades cognitivas (tácito cognitivo) Modelos mentais Habilidades motoras (técnico tácito)

Saber como aplicar a um domínio específico Explícito Conhecimento articulável e generalizável Individual Criado por um indivíduo e inerente a ele Social Criado por um grupo de indivíduos e

inerente às ações coletivas desse grupo.

Declarativo Know-what?

Procedural Know-how?

Causal Know-why?

Condicional Know-when?

Relacional Know-with?

Pragmático Conhecimento útil para uma organização Fonte: Adaptado de Santos e Varvakis (2010c, p. 18).

Esta pesquisa utiliza os conceitos de conhecimento tácito e explícito propostos por Takeuchi e Nonaka (2008), Kankanhalli et al. (2010) e Xu (2011), baseados na distinção estabelecida por Polanyi (1996) entre os dois tipos de conhecimento:

a) Conhecimento Explícito – caracterizado como formal, sistemático e facilmente transmitido aos indivíduos. Pode ser expresso em palavras, números ou sons; são compartilhados em forma de dados, fórmulas científicas, recursos audiovisuais, especificações de produtos ou manuais.

b) Conhecimento Tácito – a visão de conhecimento tácito foi descrita na literatura da Gestão do Conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, CARAYANNIS, 1998, HILDRETH et al., 1999, ALAVI; LEIDNER, 2002) como o conhecimento subjetivo, intuitivo e pessoal, difícil de ser formalizado, tornando a comunicação e o compartilhamento mais difícil. Está

profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do indivíduo, assim como nos ideais, nos valores ou nas emoções que ele incorpora.

Corroborando essa visão, Myers (1996), Vrines e Hendriks (1999), Zabot e Silva (2002), Kane, Argote e Levine (2005), Choo (2006), Santos e Varvakis (2010a), An et al. (2012) e Bedford (2012) declaram que o conhecimento tácito está ligado ao pessoal, é o conhecimento geral que reside na cabeça das pessoas, abrangendo fatores como crenças pessoais, perspectivas e valores incorporados na experiência individual.

O conhecimento tácito é o conhecimento procedural, pessoal, específico de um determinado contexto, difícil de ser formulado e comunicado; envolve modelos mentais que estabelecem e manipulam analogias; seus elementos técnicos podem ser exemplificados como o Know-how concreto, técnicas e habilidades que permitem ao indivíduo o “saber-fazer”, é dirigido à ação; é fortemente incorporado pela experiência de um indivíduo e não passa pela formalização com palavras; é o estágio da sublinguagem do reflexo, dos automatismos, do instinto (NOORDIN et al., 2013 ).

O conhecimento explícito é aquele que passa pela mediação da linguagem; permite a um indivíduo a aquisição do saber (entender e compreender) sobre determinados fatos e eventos, mas não lhe permite agir; pode ser declarativo ou narrativo, baseado no raciocínio humano; pode ser oral ou escrito; pode ser bastante contextualizado, ligado a uma situação profissional ou, ao contrário, muito genérico e fortemente validado (ZABOT; SILVA, 2002, SANTOS; VARVAKIS, 2010a, NOORDIN et al., 2013).

O aumento do uso prático do conhecimento explícito gerenciado significa paradoxalmente, que o conhecimento tácito tornou-se cada vez mais importante. Processos de mudança no ambiente foram acelerados pelo uso operacional do conhecimento que, por sua vez, deu origem ao aumento da demanda por experimentar o conhecimento tácito, em vista a elaboração dinâmica das capacidades de incorporar experiências de usuários e de novos conhecimentos em produtos ou serviços para atender os desafios do ambiente em rápida mutação (HUNG et al., 2010,CHU; TIAN, 2010 , RASMUSSEN; NIELSEN, 2011).

Santos e Varvakis (2010b) afirmam que existem duas formas para se adquirir conhecimento:

1) pela descoberta: são os conhecimentos adquiridos com as experiências pessoais, aquisições de conhecimento feitas quando o individuo realiza tarefas, soluciona problemas, produzindo

conhecimento procedural, experiências vivenciais que resultam no conhecimento do tipo “saber-fazer”.

2) pelo texto: diz respeito à aquisição de conhecimentos a partir de informações simbólicas vinculadas aos textos, produzindo principalmente conhecimentos declarativos, do tipo “explícito – saber”.

Como aquisição do conhecimento é um processo pessoal, o conhecimento está sujeito a interferências do ambiente, de crenças, de valores e de genética, que vão fazer com que o conhecimento ainda se apresente, conforme Lapolli et al. (2001), com características como: orientado para a ação; sustentado por regras; tácito e; em constante mutação.

O conhecimento pode ser convertido de tácito para explícito e de explícito para tácito pelo espiral do conhecimento que Takeuchi e Nonaka (2008), Guerra e Sanches (2012) definem como:

 a socialização – transmissão do conhecimento tácito de um indivíduo para outro, pela interação pessoal, isto é, pela transmissão do conhecimento através vivência do aprendiz com o mestre;

 a externalização – percebida como uma ação mais formal e consciente de transformação do conhecimento tácito para o explícito, no sentido de “normatizar” o conhecimento dentro de um padrão comum de modelo mental entre o emissor e o receptor. Uma vez externalizado (ou normalizado), o conhecimento pode ser objeto de uma distribuição em massa a partir de tecnologias de comunicação;

 a combinação – processo de disseminação e sistematização do conhecimento explícito, uma vez formalizado dentro de um determinado padrão comum de entendimento. O conhecimento explícito poderá ser combinado e comparado com outros conhecimentos explicitados e também ser disseminado em grande escala;

 a internalização – retorno do conhecimento explícito para o tácito, entendida como a apropriação do conhecimento explícito por um indivíduo e sua compreensão individual.

A espiral do conhecimento (Figura 2) dá-se como uma constante transformação do conhecimento tácito para o explícito e vice-versa, disseminando e enriquecendo o conhecimento: o tácito é compartilhado por socialização, de forma que possa ser sistematizado; por externalização, para

poder ser disseminado e aprimorado por combinação e, finalmente, reassimilado por internalização.

Figura 2- Conversão do conhecimento

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997)

A evolução do homem foi baseada na socialização de conhecimentos até o advento da escrita e, posteriormente, este foi externalizado nos livros, facilitando a internalização e a combinação dos saberes. O conhecimento sempre teve importância para a evolução das sociedades, porém, hoje, assume uma importância vital para indivíduos e empresas que vivenciam a revolução econômica emergente da era da informação (ZABOT; SILVA, 2002, LIU; MAKOTO, 2010, VOLBERDA et al., 2012). Para Stewart (2002, p. 5), “o conhecimento tornou-se um recurso econômico proeminente – mais importante que a matéria–prima, mais importante, muitas vezes, que o dinheiro”. Assim, a gestão do conhecimento é a ferramenta usada para gerir esse novo ativo.