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3. METODOLOGIA

3.3 SEGUNDA FASE DA REVISTA PSICOLOGIA & SOCIEDADE

3.3.4 Tipos e Temática dos trabalhos

Os tipos de trabalhos apresentados na segunda fase da revista assemelham-se, em diversos aspectos, aos trabalhos apresentados na primeira fase, mas com algumas importantes distinções, que serão apresentadas a seguir.

No caso das semelhanças, prevalece o número elevado de trabalhos classificados como “Estudos Teóricos”, que correspondem a 63,9% das publicações da segunda fase (Gráfico 2). Como já mencionado, essa informação parece relacionar-se diretamente com o padrão elevado de trabalhos de autoria única. A temática classificada como “Relato de Pesquisa” representa 31,3% dos trabalhos, seguida pela “Resenha”, que corresponde a 3,2% das publicações.

Uma diferença importante das temáticas dessa fase em relação à primeira fase é a diminuição de trabalhos denominados “Relato de Experiência”, seja ela acadêmica seja profissional. Na realidade, nessa fase da pesquisa, esse tipo de trabalho, praticamente, deixa de ser publicado. O fato de a revista, na primeira fase, ser produto de encontros da ABRAPSO,

nos quais o relato de experiência são mais comuns, e o novo formato da revista, que privilegia o relato de pesquisas derivadas, em especial, da pós-graduação, podem ser explicações para essa diminuição.

Gráfico 2

REVISTA PSICOLOGIA & SOCIEDADE

Tipo e freqüência de trabalhos veiculados na segunda fase da revista

Nessa fase, os trabalhos foram classificados em 16 temáticas (Tabela 22) 11, as quais apresentam semelhanças e diferenças significativas em relação aos trabalhos veiculados na primeira fase da revista. No anexo 5 é descrito as subtemáticas da segunda fase da revista. A temática com maior representação nessa fase, 39% dos trabalhos, foi classificada como “Aspectos históricos e teóricos da Psicologia Social”. Essa temática, embora apresente, como na primeira fase, o maior número de trabalhos, tem características e funções bem diversas nesse período. Embora, haja um aumento significativo dessa temática na segunda fase da revista. Na primeira fase da revista, os trabalhos nessa temática tiveram como característica

11 Para a criação das temáticas, tive-se como referência, assim como na primeira fase, os trabalhos de Bonfim

(1989/1990) e Zanella (1994), embora tenham sido feitas modificações devido às características e diferenças

198; 63,9% 97; 31,3%

10; 3,2% 5; 1,6%

principal definir conceitos básicos, práticas e descrições históricas que demonstram a possível evolução da disciplina naquele momento, com a função de legitimar e estabelecer uma nova perspectiva em Psicologia Social no Brasil. Já na segunda fase da revista, o que se nota é que grande parte dos trabalhos dessa temática vão além dessas funções. São trabalhos que, em geral, procuram debater questões críticas da Psicologia Social, como suas bases epistemológicas, os limites e possibilidades de utilização de conceitos, práticas e atuação do psicólogo social. No caso dos trabalhos históricos, não mais aparecem histórias vencedoras ou definidoras de um desenvolvimento ou uma ruptura com outro modelo, já que os trabalhos históricos voltam-se para análises críticas do desenvolvimento da disciplina e para a recuperação de temas, personagens e autores, até então deixados de lado, esquecidos ou considerados ultrapassados.

A temática “Trabalho” é a segunda temática com maior representatividade na segunda fase da revista, 11,9% dos trabalhos. Observa-se que nessa temática há uma concentração de trabalhos, cuja preocupação é a análise de questões relacionadas à saúde mental do trabalhador e à constituição da subjetividade do mesmo, temáticas próximas àquelas discutidas na primeira fase.

A educação também figura entre as temáticas com maior representação nessa fase, 7,7% dos trabalhos. Um dado interessante diz respeito ao grande número de trabalhos voltados para a avaliação do ensino superior, o que sugere a preocupação e o envolvimento de psicólogos sociais com os rumos e problemas da universidade brasileira. É preciso notar também uma “dispersão” de temas, que vão desde aprendizagem na sala de aula até violência na escola. “Estudos em Representação Social” representa a quarta temática com maior número de trabalhos, 18 no total, que correspondem a 5,8% dos trabalhos veiculados na revista. Contudo, é preciso notar que seis trabalhos tiveram como objetivo principal discutir criticamente a

definição e as implicações dos estudos em representação social na Psicologia Social. Os outros 12 trabalhos são empíricos e recorrem ao conceito de representação social como fundamento de suas investigações. Neles, encontram-se investigações acerca da representação social da maconha, da polícia civil, dos 500 anos de descobrimento do Brasil, dentre outros.

A temática “Gênero e Sexualidade” representou 4,5% dos trabalhos veiculados na revista, o que corresponde a 14 trabalhos. Assim como na primeira fase da revista, essa temática apresentou trabalhos direcionados a questões que envolvem, em especial, o papel das mulheres em contextos como o trabalho, a família, dentre outros. Também foram publicados artigos que discutiram questões como o corpo feminino e o masculino, a relação de casais portadores de HIV, a territorialidade homossexual e outras subtemáticas, as quais corresponderam a 4,5% dos trabalhos veiculados na segunda fase.

Já a temática “Identidade” apresentou trabalhos, em geral, voltados para discussões teóricas e para a identidade de grupos diversos, como adolescentes, grupos indígenas e portadores de doenças. Outra temática identificada nessa fase foi “Psicologia e Política”, indicadora da preocupação dos autores com questões relacionadas ao comportamento político, à relação entre psicologia e políticas públicas e à política nas organizações.

“Saúde Pública/Saúde mental” tratou de aspectos diversos, artigos sobre o papel da Psicologia Social no programa de saúde da família, alcoolismo e saúde pública, homicídio como problema de saúde pública e o biopoder representam alguns subtemas tratados nessa temática, que contou com 12 trabalhos, certa de 4% do total. Já a temática “Adolescência e Infância” foi constituída por sete trabalhos, adolescentes e crianças em situação de rua, adolescentes em conflito com a lei, a infância e prática psicológica foram alguns deles.

Tabela 22

REVISTA PSICOLOGIA & SOCIEDADE

Temáticas e freqüência de trabalhos veiculados na segunda fase da revista e comparação com o percentual da primeira fase

Temáticas dos trabalhos Freqüência % - Segunda fase % - Primeira fase

Aspectos históricos e teóricos da Psicologia

Social 123 39,7 10,5

Trabalho 37 11,9 6,5

Educação 24 7,7 5,4

Estudos em representação social 18 5,8 5,8

Gênero e sexualidade 14 4,5 8,3

Saúde pública/Saúde mental 12 3,9 5,4

Identidade 10 3,2 3,2

Psicologia e Política 10 3,2

Adolescência e infância 7 2,3

Comunicação 6 1,9

Estudos sobre cooperativa e economia solidária 6 1,9

Psicologia e comunidade 6 1,9 10,1 Movimentos sociais 3 1 9 Análise institucional 2 0,6 2,9 Grupos 2 0,6 5,1 Temas variados 32 10,3 8,3 Total 310 100

Estudos sobre “Comunicação” também fizeram parte dessa fase da revista, voltando-se para análises de como determinados temas são tratados na mídia, como, por exemplo, a família, o MST, as marcas, entre outros.

Por apresentar um número relativamente significativo, seis trabalhos, criou-se a categoria “Estudos sobre cooperativa e economia solidária”. Nessa categoria, todos os seis trabalhos versam sobre pesquisas que analisam a organização e funcionamento de cooperativas.

Com número menos expressivo em relação à primeira fase, foram identificados também trabalhos sobre “Movimentos sociais”, “Análise Institucional” e “Grupos”.

Nesses casos, é preciso o cuidado de não se pensar ou generalizar tal informação como se essas áreas estivessem em declínio. Contudo, a diminuição de trabalhos sobre análise

institucional e grupos, em relação à primeira fase da revista, é uma informação que não pode ser descartada. Esse dado pode indicar que trabalhos nessas áreas tiveram sua importância diminuída a partir da década de 90. Todavia, para tal afirmação, é preciso mais investigações que confirmem essa diminuição de trabalhos em outras fontes. Em comparação com a primeira fase, observou-se também uma diminuição significativa de trabalhos que se inserem na categoria Psicologia e Comunidade (Psicologia Comunitária). Dado relevante, considerando- se que essa foi uma temática bastante representativa na primeira fase da revista.

Por fim, a categoria “Temáticas Variadas” apresenta trabalhos de diversos âmbitos, como raça, testes psicológicos, Psicologia Médica, Psicologia do Esporte, Psicologia Ambiental, Psicologia Jurídica, religião, aprendizagem, escolha profissional, dentre outras.