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Trabalho colaborativo e funções supervisivas no desempenho das funções do Diretor de

PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO E NORMATIVO

Capítulo 2 – Perspetivas teóricas sobre o cargo de Diretor de Turma, no âmbito da liderança, da

2.3. Trabalho colaborativo e funções supervisivas no desempenho das funções do Diretor de

O exercício do cargo de Diretor de Turma na estratégia da atual organização escolar, ao nível dos segundo e terceiro ciclos e do ensino secundário, é uma função que exige grande maleabilidade e conhecimento do processo de ensino e de aprendizagem e dos respetivos intervenientes, sendo que para além dos estudos teóricos apresentados no âmbito da formação do Ensino Superior, temos também um quadro legal que prevê

a participação de todos os intervenientes no processo educativo, nomeadamente dos pro- fessores, dos alunos, das famílias, das autarquias e de entidades representativas das actividades e instituições económicas, sociais, culturais e científicas, tendo em conta as características es- pecíficas dos vários níveis e tipologias de educação e de ensino; (artigo 3º, Decreto-Lei n.º 137/2012)

daí que defendamos que o trabalho colaborativo e as funções supervisivas no desempenho das funções do Diretor de Turma sejam uma realidade possível de conciliar, sendo que

A atitude reflexiva do professor permitirá desenvolver essa mesma atitude nos próprios alunos, através das propostas de trabalho que lhes forem feitas em sala de aula – resolução de problemas e/ou trabalho de projeto, por exemplo – do modo como elas lhes são apresentadas e da sua avaliação e reflexão sobre as ações desenvolvidas. (Cardoso, Peixoto, Serrano & Moreira, 1996: 83)

Entendendo o trabalho colaborativo não como a realização conjunta de determinada ativi- dade, mas como uma atuação partilhada que converge para a melhoria do desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes, para a melhoria da aprendizagem dos alunos e até para a melhoria da instituição em que este trabalho se desenvolve, cremos que as funções supervisivas inerentes ao cargo de Diretor de Turma, numa perspetiva de supervisão horizontal, influem no desenvolvimento de práticas colaborativas entre os diferentes atores do processo educativo, nomeadamente entre os docentes de um Conselho de Turma, pois como referem Alarcão & Tavares(2003:129), a supervisão é

um processo permanente de enriquecimento mútuo de ajuda entre colegas, assente numa relação interpessoal saudável, autêntica, cordial, empática que permita o estabelecimento de uma atmosfera afectivo-relacional positiva em ordem a facilitar o desenvolvimento normal do processo de desenvolvimento dos professores e da aprendizagem dos seus alunos.

Nesta perspetiva supervisionar “não é um processo meramente técnico. O facto de o super- visor trabalhar com pessoas, factos, contextos, sentidos, relações, previsões e consequências requer capacidades comunicativo-relacionais, observacionais-analíticas, hermenêutico-interpretativas e avaliativas" (Alarcão & Tavares, 2003:151), o que implica a possibilidade de existir uma supervisão colaborativa, que se potencia através de: “maior visibilidade dada à intencionalidade através da ex- plicitação partilhada dessa mesma intencionalidade; corresponsabilização na gestão do processo de

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acompanhamento; maior abertura e recetividade na compreensão de si e dos outros” (Alarcão & Canha, 2013: 66).

Conscientes de que a colaboração entre todos os elementos de um Conselho de Turma e de que a supervisão levada a cabo pelo Diretor de Turma muito poderão contribuir para o efetivo su- cesso dos alunos ou para a exequibilidade das estratégias previstas nos Projetos Educativos, Planos Anuais de Atividades e mesmo nos Planos de Turma, “é necessário que a responsabilidade sobre o processo de realização dos propósitos que justificam [a relação colaborativa] seja equilibradamente assumida e partilhada por todos os que nela intervêm, independentemente dos papéis diferenciados que podem assumir.” (Alarcão & Canha, 2013:47)

Para que o trabalho colaborativo e as funções supervisivas sejam colocados em prática, de- vem ter-se em consideração a convergência conceptual; o acordo na definição de objetivos; a gestão partilhada e a antecipação de ganhos individuais e comuns (Tripp, 1989, cit. in Alarcão & Canha, 2013:47-48).

Os referidos autores mencionam ainda que para que exista uma efetiva prática colaborativa na supervisão, é essencial respeitar três princípios da teoria de Bronfenbrenner, nomeadamente a rela- ção afetiva (que se estabelece entre os intervenientes neste processo), a reciprocidade (influência do supervisor sobre o supervisionado e vice-versa) e o equilíbrio de poder (transferido de forma gradual para o supervisionado).

Assim, nesta aceção, colaborar é um instrumento para o desenvolvimento; um processo que implica partilha e interação e igualmente uma atitude de compromisso para com o(s) outro(s).

Alarcão & Tavares (2003:151), defendem que o (novo) supervisor-colaborativo deve apre- sentar competências cívicas, técnicas e humanas que se agrupam em:

✓ Competências interpretativas – de leitura da realidade humana, social, cul- tural, histórica, política e educativa;

✓ Competências de análise e avaliação – de situações, iniciativas, projetos e desempenhos individuais e institucionais;

✓ Competências de dinamização da formação – de apoio e estímulo às co- munidades de aprendizagem colaborativa, à mobilização e gestão de saberes e de es- tratégias, ao apoio na sistematização de conhecimento produzido.

✓ Competências de comunicação e relacionamento profissional – para mo- bilizar as pessoas, explorar tensões entre o real e o ideal, gerir conflitos e criar a em- patia necessária ao relacionamento interpessoal construtivo.

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Do que ficou dito até agora, acreditamos que o trabalho colaborativo e as funções supervisi- vas no desempenho das funções do Diretor de Turma são uma realidade possível de conciliar, ca- bendo à escola, por intermédio dos seus atores, promover uma educação para todos, baseada nos quatro pilares enunciados pela UNESCO no que respeita à educação para o século XXI: “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser” (Delors, 1996, cit. in UNESCO:2010).

E porque se tomou “consciência de que o desenvolvimento humano, individual e colectivo, é a pedra de toque para o desenvolvimento organizacional.” (Alarcão & Tavares, 2003:153), como defendem Favinha, Góis & Ferreira (2012:20),

O diretor de turma é a chave das mudanças organizacionais da escola e da inserção desta na Comunidade Educativa, pois comunica entre a escola e a família. Éum elemento fulcral na gestão de um currículo contextualizado, convocando o trabalho colaborativo e a mediação como ferra- mentas para formar alunos e professores, marcando todos dado que contribui para a formação de cidadãos críticos e aptos a exercerem uma cidadania responsável, consciente porque eticamente fundamentada.