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A formação da Associação Cultural Corrente Libertadora se deu dentro do processo de desterritorialização e, não obstante, na reatualização da memória e no enfrentamento das novas realidades sociais que a metrópole paulistana impunha.

Eu vim pra cá, como todo nordestino: em busca de um pouco mais de dignidade, em busca de fugir da fome lá do nordeste, como a maioria dos nordestinos, das dificuldades que passam, fogem, vêm pra São Paulo... Quando nós chegamos em São Paulo, eu vim primeiro, passei a trabalhar na construção civil, simplesmente com o objetivo de ganhar um dinheiro pra minha mãe poder vir com os outros irmãos e esses outros irmãos eram a Magnólia, o Tigrão e o Maurício. Esses irmãos vieram em seguida.2

A narrativa de Eufraudísio Modesto Filho, um dos fundadores da Associação Cultural

Corrente Libertadora nos traz alguns elementos para reflexão do processo migratório da família Modesto para a cidade de São Paulo. Já no início de sua narrativa, Mestre Eufraudísio identifica o problema que atinge a realidade da população pobre de várias regiões do nordeste brasileiro, deslocando sua percepção da migração do âmbito pessoal e privado para o contexto social.

A cidade de São Paulo na década de 1970, assim como outros centros urbanos em desenvolvimento industrial – principalmente Rio de Janeiro e Belo Horizonte, exerciam grande influência na busca de melhores condições de vida para uma parcela significativa da sociedade brasileira, oriunda de diversas regiões do país. Segundo Nadine Habert, na década de 70 os fluxos migratórios envolveram 30 milhões de pessoas para uma população de 93

milhões, um terço da população a engrossar, nas fileiras do operariado industrial e do mercado do trabalho informal. 3

No encalço do acelerado desenvolvimento industrial pelo qual passava a cidade de São Paulo nos anos 70 ocorria uma intensa e contínua remodelação urbana: avenidas, edifícios, espaços de serviços públicos, de lazer e habitacional eram destruídos, reformados e construídos, tornando a construção civil um dos setores econômicos que mais crescia na metrópole.

2 Entrevista V: Eufraudísio Modesto Filho - Mestre Eufraudísio, 09.10.09.

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A construção civil, segundo Eder Sader,4 absorvia uma parcela considerável da mão de

obra migrante por permitir o aproveitamento de habilidades que este já possuía, principalmente as habilidades de trabalho braçal, presentes na profissão de pedreiro, marceneiro e outros. Muitas vezes, a construção civil abrigava em condições precárias, no próprio espaço das empreitas, trabalhadores sem moradia estabelecida na cidade, o que era uma saída para muitos recém-chegados. Eufraudísio inicia sua relação de trabalho na construção civil, mas, diferentemente da experiência de muitos migrantes, não fez do local de trabalho sua casa. Isso porque, parte do núcleo familiar já residente em São Paulo o acolhe.

A expectativa de melhores condições de vida está intimamente associada a um projeto familiar e ao universo do trabalho. O deslocamento da família Modesto do interior da Bahia para a cidade de São Paulo, como nos sugere Eufraudísio Modesto, compunha um projeto coletivo, no qual a figura da matriarca Elvina Araujo Modesto é central para a manutenção da identidade e unidade da família no processo de deslocamento.

Oriunda da pequena cidade de Floresta Azul – cidade de economia baseada na agricultura de estrutura latifundiária, localizada na região centro-oeste do estado da Bahia, a família Modesto inicia o processo migratório, no primeiro momento, dentro do próprio estado baiano e depois para o sudeste do Brasil.

Então, eu me chamo Eufrásio Modesto Alves e nasci em Floresta Azul, uma cidadinha da Bahia, perto de Ilhéus, de Ibicaraí e nasci em cinqüenta e cinco... e a minha trajetória lá na Bahia assim, era de uma família assim não muito pobre, mas, uma família assim mais ou menos. No começo meu pai ele foi delegado de Floresta Azul mesmo e depois ele passou pra fiscal...meu pai era uma pessoa bem considerada em Floresta Azul e aí ele...foi caí na trajetória dele, teve envolvimento com bebida e aí foi vendendo todas as coisas dele, as casas deles e nisso a gente foi crescendo... meu pai já tava com problema sério de bebida e aí a gente teve de mudar de Floresta Azul pra Ibicaraí...Bicaraí é uma cidadinha perto de Itabuna, uma cidadinha muito legal e a gente... começou a trajetória de, não de miséria, mas assim de pobre mesmo... Então a trajetória, meus irmãos começou a sai de lá, de Bicaraí e aí fomos morar no Bode, Bode Capado. Bode Capado é um arraialzinho em Bicaraí, muito pequeno e lá ...minha mãe vendeu uma casa lá em Floresta Azul e comprou esse lugarzinho lá em Bode Capado e que a gente começou a morar e a situação complicou mesmo e aí que meus irmãos começou a vir pra São Paulo... Eu já tinha nove ano, por isso que a gente também num estudava, porque saía de um canto mudava pra outro e depois...voltamos pra Itapetinga, do Bode Capado pra Itapetinga.5

A família Modesto vivia na área urbana do município favorecida pela profissão do pai Eufraudísio Modesto, como nos indica Eufrásio Modesto – Ms. Tigrão. Entretanto, o

4 SADER, Eder. Quando Novos Personagens Entraram Em Cena. São Paulo: Paz e Terra, 2001, p.81. 5 Entrevista I: Eufrásio Modesto Alves - Mestre Tigrão, 19.02.08.

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problema de saúde do patriarca atingiu diretamente a situação econômica da família forçando- os a deslocar-se em busca de condições de sobrevivência.

No processo de deslocamento, a família se reestruturou em torno da mãe Elvina Araujo que passou juntamente com os irmãos mais velhos – principalmente Agnelo e Eufraudísio – a traçar os caminhos da família. Na experiência da migração mantiveram quase em sua totalidade a unidade familiar. Da família de oito irmãos apenas Agnelo permaneceu na Bahia.

A mudança de Floresta Azul para Ibicarí e depois para Itapetinga, indica que a família passou em poucos anos por um movimento de deslocamento intenso, o que necessariamente exigiu lidar com diferentes realidades sociais. A busca por trabalho para garantia de condições melhores de vida estava transpassada pelo desafio de adaptação e diálogo com essas realidades.

Compreendemos que no paulatino distanciamento da figura paterna ocorreu um rearranjo das relações familiares, nas quais a mãe Elvina e os irmãos mais velhos passaram a construir um novo e conjunto projeto de vida para a família, no qual a vinda para São Paulo se constítuiu numa estratégia de sobrevivência mais digna – nas palavras de Eufraudísio – e ao mesmo tempo de fortalecimento dos vínculos familiares.

nossa família sempre foi muito pobre, muito humilde, mas muito rica de energia, em acreditar no outro e não têm aquela coisa de super proteção, pisou na bola, a gente cai em cima mesmo e dá um pega... agora, existe uma coisa de se acreditar, de se ajudar, ter um grau de solidariedade, um grau de partilha em todas as instâncias da vida: os sofrimentos, as alegrias e tal, isso é uma coisa que a gente herdou do núcleo familiar... nós temos posturas diferentes sociais, posturas diferentes até culturais, mas a gente respeita muito essa coisa...6

O caráter participativo e comunitário das relações familiares apresentadas na narrativa acima, nos indica alguns fatores que podem colaborar para a compreensão da formação da

Corrente Libertadora em 1976 com a participação dos quatro irmãos: José Maurício Neto, Eufraudísio Modesto Filho, Eufráusio Modesto Alves e Magnólia Maria Alves Pinto, na Vila São José, periferia da cidade de São Paulo.7

6 Entrevista V: Eufraudísio Modesto Filho - Mestre Eufraudísio, 09.10.09.

7 Gostaríamos de ressaltar que quando mencionamos os fundadores da Associação como o grupo dos quatro irmãos – Maurício, Eufraudísio, Eufrásio e Magnólia – não se trata de negligenciar o papel desempenhado por Ms. Maurício na atitude de buscar a capoeira, de iniciar o processo de divulgação da mesma à sua família e à

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A narrativa de Eufraudísio – Ms. Eufraudísio, descreve um universo familiar a partir de um forte sentimento de pertença, construído através da participação ativa dos membros na constituição da história familiar. Há na vivência cotidiana descrita por ele um sentido de coletividade baseado no reconhecimento do outro, na discussão e em decisões compartilhadas.

As afinidades, discordâncias e convivência com as diferenças no núcleo familiar Modesto contribuíram, em nosso entendimento, para uma das particularidades da Associação

Cultural Corrente Libertadora: a formação de um grupo de capoeira por quatro irmãos, incluindo a participação de uma mulher.

A formação da Associação Cultural Corrente Libertadora está, pois, intimamente relacionada aos vínculos familiares e ao movimento migratório para a cidade de São Paulo, assim como com as vivências sócio-culturais que esses migrantes construíram e desenvolveram na cidade.

Migrantes da região do sul da Bahia, nordeste brasileiro, os demais membros da família Modesto – D. Elvina Modesto, José Maurício, Magnólia Maria e Eufrásio Modesto – chegaram em São Paulo em 1972, segundo depoimento de Magnólia Maria, e se estabeleceram com os irmãos que aqui já moravam, na periferia de Santo Amaro. Uma família de oito irmãos comandados pela matriarca Elvina Araújo Modesto, que na cidade, na periferia da cidade de São Paulo se deparou com as dificuldades de acesso à moradia, educação, trabalho e saúde.

Chegamos em São Paulo desprevenidos, por que ninguém tinha blusa de frio e tava naquela época que fazia aquele frio mesmo e... fomos pra casa da nossa irmã. Ao chegar lá, a gente ficou assim meio que decepcionado, que a gente achava que chegando em São Paulo a gente ia resolver a vida assim, naquela época, a maioria que morava na Bahia ou em qualquer lugar achava que vindo pra São Paulo, vinha pro céu, tudo ia melhorar...Saímos procurando as casas, só que ao chegar lá, ela já não morava nessa casa, aí fomos de um a bairro pra outro, aquele monte de gente, passando frio e conseguimos encontrar a casa, só que ao chegar, a casa era dois comodozinho! Alugada ainda! E aí, tivemos que embolar todo o mundo ali; ela recebeu a gente muito emocionada, muita gente, claro! Mas mesmo assim ela ficou muito feliz de ver a gente e

comunidade da Vila São José e na ação empreendedora da formação do grupo Corrente Libertadora por volta de 1975-6, sem a participação direta dos irmãos, mas trata-se de uma opção metodológica que compreendeu através da pesquisa realizada, que foi a partir de 1976 com a participação dos quatro irmãos, que a Associação desenvolveu as especificidades em seu fazer cultural da capoeira; em sua prática cultural, social e política que a diferencia no universo da capoeiragem de outras experiências de grupos de capoeira na cidade.

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embolou todo mundo ali, pra passar de manhã quem ia trabalhar, tinha que ver se não pisava na cabeça de alguém...8

A chegada à casa de sua irmã, narrada por Magnólia, está carregada do estranhamento inicial no olhar a cidade. O frio, as distâncias e desapontamentos estão intimamente relacionados com a gama de expectativas sobre o viver na “cidade grande” que acompanhavam a maioria dos migrantes: esperanças de melhores condições de trabalho, de educação, de saúde, de melhor viver e conviver. Nesse sentido, sob os impactos do processo de desenraizamento, o núcleo familiar exerce um papel fundamental na reelaboração de valores, na construção de novas sociabilidades e no fortalecimento da identidade cultural.

Segundo Eder Sader,9 é recorrente que os grupos de migrantes se estabeleçam em lugares da cidade nos quais haja familiares, conhecidos, conterrâneos, que em suas relações, comumente colaboram no processo de adaptação à realidade urbana, muitas vezes auxiliando em questões primárias para sobrevivência na cidade como noções de localização, locomoção, documentos, busca de emprego e lazer.

Se na primeira metade do século XX, Santo Amaro, região na qual se instalou a família Modesto, tinha uma presença forte de imigrantes, principalmente de alemães, na segunda metade do século, o migrante nordestino advindo de diversas regiões ocupou esse bairro intensamente: habitando, trabalhando, construindo redes de solidariedade, produzindo arte e vivenciando a pluralidade de culturas que trouxeram e com as quais aqui se depararam.

Viver cotidianamente na periferia de uma cidade como São Paulo é se deparar constantemente com os limites dos investimentos do Estado em regiões ocupadas pelas camadas populares dessa sociedade. Como sabemos, a distribuição espacial dos grupos sociais na cidade não é aleatória; está relacionada a projetos políticos e ao poder aquisitivo dos cidadãos.10

8 Entrevista VI: Magnólia Maria Alves Pinto, 31.13.10.

9Segundo Eder Sader, “a família permanece lugar central na reelaboração de experiências de seus membros e de construção de projetos de vida. Ao apoiar-se na família o migrante recupera (e reinterpreta) toda uma constelação de valores comunitários no interior das relações societárias. A mobilização de parentes, vizinhos e conterrâneos não constitui um resíduo de padrões tradicionais, que tenderiam a sumir com o processo de urbanização, mas são relações atualizadas na vida urbana e constitutivos dela”. SADER, Eder. Op, cit., p. 94- 95.

10 Na cidade de São Paulo, as políticas voltadas voltadas para a transformação do espaço acabaram por criar as

condições para alterações nos padrões de ocupação da cidade pela indústria, comércio, serviços e habitação. Esse movimento de remodelação urbana está intimamente relacionado com o crescimento industrial já nos anos 30, período em que se optou pelo Plano de Avenidas de Prestes Maias para a reforma viária da cidade, favorecendo a ocupação da periferia metropolitana (centro - regiões limítrofes: Osasco, Taboão da Serra, etc.) seguindo os trilhos dos trens e dos bondes. Nos anos 50, esse processo se intensificou criando um movimento de ocupação da

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Mediante essa situação, fica patente o precário acesso da população da periferia a serviços públicos, entretanto, a produção cultural em bairros como Santo Amaro e, principalmente, em sua periferia ganha sobrevida através da ação direta de seus moradores, que diante das limitações impostas pela realidade social – entrecortada pelas conseqüências de uma distribuição de renda desigual e um capital cultural marginalizado – reinventam práticas culturais e vivenciam novas experiências comunitárias.

A formação da Associação Cultural Corrente Libertadora advém em parte desse encontro cultural e dessa situação migrante que seus fundadores protagonizaram ao encontrar na periferia da grande cidade uma outra possibilidade de dar continuidade à sua história. A trajetória da Associação inicia-se com o filho mais novo da família Modesto: José Maurício Neto – mais tarde Mestre Maurício, que ao descobrir a cidade em busca de trabalho e diversão, descobre os caminhos para a capoeira envolvendo-se em treinos e frequentando rodas de capoeira da cidade.

ali no São José, Maurício começou se envolver com capoeira...quando nós mudamos pro Jd. Manacá, o Maurício já tava envolvido com capoeira; a gente num queria nem saber de capoeira. Eu não queria, a minha mãe também brigava: Menino cê fica com

esse negócio... E falava que meu avô também fazia isso, num sei o quê, mas ela não

gostava disso, que não dá camisa pra ninguém... Ai o Zé Santos, como ele treinava no Penatti... era um Mestre que tinha uma academia em Santo Amaro, na Av. Santo Amaro que era São Bento Pequeno, O Limão tinha uma academia ali também na Av. Santo Amaro, no Brooklin e aí o Maurício, ele fazia aquela coisa ia no Limão, ia no Penatti. O cara que era o Zé Santos que tava montando academia, ele treinava lá e ensinava pro Maurício cá e o Maurício ia lá de vez em quando, fazer aquela coisa: ia lá... ia cá e nunca pagou academia, que era daquele jeito. 11

O jovem Maurício circulava pela cidade a partir do referencial cultural com o qual se identificava. No primeiro momento, levado pela relação direta com a Bahia – ele entrou no

mesmo ano que chegou aqui...não sei o que...viu que era capoeira da Bahia. 12 Vivendo em um território que o diferenciava por sua origem, condição social e especificidades culturais, a busca por espaços alternativos, nos quais pudesse compartilhar experiências através da prática cotidiana de manifestações culturais, foi uma estratégia de inserção na cidade.

cidade por parte significativa de trabalhadores migrante nas periferias da cidade (centro-periferia). Nessa conjuntura, regiões da Zona Sul de São Paulo, como Capela do Socorro, Campo Limpo e Parelheiros foram ocupados massivamente por essa população, economicamente dessastitida por políticas públicas de habitação efetivas e exposta à especulação imobiliária. Ver: BÓGUS, Lúcia Maria M. Urbanização e Metropolização: O

Caso de São Paulo. In: A Luta Pela Cidade em São Paulo. São Paulo: Cortez, 1992.

11 Entrevista I: Eufrásio Modesto Alves - Mestre Tigrão, 19.02.08. 12 Idem.

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José Maurício entrou no universo da capoeira utilizando as estratégias que estavam ao seu alcance: a proximidade com o capoeirista Zé Santos o colocou em contato com mestres importantes da zona Sul de São Paulo e do contexto da capoeira naquele período, Ms. Pinatti e Ms. Limão.13 Entretanto, os limites financeiros, bem como o olhar no futuro, afastou o Ms. Maurício de um vínculo permanente com os mestres citados.

Como é comum denominar no universo da capoeiragem, Ms. Maurício lançou mão da malícia: se relacionou com os grupos de capoeira, seus mestres, aprendeu o que lhe foi possível da prática da capoeira, suas linguagens, sem no entanto criar raízes nesses grupos; perseguia o objetivo de formar sua própria academia, seu próprio grupo de capoeira.

Não pretendemos aqui, lançar um olhar antropológico para o que entendemos por malícia, mesmo por que estaríamos navegando em águas de outros territórios, mas tão somente adjetivar um conjunto de estratégias cotidianas para inserção de um estrangeiro – no sentido que utilizada Nobert Elias –14 na dinâmica da cidade, ainda por se tornar conhecida e

apoderada.

O objetivo de formar um grupo de capoeira e montar uma academia esbarrava, no entanto, em questões práticas de ordem financeira e concomitantemente dava visibilidade a dilemas, ainda não superados pela sociedade brasileira, em lidar com a capoeira.

É significativo na narrativa do irmão Eufrásio Modesto Alves que Ms. Maurício enfrentou a resistência da própria família para continuar a investir na prática cultural da capoeira. O argumento da mãe Elvina Modesto remonta, em certa medida, a um imaginário criado em torno dos capoeiras na virada do século XIX para o século XX.

Não dá camisa a ninguém nos remete a falta de perspectiva profissional e de reconhecimento social da capoeira. Esta percepção foi construída em um paulatino processo

13 Djamir Pinatti, Ms. Pinatti e Paulo dos Santos, Ms. Limão fundaram em 1969 a Associação de Capoeira São

Bento Pequeno, ao que indica a bibliografia, na Av. Brigadeiro Luiz Antônio em São Paulo. Herdeiros da tradição da capoeira Regional e Angola, respectivamente, ministraram aulas e formaram alunos no diálogo desses dois estilos. Em 1970, Ms. Limão particulariza seu trabalho fundando o Grupo Quilombo de Palmares e Ms. Pinatti, continua com sua Associação, ambos na zona sul de São Paulo. Ms. Pinatti, hoje com seus 80 anos de idade continua ministrando suas aulas na Vila Mariana e Ms Limão faleceu em Santo Amaro da Purificação – BA em 1985.

14 Nobert Elias utiliza o conceito outsiders para designar o recém - chegado a uma cidade estranha, nova, com

uma sociedade estruturada em valores, normas e status social reconhecido pelos grupos sociais que a compõem. Nesse sentido, a compreensão dos outsiders (estrangeiros) se dá em uma condição relacional com os established (estabelecido); a concepção de Nobert Elias esta centrada nas normas estabelecidas pela boa sociedade, por isso, estamos nos referindo aqui, à ele, mais para entendermos o ser estrangeiro em uma cidade desconhecida. ELIAS, Nobert; SCOTSON, John L. Os Estabelecidos e os Outsiders – Sociologia das Relações de Poder a Partir de

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histórico no qual a capoeira até a década 30 estava intimamente associada às práticas sociais e culturais das chamadas “classes perigosas” em centros urbanos de fortes traços culturais de

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