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(19) to estava inserida no sistema de produção.

4.2.3 A legislação trabalhista

(19) to estava inserida no sistema de produção.

As circunstâncias acima apresentadas, redundaram no movimento migratório, cujas consequências já foram comentadas exaustivamente no cap. III da presente dissertação, ou seja, a desagregação das famílias, o subemprego e todos os tipos de ca - rências a ponto de se chegar aos casos de marginalização social.

A situação de exploração do inenor não se dá apenas na esfera que acima foi descrita, isto é, na ajuda indispensável ao insuficiente rendimento oriundo do trabalho dos pais; mas também como recurso para o empresariado industrial e dos lati­ fundiários, da oferta de mão-de-obra abundante e conseqüente - mente barata. Dá-se ainda, a utilização do trabalho como fator disciplinar e punitivo, ou seja, as instituições encarregadas do atendimento ao menor, têm como linha de ação a educação p e ­ lo e para o trabalho, situando estes programas como fundamen - talmente pedagógicos. Tal proposta baseia-se na "necessidade de superação dos aspectos repressivos e assistencialistas nas ações dirigidas âs crianças e adolescentes marginalizados" de forma que esse trabalho tenha efetivamente caráter educati­ vo.

Não há que se negar que a instituição deva, enquanto mantêm crianças sob seus cuidados, propor uma ação pedagógi­ ca no sentido amplo: educação e profissionalização. Mas esta postura deve ser levada dentro de um parâmetro, pois o que ja­ mais deve ser esquecido é que estes menores, mesmo institucio­ nalizados, não deixam de ser crianças.

Não é justo que uma criança só porque marginalizada,se­ ja "assumida" sob uma ótica de obtenção de rendas.

Não estaria tal proposta "pedagógica" reproduzindo a ideologia dominante, que vê as camadas em vias de marginaliza- ção, como um exército de mão-de-obra excedente, que poderá ser utilizado quando se julgar necessário ou para barateamento da produção, através do achatamento de salários?

aos menores no país, através da FUNABEM, discursa que os abando­ nados e carentes devam ter o "direito de serem atendidos como

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todas as crianças ou adolescentes" , nao estaria se contra - dizendo ao tratar pedagogicamente a criança como uma "mini" mão -de-obra? Não seria então o ápice do capitalismo selvagem? Pois a exploração, não se daria somente sobre adultos, mas estar-se- -ia também explorando a menores, que além de serem produtivos (en­ contram-se no vigor físico próprio da juventude), não têm con - dições de reagirem, de se organizarem, de se filiarem a sindica­ tos, de participarem nos movimentos . reivindicatõrios que exigi­ riam dos empresários salários mais dignos, que colocariam em risco a ordem social das empresas, isto tudo, por serem menores de id a d e .

A exploração da mão-de-obra constitui ainda uma afronta aos direitos da criança de que fala a decantada Declaração U ni­ versal dos Direitos da Criança,que no Princípio 99 determina que nenhuma criança deveria ser objeto de exploração.(V. anexo IV)

A questão do trabalho do menor não para aí, relaciona - se também com a questão da escolaridade. Uma vez ser quase re­ gra geral que a criança tão logo esteja inserida no mercado de trabalho, abandona os estudos.

Isto poderia ser diferente se fosse cumpridos os requi­ sitos de que fala a Consolidação das Leis do Trabalho, anterior­ mente citados, mas como não o são, torna-se praticamente impos­ sível para o trabalhador menor continuar vinculado à escola, se já estudava, ou vir a estudar, se ainda dela não participa.

Assim, estima-se que 42% dos menores começaram a traba­ lhar depois que largaram a escola, e 22% a deixaram porque era

t , ,, (22) necessário que trabalhassem.

E mais, como no Brasil é grande a porcentaaem de meno - res que trabalham na zona r u r a l , cerca de 60%, de forma que t o m a - s e ainda mais difícil, pelas dificuldades de acesso â escola ou devido a escassez destas nas zonas rurais.

Outro problema grave no que se refere a relação traba - lho X menor, ê a existência de vima população infanto- juvenil en­ tre 17 e 18 anos, que não consegue emprego porque está para cumprir o serviço militar.

são mais de um milhão e meio de adolescentes nesta faixa etária que sofrem discriminação em empresas nacionais e

(24) estrangeiras.

A fundamentação dos empresários diante desta discrimi - nação está no fato de que não é econômico contratar um menor que ainda não tenha regularizada sua situação militar, porque no período em que o rapaz estiver servindo deverá pagar o FGTS- Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e manter o vinculo empre- gatício, além de contratar outra pessoa para que substitua o empregado a usente.

Temerosos com estas despesas, os empregadores preferem não recrutar tais jovens. Acontece, entretanto, que justamente nesta faixa etária, situam-se os milhares de jovens com proble­ ma de conduta, que rejeitados na sua capacidade laborai, recor­ rem por não terem outra opção, ã marginalidade.

Pelo que foi exposto, parece ser válido afirmar q u e ,em se tratando de adolescentes na idade entre 17 e 18 anos, deve - ria ser as Forças Armadas, ou seja, o próprio Estado,quem arca­ ria com o ônus do FGTS, cabendo ao empresário a obrigação de manter o vínculo.

Esta, portanto, parece ser a solução mais simples e viá­ vel, uma vez que o particular nega-se a tal prejuízo. Nada mais lógico do que o Estado assumir tal responsabilidade, pois o jo­ vem ao prestar o serviço militar obrigatório, o faz em benefí - cio deste Estado, que exige para a sua manutenção e segurança , um exército armado e capacitado.