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TOCANTINÓPOLIS Adriana Monteiro da Silva

Kênia Gonçalves Costa4

RESUMO: A seguinte pesquisa busca entender por meio das relações territoriais, socioculturais e memoriais as distintas formas de resistência travadas no Rio Tocantins e no município de Tocantinópolis. Neste sentido, vale destacar que a ligação de Tocantinópolis com Rio Tocantins está relacionada com os povos tradicionais e indígenas. Anteriormente nesta região estabeleceu-se a consolidação de um núcleo urbano, criando uma ligação antes mesmo de a cidade ser nominada como Boa Vista do Tocantins, na região já existia uma relação entre os fazendeiros, os ribeirinhos e os indígenas. A pesquisa desenvolveu-se por meio de conhecimentos exploratórios e revisão bibliográfica articulando a construção de saberes/conhecimentos. A base teórica fundamenta-se nos estudos de Lysias Augusto Rodrigues (2001), Kátia Maia Flores (2009) e Clenan Renault de Melo Pereira (2012). Os estudos de Lysias Augusto Rodrigues (2001) expõe à formação continental, o nascimento, a origem do nome do Rio Tocantins, bem como, os povoamentos as margens do rio. Nos estudos de Kátia Maia Flores (2009), versa a história do Rio Tocantins juntamente com as dos povos, as entradas, a pecuária, o ouro, as embarcações, as navegações e o comércio. O autor Clenan Renault de Melo Pereira (2012), em seu livro “De Boa Vista a Tocantinópolis”, pretende lembrar o passado de Boa Vista do Tocantins (atual Tocantinópolis), resgatando a memória da cidade centenária que está entre o Rio Tocantins e Araguaia. A partir de sua obra o leitor é instigado a conhecer de perto a história do lugar e de sua gente. Os autores supracitados apresentaram históricos vividos pelos povos tradicionais e indígenas, sendo narrativas necessárias para compreendemos às relações territoriais, socioculturais e memoriais, como forma de resistência entre o Rio Tocantins e o município de Tocantinópolis. Palavras-chave: Rio Tocantins; Tocantinópolis; Indígenas.

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa é a fase embrionária do Trabalho de Conclusão de Curso, e tem como tema “Águas e Histórias na relação entre Tocantinópolis e o Rio Tocantins (2017 - 2018)”, a pesquisa em si busca entender a ligação de Tocantinópolis (área urbana) com o Rio Tocantins, e que já existia a partir da relação do povo Apinajé nessa região. Vale ressaltar que, essa ligação foi se constituindo antes da cidade ser nominada como Boa Vista do Tocantins, já existia uma relação entre os fazendeiros e os indígenas, onde chegou-se a constituí um núcleo urbano.

A cidade de Tocantinópolis está localizada no extremo norte do estado do Tocantins, situada às margens do Rio Tocantins. No ano de 1852 a cidade passou a se chamar Boa Vista do Tocantins. Na década de 1943, a cidade passou a ser chamada de Tocantinópolis

3 Universidade Federal do Tocantins (UFT) – Campus de Araguaína – TO. Graduada em Geografia,. E-mail:

adriana_s12@hotmail.com

4 Universidade Federal do Tocantins (UFT) – Campus de Araguaína – TO. Docente do Curso de Geografia e PPGCult. E-mail: keniacost@uft.edu.br

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(CLENAN PEREIRA, 2012). O objetivo da pesquisa é compreender os principais fatores obtidos na ligação histórica entre Tocantinópolis e o Rio Tocantins.

A pesquisa foi desenvolvida por meio de conhecimentos exploratórios, buscando oferecer informações precisas sobre o tema em investigação. Sabemos que Tocantinópolis é uma cidade centenária, e que leva em seus traços a religiosidade de seus fiéis. Vale destacar, que a religiosidade da cidade é anterior ao Padre João, o vigário foi uns dos líderes da antiga Boa Vista (atual Tocantinópolis). O hino patriótico da cidade é chamado de “Cidade de Boa Vista”, e que foi escrito por Alfredo Maranhão e Cristóvão Lopes, como oferta de presente ao Padre João, colocaram no hino como homenagem “Terra do Padre João”. O vigário ficou muito satisfeito com o presente, e pouco tempo depois o hino da cidade se tornou oficial. (CLENAN PEREIRA, 2012).

A base teórica fundamenta-se aos estudos de Lysias A. Rodrigues (2001), que expõe em seu livro “Rio dos Tocantins” a formação continental, o nascimento, a origem do nome do Rio Tocantins, bem como, os povoamentos as margens do mesmo. Lysias A. Rodrigues, descreve que a problemática da descoberta Rio Tocantins divide-se em dois fragmentos distintos e separados. O autor traz em seu livro inúmeras informações sobre a descoberta da região norte e as “tribos” indígenas que habitaram as margens do Rio Tocantins durante os séculos XVI e XVII.

Utilizou-se como base teórica, os estudos de Kátia Maia Flores (2009), no qual seu livro “Caminhos que andam” traz em três capítulos a história do Rio Tocantins juntamente com as dos povos, as entradas, a pecuária, o ouro, as embarcações, as navegações e o comércio. A autora apresenta a história do Rio Tocantins como estrutura de uma sociedade que dele usufruiu, e que através dele construiu sua vida, lendas e misticidades.

Baseou-se nos estudos de Laene R. P. Marinho (2011), sob o título “O uso da

memória dos navegadores do Rio Tocantins na abordagem do estudo da Urbanização de Tocantinópolis, Estado do Tocantins, Brasil”, a autora faz recortes sobre a memória dos

navegadores do Rio Tocantins e descreve como ocorreu o processo de urbanização da cidade de Tocantinópolis.

Fundamentou-se aos estudos de Clenan Renault de Melo Pereira (2012), o autor por meio do seu livro “De Boa Vista a Tocantinópolis”, pretende lembrar o passado de Boa Vista do Tocantins (atual Tocantinópolis). Pereira tenta resgatar a memória da cidade centenária que está entre o Rio Tocantins e Araguaia, a leitura do livro para o leitor é de suma importância, pois, por meio dela é possível conhecer a história do lugar e de sua gente. A cidade de Tocantinópolis foi marcada pelas lutas políticas, desavenças, crenças e descrenças,

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durante seu desenvolvimento. Vale ressaltar, que as navegações tiveram presentes na cidade como principal atividade nos meados do século XX.

Apoiou-se também nos estudos de Robson Ferreira Borges (2013), que trata da

narrativa ligação do rio com a cidade, com o título “Das representações ao imaginário dos barqueiros do Rio Tocantins: rebojos de vida e luta nas corredeiras da memória (1889- 1940)”, sua obra retrata a vida e memória dos barqueiros do Rio Tocantins. Robson Ferreira

Borges (2013) faz uma análise da relação dos navegadores com o rio.

A cidade de Tocantinópolis é considerada Patrimônio Cultural Estadual, por sua herança cultural, histórica e pela valorização da memória e da identidade de seus povos. Nas margens do rio carrega-se uma vida social e sociocultural de uma população ribeirinha. Observa-se que a beira-rio da cidade de Tocantinópolis é uma das áreas mais urbanizadas, tendo ali presentes o comércio, a área de lazer, o porto das voadeiras e o porto da balsa. Neste contexto, foram se constituindo os balneários e as áreas privadas.

O Rio Tocantins banha parte da cidade de Tocantinópolis, e traz na memória de seus habitantes as influências históricas trazidas pela antiga Boa Vista do Tocantins, e que se tornou cenário de muitos acontecimentos marcantes. Tocantinópolis é uma cidade urbanizada, porém, não deixou de lado sua característica fluvial, e que até hoje ainda preserva o cais no porto do Rio Tocantins, fazendo com que a relação entre a cidade e rio seja cada vez mais fortalecida através da cultura, da economia e das relações socioculturais5.

Nesse contexto, o trabalho apresenta a importância que a cidade tem em relação aos seus habitantes indígenas e não-indígenas, descrevendo também qual é sua ligação com o Rio Tocantins. A realização da pesquisa se dá pelo desejo de conhecer de perto a relação de Tocantinópolis com rio, e que merecem ser estudada pelo pouco conhecimento que temos sobre ambos.

As inquietações iniciaram-se no ano de 2017, por meio da construção do artigo6 referente à “Tocantinópolis – TO, a economia da cidade durante as navegações nos meados do século XX”, descrevendo os principais fatores econômicos que contribuíram para o desenvolvimento da cidade, a partir das navegações ocorridas durante o século XX.

A finalidade da pesquisa em si, é de resgatar os sentimentos ligados à identidade cultural da cidade Tocantinópolis e do Rio Tocantins. Assim, propicia-se uma diversidade de

5 Referir-se a qualquer processo ou fenômeno relacionado com os aspectos sociais e culturais de uma

comunidade ou sociedade. Desta forma, um elemento sociocultural tem a ver exclusivamente com as realizações humanas que podem servir tanto para organizar a vida comunitária como para dar-lhe significado (Disponível em <http://queconceito.com.br/sociocultural>. Acesso em: 02 de Maio de 2018).

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informações acerca dos principais fatores que desenvolveram essa relação entre ambos. Vale lembrar que, foi através do Rio Tocantins que as navegações do século XX, permitiram as ligações comerciais por meio das comunicações fluviais. Neste sentido, a importância do transporte fluvial era essencial, visto que, o Rio Tocantins contribuiu com o processo de ocupação do território e deslocamento das populações indígenas, ou seja, os Apinajé que viviam nas proximidades do núcleo urbano de Tocantinópolis.

O Rio Tocantins compõe a segunda maior bacia hidrográfica (Araguaia-Tocantins), a região de Tocantinópolis fica bem próximo ao encontro do Rio Tocantins com o rio Araguaia, onde tudo se torna Tocantins, por isso é o maior em extensão. Portanto, a cidade é vista como um lugar para se perceber as relações humanas nelas contidas. Quando observamos a paisagem do rio, encontramos nela os elementos naturais, culturais e socioculturais que as pessoas ali desfrutam no período das praias. Nesta perspectiva, percebe-se que as pessoas inseridas neste contexto, estão ligadas aos traços históricos e culturais do lugar.

A cidade de Tocantinópolis tem em sua trajetória uma ligação relacionada aos missionários religiosos. O século XIX foi marcado pelo transporte fluvial, tendo sucesso econômico através da exportação do babaçu, pele de animais e cereais. O município acolheu a missão jesuíta para catequizar os índios Apinajé, que até os dias atuais vivem numa aldeia local. Por volta do ano de 1818 os primeiros habitantes foram atraídos pelo rico cenário que contemplativa o Rio Tocantins.

Para a elaboração deste trabalho, utilizou-se de uma pesquisa exploratória realizada entre 2017 e 2018, de acordo com as seguintes etapas: o lugar de estudo e levantamento bibliográfico. A metodologia proposta está associada a três momentos que foram de grande importância para o desenvolvimento da pesquisa, oferecendo uma melhor compreensão do tema.

A pesquisa bibliográfica, realizada em nível exploratório, buscou familiarizar-se sobre assunto e oferecer informações precisas para a investigação. Para a realização do trabalho, foram feitos os seguintes procedimentos:

O primeiro momento: foi dedicado para escolha do tema de pesquisa, e logo em seguida foram feitos os seguintes levantamentos:

 Visita in lócus na própria cidade;

 Visita à biblioteca da UFT do campus de Tocantinópolis - TO;  Visita à biblioteca da UFT do campus de Araguaína – TO.

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No segundo momento realizou-se uma pesquisa quantiqualitativa, foram realizados os levantamentos bibliográficos e documentais através de consultas em documentos, livros, trabalhos acadêmicos e fotografias referentes ao tema de investigação.

Ainda no segundo momento, o trabalho foi baseado na fenomenologia de Augusto Triviños (2009), e a categoria lugar a partir de Yi-Fu Tuan (1983). O procedimento metodológico foi por meio da história oral (MEIHY; HOLANDA, 2011).

Iniciou-se no ano de 2017 um artigo referente à “Tocantinópolis – TO, a economia da cidade durante as navegações nos meados do século XX”, descrevendo os principais fatores que contribuíram para o desenvolvimento da economia da cidade. Neste sentido, foram analisadas as perspectivas do progresso entre o século XX, e que contribuiu para o crescimento da cidade.

Foi através deste trabalho que se instigou a entender melhor essa relação do rio com a cidade, principalmente, por que na própria cidade foram entrevistadas pessoas que tinham essa relação com rio. Fazendo com que se entendessem essa relação entre os habitantes, à cidade e rio, levando-me a repensar e a desenvolver a segunda parte deste trabalho. No próximo item, discutiremos sobre as obras que argumentam a relação de Tocantinópolis com Rio Tocantins, e também a relação com povos indígenas.

ENTRE ÁGUAS E SABERES

Para entender a relação que a cidade de Tocantinópolis tem com o Rio Tocantins, foi necessário buscar na literatura, referências e autores que pudessem fundamentar-se em uma base bibliográfica para entender essa ligação entre ambos. Neste sentido, Lysias A. Rodrigues (2001) apresenta as seguintes considerações: “Os rios, como os seres humanos, têm um ciclo de vida, e consequentemente, uma história. Mesquinha grandiosa, simples ou complexa, curta ou longa, essa história é sempre interessante [...]” (LYSIAS RODRIGUES, 2001, p. 13). O autor faz uma reflexão a partir de sua obra, e que discuti o Rio Tocantins desde a sua formação continental, nascimento, descoberta e povoamento. Nesta perspectiva, Lysias A. Rodrigues, descreve como ocorreram tais acontecimentos, e que estes fazem parte da história do Rio Tocantins.

Entre águas e saberes, os indígenas e ribeirinhos faziam parte das grandes navegações como tripulantes, mas em sua maioria eram conhecidos como canoeiros e remadores, pois detinham conhecimentos de navegação e de rio. Entretanto, os indígenas eram os especialistas na construção das embarcações, porém não era incomum carregar cargas juntamente com a

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tripulação, o que acarretava no naufrágio a poucos metros das margens do rio. Vale destacar que, mesmo com os incidentes os indígenas tinham conhecimentos e experiências em navegar pelo rio.

Com relação à obra de Kátia M. Flores (2009), a autora faz referências as navegações e embarcações, que foram construídas a partir de memórias e trajetórias, criando uma relação com Rio Tocantins. A autora apresenta uma forma de pensar o rio a partir dos relatos de navegantes, comerciantes e viajantes do século XIX, ela também expõe informações sobre o rio e sua influência na formação dos tocantinenses, criando uma relação do rio com seus habitantes.

Outro trabalho que se dedica a relatar a ligação de Tocantinópolis com rio é de Laene R. P. Marinho (2011), a autora destaca que: “As cidades tornam-se visíveis, o aglomerado de pessoas em determinado pedação de chão forma-se vilas, com o passar de sua existência tornaram-se cidades. O aumento da população é um aspecto da criação das cidades” (LAENE MARINHO, 2011, p. 6). Nessa linha de pensamento, percebe-se que a ligação do Rio Tocantins com a cidade se iniciou graças a aglomeração de pessoas em Boa Vista do Tocantins (atual Tocantinópolis).

Com relação à urbanização da cidade de Tocantinópolis, foi a partir da primeira metade do século XX que suas transformações foram registradas na cidade. Os navegadores daquela época, através de depoimentos e explicações guardadas em suas memórias tiveram um papel importante na construção das histórias de um tempo passado, o que contribuiu para o desenvolvimento da cidade Tocantinópolis, descrevendo as etapas de sua urbanização (LAENE MARINHO, 2011).

Outro trabalho que se dedica a narrativa de experiências de vida num passado próximo, desde as trajetórias de lutas, desavenças, crenças e descrenças, ao longo do desenvolvimento da cidade de Tocantinópolis é o autor Clenan Renault de M. Pereira (2012). Neste trabalho, o autor evidencia que foi: “Sob os encantos do Rio Tocantins, à beira de um estuário de água cristalina, narro histórias instigadas pela minha curiosidade, estudos, pesquisas e, principalmente, pela minha memória” (CLENAN PEREIRA, 2012, p. 15), vale ressaltar que, o autor é filho da antiga Boa Vista, e que sua obra busca instigar o leitor a conhecer a história de um lugar e de sua gente através das memórias do passado.

O trabalho mais recente que trata da narrativa ligação do rio com a cidade é o do Robson Ferreira Borges (2013), sua obra reconstrói as dimensões da cultura dos barqueiros do Rio Tocantins, com base em narrativas de vários discursos, como é o da memória. Para

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entender as relações entre as lutas do dia a dia desses navegantes e barqueiros do Rio Tocantins. Segundo Robson Ferreira Borges:

Apesar de todo o sacrifício de seu oficio, estes homens viajantes dos rios não deixavam de ver a vida com alegria. Quando paravam em algum povoado expressavam a sorte de estarem vivos, a despeito dos momentos angustiados que tenham passado (ROBSON BORGES, 2013, p. 46).

Nesta linha de entendimento, percebe-se que Robson Ferreira Borges (2013), narra à vida sofrida dos navegadores que mesmo no perigo das viagens pelo rio, tinham que honrar seu trabalho. O relato dos navegadores trata da relação que eles tinham com o rio, esses homens viviam a partir do rio sob as aventuras de suas águas criando assim, suas memórias baseadas entre os relatos de experiências vividas. Partindo para o próximo item, apresentaremos como as obras e os autores dialogam com a presença dos povos tradicionais e indígenas, e como os impactos na região atingiram esses povos.

O RIO TOCANTINS, OS POVOS TRADICIONAIS E INDÍGENAS

Os registros do ano de 1774 mostram que os indígenas eram excelentes guerreiros e conhecidos como de índios da região Norte, os primeiros confrontos entre os índios e não indígenas acabaram em guerras e doenças, quando os povos indígenas descobriram que o seu território estava ameaçado para o povoamento da região (Figura 7). É importante ressaltar que, os indígenas provinham com o intuito de explorar a região na fase aurífera, o que provocou muitas guerras e também em doenças.

Em 1818, os índios Apinajé começaram a se sentirem seu território ameaçado pelos primeiros impactos, tendo suas terras transformadas em povoado de Boa Vista do Padre João, hoje, fundada como cidade de Tocantinópolis. Vale lembrar que, o povo Apinajé é classificado como Timbiras Ocidentais, e constituem-se de uma organização social construída a partir de cerimonias em suas aldeias. Na metade do século XX, os indígenas, sofreram uma grande depopulação e desestruturação social, tendo seu território invadido pelas famílias de migrantes, logo depois, parte desse território acabou sendo transformado em povoado. As estradas como a Belém-Brasília e a Transamazônica são exemplos de impactos territoriais sofridos pelos Apinajé. (ISA, 2014).

O território indígena Apinajé é explorado ilegalmente pelos caçadores, pescadores e extrativistas para fins comerciais. Os fazendeiros próximos das aldeias fazem uso de pastagens e de roçados. Os problemas aos redores do território Apinajé são muitos, pois vem sendo devastado com a implantação e exploração ilegal de carvoarias e plantio de eucaliptos.

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Vale destacar que os impactos são causados também pela Usina Hidrelétrica de Estreito (UHE), a ferrovia Norte-Sul, as rodovias BR-230 (Transamazônica), TO-126 e TO- 210.

Figura 1: Mapa do Território do Povo Apinajé em 1939.

Fonte: NIMUENDAJÚ, Curt. 1983.

Conforme o mapa da figura 1 percebe-se como estava distribuído o território do povo Apinajé em Boa Vista do Tocantins (atual cidade de Tocantinópolis). Atualmente, as aldeias estão mais afastadas da margem do Rio Tocantins, estando próximo às matas de onde extraem seus alimentos, tais como: a caça, a pesca e a agricultura, como forma de subsistência.

Os indígenas e os ribeirinhos exploravam de maneira sustentável os seus recursos naturais da terra, como forma de subsistência. Esses povos cumpriam suas rotinas, tais como cultura e sua religião, onde utilizavam seus saberes transmitidos ao longo de suas gerações. A relação com o rio permitiu que esses povos se desenvolvessem por meio das relações positivas e negativas a partir das navegações, principalmente porque os não-indígenas viajavam para outras regiões vendendo ou comprando suplementos para suas famílias, e desta forma estabelecendo diversas formas de contato, que mudou totalmente com a chegada da Belém-Brasília. Veja a figura 2, os povos Apinajé residentes no município de Tocantinópolis – TO.

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Figura 2: Povos Apinajé no município de Tocantinópolis – TO.

Fonte: Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà. Disponível em:

<http://uniaodasaldeiasapinaje.blogspot.com/2017/05/manifesto-do-povo-apinaje.html> Acesso em: 03 de Novembro de 2018.

Para Lysias A. Rodrigues (2001), os indígenas sempre enfrentaram conflitos com os civilizados, a princípio os portugueses no início tratavam bem os indígenas, até conseguirem um bom relacionamento, mas que pouco tempo depois, os colonizadores começaram a agir com crueldade, levando os/as índios/as a fugirem através das embarcações. Percebe-se que os