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4. D ESENVOLVIMENTO T ÉCNICO

5.4. Trabalhos de Gestão Sazonal do Biótopo

Os trabalhos da Acção D1, referente a Ensaios de gestão para a expansão das populações da Flora de Interesse

Comunitário, decorreram em estreita ligação com a Acção A1.

Sendo os resultados obtidos na Acção A1 de extrema importância para o desenvolvimento desta acção, a não confirmação da posição taxonómica das espécies Narcissus fernandessi e Festuca duriotagana, afectou o desempenho das tarefas previstas. O facto da confirmação da Festuca duriotagana só ter acontecido em período pós apresentação do pedido de alteração, o que não aconteceu com Narcissus fernandessii, em que a sua não confirmação levou ao redefinir da estratégia então apresentada no referido pedido, levou a que a equipa, numa primeira fase, até confirmação da ausência da espécie, realizasse trabalhos de germinação com a “suposta” Festuca duriotagna, confirmada então como Festuca

Relativamente aos trabalhos de germinação realizados com a única das três espécies-alvo confirmada para o Sítio, a

Hyacinthoides vicentina, estes foram realizados em condições controladas (6) e em viveiro (2), sendo que no primeiro caso

se pretendeu avaliar os efeitos na população, da temperatura de incubação e duração da pré-exposição ao frio na germinação das sementes e, no segundo caso, se testaram os efeitos da época de plantação, substrato, população e métodos de cultivo na produção de plantas. Os bolbos e sementes utilizados foram recolhidos em populações dadoras previamente seleccionadas, tendo a equipa preferido, sempre que possível, a recolha de sementes.

Figura 44 – Trabalhos de germinação em situações diferenciadas: atmosfera controlada e em viveiro

Com base na distribuição das populações e na informação recolhida durante as prospecções de campo, fo i feita a selecção dos locais potenciais para a instalação de parcelas-piloto para expansão das populações. Estes locais incluem áreas onde as espécies se encontram presentes e áreas classificadas como apresentando habitat potencial. Esta selecção foi efectuada em 2004 e reavaliada em 2005, com base na informação recolhida durante a Primavera desse ano. Entre Janeiro e Abril de 2005 foram efectuados contactos com proprietários no sentido de obter autorização para a instalação das parcelas-piloto, tendo apenas sido obtida autorização para o efeito em quatro locais: Monte da Gamela, Herdade da Chaminé, Monte dos Abreus e São Brissos.

Foram instaladas no campo 236 plantas (produzidas em viveiro) protegidas com vedações e protectores individuais concebidos para o efeito. Foi realizado um ensaio de sementeira in situ com 274 sementes de Hyacinthoides. vicentina. Foi feita a monitorização da sobrevivência e crescimento das plantas durante o período de crescimento. Registaram -se várias perdas durante os ensaios devido às condições meteorológicas registadas em 2005 e 2006. No final da primavera de 2007 a sobrevivência das plantas variou entre 0 e 33%.

Na impossibilidade de instalar vedações nas populações naturais para testar efeitos da intensidade e frequência do pastoreio, a equipa decidiu avaliar, ainda que indirectamente, os efeitos nos ensaios de reforço populacional. Face aos objectivos (avaliar os efeitos do pastoreio com gado ovino e bovino no estabelecimento das plantas), foram plantadas 200 pés de Hyacinthoides vicentina em parcelas com e sem protectores metálicos.

No que respeita à sobrevivência das plantas no período pós plantação, a equipa verificou que a mesma tinha sido elevada, sendo as condições climatéricas o único factor de mortalidade (cheias elevadas no Outono/Inverno de 2006).

Figura 45 – Estado dos trabalhos após as intensas chuvadas ocorridas em 2006

Nos ensaios de germinação in situ registaram-se igualmente perdas devido às condições climatéricas, verificando-se, face às intensas chuvadas, a deposição de uma espessa camada de sedimentos.

A exclusão total do pastoreio nos ensaios de reforço populacional, ainda que durante um pequeno período, conduziu ao crescimento excessivo da vegetação herbácea, provavelmente devido às condições climáticas excepcionais verificadas na Primavera de 2006. Este efeito poderá ter afectado o desenvolvimento das plantas de H. vicentina, com folhas maiores e menor sucesso reprodutor relativamente às plantas das populações naturais (acção D2).

No ensaio destinado a testar os efeitos do pastoreio no estabelecimento das plantas de H. vicentina registou-se sobrevivência e crescimento menores e maior percentagem de herbivoria nas parcelas com pastoreio do que nas parcelas com exclusão de pastoreio. A sobrevivência foi inferior nas parcelas com pastoreio de gado bovino (Gamela), enquanto os sinais de herbivoria nas plantas sobreviventes foram superiores nas parcelas com pastoreio de gado ovino (Monfurado). Embora o tempo de permanência do gado não tenha sido considerado neste ensaio, os resultados indicam que o tipo de herbívoro pode influenciar o estabelecimento de novas plantas na população.

Face aos resultados obtidos, a equipa apresentou um pacote de seis medidas de gestão para a conservação da

Hyacinthoides vicentina, nomeadamente a adequação da mobilização do solo à conservação da espécie, a adequação da

pastorícia a conservação da espécie, o condicionamento de práticas agrícolas intensivas, a manutenção de clareiras em formações de matos e explorações florestais sem pastoreio, o condicionamento da drenagem e alteração de linhas de água secundárias e a continuação da monitorização das populações.

No que diz respeito aos produtos identificáveis da acção, segue em anexo o relatório final da acção, as medidas de gestão propostas, a cartografia produzida e fotografias representativas dos trabalhos realizados.

A Acção D2, referente ao Programa de Monitorização das populações da Flora de Interesse Comunitário, surge em estreita ligação com a acção A1 e D1. Deste modo, e face aos resultados da Acção A1, relativamente a Narcissus

fernandesii e Festuca duriotagana (não confirmação da posição taxonómica), a equipa do CEBV-FCUl procedeu ao

delineamento de um programa de monitorização apenas para Hyacinthoides vicentina, a única das três espécies-alvo da acção, confirmada para o Sítio de Monfurado. Este programa contemplou a monitorização das populações naturais e ensaios de gestão entretanto promovidos para expansão das populações no âmbito da acção A1.

O programa de monitorização definido pela equipa, permitiu avaliar o estado das populações naturais e a sua evolução a curto e/ou médio prazo, bem como a eficácia das medidas de gestão aplicadas na acção D1, visando o reforço das populações e a eliminação das ameaças. A selecção de populações em diferente estado de conservação ou em diferentes graus de ameaça permitiu ainda avaliar as alterações no efectivo populacional, bem como as possíveis causas intrínsecas e extrínsecas e a eficácia das medidas de gestão aplicadas.

Foram monitorizadas três populações de Hyacinthoides vicentina, uma em Monfurado (2005-2007), outra em Corta-Rabos (2007) e outra no Calcanhar do Mundo (2005-2007), sendo que esta última já não se encontra no Sítio de Monfurado, mas no Sítio de Cabrela.

No que respeita aos parâmetros monitorizados, a equipa verificou que a densidade das populações variou durante os três anos de estudo, com aumentos significativos em 2007 nas populações de Monfurado e calcanhar do Mundo.

Relativamente ao desenvolvimento das plantas, verificou-se que metade do efectivo populacional eram plantas não reprodutoras, no que respeita às populações de Monfurado e Corta-Rabos. As características morfológicas das plantas também diferiram entre as populações: as plantas da população do Calcanhar apresentaram folhas e escapos florais maiores que as restantes populações, o que, segundo a equipa, poderá dever-se ao facto de existir disponibilidade hídrica durante todo o ano.

Em termos de fenologia, para a qual se destaca a curta duração do período de floração (cerca de um mês, finais de Março/início de Abril), verificou-se que a maturação dos frutos apresenta um pico em meados de Maio, quando se inicia a senescência da parte aérea.

A população de Monfurado foi a que apresentou menores resultados, sendo o pastoreio o principal factor responsável pela destruição as estruturas reprodutoras. O número médio de flores e frutos por planta variou entre 6 e 7, e 3 e 5, respectivamente. As populações estudadas não diferiram no número de flores, verificando-se no entanto diferenças no número de frutos produzidos por planta, sendo os valores mais elevados os registados na população do Calcanhar e os mais baixos na população de Corta-Rabos. O número médio de sementes por fruto variou entre seis (Corta-Rabos, 2007) e 14 (Monfurado, 2006).

Figura 46 – Técnica utilizada para determinação da produção de flor e fruto

Devido aos atrasos na selecção das populações, a série temporal de dados recolhidos foi mais reduzida do que inicialmente previsto. Este facto, associado à ausência de controlo sobre os factores ambientais que variaram durante o período de recolha de dados (mobilização do solo, intensidade de pastoreio) não permitiram simular a tendência da população a curto ou a médio prazo. Contudo, nenhuma das populações evidenciou limitações intrínsecas ao crescimento - a percentagem de plantas jovens, a produção de semente e a percentagem de germinação foram elevadas.

Foram monitorizados o crescimento e os parâmetros reprodutores das plantas em quatro ensaios de reforço populacional, com exclusão de pastoreio, instalados no âmbito da acção D1. De modo geral, as plantas de Hyacinthoides vicentina apresentaram dimensões das folhas e do escapo floral superiores às das plantas da população natural de Monfurado. A percentagem de plantas em flor e o número de flores produzidas por planta no primeiro ano após o transplante foram próximas dos valores registados na população natural de Monfurado (embora a amostragem nas parcelas -piloto fosse bastante reduzida quando comparada com a população natural). Contudo, a percentagem de plantas com produção de fruto e o número de frutos produzidos foram reduzidos.

Embora não tenha sido possível estabelecer um desenho experimental apropriado para testar os efeitos da intensidade e frequência do pastoreio, os resultados obtidos na população de Monfurado demonstraram que o aumento da intensidade de pastoreio durante a época de reprodução pode afectar significativamente a produção de semente. O pastoreio condiciona ainda a sobrevivência e o crescimento plantas jovens (v. acção D1). Apesar disso, o pastoreio é essencial à conservação da espécie, uma vez que mantém a vegetação herbácea com porte baixo, reduzindo a competição e aumentando a quantidade e qualidade de luz incidente. Assim, a conservação da espécie passa pela prevenção do sobrepastoreio, com a gestão adequada do encabeçamento e do número de dias que o gado permanece no local, especialmente durante a época de floração e de produção de semente.

No que diz respeito a produtos identificáveis, o relatório final da acção (suporte digital) é enviado conjuntamente com o presente relatório.

A Acção D3, contemplou o desenvolvimento de Ensaios de Gestão para a expansão das populações de Quercus

pyrenaica e Quercus faginea. De acordo com o programado, os trabalhos desta acção foram iniciados conjuntamente com

os da Acção A2, e incluíram, avaliação da produção de semente, avaliação da germinação e sobrevivência em viveiro e avaliação da germinação e sobrevivência em campo.

Para avaliação da produção de semente, a equipa responsável pelos trabalhos, que se iniciaram logo em 2003, procedeu à selecção dos locais para instalação dos colectores e respectiva montagem, tendo posteriormente realizados trabalhos de monitorização das bolotas nos colectores e manutenção dos mesmos. No que respeita a resultados obtidos, a equipa confirmou as tendências normalmente referidas para o género Quercus: grande variabilidade e imprevisibilidade da produção anual de semente, e variabilidade intra-populacional.

No geral, o sobreiro (Quercus suber) foi a espécie com maior produção, seguindo-se a azinheira (Quercus ilex) e carvalho-cerquinho (Quercus faginea).

Figura 47 – Colocação de colectores para avaliação da produção de semente

Para avaliação da potencialidade de germinação em viveiro, foram recolhidas bolotas, tendo-se procedido ao seu armazenamento (a frio) para posterior sementeira e monitorização da respectiva sobrevivência. Em termos de resultados, a equipa do CEBV-FCUl não registou um efeito significativo da proveniência das sementes na respectiva germinação. A produção de plantas em viveiro não revelou quaisquer problemas específicos no que respeita aos carvalhos estudados, pelo que a equipa aponta este processo como forma de sustentar eventuais programas de plantação. No entanto, é salientada a necessidade de um controlo cuidadoso dos processos de colheita e conservação das sementes, bem como da sua qualidade, sendo estes aspectos decisivos no sucesso da germinação das quatro espécies analisadas.

Figura 48 – Germinação em viveiro das sementes de carvalhos recolhidas

Para avaliação da potencialidade de sobrevivência das plântulas em campo, a equipa seleccionou e preparou os locais definidos como parcelas-piloto, procedendo então à plantação e sementeira e posterior monitorização.

O primeiro contratempo verificado quando da realização de sementeira directa, esteve relacionado com a presença de javalis. Não tendo sido equacionadas numa primeira fase a colocação de vedações, a primeira sementeira revelou-se um fiasco, tendo os javalis desenterrado a comido a grande maioria das bolotas semeadas.

Ultrapassados este e outros constrangimentos verificados durante a execução desta tarefa, e face aos resultados obtidos, a equipa do CEBV-FCUL concluiu que a taxa de sobrevivência foi relativamente elevada até à primeira Primavera após a plantação, diminuindo depois ao longo da Primavera e Verão, verificando uma tendência para a estabilização.

No que respeita a diferenças de germinação entre as quatro espécies estudadas, não se verificou ocorrerem grandes diferenças. No entanto, as taxas de sobrevivência entre as parcelas foram muito distintas, sendo que a parcela de Arezes apresentou os valores mais elevados e a da Gamela os valores mais baixos. Um dos factores para a baixa taxa de sobrevivência nesta parcela, poderá estar relacionada, de acordo com a equipa, pelas condições ambientais, apresentando a parcela um solo mais seco que as restantes duas parcelas. No entanto, o factor que contribuiu decisivamente para os fracos resultados obtidos na parcela, foi a presença de gado bovino, que derrubou os protectores instalados e consumiu e pisoteou as plantas existentes.

No que respeita à parcela instalado no Carvalhal, a equipa atribuiu os menores resultados face à parcela dos Arezes como sendo uma consequência da maior vulnerabilidade desta parcela à fauna selvagem.

Por parte da CMMN, e como forma de assegurar os compromissos da acção previstos no pedido de alteração, foi instalada em São Mateus a parcela que visava a expansão do habitat 9240 (carvalhal de Quercus faginea), em substituição do local anteriormente previsto para a Fazenda do Calção que, como referido na acção B1, não foi possível adquirir como inicialmente considerado.

A referida parcela, não-experimental, foi instalada na Primavera de 2006, tendo sido produzidas no viveiro municipal as plantas (espécies arbóreas e arbustivas associadas ao habitat) necessárias à respectiva implementação, a partir de recolhas efectuadas em povoamentos existentes no interior do Sítio (Carvalhal, envolvente ao Rio Almansor e Paião), recorrendo-se a um total de cerca de 180 exemplares produzidos no Viveiro, bem como a arbustivas florestais produzidas desde o primeiro ano (sobretudo Pistacia lentiscus, Myrtus communis, Rosa canina, Prunus spinosa e Pyrus bourgaeana). As plantações efectuadas em São Mateus visaram não só promover o carvalhal de Quercus faginea, como também eliminar, a médio prazo, as árvores exóticas existentes nesta parcela, no que constitui um aspecto particularmente interessante em termos de divulgação.

Figura 49 – Parcela não-experimental de carvalhal de Quercus faginea (habitat 9240) instalada junto a São Mateus

Durante o Verão, quer de 2006, quer de 2007 e ainda em 2008, as plantações efectuadas na parcela foram e são objecto de rega pontual com apoio do equipamento adquirido para esse fim no âmbito do Projecto. Em finais de 2006, o estado das plantações foi objecto de reavaliação, tendo-se procedido a novas plantações sempre que se verificou a ocorrência de árvores e arbustos mortos. Paralelamente, e dado que na área se procedeu à instalação de alguns dos equipamentos de apoio e direccionamento de visitantes instalados no âmbito da acção C1, foi feito um reforço das plantações de a rbustivas, com instalação de novos núcleos, de forma a melhor ilustrar e demonstrar as espécies características do habitat. Estes trabalhos encontram-se concluídos e serão replicados sempre que necessário, de forma a assegurar a existência futura, no local, do habitat 9240, que em associação com a componente de estadia igualmente instalada, permitirá assegurar objectivos de demonstração particularmente eficazes.

No que respeita à instalação de uma parcela de carvalhal de Quercus pyrenaica (habitat 9230), a CMMN procedeu, no início de 2007, e após várias conversações, à instalação numa área de cerca de 1000 m2 de 200 exemplares de Quercus

pyrenaica e alguns exemplares de Fraxinus angustifolia e Alnus glutinosa, junto a um freixial já ali existente. À semelhança

da parcela de São Mateus, todas as espécies plantadas na parcela João Cidade provieram do viveiro municipal, garantindo-se a sua origem, uma vez que as recolhas das sementes foram efectuadas localmente.

Em termos de manutenção, e como vem já sendo prática comum, a equipa de jardineiros da CMMN tem vindo a assegurar também a rega desta parcela, prevendo-se que, após entrada em funcionamento da Casa João Cidade (destinada a pessoas com alguma deficiência), a rega seja transferida para aquela entidade.

Figura 50 – Trabalhos empreendidos para instalação da parcela João Cidade (parcela não-experimental de carvalhal de Quercus

pyrenaica)

Ao nível dos produtos identificáveis da acção, para além das parcelas experimentais instaladas pelo CEBV-FCUL e não-experimentais instaladas pela CMMN, envia-se em anexo o relatório final da acção, fornecido pela equipa em Setembro de 2007.

Os trabalhos da Acção D4, referentes à Monitorização Aquática com Sistema de Bio-Indicadores / Musgos Aquáticos, decorreram de acordo o previsto.

No que respeita a trabalhos desenvolvidos, a equipa efectuou um levantamento sobre a existência de musgos in situ no Sítio de Monfurado, a selecção de locais alternativos de recolha de musgos para transplantar, a caracterização do local de recolha de musgos, a selecção do tipo de transplante e posicionamento na linha de água mais adequados para as condições locais, a definição da duração do tempo de permanência do transplante, e, de uma forma geral, o planeamento das amostragens no espaço. Concluído este levantamento, e após a realização de ensaios preparatórios, foram definidos 40 pontos de amostragem, com base na informação obtida no campo relativa à existência de água e nos resultados das análises de poluentes concentrados nos musgos recolhidos nos ensaios preparatórios.

Obtida a necessária licença pelo ICN, foram promovidas três campanhas de campo, em que os transplantes de musgos do local controlo (Serra de São Mamede) foram colocados nos pontos de amostragem nas linhas de água do Sítio d e Monfurado. Esses transplantes foram retirados após 3 meses de exposição tendo sido transportados para o laboratório e preparados para análises químicas.

Figura 51 – Colocação de transplante nas ribeiras de Monfurado; aspecto do transplante de musgo colocado.

A vitalidade dos musgos aquáticos foi directamente medida através da fluorescência da clorofila, uma técnica amplamente utilizada dado que permite de forma simples avaliar os efeitos dos poluentes na realização da fotossíntese pelos musgos. Foram igualmente melhoradas as metodologias analíticas de tratamento dos musgos e determinação de concentração de poluentes nos seus tecidos.

Face aos resultados obtidos, a equipa verificou que o parâmetro da vitalidade utilizado se revelou muito integrador das perturbações a que os musgos estiveram sujeitos durante os três meses de permanência nos locais de amostragem, o que permitiu uma visão integradora ao longo do tempo destes factores. Outro dos resultados obtidos, permitiu à equipa concluir pela existência de uma continuidade espacial nas manchas de maior impacte, o que sugere que os usos do solo e a poluição difusa são factores muito importantes para determinação destes impactes nas ribeiras.

No que respeita a problemas com a qualidade da água das ribeiras de Monfurado, e muito embora os resultados não causassem estranheza, a equipa concluiu que ocorrem, de forma generalizada, nos períodos em que ocorrem baixos valores de precipitação. Verificou ainda que as ribeiras do Sítio não são uma importante fonte de metais pesados, como o níquel e o chumbo, ao mesmo tempo que concluiu que as ribeiras com maior quantidade de sedimentos apresentam maior concentração de ferro, manganês e zinco, o que pode estar relacionado, em alguns casos, com os usos do solo como a agricultura permanente, as zonas de pastoreio, com o número de vacas e com a existência de fossas sépticas ou descargas de efluentes domésticos directas. A equipa identificou como zonas de maior risco de qualidade da água as zonas do Escoural e Montemor-o-Novo.

No que respeita a medidas de gestão, foi proposto a monitorização regular do estado ecológico das ribeiras, a implementação de um processo participativo com os proprietários confinantes com as ribeiras em pior estado de manutenção, no sentido da adopção de boas práticas e uma maior atenção à qualidade os efluentes das principais estações de tratamento, bem como à qualidade dos mesmos no que respeita às explorações suinícolas existentes. No que diz respeito à sensibilização do público e divulgação de resultados - e indo para além do preconizado em candidatura e sem custos adicionais para o projecto - foram desenvolvidas diversas actividades, que incluíram: a elaboração e disponibilização on-line de um artigo no portal Naturlink (http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=15834&iLingua=1); a apresentação de poster num congresso ibérico; a realização de uma acção no âmbito do programa Ciência Viva que envolveu um passeio pelas Ribeiras de Monfurado. Foi

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