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CAPÍTULO III O FUNDO DE CULTURA DA BAHIA

3.1.2 O Fundo de Cultura e o acesso aos recursos

3.1.2.2 Tipos de proponentes

Outra mudança significativa ocorrida em 2008 foi a proibição do apoio a instituições públicas. Até 2007, instituições públicas municipais, estadual ou federal, podiam inscrever projetos e ter direito aos benefícios do FCBA58. Ainda em 2007, com a recriação da SECULT, foram estabelecidos limites para a distribuição dos recursos de acordo com o tipo de proponente: 55% para os projetos apresentados por pessoas jurídicas de direito público; 30% para projetos de manutenção de instituições de direito privado; 15% para outros projetos de pessoas jurídicas de direito privado e pessoas físicas (Portaria nº 001/2007). Ainda assim a maior parte da verba estava destinada às ações do poder público. Naquele ano, duas instituições públicas foram beneficiadas com recursos que somaram mais de R$ 7 milhões: o IPAC e a FUNCEB.

Tabela 11 - Instituições Públicas Beneficiadas

Instituição Valor ano (R$)

2005 2006 2007 2008 Total IPAC 1.796.000,00 6.682.929,00 3.011.641,59 --- 11.490.570,59 FUNCEB 725.300,00 1.010.000,00 4.001.065,90 --- 5.736.365,90 IRDEB59 548.605,88 --- --- 2.247.943,50 2.796.549,38 FPC --- 1.446.661,08 --- --- 1.446.661,08 EGBA 103.760,00 149.042,00 --- --- 252.802,00 P.M. de Juazeiro 300.811,39 --- --- --- 300.811,39 P.M. de São Domingos --- 13.177,50 --- --- 13.177,50 Total 3.474.477,27 9.301.809,58 7.012.707,49 2.247.943,50 22.036.937,84

Fonte: Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Elaborado pelo autor.

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Projetos para festivais, prêmios, concursos, Bibliotecas, Museus e Arquivos Públicos só podiam ser inscritos por instituições públicas.

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Embora tenha sido homologado em 2008, o projeto do IRDEB foi inscrito em 2007, ano em que instituições públicas ainda podiam ser proponentes no FCBA.

Entre os anos de 2005 e 2008, o FCBA utilizou cerca de R$ 65 milhões, dos quais um terço foi para instituições públicas. Do total repassado a essas instituições, 97% dos recursos ficaram para aquelas vinculadas à SECULT, sendo que apenas o IPAC ficou com mais de 50% deste total. Os repasses às prefeituras somaram apenas 1%. Esses dados revelam que uma das principais funções do programa era financiar atividades desenvolvidas pelo próprio Estado.

Acatando o parecer da Procuradoria Geral do Estado, que entendia que os recursos deveriam ser destinados à sociedade civil, a Portaria nº 069/2008 estabeleceu que as instituições públicas não poderiam mais inscrever projetos no programa. De acordo com o superintendente Carlos Paiva (2013), esse também era o entendimento da nova gestão da Secretaria. “Isso era contra o modelo que a gente pensava para o Fundo de Cultura, porque o Fundo de Cultura deveria financiar iniciativas da sociedade e não projetos do próprio estado”. Essa alteração mudou de forma significativa a função do FCBA. E a partir de então todo o recurso passou a ser direcionado ao apoio de propostas apresentadas pela sociedade civil.

Concordamos que o recurso do FCBA não deve ser utilizado para apoio às atividades do próprio Estado, mas consideramos legítimo que parte desse recurso seja destinada a propostas apresentadas por instituições públicas municipais. É sabido por todos que as prefeituras destinam parcos recursos para área da cultura e algumas delas possuem equipamentos culturais, como museus, teatros, bens imóveis tombados etc., que necessitam de outros recursos para manutenção/melhorias de suas atividades. No futuro esta questão poderá ser resolvida através da criação dos fundos municipais de cultura e a transferência fundo a fundo. Dessa forma, cada município poderá definir seus critérios para seleção de projetos, inclusive daqueles oriundos do poder público No entanto, esse procedimento ainda não é possível, uma vez que a lei que regula o programa não prevê esse tipo de transferência. No Projeto de Lei que propõe a reformulação do FCBA a permissão para a transferência fundo a fundo foi incorporada ao texto.

Tabela 12 - Quantidade de projetos por tipo de proponente

Proponente Quantidade de projetos/ano

2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total

PJ* de Direito Público 05 05 02 01 --- --- 13

PJ* de Direito Privado 25 31 43 37 99 101 336

Pessoa Física 0 04 33 66 175 286 564

Total 30 40 78 104 274 387 913

Fonte: Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Elaborado pelo autor. *Pessoa Jurídica.

Analisando a tabela acima, observa-se uma grande mudança em relação ao tipo de proponente. Nos anos de 2005, 2006 e 2007 a maior parte dos proponentes era de pessoas jurídicas de direito privado, que representaram 67% dos proponentes daquele período. A partir de 2008, a quantidade de projetos de pessoas físicas subiu consideravelmente e passou a ser o tipo de proponente predominante. Dessa forma, observando a quantidade de projetos, podemos concluir que nos três primeiros anos o público alvo do FCBA eram as instituições culturais. Levando-se em consideração todo o período analisado, 62% dos proponentes apoiados eram pessoas físicas, 37%, pessoas jurídicas de direito privado e 1%, pessoas jurídicas de direito público.

Tabela 13 - Recursos por tipo de proponente

Proponente Valor/ano (R$) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total PJ de Direito Público 3.474.477,27 9.301.809,58 7.012.707,49 2.247.943,50 --- --- 22.036.937,84 PJ de Direito Privado 6.690.715,36 14.898.240,81 10.147.402,12 5.825.043,01 23.578.686,54 20.578.988,56 81.719.076,40 Pessoa Física --- 515.139,52 1.552.443,16 2.747.390,11 6.193.724,14 9.231.944,40 20.240.641,33 Total 10.165.192,63 24.715.189,91 18.712.552,77 10.820.376,62 29.772.410,68 29.810.932,96 123.996.655,57

Fonte: Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Elaborado pelo autor.

Quanto ao aporte de recursos, a maior parte (66%) ficou para as instituições privadas e 17,7% para as instituições públicas. Apesar de representar mais da metade dos proponentes, as pessoas físicas ficaram com 16,3% dos recursos utilizados pelo programa. Vale a pena destacar que, em 2008, o valor para projetos propostos por pessoas físicas foi limitado ao

correspondente a 150 salários mínimos. Segundo Carmen Lima, essa limitação foi pensada como forma de estimular a profissionalização e evitar que grandes quantias fossem administradas por pessoas que não tinham estrutura para gestão.

Cruzando os dados referentes ao tipo de proponente e o território de identidade, observamos que não há uma grande diferença entre a Região Metropolitana de Salvador e os demais territórios. A princípio, por compreender que na capital está a maior parte das empresas e instituições ligadas à cultura, somos levados a acreditar que o maior percentual de proponentes pessoas jurídicas está na RMS, no entanto, quando observamos os dados dos demais territórios observamos que na RMS os proponentes pessoas jurídicas (públicas e privadas) representaram 37,7%, enquanto nos demais territórios foi de 39,8%.

Quadro 01 – Tipo de proponente por território de identidade (%)

RMS Demais Territórios