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ANTÃO DE SIQUEIRA NETO

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB – CAMPUS VIII MESTRADO EM ECOLOGIA HUMANA E GESTÃO

SOCIOAMBIENTAL

A NTÃO DE S IQUEIRA N ETO

APA Serra Branca/Raso da Catarina – Buraco da agulha foto: Antão

INTRODUÇÃO DA ABELHA APIS MELLIFERA (LINNAEUS) NA APA SERRA BRANCA/RASO DA CATARINA E SEU ENTORNO:

UM ESTUDO NA COMUNIDADE DE JEREMOABO-BA

Paulo Afonso Estado da Bahia – Brasil

Maio de 212

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ANTÃO DE SIQUEIRA NETO

INTRODUÇÃO DA ABELHA APIS MELLIFERA (LINNAEUS) NA APA SERRA BRANCA/RASO DA CATARINA E SEU ENTORNO:

UM ESTUDO NA COMUNIDADE DE JEREMOABO-BA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia – UNEB para obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Profa. Drª. Eliane Maria de Souza Nogueira

Paulo Afonso

Estado da Bahia – Brasil

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ANTÃO DE SIQUEIRA NETO

FOLHA DE APROVAÇÃO

Dissertação apresentada à apreciação e avaliação da Comissão avaliadora da Universidade do Estado da Bahia- Campus VIII, para obtenção do título de Mestre em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental.

BANCA AVALIADORA

___________________________________________________________________

Drª. Eliane Maria de Souza Nogueira Orientadora UNEB

Drª. Érika dos Santos Nunes Convidada UNEB

Dr. Sérgio Murilo Santos de Araújo Convidado UFCG

Paulo Afonso Estado da Bahia – Brasil

Maio /2012

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Dedico este trabalho ao meu incentivador nesta linha de pesquisa o Prof. Dr. Juracy

Marques dos Santos, ambientalista e profundo estudioso da etnoecologia do Semi-

árido brasileiro, em especial das comunidades tradicionais e povos indígenas que

estão inseridos no Bioma Caatinga, pelo apoio e incentivo na área de apicultura e

etnoecologia.

(5)

AGRADECIMENTOS

A Deus, aos meus pais (in-memoria), meus irmãos, grandes incentivadores da área acadêmica, meus filhos Giovanna e Ítalo e minha esposa, Maria de Fátima Siqueira Amorim.

Aos apicultores e meliponicultores das Associações e Cooperativa do município de

Jeremoabo BA, bem como a todas as pessoas que colaboraram para construção

desse trabalho.

(6)

“É Sustentável todo sistema que respeita seus limites, sua capacidade de suporte

ou ainda, sua biocapacidade”. TRIGUEIRO, André. Espiritismo e Ecologia pag.38

(7)

RESUMO

A apicultura tornou-se uma atividade extra no cotidiano das comunidades do semi- árido, especialmente após a introdução da abelha africanizada Apis mellífera (Linaeus, 1758), em função da sua adaptação nesta região que ainda tem um grande remanescente de vegetação nativa. O presente estudo teve por objetivo analisar os aspectos dessa introdução nas comunidades que estão inseridas nas Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental - APA Serra Branca/Raso da Catarina, Estação Ecológica do Raso da Catarina e Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE de Cocorobó, no município de Jeremoabo Bahia. Os apicultores dessa região na sua maioria encontram-se sensibilizados sobre a importância dos aspectos positivos causados pela atividade, que trazem benefícios sociais e econômicos e contribui para manutenção e preservação dos ecossistemas, tanto das Unidades de Conservação como das bacias hidrográficas do rio Vaza Barris e bacia hidrográfica do rio São Francisco que fazem parte desta região do município de Jeremoabo BA, colocando assim o município como um dos maiores produtores de mel do país, com a segunda colocação dos municípios do estado da Bahia. As dificuldades encontradas pelos apicultores e ou meliponicultores dessa região, geralmente são no período de seca, e devido às condições climáticas da região, que se prolongam por muitos meses, dificultando o período de florada da vegetação, diminui a produtividade das abelhas, aumentando o trabalho de manejo pelos apicultores.

PALAVRAS Chaves: Abelhas, produtividade, manejo, impactos ambientais.

(8)

ABSTRACT

The beekeeping became an extra activity in the daily one of the communities of the half-barren one, especially after the introduction of the bee Mellífera Apis (Linaeus, 1758) africanized, in function of its adaptation in this region that still has a great remainder of native vegetation. The present study it had for objective to analyze the aspects of this introduction in the communities that are inserted in the Units of Conservation: Area of Ambient Protection - Flat APA White Mountain range/of the Catherine, Ecological Station of the Evenness of the Catherine and Area of Excellent Ecological Interest - ARIE of Cocorobó, in the city of Jeremoabo Bahia. The beekeepers of this region in its majority meet sensetized on the importance of the positive aspects caused by the activity, that bring social and economic benefits and contribute for maintenance and preservation of the ecosystems, as much of the Units of Conservation as of the hidrográficas basins of the river He leaks Barrels and hidrográfica basin of the river San Francisco that are part of this region of the city of Jeremoabo BA, thus placing the city as one of the producing greaters of honey of the country, with the second rank of the cities of the state of the Bahia. The difficulties found for the beekeepers and or meliponicultores of this region generally are in the period of drought, that had to the climatic conditions of the region, that if they draw out for many months making it difficult the period of florada of the vegetation, diminishing the productivity of the bees and increasing the work of handling for the beekeepers.

Key Words: Bees, productivity management. Environmental impacts

(9)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. . . 09

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. . . 11

1.1 BIOMA CAATINGA E AS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL. . . 11

1.2 ABELHA APIS MELLIFERA NO BRASIL.. . . 15

1.3 A APICULTURA E SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA. . . 17

1.4 MELIPONICULTURA. . . 22

2 METODOLOGIA. . . 24

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO . . . 24

2.1.1 O Relevo. . . 24

2.1.2 Clima e Temperatura. . . 26

2.1.3 Vegetação. . . 26

2.2 TRABALHO DE CAMPO. . . 27

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO. . . 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS. . . 43

REFERÊNCIAS. . . 45

APÊNDICE. . . 48 ANEXO. . .

. 50

(10)

INTRODUÇÃO

Estudos que visam gerar conhecimento científico sobre o bioma da Caatinga, e em particular a Unidade de Conservação APA Serra Branca/Raso da Catarina e seu entorno é de fundamental importância, pois possibilita a compreensão dos benefícios que esta Unidade de Conservação proporciona a população, a relação da comunidade com o seu meio, modo de vida das comunidades que vivem na área e no seu entorno e, como se dá o processo de utilização dos recursos naturais.

A importância da escolha da APA Serra Branca/Raso da Catarina e seu entorno para este trabalho, deve-se entre outros fatores, ao fato de ser a Comunidade Tradicional Rural que concentra um número elevado de criação de abelhas de diversas espécies, e que também está sendo alvo de especulação econômica por pessoas de outras regiões. Além disso, trata-se de áreas próximas, e/ou dentro da Estação Ecológica do Raso da Catarina, Unidade de Conservação de Proteção Integral pertencente à União, onde por mais paradoxal que pareça não se leva em conta as agressões de modo geral, que vêm sofrendo hospedeiro e hóspede, inseridos no contexto natural e ambiental nesta região.

A possibilidade de trabalhar com temáticas que envolvam a relação homem- ambiente e as suas implicações, serviu como estímulo para a formulação dessa pesquisa, cujo problema de pesquisa procurou responder ao seguinte questionamento: quais modificações socioeconômicas e ambientais ocorreram com a introdução da apicultura e meliponicultura na APA Serra Branca Raso da Catarina e áreas adjacentes?

Visando identificar e responder ao questionamento exposto acima o presente estudo apresentou os seguintes objetivos específicos:

 Verificar as modificações socioeconômicas causadas pela introdução da

abelha Apis mellífera nas comunidades da APA Serra Branca em Jeremoabo-

Bahia e seu entorno,

(11)

 Identificar as formas de organização da população envolvida com as atividades de apicultura e meliponicultura nas comunidades que integram a Unidade de Conservação APA Serra Branca e seu entorno no município de Jeremoabo BA,

 Analisar as formas de manejo tradicional de espécies de abelhas Apis

mellifera que integra a APA Serra Branca em Jeremoabo e sua relação com a

conservação da biodiversidade local.

(12)

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 BIOMA CAATINGA E AS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

A Caatinga é um bioma de ampla distribuição, que abrange parte do nordeste brasileiro, constituída como um mosaico de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas, ocorrendo nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e a parte nordeste de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha, estendendo-se por cerca de 735.000km 2 (LEAL et al., 2003). O termo “caatinga” é de origem Tupi que significa “mata branca”, em virtude do aspecto da vegetação durante a estação seca, quando a maioria das árvores perde as folhas e os troncos esbranquiçados e brilhantes dominam a paisagem (PRADO, 2003).

Por estar inserido no semiárido nordestino e distribuído em áreas de clima semiárido quente, tem temperaturas elevadas, com precipitações escassas e irregulares, com cerca de três meses chuvosos e os demais secos. Seus solos são rasos e rochosos, geralmente pobres em matéria orgânica (LEAL, 2003). Aproximadamente 50% das terras recobertas com a caatinga são de origem sedimentar, ricas em águas subterrâneas. Os rios, em sua maioria, são intermitentes e o volume de água, em geral, é limitado. A altitude da região varia de 0 a 600m. A temperatura varia de 25 ºC a 29 ºC, com alto nível de evaporação; a precipitação média anual de 650 mm e o déficit hídrico elevado durante todo o ano (AB´SABER, 2003; REIS, 2004).

Apesar de apresentar uma área considerável, é consenso que ainda é um território escasso ou deficiente de pesquisas que envolvam os segmentos florísticos, estrutural, ecológico e socioeconômico, no entanto, estudos recentes têm demonstrado a importância da Caatinga para a conservação da biodiversidade brasileira (LEAL et al, 2003).

Para coibir a exploração animal e vegetal na área, ressalta-se a importância das

Unidades de conservação criadas na região do semiárido, sendo um dos melhores

instrumentos para conservação da biodiversidade (BENSUASAN, 2006). De modo

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geral, as unidades de conservação são espaços territoriais e seus recursos ambientais são mundialmente conhecidos como instrumentos fundamentais à conservação in situ da biodiversidade, incluindo os sistemas e meios tradicionais de sobrevivência de comunidades humanas (MEDEIROS et al, 2011). De acordo com os mesmos autores, com a criação do Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC) em 2000, o Brasil promoveu uma significativa expansão da superfície coberta por unidades de conservação sendo responsável por 74% de todas as áreas protegidas criadas entre 2003 e 2008, ocupando a quarta maior superfície terrestre coberta por unidade de conservação no mundo, com 1.278.190 km 2. . Conforme a Lei 9.985/2000 do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, 2000), as unidades de conservação estão divididas em duas categorias:

Unidades de conservação de Proteção Integral, cujo objetivo básico é a preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Incluem-se nessa categoria as Estações Ecológicas (ESEC), as Reservas Biológicas (REBIO), os Parques Nacionais (PARNA), os monumentos Naturais (MONA) e os Refúgios de Vida Silvestre (RVS).

Unidades de conservação de Usos sustentável, as quais têm o objetivo básico de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. São exemplos desta categoria a Áreas de Proteção ambiental (APA), as Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), as Florestas Nacionais (FLONA), as Reservas Extrativistas (RESEX), as Reservas de Fauna (REFAU), as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).

O bioma Caatinga tem 3.664.924,00 ha de área protegida, o que representa apenas 4,39% do total protegido, sendo 977.096,00 ha de Unidades de Conservação de Proteção Integral, equivalente a 2,48%, e 2.687.828,00 ha de área sob uso sustentável, o que representa 6,10% do bioma. Na Bahia existem 99 unidades de conservação criadas no âmbito federal, estadual e municipal. As estaduais correspondem a 38,4% do total, seguidas das federais 37,4% e municipais 24,2%.

(IBAMA, 2007). Na Caatinga é baixo o número de áreas naturais conservadas, ou

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seja, uma pequena porcentagem desse bioma está legalmente protegida na forma de unidade de conservação (ICMbio, 2008).

A ecorregião do Raso da Catarina possui uma área de aproximadamente 257.561 hectares, abrangendo parte dos estados da Bahia e Pernambuco. Nela estão inseridas duas unidades de conservação: a Área de Proteção Ambiental da Serra Branca, Área de relevante interesse ecológico – ARIE de Cocorobó e a Estação Ecológica Raso da Catarina, contando ainda com uma Reserva Particular do Patrimônio Nacional (RPPN) da Fundação Biodiversitas, denominada Estação Ecológica de Canudos ou Toca Velha, (ICMbio, 2008).

A Estação Ecológica Raso da Catarina é uma unidade de proteção integral com 99.772 hectares e um perímetro de 135.279 metros, (Figura 1). Criada em 3 de janeiro de 1984 pelo Decreto nº. 89.268, na ocasião como Reserva Ecológica, passando a categoria de manejo de Estação, DIPLOMA LEGAL DE CRIAÇÃO:

Portaria nº 373 de 11 de outubro de 2001. (www.icmbio.gov.br). Limita-se ao Norte com a Terra Indígena Pankararé, ao Leste com comunidades rurais moradoras dos municípios de Paulo Afonso e Jeremoabo, ao sul com a APA - Área de Proteção Ambiental Serra Branca/Raso da Catarina e drenagens do rio Vaza-Barris e ao Oeste com propriedades rurais dos municípios de Canudos, Rodelas e Macururé.

Está inserida no Bioma Caatinga – caatinga arbórea e caatinga arbustiva. Não tem atividades de Educação Ambiental, a pesquisa e atividade de fiscalização são insipientes, visitação não se aplica a esta categoria de manejo, atividades conflitantes: caça, corte seletivo de madeira, pastoreio extensivo de bovinos, ovinos e caprinos, exercícios de sobrevivência do Exército. O significado do nome Raso se deve à paisagem homogênea formada por solos rasos, planos e de grande extensão. (ESEC 2008).

A Área de Proteção Ambiental da Serra Branca (APA – Serra Branca/Raso da

Catarina) é a única unidade de Conservação de Uso Sustentável existente na

ecorregião do Raso da Catarina. Abrange uma área de 67.237 hectares e foi criada

pelo Decreto Estadual nº 7.972, de 5 de junho de 2001, fica situada integralmente no

município de Jeremoabo – BA e faz parte da bacia hidrográfica do Rio São Francisco

(15)

na parte nordeste. O restante do polígono está inserido na bacia hidrográfica do Rio Vaza Barris (Figura 1).

FIGURA 1 - MAPA DA LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) SERRA BRANCA BA

A APA Serra Branca tem por objetivos preservar a vegetação da caatinga, assegurando a diversidade genética da fauna nativa e seus processos evolutivos naturais, em especial a avifauna migratória; disciplinar o uso e ocupação do solo;

possibilitar a formação de um corredor ecológico com a Estação Ecológica (ESEC)

do Raso da Catarina e promover o desenvolvimento de atividades econômicas

compatíveis com o limite aceitável de câmbio do ecossistema.

(16)

FIGURA 2- FOTO DE SATÉLITE DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA ÁREA DO RASO DA CATARINA BIOMA CAATINGA.

1.2 ABELHA APIS MELLIFERA NO BRASIL

As abelhas destacam-se dentre os agentes polinizadores, por sua dependência em

visitar flores para a obtenção dos seus alimentos, constituídos basicamente por

pólen e néctar. Dada a sua importância como agente polinizador são

ecologicamente relevantes, contribuindo diretamente na manutenção da diversidade

vegetal e indiretamente, da fauna, sendo o homem também beneficiado, não só

quantos aos aspectos ecológicos, como também, o socioeconômico, desenvolvida

em quase todo espaço geográfico, que possui condições de solo e clima favorável e

uma vegetação exuberante e rica em floradas.

(17)

A abelha-europeia (Apis mellifera) é uma abelha social, de origem europeia, cujas operárias medem de 12 mm a 13 mm de comprimento e apresentam pêlos do tórax mais escuros. Também é chamada de abelha-alemã, abelha-comum, abelha-da- europa, abelha-de-mel, abelha-doméstica, abelha-do-reino, abelha-escura, abelha-europa, abelha-preta e oropa.

De acordo com Guimarães (1998), pela sua natureza a apicultura não é destrutiva a exemplo de outras atividades rurais e é uma das poucas atividades rurais que preenche todos os requisitos do tripé da sustentabilidade (FIGURA 3).

FIGURA 3 – TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE

Organizado por: NETO, Antão de Siqueira (2012).

Apis mellifera é um híbrido das abelhas europeias (Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata. (PEREIRA et al, 2003).

Muitas subespécies foram introduzidas supostamente pelos portugueses e pesquisadores, acarretando em uma grande diversidade de abelhas. De acordo com Pereira et al (2003) as primeiras abelhas europeias ( provavelmente Apis Mellifera mellifera e A. m. carniça) chegaram ao Brasil em 1840, por iniciativa dos padres jesuítas, e entre 1870 e 1880 foram introduzidas as abelhas italianas (A. m.

ligustica). Em 1956, importou-se a abelha africana (A. m. scutellata). Hoje, a abelha africanizada (hibrida entre subespécies europeias e africanas) está presente em todo o continente americano e é frequentemente encontrada nas matas brasileiras.

SUSTENTABILIDADE

ECONÔMICO SOCIAL ECOLÓGICO

(18)

Em 1906, Emílio Schenk 1 também importou abelhas italianas, porém vindas da Alemanha. Por certo, além destas, muitas outras abelhas foram trazidas por imigrantes e viajantes procedentes do Velho Mundo, mas não houve registro desses fatos. Iniciava-se assim a apicultura brasileira. Em 1956 foram introduzidas abelhas africanas, mais produtivas, porém mais agressivas. Estas abelhas acabaram cruzando com as europeias, resultando as abelhas africanizadas (MENDEZ, 1998).

Consideradas mais agressivas que a abelhas italianas, estudos atuais têm demonstrado que as africanizadas perderam, bastante, essa agressividade. Vieira (1992) associa isso, principalmente, aos sucessivos cruzamentos entre africanas e abelhas europeias, tendo por base que nos últimos anos os apicultores vêm escolhendo as abelhas e as famílias mais mansas. Para o autor o grau de agressividade é muito variável, dependendo de uma série de fatores, principalmente o hereditário, ou seja, a raça, espécie, tipo de mestiçagem ou de hibridação, etc., das abelhas examinadas.

1.3 A APICULTURA E SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Entende-se por apicultura a arte de criar abelhas (Apis mellifera L.), com o objetivo de proporcionar ao homem produtos derivados como o mel, cera, geleia real, própolis, pólen, e, ainda, prestar serviços de polinização às culturas vegetais (MOREIRA, 1996).

A apicultura é um empreendimento desenvolvido a partir de baixos investimentos e baixos custos operacionais; esta atividade permite o consórcio com qualquer outra atividade agropecuária, pois não concorre com nenhum animal no pastejo, as abelhas não consomem a forragem, o que mostra mais uma vantagem que é a não

1

Emílio Schenk segundo imigrante alemão apicultor e mestre apícola chegou ao Brasil em 1895 e instalou-se em Curitiba. Em 1897, fundou a primeira revista apícola do Brasil, intitulada Brasilianishe Bienenzuechter ("Apicultor Brasileiro"), cuja primeira edição, em alemão, saiu em 1900. Em 1903, mudou-se para Taquari (RS), onde instalou um grande apiário moderno _ hoje, o Parque Apícola da Secretaria de Agricultura. Em 1922, organizou o Colmeial Modelo, na Exposição do Rio de Janeiro, e posteriormente foi convidado pelo Ministério da Agricultura para ser o primeiro professor de apicultura na Escola Federal de Agricultura, no km 47 da estrada Rio-São Paulo.

Aposentou-se em 1941, com a idade de 68 anos, e faleceu em 1945, em Taquari, junto às suas abelhas.

Emílo Schenk dedicou-se à difusão das técnicas de criação racional de abelhas; foi apicultor, escritor e

professor. Foi ele também quem idealizou a colmeia Shenk, assim chamada em sua homenagem. Esta colmeia

encontra-se ainda difundida do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro. (Espaço Ecológico Pouso das Aves)

(19)

necessidade de uma formação de pastagens; favorecem aumento da produtividade das colheitas através da polinização em massa, com a vegetação e clima da região;

os produtos gerados são naturais e de alto valor de mercado, além de, com apiários localizados em vegetação nativa, em condições adequadas, haver possibilidade de produzir mel orgânico que atinge preços elevadíssimos no mercado internacional.

(VAN TOL FILHO, 1963) .

A exploração racional dos produtos das abelhas existe desde o ano 2400 a.C. onde os egípcios e gregos desenvolveram as rudimentares técnicas de manejo que só foram aperfeiçoadas no final do século XVII por apicultores como Lorenzo Langstroth que desenvolveu as bases da apicultura (PARKER, 1995). Hoje esta atividade é considerada uma das grandes opções para a agricultura familiar, por proporcionar o aumento de renda, através da oportunidade de aproveitamento da potencialidade natural do meio ambiente e de sua capacidade produtiva.

Conforme cita Gonzaga (1998), “as abelhas surgiram no Continente Asiático há aproximadamente 45 milhões de anos, e começaram a ser exploradas, racionalmente, pelo homem desde 2.400 a.C”. Atualmente a apicultura, é aproveitada em forma econômica pelo homem na polinização das plantações, assim como na produção de própolis, geleia real e apitoxina. O produto mais conhecido e explorado é o mel, pois além de ser uma rica fonte de alimento, também é muito utilizado na medicina caseira. A apicultura tem se apresentado como uma excelente alternativa para complementação de renda, pois sua atividade, que normalmente, compete em recursos de produção com as atividades da agricultura familiar já existente na empresa rural. (RAFFO; PAULA, 2009).

O Nordeste brasileiro possui um dos maiores potenciais apícolas do mundo, sendo

que alguns estados também estão vocacionados para a produção de geleia real,

própolis, pólen, cera e apitoxina, produtos que podem atingir preços superiores ao

do próprio mel (CEPLAC, 2002). A região também é uma das poucas do mundo com

possibilidade de produzir o mel orgânico em grande quantidade, devido à

diversidade florística e de microclimas, aliados às vastas extensões ainda

inexploradas e isentas de atividade agropecuária tecnificada (SEBRAE, 2005). A

existência de extensas áreas onde não se utilizam agrotóxicos nas lavouras faz

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dessa região a de maior potencial para a produção de mel orgânico em todo o mundo, produto este bastante procurado e valorizado no mercado internacional.

O mercado brasileiro de produtos apícolas está avaliado atualmente em US$ 360 milhões anuais, segundo dados da FGV – Fundação Getúlio Vargas. As pesquisas demonstram um potencial de curto prazo para além de US$ 1 bilhão anual (IBGE, 2010), e o consumo estimado é aproximadamente de 200g/pessoa/ano, o que é considerado muito baixo se comparado a alguns países da Europa, como a Alemanha e Suíça, onde se calcula um consumo de 2.400g/pessoa/ano (CEPLAC).

O mercado apícola nacional é bastante atrativo, seu desenvolvimento é notável, porém sofre a influência do mercado internacional e principalmente do MERCOSUL.

Mesmo sendo um dos maiores produtores de mel do mundo, o Brasil teve uma queda 2,7% em 2010, embora a sua produção tenha sido de 38,0 mil toneladas, estimando-se uma queda de 2,5% em relação a 2009. Um dos fatores que proporcionaram esta queda, provavelmente, tenha sido o fenômeno do sumiço das abelhas, que tem atingido o mundo todo por motivos ainda sem explicações (IBGE, 2010).

Atualmente existem 14 federações, 200 associações em nível municipal ou regional e 160 empresas apícolas registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com Serviço de Inspeção Federal. Mas, ainda é muito pouco, não atingindo a 50% do potencial brasileiro, para mais de dois milhões de apicultores existentes, nas diversas categorias: meladores, meleiros, apicultores amadores e profissionais. A ampla área territorial de nosso país, com variada diversificação vegetal e um clima tropical favorável à exploração apícola oferece condições de uma elevada produção.

Os maiores produtores de mel do Brasil são: Rio Grande do Sul, Paraná, Santa

Catarina, Piauí e Minas Gerais, que juntos representam 60% da produção bruta de

mel do País. Entre os municípios, o grande destaque vai para Ortiqueira, no Rio

Grande do Sul, que teve um crescimento de 229% em relação a 2009 e ocupa o 2º

lugar entre os maiores produtores de mel do Brasil, com uma produção de 510

toneladas. Considera ainda que a produção irá aumentar em função do governo

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municipal incentivar o aumento da produtividade, além do programa Apis, iniciativa do SEBRAE junto a parceiros (IBGE, 2010).

No Nordeste o crescimento da apicultura tem se refletido em um aumento da produção de mel, que passou de 3.300 toneladas/ano em 1985, quando representava 11,8% da produção nacional, para 5.750 toneladas/ano em 1997, correspondendo a 20,7% da produção nacional. Enquanto que no país o crescimento da atividade apícola está em torno de 5% ao ano, no Nordeste esta marca chega aos 12,5% ao ano.

O município de Araripina, em Pernambuco, produziu 655 toneladas de mel, um crescimento de 12,9%. Em 2009, ocupava a segunda colocação nacional, porém com a queda de mais de 50% de Limoeiro do Norte, no Ceará, o município conquistou a primeira colocação. Ribeira do Pombal, na Bahia é outro município do Nordeste que surpreendeu, com um crescimento de 242%, ocupando a 6º posição no ranking da produção de mel.

Na Bahia, a apicultura é uma das atividades que ocupa a sétima posição no Brasil e

a segunda no Nordeste, sendo uma atividade do setor agropecuário que mais cresce

no estado, respondendo pela geração de cerca de 30 mil empregos diretos,

decorrentes da existência de aproximadamente 150 mil colmeias e 5 mil apicultores

(EBDA, 2002). No município de Jeremoabo em 2010, a produção de mel atingiu 232

ton. (IBGE, 2010), e com uma previsão de produção de mais 300 ton. para o ano de

2011, (COOPERAPIS, 2011). Ribeira do Pombal e Jeremoabo cresceram mais e

voltaram a serem os principais municípios produtores no estado, ocupando o 1º e o

2º lugar, respectivamente (Figura 4).

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FIGURA 4 - PRODUÇÃO DE MEL EM JEREMOABO BA, 2005-2010

Fonte: Federação Baiana de Apicultores e Meliponicultores - (febamel.zip.net). Acesso em: 08 de janeiro de 2012.

Por proporcionar empregos diretos e indiretos, a apicultura tem papel socioeconômico importantíssimo, por utilizar a mão de obra local, desde a manutenção dos apiários à produção de equipamentos, além dos empregos relativos ao beneficiamento dos produtos agrícolas e à polinização de pomares, beneficiando especialmente pequenos e médios agricultores (SOMMER, 1996).

Devido ao fato de a apicultura ser atividade agrícola de baixo impacto ambiental, seus princípios de exploração possibilitam utilizar, de modo permanente, os recursos naturais e agregar "marketing ecológico" aos produtos obtidos. Essas características atendem aos requisitos dos modelos de produção mais naturais, no entanto os apicultores e técnicos da área apícola ainda não os têm explorado devidamente, adotando o manejo orgânico somente para fins de exportação.

As vantagens da criação de abelhas fazem da apicultura uma atividade que estimula mudanças de atitudes no apicultor e para uma mentalidade mais preservacionista, auxilia-o a permanecer na terra e, ainda, os rendimentos da atividade tornam viável a pequena propriedade fundamentada em mão-de-obra familiar, ao mesmo tempo em que estimula a preservar o conhecimento ecológico local e a cultura que o ator social possui.

0 50 100 150 200 250

2005 2006 2007 2008 2009 2010

69 84 89 135 120

232

TON

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1.4 MELIPONICULTURA

A meliponicultura é uma das formas de se conservar as abelhas nativas que, ao longo dos anos, vem perdendo suas populações em virtude, principalmente de ações antrópicas, a exemplo do uso de agrotóxico nas plantações, as queimadas, as monoculturas, as carvoarias, as madeireiras, que provocam a derrubada de grandes áreas de vegetação nativa. Estes fatores interferem de forma negativa visto que diminuem os recursos alimentares das abelhas (néctar e pólen), reduz as possibilidades de locais para as abelhas fazerem seus ninhos, além de destruir grande parte dos ninhos dentre outros.

Carvalho, et.al. (2003) esclarece que “Abelhas Sem Ferrão” (ASF) ou meliponíneos constituem um conjunto de espécies neotropicais, com um número aproximado de 400 espécies distribuídas em aproximadamente 40 gêneros, sendo que mais de 70% ocorrem nas Américas. Sua importância pode ser calculada, tanto pelo seu papel polinizador, contribuindo na manutenção das comunidades de vegetais e animais, como pela possibilidade de exploração dos seus produtos, tornando-se sustentáculo econômico, cultural, social e ecológico da população rural de várias localidades do Nordeste brasileiro.

O autor enfatiza que é característica de cada espécie, a forma de entrada de seus ninhos, que variam de um simples orifício ou com uma “boca” de barro adornado, a um tubo de cera liso ou poroso. As espécies dos trigoníneos, como a abelha jataí, constroem suas entradas com cerume, geralmente no formato de canudo. Esta entrada mantém ligação direta com o interior da área de cria. Por outro lado, as espécies do grupo das melíponas, como a abelha mandaçaia, utilizam na construção da entrada de seus ninhos uma mistura de resina mais barro, denominada de betume. Também com o betume, algumas espécies delimitam suas moradias quando estas são construídas dentro de cavidades amplas, ou quando se localizam externamente, como os ninhos aéreos de arapuá (Trigona spinipes).

Além da possibilidade de exploração econômica das colônias, a maior importância

das abelhas está na realização da polinização, fecundação das plantas que consiste

em levar o grão de pólen de uma flor a outra, permitindo eficácia na manutenção da

(24)

diversidade e evitando a consanguinidade, garantindo, ainda, a perpetuação das espécies vegetais. A polinização significa maior produção de frutos, sementes e diversidade do material genético produzido. Estima-se que as abelhas sem ferrão brasileiras constituem-se nos principais polinizadores de 90% das árvores brasileiras, algumas das quais dependem exclusivamente destes insetos.

(CARVALHO et.al, 2003).

(25)

2 METODOLOGIA

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O polígono da Unidade de Conservação APA Serra Branca Raso da Catarina está localizado exclusivamente no município de Jeremoabo, fazendo fronteira ao norte com a Estação Ecológica Raso da Catarina (serve de zona de amortecimento ambiental) e parte da bacia hidrográfica do rio São Francisco, ao sul com a bacia hidrográfica do rio Vaza Barris, ao leste faz fronteira com a sede do município e a oeste com o município de Canudos.

A APA Serra Branca, pertencendo ao bioma caatinga, possui grande importância no que se refere às necessidades de preservação de espécies da fauna e da flora endêmicas da região e em vias de extinção. Como exemplo destaca-se a arara-azul- de-lear (Anodorhynchus leari), cuja população com cerca de 500 habitantes na natureza vem sofrendo com o tráfico e destruição da caatinga através do desmatamento e de queimadas, o que acaba por reduzir também seu principal recurso alimentar, o coco de licuri (Syagrus coronata). Os licurizeiros vêm se tornando raros, não só pelo desmatamento de áreas de caatinga, mas também pelo corte deles durante o preparo das pastagens e campos agrícolas.

Outro destaque importante é a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), talvez a mais emblemática espécie de fauna de caatinga, que não tem sido mais vista na natureza desde outubro do ano 2000, sendo listada desde então, na categoria extinta.

Suçuaranas, tatus, teiús, raposas são outros exemplares que compõem a fauna silvestre desse ecossistema. (Diagnóstico Ambiental da Área de Proteção Ambiental APA Serra Branca Raso da Catarina, 2006).

2.1.1 O Relevo

Trata-se de uma superfície tabular sustentada por rochas areníticas da Formação

Marizal, com declividades em torno de 3% e, por vezes, em até 6%. A altimetria

varia ente 400 a 440 m (OLIVEIRA; CHAVES, 2010). Conforme representação

(26)

cartográfica (Figura 5), salientando a situação planialtimétrica. Nesta, podemos observar as curvas de níveis que mostram o desnivelamento do relevo que dificultam o deslocamento das pessoas entre os povoados desta área, a exemplo da Baixa dos Quelés que se encontra a 576m (cota de nível acima do nível do mar) e Quelés na cota 678m, com uma diferença de nível de 102m, com estradas vicinais precárias em boa parte do ano.

FIGURA 05 – BASE CARTOGRÁFICA APA SERRA BRANCA / RASO DA CATARINA

Fonte: Diagnóstico ambiental da APA Serra Branca/ Raso da Catarina - Secretaria de meio ambiente.

(27)

2.1.2 Clima e temperatura

A APA Serra Branca está localizada nas baixas latitudes tropicais, e recebe alta taxa de insolação, por isso, a área mantém altas temperaturas, principalmente nos períodos de seca intensa. (Diagnóstico ambiental da APA Serra Branca Raso da Catarina-SMA_BA).

A pluviosidade média, entre 240 e 1500 mm é fortemente concentrada no período chuvoso, curto, seguido por um período de seca acentuada, que pode durar até 10 meses. Durante os meses mais quentes do ano, que muitas vezes coincidem com a ausência de chuvas (agosto a novembro), é que a temperatura atinge médias máximas acima de 30ºC. Já no período chuvoso (dezembro a março) o verão apresenta-se mais atenuado nas médias máximas, entre 25 e 26ºC, enquanto que no outono/inverno as médias totais variam de 20 e 22ºC, resultando que a média anual situe-se entre 24 e 25ºC. (Diagnóstico ambiental da APA Serra Branca Raso da Catarina) Secretaria de meio ambiente da Bahia.

2.1.3 Vegetação

A APA Serra Branca/Raso da Catarina, com vegetação idêntica a da Estação Ecológica do Raso da Catarina, tem uma cobertura vegetal típica de caatinga semiárida, com ocorrência de uma flora extremamente peculiar sob uma área sedimentar. Segundo Prado (2003) existe uma relação entre essa fitofisionomia e a complexidade de fatores abióticos, tais como solos pouco férteis e características meteorológicas extremas (baixa pluviosidade, forte variação de temperatura na estação seca, alta insolação, entre outros).

O aspecto fisionômico da APA Serra Branca apresenta uma cobertura vegetacional

de Caatinga, onde predomina a fisionomia arbustivo-arbórea. Esta vegetação é

espinescente, formada principalmente por arbustos de 3 – 5 m, com árvores

esparsas, que perdem quase completamente as folhas na estação seca. (BARBOSA

et. al., 2006), Diagnóstico Ambiental da Área de Proteção Ambiental APA Serra

Branca/Raso da Catarina.

(28)

A subformação vegetal arbustiva, também é bastante marcada pela decidualidade na época seca, apresenta-se densa ou aberta com espécies de porte inferior a 3m de altura com ou sem a presença de palmeiras, bromélias ou cactáceas. De acordo com Prado (2003), nos tempos atuais, a caatinga arbórea é rara, esparsa e fragmentada e está associada a manchas restritas de solos ricos em nutrientes. A ausência desse tipo de caatinga se dá devido a extensas explorações pretéritas da vegetação para usos diversos, como cercas, lenha, ou sua substituição por pastagens, fazendo com que várias espécies estejam ameaçadas de extinção globalmente (segundo lista oficial do IBAMA).

Assim em geral, a paisagem da Caatinga é composta por uma vegetação arbustiva, ramificada e espinhosa, com muitas euforbiáceas, bromeliáceas e cactáceas. Na região do Raso da Catarina, a predominância do estrado arbustivo decorre basicamente da condição edáfica, que dificulta o desenvolvimento das espécies de porte arbóreo, devido a pouca profundidade efetiva do solo, na qual as raízes podem penetrar em busca de alimento e a impossibilidade de reter água, daí a denominação de “raso”. (ICMbio, 2008).

A distribuição espacial dessa formação é bem menor, sendo sua maior extensão ocupada pela subformação sem palmeiras, e pequena parcela, correspondendo a menos de 10 % da anterior, caracterizados pela sub-formação com palmeiras (Syagrus spp.). As demais áreas são representadas pela Formação de Parque.

2.2 TRABALHO DE CAMPO

Os dados referentes ao presente estudo foram obtidos no período de março de 2010 a dezembro de 2011 na Unidade de Conservação APA Serra Branca/Raso da Catarina, Jeremoabo – Bahia.

Inicialmente foram efetuados contatos com o presidente da Cooperativa dos

Apicultores e Meliponicultores Integrados do Sertão da Bahia- e, presidentes de

algumas das associações nas comunidades da APA e áreas adjacentes, para

reconhecimentos dos atores que participariam da pesquisa. Posteriormente foram

realizadas reuniões com membros destas associações, para esclarecimento sobre o

(29)

projeto. Além dos contatos foram realizadas visitas ocasionais as áreas de atividades dos apicultores.

A pesquisa foi realizada com apicultores/meliponicultores dos povoados de

Jeremoabo-Ba: 1- Cabeça de Boi, 2- Angico, 3- Incozeira,, 4- Tarrachil, 5- Cantinho,

6- Lages, 7- Água Branca, 8- Pocozó, 9- Bananeira, 10- Brejo Grande, 11-

Carnaiba, 12- Taperinha, 13- Brancos, 14- Adriana, 15- Bananeirinha, 16-

Canabravinha Candis, 17- Olho D’água do Albino, 18- Alto da Tapera, 19- Baixa da

Lagoa, 20- Barrocas, 21- Olhos d’água, 22- Baixa dos Quelés, 23- Qulés , 24-

Estaleiro de Baixo, 25- Itapicuru D’água, 26- Coronel, 27 Pau de colher, 28 Fazenda

Nova, 29- Muriti, 30- Coronel, 31- Malhada Vermelha, 32- Saco Grande, 33- Pau

D’água, 34- Matinha, 35- Baixa do Anjo, 36- Lagoa do Raso, 37- Espinheiro, 38-

Assentamento Caritá (Figura 6)

(30)
(31)

A metodologia combinou observações “in loco”, entrevistas e levantamento bibliográfico, sendo de nível exploratório, conforme Oliveira (2003). Foram consideradas duas fontes: informações dos apicultores/melicultores e observações dos apiários. No primeiro caso foram entrevistados 50 apicultores integrantes das associações e cooperativa dos Apicultores e Meliponicultores Integrados do Sertão da Bahia-COOPERAPIS com idade compreendida entre 25 anos e 60 anos.

As entrevistas estiveram centradas em questões relacionadas ao tipo de atividade, grau de conhecimento sobre abelhas e o seu manejo, além de aspectos da flora e atuação das cooperativas e associações.

As observações dos apiários ocorreram durante o período de entrevistas, com visitas sempre no horário matinal e em época de floração. Nestas visitações, foram realizados registros fotográficos das colmeias.

Após a análise, os resultados foram apresentados em ordem lógica, acompanhados

de gráficos, tabelas, mapas e figuras. A apresentação dos dados possibilitou

também comparações com outros resultados já existentes sobre o assunto na

literatura citada ou conhecida.

(32)

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na APA Serra Branca do Raso da Catarina, a apicultura é uma atividade desenvolvida principalmente por pequenos produtores, sendo, na maioria das vezes, complementar a outras atividades agrícolas, o que se retrata nas falas dos atores envolvidos, quando afirmam ter na atividade, tanto para eles, quanto para os familiares, uma alternativa que gera renda e complementa o orçamento familiar.

A apicultura é um empreendimento desenvolvido a partir de baixos investimentos e baixos custos operacionais. Esta atividade permite o consórcio com qualquer outra atividade agropecuária, pois não concorre com nenhum animal no pastejo, as abelhas não consomem a forragem, o que mostra mais uma vantagem que é a não necessidade de uma formação de pastagens; favorecem para o aumento da produtividade das colheitas através da polinização em massa, com a vegetação e clima da região; os produtos gerados são naturais e de alto valor de mercado, além de, com apiários localizados em vegetação nativa, em condições adequadas, haver possibilidade de produzir mel orgânico que atinge preços elevadíssimos no mercado internacional (VAN TOL FILHO, 1963).

Segundo os apicultores da região a Apicultura e/ou Meliponicultura tornou-se um meio de “sobrevivência”, garantindo uma fonte de renda para as famílias sertanejas.

Este comportamento é observado na maior parte do Brasil, como atestam os trabalhos realizados por Reis (2003), em Mato Grosso do Sul, ao afirmar que 98%

da produção de mel da região é proveniente de pequenos produtores, mas que

respondem por 80% do total obtido na atividade e que realizam a exploração fixa,

com média anual de 15 Kg/colmeia. Na Bahia, a literatura pertinente cita a

importância dos pequenos agricultores de municípios do Norte da Bahia, como

Campo Alegre de Lourdes, Casa Nova, Remanso, Pilão Arcado, Juazeiro, Uauá,

Curaçá, Sobradinho e Sento Sé, que apostaram na potencialidade que a apicultura

oferece e estão se especializando na produção de mel e cera. De fato, estudos têm

revelado que as abelhas desempenham um papel relevante para a perpetuação das

espécies vegetais, visto que são polinizadoras de várias plantas, tendo por

consequência fecundações mais rápidas que outros agentes polinizadores.

(33)

É comum entre os apicultores entrevistados, a preocupação com o ambiente, onde as afirmações referentes ao desmatamento como uma prática comum na área, tem prejudicado bastante a atividade apícola. Afirmam terem conhecimento sobre a importância das plantas para a criação e preservação das abelhas. Na área estudada ficou evidente, a importância das plantas para a criação de abelhas na fala de dois dos pesquisados: “a alimentação das abelhas, melhora a qualidade do mel, mantém o ciclo produtivo do mel e da própolis” (P.J), “as pastagens apícolas são de suma importância para a sustentabilidade”, complementa (Sr. O.).

Para Sommer (1996), “a apicultura é uma atividade que tem papel socioeconômico importante, pois utiliza mão de obra desde a manutenção dos apiários à produção de equipamentos, além de empregos relativos ao beneficiamento (...)”, ou seja, a cadeia produtiva apícola depende em todos os seus elos, de mão de obra humana.

O criador pode obter suas colônias através de técnicas simples, como a utilização de ninhos-isca, e a multiplicação artificial de colônias, que são métodos eficientes, e permitidos pela resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº 346, de 06 de julho de 2004. (Anexo 1)

Todas as ações realizadas com o objetivo de assegurar a permanência dos enxames nas colmeias nos períodos de escassez de alimento fazem parte do manejo de manutenção. Souza (2007) considera que a prática permanente da manutenção se torna fundamental para quem faz apicultura fixa e em regiões onde existem longos períodos de restrição alimentar, como boa parte do nordeste.

Os dados apontam que a Cooperapis – Cooperativa dos apicultores e

meliponicultores integrados do sertão da Bahia, com sede em Jeremoabo, concentra

um total de 500 associados e em termos de associações, destaca-se a Associação

Várzea Grande, no povoado Várzea Grande, com 55 sócios. Neste sentido,

observamos e podemos afirmar que o trabalho em conjunto por parte dos criadores

de abelhas, das comunidades estudadas é sumamente importante sob os aspectos

da sustentabilidade e produção do mel, verificando-se também a importância das

associações e cooperativas.

(34)

Na fala de um entrevistado há dois elementos importantes que se somam à geração de renda: “... ainda permite inúmeros ensinamentos de preservação e trabalho conjunto” (Sr, PR, apicultor de Jeremoabo). Segundo os pesquisados, são muitas as vantagens em trabalhar nas associações e cooperativas, e entre elas é que evitam atravessadores, porque negociam diretamente com os compradores em qualquer parte do Brasil, com preço justo e com segurança nas transações.

Conforme Chaves (2006), o apicultor entende muito de manejo de colmeias e sabe produzir mel com facilidade, porém tem dificuldade na sua comercialização.

Verificou-se neste sentido, que dos apicultores entrevistados 46% pertencem a associações, 40% a cooperativas, 8% pertencem a ambas e apenas 6% não têm vinculo oficial com nenhuma instituição. (Figura 07).

FIGURA 7 – PERCENTUAIS DE ENTREVISTADOS QUE ESTÃO VINCULADOS AS ASSOCIAÇÕES E COOPERATIVAS EM JEREMOABO, BAHIA

Fonte: Pesquisa de campo realizada de dez/11 a fev/12

Os entrevistados apontaram que a Cooperativa é forte e organizada, o que contribui para o aumento da competitividade com municípios de outros estados, através do principal produto - o mel. Segundo eles o mel é de qualidade, sendo aceito nos grandes centros consumidores do país e do exterior.

No entanto, quando falam sobre a realização da atividade fica evidente que esta é realizada de forma individual.

46%

40%

8%

6%

Associação

Cooperativa

Ambas

Nenhuma

(35)

Entregamos todo mel produzido a cooperativa, com preço tabelado e não nos preocupamos mais com o destino do mel, isso é feito pela cooperativa, que armazena, embala e mantém dentro do controle de qualidade para os compradores de outros estados e boa parte desse mel vai para outros países. (M. N. apicultor).

É evidente a posição dos apicultores da região quanto à segurança e tranquilidade que a cooperativa passa para eles, sem contar que contam também, com incentivos e apoio de órgãos públicos para a produção e escoamento como, por exemplo:

SEBRAE, Prefeitura e Banco do Nordeste.

São conscientes de que a falta de beneficiamento no mel traz prejuízos financeiros, no entanto, concordam que a quantidade produzida em Jeremoabo, não tem mercado interno no próprio estado da Bahia que absorva a demanda, sendo necessário exportar para outros estados com maior capacidade de beneficiamento e que, por sua vez, exportam este mesmo mel para outros países.

Esta realidade, no entanto, não é a de todos os estados nordestinos, visto que no Piauí, somente em um município, São João da Canabra, em 2011, a produção foi de 19 toneladas de mel, conseguida graças às condições naturais favoráveis e assistência técnica permanente. O Estado ocupa a terceira posição na produção de mel no Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo e do Rio Grande do Sul, primeiro e segundo lugares, respectivamente (WERG; PESSOA, 2011).

Um dos fatores que ainda preocupa os apicultores e/ou meliponicultores da região são as pessoas que vem de outras localidades para desenvolver a atividade, e que não fazem parte da Cooperativa e das Associações, prejudicando assim a comercialização do mel dando margens de lucro aos atravessadores.

Segundo um dos diretores da COOPERAPIS o Sr. O. M. L., ainda existem cerca de

quarenta por cento de apicultores clandestinos na região, que: “alugam terras de

propriedades vizinhas às áreas de criatórios e colocam suas caixas (colmeias)

próximas das nossas, interferindo assim no bom desempenho das nossas abelhas

devido à formação de uma superpopulação, disputando de forma mais difícil a coleta

do pólen”.

(36)

Outro aspecto que deve ser considerado, diz respeito ao conhecimento das leis de uso das unidades de conservação, que tem regras bastante claras para sua administração, sendo proibido qualquer tipo de atividade exploratória e presença humana sem autorização do ICMbio. No entanto, 26% dos produtores de mel desconhecem as leis e até mesmo da existência das Unidades de conservação no município, sendo que 74% sabem da existência das referidas leis mas, desconhecem os seus objetivos.

Se por um lado, os apicultores e meleiros desconhecem a existência das áreas de conservação, por outro, os mesmos tem os seus direitos garantidos por lei, condições de trabalho e alternativas para subsistência frente à questão do uso dos recursos naturais. Inclusive um dos princípios que rege o artigo 5º do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC (2000) garante às populações tradicionais, cuja subsistência dependa da utilização de recursos naturais existentes no interior das unidades de conservação, meios de subsistência alternativos ou a justa indenização pelos recursos perdidos.

Torna-se necessário compreender que a apicultura, em virtude dos grandes benefícios trazidos a comunidade não se trata de mais uma atividade agrícola ou, apenas, mais uma alternativa de renda, tendo em vista atender os princípios propostos pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1991), que considera requisitos para um desenvolvimento sustentável aquelas atividades que possam suprir as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações suprirem as suas próprias necessidades.

Vale salientar que a Apicultura mesmo sendo uma atividade importante na geração

de emprego e renda nas comunidades entrevistadas, a maioria exerce outras

atividades, sendo a agricultura e a pecuária as mais citadas (Figura 08).

(37)

FIGURA 8 – OUTRAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELOS APICULTORES E MELIPONICULTORES DA APA SERRA BRANCA, JEREMOABO, BA.

Fonte- Pesquisa de campo realizada de dez/11 a fev/12

No Brasil a criação de pequenos animais e a agricultura convencional é a base da atividade agropecuária das pequenas e média propriedades. Na região Nordeste a sustentação destas propriedades apoia-se na produção de grãos, tais como: milho, feijão, arroz, mandioca e na criação de caprinos e ovinos.

Sabe-se que, para se manter competitiva, toda e qualquer instituição precisa do conhecimento atualizado e competência dos seus associados e/ou empregados por isso, é imprescindível dar espaço e oportunidade para formação e desenvolvimento, pois através desses profissionais será possível enfrentar as mudanças frequentes no cenário social, econômico, político, cultural, tecnológico e ambiental, agregar valor ao negócio e aproveitar as oportunidades de mercado, sendo uma forte estratégia organizacional para vencer os desafios.

Quando questionados sobre a participação em treinamentos para trabalhar com abelhas, verificou-se que 40% não participaram de nenhum tipo de treinamento, só aprendendo manejar com a prática e com ajuda de outras pessoas experientes no assunto. Os demais tiveram algum tipo de treinamentos sendo citadas as seguintes modalidades: cursos sobre apicultura, seminários, palestras, feiras e encontros,

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

48%

agricultura

14%

pecuária

10% não exercem outras

atividades

28%

outras

atividades

(38)

cursos avançados de apicultores e meliponicultores (promovidos pelo SEBRAE) e utilização de DVDs pelas associações.

Para os apicultores, outro fator importante na produtividade das abelhas se refere ao manejo de manutenção das colônias, onde havendo descuido tem levado muitos apicultores a perderem, anualmente, parte dos enxames de suas colmeias, alguns chegam a perder mais de 40% delas. A perda de enxames resulta na redução da capacidade de produção do apiário e diminui os lucros do apicultor.

Esta prática está sendo extinta até porque além dos treinamentos recebidos, os meliponicultores agora utilizam caixas padronizadas que facilitam o manejo e a localização das colmeias, e na sua maioria utilizam o quintal da sua própria residência. (Figuras 09 e 10),

Figura 09 - MELIPONICULTURA PRATICADA EM RESIDÊNCIA – ASSENTAMENTO CARITÁ – JEREMOABO – BA

Fonte- Pesquisa de Campo realizada jan/12 Foto – Antão S. Neto

Os meleiros da região de Jeremoabo, já se encontram em nível de conhecimento

sobre a atividade de meliponicultura bastante avançado, uma vez que cerca de

noventa por cento dos povoados deste município tem apicultores e ou

meliponicultores e já não utilizam mais as práticas tradicionais com relação ao

manejo das colmeias que eram bastante nocivas, como por exemplo: “encontrar

ninho no mato e aproveitar apenas o mel, deixando o resto da colônia aberta,

(39)

considerando que as abelhas poderiam se mudar para outro lugar, o que resultava na extinção daquele ninho” (Apicultor J. Ribeiro).

FIGURA 10- COLMÉIA DE ABELHA MOSCA BRANCA - MELIPONA ASSENTAMENTO CARITÁ – JEREMOABO BA –

Fonte- Pesquisa de Campo realizada em jan/2012 Foto – Antão S. Neto

Acompanhando o trabalho, observamos que Inicialmente o manejo dos apiários (figura 11), tem que ser feito sistematicamente, no sentido da limpeza das colmeias, evitando mata muito fechada, para facilitar o afastamento de predadores naturais na época de seca.

Além disso, verificando as colmeias e colocando alimento para as abelhas tais como:

rapadura, farinha de soja, açúcar refinado e água. Esse processo se dá enquanto

não acontece a florada das vegetações, e nesta época o trabalho é mais de

inspeção e verificação das colmeias para eventuais limpezas, para evitar entrada de

água e afugentar predadores.

(40)

FIGURA 11 - APIÁRIOS INSTALADOS NA APA SERRA BRANCA, JEREMOABO-BAHIA

Fonte: Pesquisa de Campo realizada em jan/2012 Foto – Antão S. Neto

Neste sentido o Apicultor e Presidente da COOPERAPIS (Cooperativa dos Apicultores e Meliponicultores de Jeremoabo), comenta:

Tem de ser bem disciplinado, verificar as caixas uma a duas vezes por semana, colocar água próximo das colmeias e afastar os predadores. o maior trabalho é na época da colheita. O meu pai também é apicultor e agricultor, e uma atividade não atrapalha a outra. Hoje tenho outra atividade que é o transporte escolar, apenas o compromisso de levar e trazer alunos nas escolas da zona rural, o que deixa o restante do dia livre para que eu possa verificar as abelhas, atividade esta que está sendo muito rentável.

Os apicultores da região de Jeremoabo-BA, utilizam cada um, média de 40 caixas

(colmeias), com uma população estimada de 68.000 a 80.000 abelhas, e cada

apiário tem de 25 a 30 caixas com distância de 2m entre as caixas padronizadas e

300m a 500m entre os apiários. Ver figura 12.

(41)

FIGURA 12 - CAIXA DE COLMÉIA

Fonte: Pesquisa de Campo realizada em jan/2012 Foto – Antão S. Neto

Na revisão das colmeias, os apicultores se posicionam nas laterais ou no fundo delas, uma vez que o posicionamento frontal atrapalha o movimento de entrada e saída das abelhas; Evitam movimentos bruscos, pancadas nas caixas, barulho excessivo e o uso de perfumes, para não irritar as abelhas; Não realizam revisões em dias de chuvas ou com neblina e nem em dias muito frios; Geralmente são realizadas de 08h00 as 10h00 e de 14h00 as 17h00, com preferência pelo horário da manhã. Estas revisões são breves e evita-se o manuseio excessivo das colônias: Os quadros velhos (escuros ou com defeito) são trocados por quadros com cera puxada ou alveolada colocando-os intercalados com os favos de cria no centro do ninho.

Substituem-se anualmente pelo menos 20% dos favos, nas épocas das floradas e após cada revisão o apicultor cava uma vala no solo e enterra o restante do material que resta na câmara de combustão do fumigador.

É importante que o material utilizado para queima no fumigador produza fumaça que não irrite as abelhas e o apicultor. A fumaça deve ser fria, clara, densa, e sem cheiro forte. Os materiais mais utilizados são serragem, raspa de madeira, fragmentos de sabugo de milho, bucha de coco, folhas secas, cascas secas de árvores e outros.

Não se deve utilizar estercos de animais e outros materiais de origem animal, pois o

seu uso pode contribuir para contaminar o mel. Opcionalmente, alguns pedaços de

(42)

cera, própolis, borra do derretimento da cera ou folhas de plantas aromáticas, como eucalipto, podem ser utilizadas para tornar a fumaça menos irritante.

FIGURA 13 - FUMIGADOR

Fonte: Embrapa Meio-Norte Sistema de Produção, 3 ISSN 1678-8818 Versão Eletrônica Jul/2003

De acordo com a EMBRAPA o uso da fumaça é essencial para o manejo das colmeias. Sua função é simular uma situação de perigo (ocorrência de incêndio), fazendo com que as abelhas se preparem para abandonar o local. Para isso, a maior parte das operárias passa a consumir o máximo de alimento possível, armazenando-o no papo. O excesso de alimento ingerido, além de deixar a abelha mais pesada, provoca uma distensão do abdome que dificulta os movimentos para a utilização do ferrão.

O maior problema dos apicultores é com predadores naturais. Segundo eles acontece na época da chuva, quando as abelhas ficam mais tempo na colmeia, então aparecem as traças e devoram as abelhas, sendo necessário um acompanhamento mais constante pelos donos dos apiários para evitar diminuição das abelhas.

Mesmo sabendo que a abelha trabalha de forma ininterrupta, de acordo com as

condições da flora e do tempo, o apicultor e ou meliponicultor tem a

responsabilidade de acompanhar todo esse processo dando as melhores condições

para que elas possam desempenhar o seu trabalho. Por este motivo eles procuram

(43)

se especializar na atividade para que o produto final cada vez mais possa ter um melhor resultado.

A abundância e escassez da florada apícola como fatores determinantes para dinâmica populacional de Apis mellifera, foram citadas em entrevistas feitas a apicultores da região de Cáceres no Mato Grosso, conforme cita Anna Frida et. al.

De acordo com SENAR (1993), a flora apícola é utilizada pelas abelhas para coleta de néctar, própolis e/ou pólen, e quanto mais abundantes e próximas das colmeias as plantas estiverem, maior a produção apícola. Podemos dizer que é o que acontece na região de Jeremoabo uma vez que os apiários encontram-se instalados dentro e ou próximos a Unidades de Conservação, facilitando assim o trabalho das abelhas por encontrarem um ambiente favorável para produção.

Embora tenha sido adotada como uma saída consensual para solucionar problemas

relativos à ocupação humana em unidades de conservação, a utilização

generalizada da noção de desenvolvimento sustentável requer cautela. Instituída

como solução para o dilema entre desenvolvimento socioeconômico e conservação

ambiental, em que apresenta problemas relacionados ao próprio conceito de

sustentabilidade e as dificuldades da sua execução (ecológica, social e econômica)

no sistema capitalista (TEIXEIRA, 2005).

(44)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendemos que a região do semiárido com poucas chuvas, inverno curto, não afetou o trabalho das abelhas na região de Jeremoabo BA, tanto das Apis melliferas que são em números muito elevados, como das melíponas nativas que tem uma população menor, mas também um papel fundamental no processo de polinização da vegetação característica desta região.

Conforme proposição dos objetivos iniciais, a inserção das abelhas Apis melliferas ao contrário do que muitos imaginavam, encontrou um ambiente propício para o seu desenvolvimento e trabalho em um local de clima e vegetação favoráveis para o seu desenvolvimento e produção do mel, produto este que tem transformado a vida de muitos apicultores, que ao longo de meia década transformou a sua maneira de viver, conquistando oportunidades através do seu trabalho de ter uma vida digna e independente com melhora da renda familiar.

A importância das abelhas neste contexto tem a ver também com o desenvolvimento de novas descobertas ao longo dos tempos, quando há muitos anos esta atividade era manejada de forma inadequada, prejudicando o desenvolvimento das abelhas, afugentando-as cada vez que era feita a colheita do mel, por que eram utilizadas formas ainda primitivas, cortando tronco de árvores e não havendo preocupação com a organização dos enxames, uma vez que ainda não haviam inventado as caixas móveis padronizadas e o conhecimento sobre a organização dos enxames ainda eram primitivos.

Não poderíamos deixar de falar das abelhas nativas (melíponas), abelhas sem ferrão que no nosso entendimento, não observamos conflitos entre estes segmentos e as exóticas consideradas agressivas quando ameaçadas. A produção de mel das abelhas nativas, mesmo sendo considerada baixa, observa-se que algumas espécies são de excelente qualidade, além de serem medicinais.

Alguns apicultores são também meliponicultores, e foi observado que devido ao risco

de acidentes com o manejo das Apis melliferas africanizadas os apiários ficam

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geralmente em áreas isoladas a distâncias variáveis entre um a dois quilômetros de suas residências, enquanto que a prática da meliponicultura (abelhas sem ferrão) é realizada geralmente em suas residências no fundo do quintal, por não apresentar riscos de acidentes e a população dessas abelhas ser de tamanho inferior ao das Apis mellíferas africanizadas.

Na região, os potenciais predadores das abelhas são as traças, que atacam na época de chuva quando os enxames encontram-se vulneráveis e fracos, devido ao pouco trabalho das abelhas neste período.

Observou-se que a inserção das abelhas Apis melliferas, em Jeremoabo-BA, no

Raso da Catarina, Bioma Caatinga no Semi-árido brasileiro, não tem interferências

negativas para o meio ambiente e nem para a sociedade, pelo contrário trouxe

alguns benefícios socioambientais, colaborando de forma natural para o

desenvolvimento da vegetação da região e socialmente beneficiando muitas famílias

que aderiram a esta atividade e se especializaram na criação de abelhas.

Referências

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