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Capítulo III – A Inclusão Escolar

Capítulo 5 – Formação de Professores e a Inclusão

5.2 Perfil do Professor da Escola Inclusiva

5.2.4 Trabalho com outras Pessoas

Sobre o valor do “trabalho com outras pessoas” a colaboração e trabalho em equipa com pais e famílias (quadro 10), assim como, colegas e outros profissionais de educação, são metodologias essenciais para todos os professores, porque, por um lado, promovem o empenho na concretização de um objetivo comum, e por outro, proporcionam a partilha de experiências e a construção de sinergias.

Castro Silva, Amante e Morgado (2017) alertam para que consoante o tipo de prática colaborativa, esta pode influenciar positivamente ou não o envolvimento dos professores, realidade que pode ter efeitos sobre o relacionamento entre pares. Para estes autores quando os professores se sentem mais apoiados é natural que se sintam mais comprometidos com a sua profissão. Paralelamente ao apoio da liderança da escola e dos pares, também os pais, famílias e comunidade detêm um papel fulcral. O ensino inclusivo é na sua conceção baseado em estratégias de trabalho colaborativo, pelo que não faz sentido não contemplar os pais e as famílias nesta abordagem (Bergeron, Rousseau, & Leclerc, 2011).

Quadro 10. Trabalhar com pais e famílias Trabalho com outras pessoas Competência - Trabalhar com pais e famílias Atitudes e Convicções

“Os pais são os primeiros educadores, e em situações de necessidades educativas especiais, (apesar de depender das idades), são o garante da participação, assiduidade e envolvimento dos alunos. Por conseguinte, representam uma mais valia essencial, que jamais deve ser desprezada.

Capacidades

O professor dever ser capaz de motivar e envolver os pais e famílias no apoio à aprendizagem do aluno. Para o efeito as capacidades comunicacionais são de extrema importância. O professor deve estar ciente das diferentes origens culturais, étnicas, linguísticas e sociais, de modo a estabelecer uma comunicação adequada e merecedora de respeito”.

Fonte: Adaptado deAgência Europeia, 2012, pp.16-17

Castro Silva e Martins (2002, p.80) referem que “O envolvimento parental está positivamente correlacionado com os resultados escolares dos filhos e que quando as famílias participam na vida da escola, quando acompanham e ajudam os seus filhos nas tarefas escolares, estes têm melhores desempenhos escolares que os seus colegas com igual background, mas cujos pais não exercem qualquer forma de participação (…).

Objetivamente, a educação inclusiva acarreta um processo de melhoria contínua, pelo que é fundamental a utilização de todos os recursos disponíveis, incluindo as iniciativas que favoreçam o envolvimento parental. Assim, os modelos de trabalho dos professores de salas de aulas inclusivas, devem incorporar todos os recursos de apoio disponíveis, os quais incluem, alunos, pais, e outros profissionais, com o propósito de troca de saberes e construção de equipas multidisciplinares. Mas a cooperação interpessoal, deve ser construída numa base natural de entreajuda para alcançar um objetivo comum.

Segundo Dalton, Mckenzie e Kahonde (2012), é urgente que professores e terapeutas encontrem formas colaborativas de trabalhar tendo como finalidade alcançar um maior benefício para os alunos. Compartilhar um problema com um colega, para que em conjunto se encontre uma solução é um processo natural, e que se os professores se esquecerem disso e abdicam do que existe de maior valor na interação humana: a troca de ideias.

No entanto, como explica Dalton et al. (2012), nem sempre existe na comunidade docente e terapêutica esta disponibilidade de cooperação, pelo que se cai na tentação de

maximizar o ensino através da conceção - aprendendo de maneira universal, isto é, pretende-se aplicar os mesmos princípios para todos os alunos, em vez de se propor programas específicos de aprendizagem para diferentes formas de diversidade ou deficiência. Obviamente que este comportamento permite uma certa simplicidade, o que é muito atrativo para o professor ocupado, no entanto, ao implementar os princípios básicos face aos diferentes ritmos de aprendizagem uma gama de necessidades pode não ser satisfeita.

Outro aspeto que merece destaque para Dalton et al. (2012) é que, enquanto os professores falam a linguagem do currículo, os terapeutas estão mais mergulhados em termos médicos ou psicológicos.

Como referem Nunes e Amaral (2008), no caso de alunos com problemáticas mais severas, ou com multideficiência, o sucesso da inclusão passa, decididamente, pela capacidade de identificar modelos de resposta em sintonia e colaboração com os pais e sempre que possível com os próprios alunos.

Neste contexto, a competência “trabalhar com outros profissionais”, ou seja, o trabalho em conjunto e a cooperação são fatores determinantes da garantia de que a estratégica pedagógica realizada serve, de facto, as necessidades do aluno (quadro 11).

Quadro 11. Trabalhar com outros profissionais Trabalho com outras pessoas

Competência - Trabalhar com outros profissionais Atitudes e Convicções

A educação inclusiva é frequentemente complexa, pelo que requer um trabalho de equipa.

Capacidades

O contexto da educação inclusiva por si não é fácil, o que obriga os professores a implementar estratégias que facilitem o trabalho entre os diferentes intervenientes. As equipas devem ser flexíveis, desenvolver as atividades com uma visão abrangente e espírito de comunidade escolar. Devem contribuir para a criação de parcerias com outras escolas, organizações comunitárias e outras organizações com valências educativas.

Fonte: Adaptado deAgência Europeia, 2012, pp.17-18

Para Alarcão (2014), o exercício responsável da profissão de professor deve envolver os docentes em dinâmicas de reciprocidade e trocas de conhecimentos e de serviços, com o propósito de dar origem à aquisição, consolidação e produção de novos conhecimentos. Compete ainda, aos professores, encontrarem estratégias pedagógicas, e abordagens

motivacionais que lhes permitam ensinar todos os alunos, o que pode implicar o recurso a novos métodos e práticas, em particular, para aplicar aos alunos com necessidades educativas especiais. Obviamente que ninguém pode ensinar o que não sabe, razão pela qual é preciso ensinar os professores a ensinar (Lawson, Norwich, & Nash, 2013). Ensinar é uma arte, que se desenvolve pela comunicação verbal e não-verbal, razão pela qual, em paralelo com as competências de conhecimento são áreas que necessitam de ser trabalhadas.