• Nenhum resultado encontrado

TRABALHO DE CAMPO

No documento ANTÃO DE SIQUEIRA NETO (páginas 28-53)

Os dados referentes ao presente estudo foram obtidos no período de março de 2010

a dezembro de 2011 na Unidade de Conservação APA Serra Branca/Raso da

Catarina, Jeremoabo – Bahia.

Inicialmente foram efetuados contatos com o presidente da Cooperativa dos

Apicultores e Meliponicultores Integrados do Sertão da Bahia- e, presidentes de

algumas das associações nas comunidades da APA e áreas adjacentes, para

reconhecimentos dos atores que participariam da pesquisa. Posteriormente foram

realizadas reuniões com membros destas associações, para esclarecimento sobre o

projeto. Além dos contatos foram realizadas visitas ocasionais as áreas de

atividades dos apicultores.

A pesquisa foi realizada com apicultores/meliponicultores dos povoados de

Jeremoabo-Ba: 1- Cabeça de Boi, 2- Angico, 3- Incozeira,, 4- Tarrachil, 5- Cantinho,

6- Lages, 7- Água Branca, 8- Pocozó, 9- Bananeira, 10- Brejo Grande, 11-

Carnaiba, 12- Taperinha, 13- Brancos, 14- Adriana, 15- Bananeirinha, 16-

Canabravinha Candis, 17- Olho D’água do Albino, 18- Alto da Tapera, 19- Baixa da

Lagoa, 20- Barrocas, 21- Olhos d’água, 22- Baixa dos Quelés, 23- Qulés , 24-

Estaleiro de Baixo, 25- Itapicuru D’água, 26- Coronel, 27 Pau de colher, 28 Fazenda

Nova, 29- Muriti, 30- Coronel, 31- Malhada Vermelha, 32- Saco Grande, 33- Pau

D’água, 34- Matinha, 35- Baixa do Anjo, 36- Lagoa do Raso, 37- Espinheiro, 38-

Assentamento Caritá (Figura 6)

A metodologia combinou observações “in loco”, entrevistas e levantamento

bibliográfico, sendo de nível exploratório, conforme Oliveira (2003). Foram

consideradas duas fontes: informações dos apicultores/melicultores e observações

dos apiários. No primeiro caso foram entrevistados 50 apicultores integrantes das

associações e cooperativa dos Apicultores e Meliponicultores Integrados do Sertão

da Bahia-COOPERAPIS com idade compreendida entre 25 anos e 60 anos.

As entrevistas estiveram centradas em questões relacionadas ao tipo de atividade,

grau de conhecimento sobre abelhas e o seu manejo, além de aspectos da flora e

atuação das cooperativas e associações.

As observações dos apiários ocorreram durante o período de entrevistas, com

visitas sempre no horário matinal e em época de floração. Nestas visitações, foram

realizados registros fotográficos das colmeias.

Após a análise, os resultados foram apresentados em ordem lógica, acompanhados

de gráficos, tabelas, mapas e figuras. A apresentação dos dados possibilitou

também comparações com outros resultados já existentes sobre o assunto na

literatura citada ou conhecida.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na APA Serra Branca do Raso da Catarina, a apicultura é uma atividade

desenvolvida principalmente por pequenos produtores, sendo, na maioria das vezes,

complementar a outras atividades agrícolas, o que se retrata nas falas dos atores

envolvidos, quando afirmam ter na atividade, tanto para eles, quanto para os

familiares, uma alternativa que gera renda e complementa o orçamento familiar.

A apicultura é um empreendimento desenvolvido a partir de baixos investimentos e

baixos custos operacionais. Esta atividade permite o consórcio com qualquer outra

atividade agropecuária, pois não concorre com nenhum animal no pastejo, as

abelhas não consomem a forragem, o que mostra mais uma vantagem que é a não

necessidade de uma formação de pastagens; favorecem para o aumento da

produtividade das colheitas através da polinização em massa, com a vegetação e

clima da região; os produtos gerados são naturais e de alto valor de mercado, além

de, com apiários localizados em vegetação nativa, em condições adequadas, haver

possibilidade de produzir mel orgânico que atinge preços elevadíssimos no mercado

internacional (VAN TOL FILHO, 1963).

Segundo os apicultores da região a Apicultura e/ou Meliponicultura tornou-se um

meio de “sobrevivência”, garantindo uma fonte de renda para as famílias sertanejas.

Este comportamento é observado na maior parte do Brasil, como atestam os

trabalhos realizados por Reis (2003), em Mato Grosso do Sul, ao afirmar que 98%

da produção de mel da região é proveniente de pequenos produtores, mas que

respondem por 80% do total obtido na atividade e que realizam a exploração fixa,

com média anual de 15 Kg/colmeia. Na Bahia, a literatura pertinente cita a

importância dos pequenos agricultores de municípios do Norte da Bahia, como

Campo Alegre de Lourdes, Casa Nova, Remanso, Pilão Arcado, Juazeiro, Uauá,

Curaçá, Sobradinho e Sento Sé, que apostaram na potencialidade que a apicultura

oferece e estão se especializando na produção de mel e cera. De fato, estudos têm

revelado que as abelhas desempenham um papel relevante para a perpetuação das

espécies vegetais, visto que são polinizadoras de várias plantas, tendo por

consequência fecundações mais rápidas que outros agentes polinizadores.

É comum entre os apicultores entrevistados, a preocupação com o ambiente, onde

as afirmações referentes ao desmatamento como uma prática comum na área, tem

prejudicado bastante a atividade apícola. Afirmam terem conhecimento sobre a

importância das plantas para a criação e preservação das abelhas. Na área

estudada ficou evidente, a importância das plantas para a criação de abelhas na fala

de dois dos pesquisados: “a alimentação das abelhas, melhora a qualidade do mel,

mantém o ciclo produtivo do mel e da própolis” (P.J), “as pastagens apícolas são de

suma importância para a sustentabilidade”, complementa (Sr. O.).

Para Sommer (1996), “a apicultura é uma atividade que tem papel socioeconômico

importante, pois utiliza mão de obra desde a manutenção dos apiários à produção

de equipamentos, além de empregos relativos ao beneficiamento (...)”, ou seja, a

cadeia produtiva apícola depende em todos os seus elos, de mão de obra humana.

O criador pode obter suas colônias através de técnicas simples, como a utilização de

ninhos-isca, e a multiplicação artificial de colônias, que são métodos eficientes, e

permitidos pela resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº

346, de 06 de julho de 2004. (Anexo 1)

Todas as ações realizadas com o objetivo de assegurar a permanência dos

enxames nas colmeias nos períodos de escassez de alimento fazem parte do

manejo de manutenção. Souza (2007) considera que a prática permanente da

manutenção se torna fundamental para quem faz apicultura fixa e em regiões onde

existem longos períodos de restrição alimentar, como boa parte do nordeste.

Os dados apontam que a Cooperapis – Cooperativa dos apicultores e

meliponicultores integrados do sertão da Bahia, com sede em Jeremoabo, concentra

um total de 500 associados e em termos de associações, destaca-se a Associação

Várzea Grande, no povoado Várzea Grande, com 55 sócios. Neste sentido,

observamos e podemos afirmar que o trabalho em conjunto por parte dos criadores

de abelhas, das comunidades estudadas é sumamente importante sob os aspectos

da sustentabilidade e produção do mel, verificando-se também a importância das

associações e cooperativas.

Na fala de um entrevistado há dois elementos importantes que se somam à geração

de renda: “... ainda permite inúmeros ensinamentos de preservação e trabalho

conjunto” (Sr, PR, apicultor de Jeremoabo). Segundo os pesquisados, são muitas as

vantagens em trabalhar nas associações e cooperativas, e entre elas é que evitam

atravessadores, porque negociam diretamente com os compradores em qualquer

parte do Brasil, com preço justo e com segurança nas transações.

Conforme Chaves (2006), o apicultor entende muito de manejo de colmeias e sabe

produzir mel com facilidade, porém tem dificuldade na sua comercialização.

Verificou-se neste sentido, que dos apicultores entrevistados 46% pertencem a

associações, 40% a cooperativas, 8% pertencem a ambas e apenas 6% não têm

vinculo oficial com nenhuma instituição. (Figura 07).

FIGURA 7 – PERCENTUAIS DE ENTREVISTADOS QUE ESTÃO VINCULADOS AS ASSOCIAÇÕES

E COOPERATIVAS EM JEREMOABO, BAHIA

Fonte: Pesquisa de campo realizada de dez/11 a fev/12

Os entrevistados apontaram que a Cooperativa é forte e organizada, o que contribui

para o aumento da competitividade com municípios de outros estados, através do

principal produto - o mel. Segundo eles o mel é de qualidade, sendo aceito nos

grandes centros consumidores do país e do exterior.

No entanto, quando falam sobre a realização da atividade fica evidente que esta é

realizada de forma individual.

46%

40%

8%

6%

Associação

Cooperativa

Ambas

Nenhuma

Entregamos todo mel produzido a cooperativa, com preço tabelado e

não nos preocupamos mais com o destino do mel, isso é feito pela

cooperativa, que armazena, embala e mantém dentro do controle de

qualidade para os compradores de outros estados e boa parte desse

mel vai para outros países. (M. N. apicultor).

É evidente a posição dos apicultores da região quanto à segurança e tranquilidade

que a cooperativa passa para eles, sem contar que contam também, com incentivos

e apoio de órgãos públicos para a produção e escoamento como, por exemplo:

SEBRAE, Prefeitura e Banco do Nordeste.

São conscientes de que a falta de beneficiamento no mel traz prejuízos financeiros,

no entanto, concordam que a quantidade produzida em Jeremoabo, não tem

mercado interno no próprio estado da Bahia que absorva a demanda, sendo

necessário exportar para outros estados com maior capacidade de beneficiamento e

que, por sua vez, exportam este mesmo mel para outros países.

Esta realidade, no entanto, não é a de todos os estados nordestinos, visto que no

Piauí, somente em um município, São João da Canabra, em 2011, a produção foi de

19 toneladas de mel, conseguida graças às condições naturais favoráveis e

assistência técnica permanente. O Estado ocupa a terceira posição na produção de

mel no Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo e do Rio Grande do Sul, primeiro e

segundo lugares, respectivamente (WERG; PESSOA, 2011).

Um dos fatores que ainda preocupa os apicultores e/ou meliponicultores da região

são as pessoas que vem de outras localidades para desenvolver a atividade, e que

não fazem parte da Cooperativa e das Associações, prejudicando assim a

comercialização do mel dando margens de lucro aos atravessadores.

Segundo um dos diretores da COOPERAPIS o Sr. O. M. L., ainda existem cerca de

quarenta por cento de apicultores clandestinos na região, que: “alugam terras de

propriedades vizinhas às áreas de criatórios e colocam suas caixas (colmeias)

próximas das nossas, interferindo assim no bom desempenho das nossas abelhas

devido à formação de uma superpopulação, disputando de forma mais difícil a coleta

do pólen”.

Outro aspecto que deve ser considerado, diz respeito ao conhecimento das leis de

uso das unidades de conservação, que tem regras bastante claras para sua

administração, sendo proibido qualquer tipo de atividade exploratória e presença

humana sem autorização do ICMbio. No entanto, 26% dos produtores de mel

desconhecem as leis e até mesmo da existência das Unidades de conservação no

município, sendo que 74% sabem da existência das referidas leis mas,

desconhecem os seus objetivos.

Se por um lado, os apicultores e meleiros desconhecem a existência das áreas de

conservação, por outro, os mesmos tem os seus direitos garantidos por lei,

condições de trabalho e alternativas para subsistência frente à questão do uso dos

recursos naturais. Inclusive um dos princípios que rege o artigo 5º do Sistema

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC (2000) garante às

populações tradicionais, cuja subsistência dependa da utilização de recursos

naturais existentes no interior das unidades de conservação, meios de subsistência

alternativos ou a justa indenização pelos recursos perdidos.

Torna-se necessário compreender que a apicultura, em virtude dos grandes

benefícios trazidos a comunidade não se trata de mais uma atividade agrícola ou,

apenas, mais uma alternativa de renda, tendo em vista atender os princípios

propostos pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CMMAD, 1991), que considera requisitos para um desenvolvimento sustentável

aquelas atividades que possam suprir as necessidades do presente, sem

comprometer a capacidade das futuras gerações suprirem as suas próprias

necessidades.

Vale salientar que a Apicultura mesmo sendo uma atividade importante na geração

de emprego e renda nas comunidades entrevistadas, a maioria exerce outras

atividades, sendo a agricultura e a pecuária as mais citadas (Figura 08).

FIGURA 8 – OUTRAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELOS APICULTORES E

MELIPONICULTORES DA APA SERRA BRANCA, JEREMOABO, BA.

Fonte- Pesquisa de campo realizada de dez/11 a fev/12

No Brasil a criação de pequenos animais e a agricultura convencional é a base da

atividade agropecuária das pequenas e média propriedades. Na região Nordeste a

sustentação destas propriedades apoia-se na produção de grãos, tais como: milho,

feijão, arroz, mandioca e na criação de caprinos e ovinos.

Sabe-se que, para se manter competitiva, toda e qualquer instituição precisa do

conhecimento atualizado e competência dos seus associados e/ou empregados por

isso, é imprescindível dar espaço e oportunidade para formação e desenvolvimento,

pois através desses profissionais será possível enfrentar as mudanças frequentes no

cenário social, econômico, político, cultural, tecnológico e ambiental, agregar valor

ao negócio e aproveitar as oportunidades de mercado, sendo uma forte estratégia

organizacional para vencer os desafios.

Quando questionados sobre a participação em treinamentos para trabalhar com

abelhas, verificou-se que 40% não participaram de nenhum tipo de treinamento, só

aprendendo manejar com a prática e com ajuda de outras pessoas experientes no

assunto. Os demais tiveram algum tipo de treinamentos sendo citadas as seguintes

modalidades: cursos sobre apicultura, seminários, palestras, feiras e encontros,

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

48%

agricultura

14%

pecuária

10% não

exercem outras

atividades

28%

outras

atividades

cursos avançados de apicultores e meliponicultores (promovidos pelo SEBRAE) e

utilização de DVDs pelas associações.

Para os apicultores, outro fator importante na produtividade das abelhas se refere ao

manejo de manutenção das colônias, onde havendo descuido tem levado muitos

apicultores a perderem, anualmente, parte dos enxames de suas colmeias, alguns

chegam a perder mais de 40% delas. A perda de enxames resulta na redução da

capacidade de produção do apiário e diminui os lucros do apicultor.

Esta prática está sendo extinta até porque além dos treinamentos recebidos, os

meliponicultores agora utilizam caixas padronizadas que facilitam o manejo e a

localização das colmeias, e na sua maioria utilizam o quintal da sua própria

residência. (Figuras 09 e 10),

Figura 09 - MELIPONICULTURA PRATICADA EM RESIDÊNCIA –

ASSENTAMENTO CARITÁ – JEREMOABO – BA

Fonte- Pesquisa de Campo realizada jan/12

Foto – Antão S. Neto

Os meleiros da região de Jeremoabo, já se encontram em nível de conhecimento

sobre a atividade de meliponicultura bastante avançado, uma vez que cerca de

noventa por cento dos povoados deste município tem apicultores e ou

meliponicultores e já não utilizam mais as práticas tradicionais com relação ao

manejo das colmeias que eram bastante nocivas, como por exemplo: “encontrar

ninho no mato e aproveitar apenas o mel, deixando o resto da colônia aberta,

considerando que as abelhas poderiam se mudar para outro lugar, o que resultava

na extinção daquele ninho” (Apicultor J. Ribeiro).

FIGURA 10- COLMÉIA DE ABELHA MOSCA BRANCA - MELIPONA

ASSENTAMENTO CARITÁ – JEREMOABO BA –

Fonte- Pesquisa de Campo realizada em jan/2012

Foto – Antão S. Neto

Acompanhando o trabalho, observamos que Inicialmente o manejo dos apiários

(figura 11), tem que ser feito sistematicamente, no sentido da limpeza das colmeias,

evitando mata muito fechada, para facilitar o afastamento de predadores naturais na

época de seca.

Além disso, verificando as colmeias e colocando alimento para as abelhas tais como:

rapadura, farinha de soja, açúcar refinado e água. Esse processo se dá enquanto

não acontece a florada das vegetações, e nesta época o trabalho é mais de

inspeção e verificação das colmeias para eventuais limpezas, para evitar entrada de

água e afugentar predadores.

FIGURA 11 - APIÁRIOS INSTALADOS NA APA SERRA BRANCA, JEREMOABO-BAHIA

Fonte: Pesquisa de Campo realizada em jan/2012

Foto – Antão S. Neto

Neste sentido o Apicultor e Presidente da COOPERAPIS (Cooperativa dos

Apicultores e Meliponicultores de Jeremoabo),comenta:

Tem de ser bem disciplinado, verificar as caixas uma a duas vezes

por semana, colocar água próximo das colmeias e afastar os

predadores. o maior trabalho é na época da colheita. O meu pai

também é apicultor e agricultor, e uma atividade não atrapalha a

outra. Hoje tenho outra atividade que é o transporte escolar, apenas

o compromisso de levar e trazer alunos nas escolas da zona rural, o

que deixa o restante do dia livre para que eu possa verificar as

abelhas, atividade esta que está sendo muito rentável.

Os apicultores da região de Jeremoabo-BA, utilizam cada um, média de 40 caixas

(colmeias), com uma população estimada de 68.000 a 80.000 abelhas, e cada

apiário tem de 25 a 30 caixas com distância de 2m entre as caixas padronizadas e

300m a 500m entre os apiários. Ver figura 12.

FIGURA 12 - CAIXA DE COLMÉIA

Fonte: Pesquisa de Campo realizada em jan/2012

Foto – Antão S. Neto

Na revisão das colmeias, os apicultores se posicionam nas laterais ou no fundo

delas, uma vez que o posicionamento frontal atrapalha o movimento de entrada e

saída das abelhas; Evitam movimentos bruscos, pancadas nas caixas, barulho

excessivo e o uso de perfumes, para não irritar as abelhas; Não realizam revisões

em dias de chuvas ou com neblina e nem em dias muito frios; Geralmente são

realizadas de 08h00 as 10h00 e de 14h00 as 17h00, com preferência pelo horário da

manhã. Estas revisões são breves e evita-se o manuseio excessivo das colônias: Os

quadros velhos (escuros ou com defeito) são trocados por quadros com cera puxada

ou alveolada colocando-os intercalados com os favos de cria no centro do ninho.

Substituem-se anualmente pelo menos 20% dos favos, nas épocas das floradas e

após cada revisão o apicultor cava uma vala no solo e enterra o restante do material

que resta na câmara de combustão do fumigador.

É importante que o material utilizado para queima no fumigador produza fumaça que

não irrite as abelhas e o apicultor. A fumaça deve ser fria, clara, densa, e sem cheiro

forte. Os materiais mais utilizados são serragem, raspa de madeira, fragmentos de

sabugo de milho, bucha de coco, folhas secas, cascas secas de árvores e outros.

Não se deve utilizar estercos de animais e outros materiais de origem animal, pois o

seu uso pode contribuir para contaminar o mel. Opcionalmente, alguns pedaços de

cera, própolis, borra do derretimento da cera ou folhas de plantas aromáticas, como

eucalipto, podem ser utilizadas para tornar a fumaça menos irritante.

FIGURA 13 - FUMIGADOR

Fonte: Embrapa Meio-Norte Sistema de Produção, 3 ISSN 1678-8818 Versão Eletrônica Jul/2003

De acordo com a EMBRAPA o uso da fumaça é essencial para o manejo das

colmeias. Sua função é simular uma situação de perigo (ocorrência de incêndio),

fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local. Para isso, a

maior parte das operárias passa a consumir o máximo de alimento possível,

armazenando-o no papo. O excesso de alimento ingerido, além de deixar a abelha

mais pesada, provoca uma distensão do abdome que dificulta os movimentos para a

utilização do ferrão.

O maior problema dos apicultores é com predadores naturais. Segundo eles

acontece na época da chuva, quando as abelhas ficam mais tempo na colmeia,

então aparecem as traças e devoram as abelhas, sendo necessário um

acompanhamento mais constante pelos donos dos apiários para evitar diminuição

das abelhas.

Mesmo sabendo que a abelha trabalha de forma ininterrupta, de acordo com as

condições da flora e do tempo, o apicultor e ou meliponicultor tem a

responsabilidade de acompanhar todo esse processo dando as melhores condições

para que elas possam desempenhar o seu trabalho. Por este motivo eles procuram

se especializar na atividade para que o produto final cada vez mais possa ter um

melhor resultado.

A abundância e escassez da florada apícola como fatores determinantes para

dinâmica populacional de Apis mellifera, foram citadas em entrevistas feitas a

apicultores da região de Cáceres no Mato Grosso, conforme cita Anna Frida et. al.

De acordo com SENAR (1993), a flora apícola é utilizada pelas abelhas para coleta

de néctar, própolis e/ou pólen, e quanto mais abundantes e próximas das colmeias

as plantas estiverem, maior a produção apícola. Podemos dizer que é o que

acontece na região de Jeremoabo uma vez que os apiários encontram-se instalados

dentro e ou próximos a Unidades de Conservação, facilitando assim o trabalho das

abelhas por encontrarem um ambiente favorável para produção.

Embora tenha sido adotada como uma saída consensual para solucionar problemas

relativos à ocupação humana em unidades de conservação, a utilização

generalizada da noção de desenvolvimento sustentável requer cautela. Instituída

como solução para o dilema entre desenvolvimento socioeconômico e conservação

ambiental, em que apresenta problemas relacionados ao próprio conceito de

sustentabilidade e as dificuldades da sua execução (ecológica, social e econômica)

no sistema capitalista (TEIXEIRA, 2005).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendemos que a região do semiárido com poucas chuvas, inverno curto, não

afetou o trabalho das abelhas na região de Jeremoabo BA, tanto das Apis melliferas

que são em números muito elevados, como das melíponas nativas que tem uma

população menor, mas também um papel fundamental no processo de polinização

da vegetação característica desta região.

Conforme proposição dos objetivos iniciais, a inserção das abelhas Apis melliferas

ao contrário do que muitos imaginavam, encontrou um ambiente propício para o seu

desenvolvimento e trabalho em um local de clima e vegetação favoráveis para o seu

No documento ANTÃO DE SIQUEIRA NETO (páginas 28-53)

Documentos relacionados