• Nenhum resultado encontrado

Total de instituições pesquisadas: 16

3.1.2 A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas

Como forma de garantir as ações de combate ao tráfico de pessoas, a gestão governamental de 2002 a 2006 incluiu, pela primeira vez no Plano Plurianual para os anos de 2004-2007, duas ações específicas: a primeira voltada para a capacitação de profissionais da rede de atenção às vítimas e a outra para a realização de diagnósticos sobre o tráfico de pessoas no Brasil, além de uma ação de apoio a projetos de prevenção e enfrentamento ao abuso, tráfico e exploração sexual de crianças e adolescentes.

Em dezembro de 2005, o Ministério da Justiça, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Secretaria Especial de Direitos Humanos iniciaram a discussão de um texto base para uma instituir uma Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de forma sistematizada e eficaz. Para isso, a primeira

Diretriz Quantidade Percentual

Atendimento 01 50%

Prevenção 01 50%

Repressão/ Defesa e responsabilização 00 0% Relações internacionais 01 50% Pesquisa, mobilização e articulação 02 100%

Diretriz Quantidade Percentual

Atendimento 05 31,25%

Prevenção 05 31,25%

Repressão/ Defesa e responsabilização 07 43,7%

Relações internacionais 04 25%

medida tomada foi mobilizar onde ministérios para os debates, bem como o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho.

Diante da prioridade estabelecida pelo Governo Federal, foi elaborada e apresentada a sociedade, em junho de 2006, uma minuta da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que tinha como finalidade estabelecer princípios, diretrizes e ações de prevenção, repressão ao crime e atendimento às vítimas. Ao longo do mês aconteceram diversas consultas públicas à sociedade. Os interessados na temática puderam mandar suas contribuições pela Internet. Durante um mês diversas organizações da Sociedade Civil organizaram debates sobre o tema mandaram suas contribuições.

O texto-base foi resultado do trabalho do Governo Federal no qual se mobilizaram todos os órgãos participantes – 11 Ministérios do Poder Executivo, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho. O documento foi elaborado tendo como prerrogativa o Protocolo de Palermo e a legislação nacional. A redação final do texto foi elaborada durante Seminário Nacional sobre Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, ocorrido no final de junho de 2006. Na ocasião foram incorporadas as contribuições e sugestões apresentadas durante a consulta à sociedade. O evento contou também com o apoio da Partners of the Américas/ Usaid, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), o que mostra a participação intensa da Cooperação Internacional e da Sociedade Civil nas questões relacionadas ao estabelecimento de uma política federal de enfrentamento ao tráfico.

Neste evento foi formado quatro Grupos de Trabalho (GTs), segundo os eixos temáticos da Política Nacional: Disposições Gerais e Princípios; Repressão ao Tráfico de Pessoas; Prevenção ao Tráfico de Pessoas e Atendimento e Proteção à Vítima. Após um dia inteiro de discussões, a minuta foi encaminhada para a Casa Civil, onde passaria por uma reformulação textual e seria remetida para assinatura. A ênfase dada no evento é que tudo isso deveria ser elaborado com bastante urgência, devido a questões políticas relacionadas às eleições presidenciais de outubro de 2006 e a possível reeleição do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O que se questiona, com relação ao estabelecimento de uma Política de Enfrentamento ao Tráfico passar por Decreto, e não por Projeto de Lei, o que já havia sido vetada algumas vezes, no Congresso Nacional. A diferença, na questão de Decreto ou Projeto de Lei é o recurso destinado para a execução.

Contudo, em 27 de outubro de 2006 foi publicada a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, pelo decreto 5.948. O Decreto envolveu 14 Órgãos Federais e o trabalho escravo e exploração sexual de crianças de adolescentes são os principais crimes a serem combatidos. Tradicionalmente, no Brasil, o tráfico para fins de exploração sexual e para fins de trabalho escravo eram tratados e discutidos separadamente.

Com relação ao Plano de Enfrentamento ao tráfico, 14 órgãos fazem parte do Grupo de Trabalho, publicado somente no Diário Oficial da União dia 14/03/2007, que está em processo de elaboração do Plano Nacional que trará de forma detalhada ações, metas, prazos, avaliação e os órgãos responsáveis pelo enfrentamento do Tráfico, estabelecendo as prioridades de ação para os próximos dois anos nos três

eixos temáticos determinados pela Política. Para cada ação prioritária haverá um órgão responsável, uma meta e um prazo para o seu cumprimento ou revisão. Com isso, busca-se garantir no Plano Plurianual de Investimentos (PPA) do governo brasileiro, para os anos de 2008 - 2011, os recursos necessários para a implementação da Política Nacional.

A Política Nacional contará ainda com um mecanismo específico de monitoramento e avaliação da sua execução, o que primordial para garantir o controle social e a efetividade de qualquer política pública. A cada dois anos, o documento será revisto para retirar as ações cumpridas, entender os problemas colocados e corrigir os rumos e além de estabelecer as próximas prioridades do Governo Federal neste tema.

Desta forma, a Política se coloca como resposta a uma antiga demanda da sociedade civil, resposta ao Protocolo de Palermo, no que diz respeito à implementação de políticas nacionais e um marco na integração das ações de enfrentamento ao tráfico de pessoas. Resta agora, ao Plano Nacional, responder efetivamente ao enfrentamento ao tráfico de pessoas no Brasil.