UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB – CAMPUS VIII MESTRADO EM ECOLOGIA HUMANA E GESTÃO
SOCIOAMBIENTAL
A NTÃO DE S IQUEIRA N ETO
APA Serra Branca/Raso da Catarina – Buraco da agulha foto: Antão
INTRODUÇÃO DA ABELHA APIS MELLIFERA (LINNAEUS) NA APA SERRA BRANCA/RASO DA CATARINA E SEU ENTORNO:
UM ESTUDO NA COMUNIDADE DE JEREMOABO-BA
Paulo Afonso Estado da Bahia – Brasil
Maio de 212
ANTÃO DE SIQUEIRA NETO
INTRODUÇÃO DA ABELHA APIS MELLIFERA (LINNAEUS) NA APA SERRA BRANCA/RASO DA CATARINA E SEU ENTORNO:
UM ESTUDO NA COMUNIDADE DE JEREMOABO-BA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia – UNEB para obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profa. Drª. Eliane Maria de Souza Nogueira
Paulo Afonso
Estado da Bahia – Brasil
ANTÃO DE SIQUEIRA NETO
FOLHA DE APROVAÇÃO
Dissertação apresentada à apreciação e avaliação da Comissão avaliadora da Universidade do Estado da Bahia- Campus VIII, para obtenção do título de Mestre em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental.
BANCA AVALIADORA
___________________________________________________________________
Drª. Eliane Maria de Souza Nogueira Orientadora UNEB
Drª. Érika dos Santos Nunes Convidada UNEB
Dr. Sérgio Murilo Santos de Araújo Convidado UFCG
Paulo Afonso Estado da Bahia – Brasil
Maio /2012
Dedico este trabalho ao meu incentivador nesta linha de pesquisa o Prof. Dr. Juracy
Marques dos Santos, ambientalista e profundo estudioso da etnoecologia do Semi-
árido brasileiro, em especial das comunidades tradicionais e povos indígenas que
estão inseridos no Bioma Caatinga, pelo apoio e incentivo na área de apicultura e
etnoecologia.
AGRADECIMENTOS
A Deus, aos meus pais (in-memoria), meus irmãos, grandes incentivadores da área acadêmica, meus filhos Giovanna e Ítalo e minha esposa, Maria de Fátima Siqueira Amorim.
Aos apicultores e meliponicultores das Associações e Cooperativa do município de
Jeremoabo BA, bem como a todas as pessoas que colaboraram para construção
desse trabalho.
“É Sustentável todo sistema que respeita seus limites, sua capacidade de suporte
ou ainda, sua biocapacidade”. TRIGUEIRO, André. Espiritismo e Ecologia pag.38
RESUMO
A apicultura tornou-se uma atividade extra no cotidiano das comunidades do semi- árido, especialmente após a introdução da abelha africanizada Apis mellífera (Linaeus, 1758), em função da sua adaptação nesta região que ainda tem um grande remanescente de vegetação nativa. O presente estudo teve por objetivo analisar os aspectos dessa introdução nas comunidades que estão inseridas nas Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental - APA Serra Branca/Raso da Catarina, Estação Ecológica do Raso da Catarina e Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE de Cocorobó, no município de Jeremoabo Bahia. Os apicultores dessa região na sua maioria encontram-se sensibilizados sobre a importância dos aspectos positivos causados pela atividade, que trazem benefícios sociais e econômicos e contribui para manutenção e preservação dos ecossistemas, tanto das Unidades de Conservação como das bacias hidrográficas do rio Vaza Barris e bacia hidrográfica do rio São Francisco que fazem parte desta região do município de Jeremoabo BA, colocando assim o município como um dos maiores produtores de mel do país, com a segunda colocação dos municípios do estado da Bahia. As dificuldades encontradas pelos apicultores e ou meliponicultores dessa região, geralmente são no período de seca, e devido às condições climáticas da região, que se prolongam por muitos meses, dificultando o período de florada da vegetação, diminui a produtividade das abelhas, aumentando o trabalho de manejo pelos apicultores.
PALAVRAS Chaves: Abelhas, produtividade, manejo, impactos ambientais.
ABSTRACT
The beekeeping became an extra activity in the daily one of the communities of the half-barren one, especially after the introduction of the bee Mellífera Apis (Linaeus, 1758) africanized, in function of its adaptation in this region that still has a great remainder of native vegetation. The present study it had for objective to analyze the aspects of this introduction in the communities that are inserted in the Units of Conservation: Area of Ambient Protection - Flat APA White Mountain range/of the Catherine, Ecological Station of the Evenness of the Catherine and Area of Excellent Ecological Interest - ARIE of Cocorobó, in the city of Jeremoabo Bahia. The beekeepers of this region in its majority meet sensetized on the importance of the positive aspects caused by the activity, that bring social and economic benefits and contribute for maintenance and preservation of the ecosystems, as much of the Units of Conservation as of the hidrográficas basins of the river He leaks Barrels and hidrográfica basin of the river San Francisco that are part of this region of the city of Jeremoabo BA, thus placing the city as one of the producing greaters of honey of the country, with the second rank of the cities of the state of the Bahia. The difficulties found for the beekeepers and or meliponicultores of this region generally are in the period of drought, that had to the climatic conditions of the region, that if they draw out for many months making it difficult the period of florada of the vegetation, diminishing the productivity of the bees and increasing the work of handling for the beekeepers.
Key Words: Bees, productivity management. Environmental impacts
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO. . . 09
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. . . 11
1.1 BIOMA CAATINGA E AS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL. . . 11
1.2 ABELHA APIS MELLIFERA NO BRASIL.. . . 15
1.3 A APICULTURA E SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA. . . 17
1.4 MELIPONICULTURA. . . 22
2 METODOLOGIA. . . 24
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO . . . 24
2.1.1 O Relevo. . . 24
2.1.2 Clima e Temperatura. . . 26
2.1.3 Vegetação. . . 26
2.2 TRABALHO DE CAMPO. . . 27
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO. . . 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS. . . 43
REFERÊNCIAS. . . 45
APÊNDICE. . . 48 ANEXO. . .
. 50
INTRODUÇÃO
Estudos que visam gerar conhecimento científico sobre o bioma da Caatinga, e em particular a Unidade de Conservação APA Serra Branca/Raso da Catarina e seu entorno é de fundamental importância, pois possibilita a compreensão dos benefícios que esta Unidade de Conservação proporciona a população, a relação da comunidade com o seu meio, modo de vida das comunidades que vivem na área e no seu entorno e, como se dá o processo de utilização dos recursos naturais.
A importância da escolha da APA Serra Branca/Raso da Catarina e seu entorno para este trabalho, deve-se entre outros fatores, ao fato de ser a Comunidade Tradicional Rural que concentra um número elevado de criação de abelhas de diversas espécies, e que também está sendo alvo de especulação econômica por pessoas de outras regiões. Além disso, trata-se de áreas próximas, e/ou dentro da Estação Ecológica do Raso da Catarina, Unidade de Conservação de Proteção Integral pertencente à União, onde por mais paradoxal que pareça não se leva em conta as agressões de modo geral, que vêm sofrendo hospedeiro e hóspede, inseridos no contexto natural e ambiental nesta região.
A possibilidade de trabalhar com temáticas que envolvam a relação homem- ambiente e as suas implicações, serviu como estímulo para a formulação dessa pesquisa, cujo problema de pesquisa procurou responder ao seguinte questionamento: quais modificações socioeconômicas e ambientais ocorreram com a introdução da apicultura e meliponicultura na APA Serra Branca Raso da Catarina e áreas adjacentes?
Visando identificar e responder ao questionamento exposto acima o presente estudo apresentou os seguintes objetivos específicos:
Verificar as modificações socioeconômicas causadas pela introdução da
abelha Apis mellífera nas comunidades da APA Serra Branca em Jeremoabo-
Bahia e seu entorno,
Identificar as formas de organização da população envolvida com as atividades de apicultura e meliponicultura nas comunidades que integram a Unidade de Conservação APA Serra Branca e seu entorno no município de Jeremoabo BA,
Analisar as formas de manejo tradicional de espécies de abelhas Apis
mellifera que integra a APA Serra Branca em Jeremoabo e sua relação com a
conservação da biodiversidade local.
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 BIOMA CAATINGA E AS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
A Caatinga é um bioma de ampla distribuição, que abrange parte do nordeste brasileiro, constituída como um mosaico de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas, ocorrendo nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e a parte nordeste de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha, estendendo-se por cerca de 735.000km 2 (LEAL et al., 2003). O termo “caatinga” é de origem Tupi que significa “mata branca”, em virtude do aspecto da vegetação durante a estação seca, quando a maioria das árvores perde as folhas e os troncos esbranquiçados e brilhantes dominam a paisagem (PRADO, 2003).
Por estar inserido no semiárido nordestino e distribuído em áreas de clima semiárido quente, tem temperaturas elevadas, com precipitações escassas e irregulares, com cerca de três meses chuvosos e os demais secos. Seus solos são rasos e rochosos, geralmente pobres em matéria orgânica (LEAL, 2003). Aproximadamente 50% das terras recobertas com a caatinga são de origem sedimentar, ricas em águas subterrâneas. Os rios, em sua maioria, são intermitentes e o volume de água, em geral, é limitado. A altitude da região varia de 0 a 600m. A temperatura varia de 25 ºC a 29 ºC, com alto nível de evaporação; a precipitação média anual de 650 mm e o déficit hídrico elevado durante todo o ano (AB´SABER, 2003; REIS, 2004).
Apesar de apresentar uma área considerável, é consenso que ainda é um território escasso ou deficiente de pesquisas que envolvam os segmentos florísticos, estrutural, ecológico e socioeconômico, no entanto, estudos recentes têm demonstrado a importância da Caatinga para a conservação da biodiversidade brasileira (LEAL et al, 2003).
Para coibir a exploração animal e vegetal na área, ressalta-se a importância das
Unidades de conservação criadas na região do semiárido, sendo um dos melhores
instrumentos para conservação da biodiversidade (BENSUASAN, 2006). De modo
geral, as unidades de conservação são espaços territoriais e seus recursos ambientais são mundialmente conhecidos como instrumentos fundamentais à conservação in situ da biodiversidade, incluindo os sistemas e meios tradicionais de sobrevivência de comunidades humanas (MEDEIROS et al, 2011). De acordo com os mesmos autores, com a criação do Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC) em 2000, o Brasil promoveu uma significativa expansão da superfície coberta por unidades de conservação sendo responsável por 74% de todas as áreas protegidas criadas entre 2003 e 2008, ocupando a quarta maior superfície terrestre coberta por unidade de conservação no mundo, com 1.278.190 km 2. . Conforme a Lei 9.985/2000 do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, 2000), as unidades de conservação estão divididas em duas categorias:
Unidades de conservação de Proteção Integral, cujo objetivo básico é a preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Incluem-se nessa categoria as Estações Ecológicas (ESEC), as Reservas Biológicas (REBIO), os Parques Nacionais (PARNA), os monumentos Naturais (MONA) e os Refúgios de Vida Silvestre (RVS).
Unidades de conservação de Usos sustentável, as quais têm o objetivo básico de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. São exemplos desta categoria a Áreas de Proteção ambiental (APA), as Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), as Florestas Nacionais (FLONA), as Reservas Extrativistas (RESEX), as Reservas de Fauna (REFAU), as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).
O bioma Caatinga tem 3.664.924,00 ha de área protegida, o que representa apenas 4,39% do total protegido, sendo 977.096,00 ha de Unidades de Conservação de Proteção Integral, equivalente a 2,48%, e 2.687.828,00 ha de área sob uso sustentável, o que representa 6,10% do bioma. Na Bahia existem 99 unidades de conservação criadas no âmbito federal, estadual e municipal. As estaduais correspondem a 38,4% do total, seguidas das federais 37,4% e municipais 24,2%.
(IBAMA, 2007). Na Caatinga é baixo o número de áreas naturais conservadas, ou
seja, uma pequena porcentagem desse bioma está legalmente protegida na forma de unidade de conservação (ICMbio, 2008).
A ecorregião do Raso da Catarina possui uma área de aproximadamente 257.561 hectares, abrangendo parte dos estados da Bahia e Pernambuco. Nela estão inseridas duas unidades de conservação: a Área de Proteção Ambiental da Serra Branca, Área de relevante interesse ecológico – ARIE de Cocorobó e a Estação Ecológica Raso da Catarina, contando ainda com uma Reserva Particular do Patrimônio Nacional (RPPN) da Fundação Biodiversitas, denominada Estação Ecológica de Canudos ou Toca Velha, (ICMbio, 2008).
A Estação Ecológica Raso da Catarina é uma unidade de proteção integral com 99.772 hectares e um perímetro de 135.279 metros, (Figura 1). Criada em 3 de janeiro de 1984 pelo Decreto nº. 89.268, na ocasião como Reserva Ecológica, passando a categoria de manejo de Estação, DIPLOMA LEGAL DE CRIAÇÃO:
Portaria nº 373 de 11 de outubro de 2001. (www.icmbio.gov.br). Limita-se ao Norte com a Terra Indígena Pankararé, ao Leste com comunidades rurais moradoras dos municípios de Paulo Afonso e Jeremoabo, ao sul com a APA - Área de Proteção Ambiental Serra Branca/Raso da Catarina e drenagens do rio Vaza-Barris e ao Oeste com propriedades rurais dos municípios de Canudos, Rodelas e Macururé.
Está inserida no Bioma Caatinga – caatinga arbórea e caatinga arbustiva. Não tem atividades de Educação Ambiental, a pesquisa e atividade de fiscalização são insipientes, visitação não se aplica a esta categoria de manejo, atividades conflitantes: caça, corte seletivo de madeira, pastoreio extensivo de bovinos, ovinos e caprinos, exercícios de sobrevivência do Exército. O significado do nome Raso se deve à paisagem homogênea formada por solos rasos, planos e de grande extensão. (ESEC 2008).
A Área de Proteção Ambiental da Serra Branca (APA – Serra Branca/Raso da
Catarina) é a única unidade de Conservação de Uso Sustentável existente na
ecorregião do Raso da Catarina. Abrange uma área de 67.237 hectares e foi criada
pelo Decreto Estadual nº 7.972, de 5 de junho de 2001, fica situada integralmente no
município de Jeremoabo – BA e faz parte da bacia hidrográfica do Rio São Francisco
na parte nordeste. O restante do polígono está inserido na bacia hidrográfica do Rio Vaza Barris (Figura 1).
FIGURA 1 - MAPA DA LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) SERRA BRANCA BA
A APA Serra Branca tem por objetivos preservar a vegetação da caatinga, assegurando a diversidade genética da fauna nativa e seus processos evolutivos naturais, em especial a avifauna migratória; disciplinar o uso e ocupação do solo;
possibilitar a formação de um corredor ecológico com a Estação Ecológica (ESEC)
do Raso da Catarina e promover o desenvolvimento de atividades econômicas
compatíveis com o limite aceitável de câmbio do ecossistema.
FIGURA 2- FOTO DE SATÉLITE DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA ÁREA DO RASO DA CATARINA BIOMA CAATINGA.
1.2 ABELHA APIS MELLIFERA NO BRASIL
As abelhas destacam-se dentre os agentes polinizadores, por sua dependência em
visitar flores para a obtenção dos seus alimentos, constituídos basicamente por
pólen e néctar. Dada a sua importância como agente polinizador são
ecologicamente relevantes, contribuindo diretamente na manutenção da diversidade
vegetal e indiretamente, da fauna, sendo o homem também beneficiado, não só
quantos aos aspectos ecológicos, como também, o socioeconômico, desenvolvida
em quase todo espaço geográfico, que possui condições de solo e clima favorável e
uma vegetação exuberante e rica em floradas.
A abelha-europeia (Apis mellifera) é uma abelha social, de origem europeia, cujas operárias medem de 12 mm a 13 mm de comprimento e apresentam pêlos do tórax mais escuros. Também é chamada de abelha-alemã, abelha-comum, abelha-da- europa, abelha-de-mel, abelha-doméstica, abelha-do-reino, abelha-escura, abelha-europa, abelha-preta e oropa.
De acordo com Guimarães (1998), pela sua natureza a apicultura não é destrutiva a exemplo de outras atividades rurais e é uma das poucas atividades rurais que preenche todos os requisitos do tripé da sustentabilidade (FIGURA 3).
FIGURA 3 – TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE
Organizado por: NETO, Antão de Siqueira (2012).
Apis mellifera é um híbrido das abelhas europeias (Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata. (PEREIRA et al, 2003).
Muitas subespécies foram introduzidas supostamente pelos portugueses e pesquisadores, acarretando em uma grande diversidade de abelhas. De acordo com Pereira et al (2003) as primeiras abelhas europeias ( provavelmente Apis Mellifera mellifera e A. m. carniça) chegaram ao Brasil em 1840, por iniciativa dos padres jesuítas, e entre 1870 e 1880 foram introduzidas as abelhas italianas (A. m.
ligustica). Em 1956, importou-se a abelha africana (A. m. scutellata). Hoje, a abelha africanizada (hibrida entre subespécies europeias e africanas) está presente em todo o continente americano e é frequentemente encontrada nas matas brasileiras.
SUSTENTABILIDADE
ECONÔMICO SOCIAL ECOLÓGICO
Em 1906, Emílio Schenk 1 também importou abelhas italianas, porém vindas da Alemanha. Por certo, além destas, muitas outras abelhas foram trazidas por imigrantes e viajantes procedentes do Velho Mundo, mas não houve registro desses fatos. Iniciava-se assim a apicultura brasileira. Em 1956 foram introduzidas abelhas africanas, mais produtivas, porém mais agressivas. Estas abelhas acabaram cruzando com as europeias, resultando as abelhas africanizadas (MENDEZ, 1998).
Consideradas mais agressivas que a abelhas italianas, estudos atuais têm demonstrado que as africanizadas perderam, bastante, essa agressividade. Vieira (1992) associa isso, principalmente, aos sucessivos cruzamentos entre africanas e abelhas europeias, tendo por base que nos últimos anos os apicultores vêm escolhendo as abelhas e as famílias mais mansas. Para o autor o grau de agressividade é muito variável, dependendo de uma série de fatores, principalmente o hereditário, ou seja, a raça, espécie, tipo de mestiçagem ou de hibridação, etc., das abelhas examinadas.
1.3 A APICULTURA E SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
Entende-se por apicultura a arte de criar abelhas (Apis mellifera L.), com o objetivo de proporcionar ao homem produtos derivados como o mel, cera, geleia real, própolis, pólen, e, ainda, prestar serviços de polinização às culturas vegetais (MOREIRA, 1996).
A apicultura é um empreendimento desenvolvido a partir de baixos investimentos e baixos custos operacionais; esta atividade permite o consórcio com qualquer outra atividade agropecuária, pois não concorre com nenhum animal no pastejo, as abelhas não consomem a forragem, o que mostra mais uma vantagem que é a não
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