• Nenhum resultado encontrado

LIFE03 NAT/P/ Abarcando as actividades do Projecto de até Data da Conclusão de Redacção do Relatório

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "LIFE03 NAT/P/ Abarcando as actividades do Projecto de até Data da Conclusão de Redacção do Relatório"

Copied!
78
0
0

Texto

(1)

LIFE03 NAT/P/000018

R

ELATÓRIO

CNICO

FINAL

Abarcando as actividades do Projecto de 01.10.2003 até 31.03.2008 Data da Conclusão de Redacção do Relatório

08.08.2008

redigido por:

Ana Santos, Ana Simão, Cândida Martins, Filipa Pais, Maria João Matos, José Mendes, Paulo Neves, Jorge Viana e Hortênsia Menino

(2)

Dados do Projecto

Localização do projecto: Montemor-o-Novo, Alentejo, Portugal

Data início do projecto: 01.10.2003

Data fim do projecto: 31.03.2008

Duração total do projecto: 54 meses

Custo total: € 3.576.676

Contribuição da UE: € 1.788.338

(%) do total das despesas: 50

Dados do Beneficiário

Nome do Beneficiário: Câmara Municipal de Montemor-o-Novo

Pessoa de contacto: Dra. Hortênsia Menino

Endereço completo: Largo dos Paços do Concelho, P, 7050-127 Montemor-o-Novo Endereço do projecto: Largo dos Paços do Concelho, P, 7050-127 Montemor-o-Novo

Telefone: 351-266899347

Fax: 351-266898190

E-mail: hmenino@cm-montemornovo.pt

(3)

ÍNDICE

L

ISTA DE PALAVRAS

-

CHAVE E ABREVIATURAS

... 3

1.

R

ESUMO

... 4

2.

I

NTRODUÇÃO

... 6

3.

E

NQUADRAMENTO DO

P

ROJECTO

... 8

4.

D

ESENVOLVIMENTO

T

ÉCNICO

... 12

5.1. Acções Preparatórias ... 12

5.2. Compra/arrendamento de Terrenos e/ou Direitos ... 33

5.3. Trabalhos ùnicos de Gestão do Biótopo... 34

5.4. Trabalhos de Gestão Sazonal do Biótopo ... 43

5.5. Sensibilização do Público e Divulgação dos Resultados ... 54

5.6. Funcionamento Geral do Projecto ... 66

5.

A

VALIAÇÃO DO

P

ROJECTO E

C

ONCLUSÕES

... 70

6.

C

OMENTÁRIOS AO

R

ELATÓRIO

F

INANCEIRO

... 72

7.

A

NEXOS

... 73

Anexo I – Mapa financeiro global do projecto ... 73

Anexo II – Certidões de enquadramento em sede de IVA ... 73

Anexo III – Relatório de Auditoria Externa às despesas do projecto... 73

(4)

L

ISTA DE PALAVRAS

-

CHAVE E ABREVIATURAS

ACARAC – Associação de Caçadores da Regadia e Carrascal, parceiro

APSM – Associação de Proprietários do Sítio de Monfurado, parceiro desistente

CEBV-FCUL – Centro de Ecologia e Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências de Lisboa, parceiro CCDRA – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo

CMMN – Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, beneficiário CME – Câmara Municipal de Évora, parceiro

COMENDA – Simão José Nunes Gomes Comenda, parceiro

COTEC – COTEC Portugal, Associação Empresarial para a Inovação

ERENA – ERENA, Ordenamento e Gestão de Recursos Naturais, Lda, parceiro

DRAOTA – Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território do Alentejo, actual Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo

DTCA – Disposições – Tipo de Carácter Administrativo LIFE/PT (14/05/2002) FALVES – Francisco Manuel Cidade Alves, parceiro

FIGUEIREDO – Maria Paula Machado de Sousa Figueiredo, parceiro GONZALEZ – Sociedade Agrícola Luis Gonzalez, SA, parceiro IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional

ICN – Instituto de Conservação da Natureza

ICNB - Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade ISA – Instituto Superior de Agronomia

LINCE – António Maria de Almeida Lince, parceiro

LPMA – Liga dos Pequenos e Médios Agricultores de Montemor-o-Novo, parceiro MONFURADO – Monfurado – Sociedade Agro-Pecuária Lda, parceiro

NIA – Núcleo de Interpretação Ambiental

PADEIRA NUNES – Miguel José de Sousa Carvalho Padeira Nunes, parceiro PIER – Plano de Intervenção em Espaço Rural

PIOGF – Plano Integrado de Ordenamento e Gestão Florestal PROF – Plano Regional de Ordenamento Florestal

PSRN2000 – Plano Sectorial da Rede Natura 2000 SGMELLO – Suzana Ganho de Mello, Lda.

SIG – Sistema de Informação Geográfica

SOBRALCAÇA – SOBRALCAÇA, Lda, parceiro desistente SOUSA – Gertrudes Maria Peixeiro Micaelo Sousa, parceiro

VACAS – Ana Isabel Novais Ataíde Falcão Trigoso Vacas de Carvalho, parceiro UE – Universidade de Évora, parceiro

(5)

1. R

ESUMO

O Projecto GAPS – Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado, teve por objectivo a conservação dos valores

naturais do Sítio de Monfurado, com especial destaque para os habitats do Anexo I da Directiva Habitats e espécies do Anexo II da mesma Directiva. Simultaneamente, o projecto procurou contribuir para a conservação de espécies referenciadas no Anexo IV da Directiva e, também de forma indirecta, para a avifauna protegida pela Directiva Aves. Para atingir tais objectivos, e tendo por base o conhecimento prévio então disponível acerca das principais ameaças que se verificavam no Sítio à conservação das espécies e habitats que eram conhecidas à data da candidatura, o Projecto incluiu um conjunto de medidas de gestão com vista a minimizar essas ameaças. Ao mesmo tempo, assegurou a realização de um conjunto de estudos preparatórios que se reconheceu serem necessários com vista a adquirir um maior conhecimento sobre espécies, habitats, ameaças e/ou medidas de gestão que se entendeu serem particularmente relevantes para atingir os objectivos de conservação a que alude o artigo 6º da Directiva Habitats.

No seguimento da desistência de dois dos parceiros inicialmente envolvidos - Comissão Instaladora da Associação de Proprietários do Sítio de Monfurado (APSM) e SOBRALCAÇA - e tendo por objectivo garantir a execução dos trabalhos cuja responsabilidade seria dos parceiros desistentes, o Projecto foi objecto de uma reformulação substancial e apresentação do correspondente Pedido de Alteração, processo que se iniciou em Outubro de 2004 a pedido da Câmara

Municipal de Montemor-o-Novo (CMMN) e culminou em Novembro de 2005, com a aprovação desse pedido por parte da

Comissão. Tendo em conta os resultados das acções preparatórias do Projecto, que evidenciavam a descoberta no Sítio de Monfurado de novas espécies de fauna e flora com interesse para conservação a nível comunitário (Anexo II da Directiva Habitats), e à situação de seca extrema vivida, com implicações para os trabalhos em curso, o Pedido de Alteração então apresentado contemplou igualmente a realização de novos trabalhos e a reprogramação de outros, de forma a fazer face a estas necessidades.

Decorrendo da aprovação do Pedido de Alteração pela Comissão Europeia / Unidade LIFE-Natureza, em Novembro de 2005, resultou a inclusão no projecto de novos parceiros privados a título individual e associados da Liga dos Pequenos e

Médios Agricultores de Montemor-o-Novo (LPMA), representando um total de cerca de 2696 hectares de propriedade

privada na área do Sítio. Estes novos parceiros promoveram, desde então, um conjunto de trabalhos análogos aos previstos pela APSM no âmbito da prevenção e combate a incêndios florestais, acções de gestão e conservação em pastagens e montados e recuperação e valorização de habitats ripícolas. Paralelamente foram ampliados pelas Câmaras Municipais de Montemor-o-Novo e de Évora os trabalhos de gestão e controlo de acessibilidades e recuperação e valorização de habitats ripícolas previstos na candidatura inicial.

No que diz respeito às novas espécies do Anexo II, descobertas na área do Projecto durante a sua execução, desenvolveram-se trabalhos dirigidos para Microtus cabrerae, Discoglossus galganoi e Halimium verticillatum, que envolveram inventários adicionais e também o ensaio de medidas de gestão para conservação destas espécies.

Das acções preparatórias realizadas, são de destacar os trabalhos relativos aos quirópteros e ictiofauna do Sítio de Monfurado, que envolveram a definição de medidas de gestão concretas e aplicadas, algumas das quais já promovidas e ensaiadas sem custos adicionais e de forma sinérgica com outros trabalhos previstos no projecto, nos quais se integraram as necessidades inerentes à conservação daquelas espécies.

No que diz respeito à aquisição de duas parcelas de terreno, uma destinada à instalação de uma parcela demonstrativa de carvalhal (inicialmente pensada para o prédio “Fazenda do Calção”) e outra destinada a assegurar a conservação de núcleos residuais de flora protegida (no prédio “Calcanhar do Mundo”), a CMMN deparou-se com a impossibilidade de as adquirir. No caso da primeira parcela, a questão foi obviada, tendo-se instalado a parcela num outro local, com resultados quantitativos e qualitativos análogos aos previstos.

Regra geral, os trabalhos técnicos executados foram ao encontro dos objectivos previstos, apesar das muitas adversidades que impossibilitaram o desejável reporte dos mesmos, de forma adequada e célere, e conforme calendarizado, à Comissão

Por último, e considerando o objectivo primordial da candidatura anteriormente apresentada, encontra-se ainda por decorrer, face a constrangimentos impossíveis de ultrapassar, a quinta fase do Plano de Intervenção em Espaço Rural que se espera ver definido para o Sítio de Monfurado.

(6)

Nos pontos seguintes apresenta-se um enquadramento geral do projecto e dos seus objectivos, bem como uma síntese dos trabalhos desenvolvidos, resultados obtidos para cada uma das acções e respectivas conclusões. Na elaboração do presente relatório teve-se em conta a estrutura sugerida pela Comissão Europeia.

De forma a permitir uma melhor análise e conhecimento dos trabalhos em causa, poderão ser consultados os relatórios Técnicos Finais das diferentes Tarefas, onde os mesmos são descritos com maior pormenor. Estes Relatórios Técnicos, bem como os demais produtos/documentos previstos na candidatura do projecto são apresentados, em formato digital, no CD em anexo.

(7)

2. I

NTRODUÇÃO

O Projecto GAPS – Gestão Activa e Participada do Sítio de Monfurado, teve por objectivo a conservação dos valores naturais do Sítio de Monfurado, com especial destaque para os habitats do Anexo I da Directiva Habitats e espécies do Anexo II da mesma Directiva. Simultaneamente, o projecto procurou contribuir para a conservação de espécies referenciadas no Anexo IV da Directiva e, de forma indirecta, para a avifauna protegida pela Directiva Aves.

O Sítio de Monfurado, com uma área total de 23.946 hectares, abrange os concelhos de Montemor-o-Novo e Évora, estendendo-se entre altitudes de cerca 150 metros até aos 420 metros, numa região tipicamente mediterrânica. Trata -se de uma área dominada por importantes montados de sobro e azinho, bastante bem conservados, cuja importância é realçada pela sua situação geográfica à escala nacional, bem como pelas diversas influências climáticas que esta zona sofre. Aqui ocorrem ainda resquícios de carvalhais de carvalho-cerquinho (Quercus faginea) e carvalho-negral (Quercus

pyrenaica), naquele que é o limite Sul da sua distribuição em Portugal continental. É aqui que ocorrem também as

melhores comunidades nacionais de espinhais de Calicotome villosa, espécie exclusiva da região de Évora em território nacional.

Ao nível de habitats, destacam-se as Sub-estepes de gramíneas e anuais da TheroBrachypodietea (habitat 6220*) cuja área de distribuição no Sítio é significativa face à área de distribuição nacional, e que apresentam aqui uma representatividade excelente, só comparável às existentes na Beira Interior (vg. Toulões), facto que levou a que o Sítio fosse referido, nos inventários que precederam a proposta da Lista nacional de Sítios, como tendo um grande valor para a conservação deste habitat a nível nacional. Tratando-se de um habitat associado ao montado (habitat 6310), a conservação do habitat 6220*, prioritário, passa, no Sítio, por intervenções integradas sobre ambos os sistemas.

A raridade e escasso conhecimento acerca dos Charcos Temporários Mediterrânicos (habitat 3170*) a nível nacional, e a sua ocorrência confirmada pelas equipas que procederam aos inventários prévios à designação da Lista Nacional de Sítios, atribuía ao Sítio uma relevância importante para a conservação deste tipo de sistemas em Portugal. Os trabalhos efectuados no âmbito do projecto evidenciaram a dinâmica e extrema vulnerabilidade deste habitat, com a consequente não confirmação da maior parte dos charcos anteriormente cartografados como habitat 3170*, por ausência da totalidade das espécies que lhe são características.

O Sítio assume ainda particular importância para a conservação de florestas aluviais de Alnus glutinosa (habitat 91E0*), habitats prioritários que aqui apresentam um óptimo estado de conservação e representam casos únicos de amiais com estruturas tão bem conservadas na região Sul de Portugal. De forma análoga, existem no Sítio condições excelentes para a valorização e conservação de florestas-galeria com Salix alba e Populus alba (habitat 92A0), que apresentam uma representatividade excelente e razoável estado de conservação.

Em termos de flora, salienta-se a presença de núcleos que anteriormente ao projecto se estimavam de pequena distribuição da endémica Hyacinthoides vicentina, sendo que, face ao conhecimento resultante dos inventários promovidos no projecto, a espécie aparenta possuir na zona Oeste do Sítio populações bastante mais significativas do que inicialmente esperado. Em 2005, no decurso de outros trabalhos do projecto, foi adicionalmente identificada a presença de populações de Halimium verticillatum, espécie com importância a nível comunitário, bem como um conjunto alargado de outras espécies que não constam do Anexo II mas são consideradas raras a nível nacional, com especial destaque para orquídeas e briófitos. Os trabalhos do projecto não permitiram confirmar, a existência de populações de Narcissus

fernandesii e Festuca duriotagana, espécies anteriormente referidas para a área provavelmente devido a erros de

classificação, dado que, de acordo com as identificações realizadas, as espécies em causa tratavam de Narcissus

jonquilla e Festuca ampla.

Ao nível comunitário e nacional, e no que respeita à fauna, destaca-se a existência não só de importantes populações e diversidade de quirópteros, como também de espécies do Anexo II como o Microtus cabrerae (rato-de-Cabrera) e

Discoglossus galganoi (rã-de-focinho-pontiagudo), cuja presença no Sítio foi confirmada no decorrer do Projecto.

No que diz respeito aos quirópteros, de destacar que, no Sítio, sempre considerado uma zona de grande importância para a conservação de diversas espécies - não só em termos de reprodução mas também de hibernação- se evidenciou com os trabalhos do Projecto a presença de um elenco bastante mais alargado de espécies do Anexo I e Anexo II. Em cavidades resultantes da antiga extracção de minério (Minas dos Monges e Minas da Nogueirinha), eram conhecidos abrigos muito importantes para a conservação de espécies como o morcego-rato-grande (Myotis myotis) e o morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersii), que constituiam também apoio a outras espécies importantes do ponto de vista conservacionista como o morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale), morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus

ferrumequinum), morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros) e morcego-de-ferradura-mourisco

(8)

novas espécies com elevado valor de conservação, algumas das quais não eram esperadas nesta zona geográfica: Morcego-de-franja (Myotis nattereri), Morcego-arborícola-pequeno (Nyctalus leisleri), Morcego-negro (Barbastella

barbastellus), Morcego-de-Bechstein (Myotis bechsteinii) e Morcego-de-água (Myotis daubentonii).

Sendo a maior parte da área do Sítio propriedade privada, os trabalhos associados à proposta da Lista Nacional de Sítios destacavam desde logo, como elementos de vulnerabilidade aos objectivos de conservação, actividades de origem humana como a intensificação da agro-pecuária, a alteração de práticas tradicionais agro-silvo-pastoris de gestão do montado de sobro e azinho, a existência de acções diversas com incidência sobre as espécies/habitats ripícolas, bem como, a utilização desregrada do espaço rural para actividades de lazer e recreio. O deficiente ordenamento e gestão florestal e cinegética, aliado à ocorrência de fogos florestais e à ausência de instrumentos e meios específicos para a conservação do Sítio, traduziam-se igualmente em ameaças para os valores naturais a conservar, especialmente atendendo ao fraco conhecimento existente acerca de algumas espécies e habitats.

Para atingir os objectivos de conservação dos valores naturais existentes e tendo por base a informação sobre as principais ameaças que se verificavam no Sítio à conservação das respectivas espécies e habitats, a CMMN encetou esforços no sentido de apresentar uma candidatura Programa LIFE-Natureza, em parceria com outras entidades públicas e privadas e um conjunto de proprietários, fórmula que se entendeu adequada à elaboração de futuros instrumentos de gestão, bem como ao estabelecimento de relações mútuas de confiança e ao desenvolvimento de esforços individuais em torno de objectivos comuns.

Deste modo, e apesar de vicissitudes diversas relacionadas com o arranque do projecto decorrentes da saída de alguns dos parceiros iniciais, o pedido de alteração apresentado em Outubro de 2005 permitiu assegurar que o projecto mantivesse os seus objectivos e metas inicialmente apresentadas à Comissão, designadamente ao nível de um conjunto de medidas de gestão que visavam minimizar problemas já conhecidos.

Paralelamente, os trabalhos do projecto asseguraram ainda a realização de um conjunto de estudos preparatórios que se consideraram necessários para adquirir um maior conhecimento sobre espécies, habitats, ameaças e/ou medidas de gestão que se entenderam relevantes para atingir os objectivos de conservação a que alude o artigo 6º da Directiva Habitats, trabalhos esses que foram também adaptados no âmbito do Pedido de Alteração de forma a assegurar o estudo de novas espécies, entretanto referenciadas para o Sítio.

No conjunto de medidas de gestão propostas, salientam-se as acções únicas de gestão, destinadas a recuperar ou valorizar habitats que se sabia serem alvo de ameaças com origem humana, como as atrás referidas. A participação como parceiros no Projecto de proprietários privados (a título individual e colectivo), permitiu assegurar o envolvimento de cerca de 3600 hectares de propriedades privadas, no interior dos quais se beneficiaram cerca de 2700 hectares com o apoio do projecto. Pretendendo assegurar a continuidade de tais medidas em período pós-projecto, o investimento proposto foi, sempre que possível, direccionado para a aquisição de equipamentos e/ou recrutamento de pessoal, em detrimento de serviços de assistência externa. Com esta perspectiva, procurou-se assegurar meios e conhecimentos necessários à prossecução de uma gestão activa em período pós-Projecto, designadamente através de acções de manutenção dos resultados decorrentes das acções únicas de intervenção no biótopo e da realização, numa base regular, de acç ões de gestão sazonal.

A informação proveniente das acções preparatórias, a que resultou de estudos promovidos por outras entidades e o conhecimento adquirido com as medidas e ensaios de gestão implementados e respectivos resultados (es sencialmente direccionados para promover a conservação ou recuperação de habitats prioritários – 3170*, 6220* e 91E0* - e espécies do Anexo II particularmente sensíveis), foram utilizados como input a um processo actualmente ainda a decorrer e que se espera culmine om o desnevolvimento e discussão pública do Plano de Intrevenção em Espaço Rural para o Sítio de Monfurado (PIER).

(9)

3. E

NQUADRAMENTO DO

P

ROJECTO

O Projecto GAPS resultou de parcerias estabelecidas entre entidades públicas e privadas que tiveram por objectivo comum o desenvolvimento de trabalhos relacionados com a conservação das espécies e/ou habitats identificados no Sítio de Monfurado.

O Beneficiário do Projecto e responsável pela sua coordenação, foi a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo (CMMN). Como Parceiros do Projecto, e directamente responsáveis por um conjunto de trabalhos executados, individual ou conjuntamente, estiveram a Câmara Municipal de Évora (CME) o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) o Centro de Ecologia e Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CEBV-FCUL), a

Universidade de Évora (UE), a ERENA – Ordenamento e Gestão de Recursos Naturais Lda, a Associação de Caçadores da Regadia e Carrascal (ACARAC) e Francisco Manuel Cidade Alves (FALVES; parceiro desistente), na qualidade de

gestores cinegéticos, bem como a Liga dos Pequenos e Médios Agricultores de Montemor-o-Novo (LPMA) e um conjunto de proprietários privados (adiante referidos pelas siglas COMENDA, FIGUEIREDO, GONZALEZ, LINCE, MONFURADO, PADEIRA-NUNES, SOUSA, VACAS, MC.LPMA, RM.LPMA, OPR.LPMA, ADM.LPMA, MLA.LPMA, JFM.LPMA, JVC.LPMA, MCC.LPMA, FLR.LPMA e MSC.LPMA), que no total representaram uma intervenção em cerca de 2696 hectares de propriedades privadas na área do Sítio.

Em termos de parcerias, o Projecto foi objecto de uma reformulação substancial e apresentação do primeiro pedido de alteração. A necessidade do mesmo surgiu em virtude da desistência de dois dos parceiros inicialmente envolvidos –

Comissão Instaladora da Associação de Proprietários do Sítio de Monfurado (APSM) e SOBRALCAÇA - e tendo por

objectivo garantir a execução de trabalhos análogos aos previstos inicialmente e cuja responsabilidade de execução era dos parceiros desistentes. Este processo teve inicio em Outubro de 2004 e culminou em Novembro de 2005, com a aprovação do pedido por parte da Comissão. Tendo em conta os resultados das acções preparatórias do projecto, que evidenciaram a descoberta no Sítio de Monfurado de novas espécies de fauna e flora com interesse para conservação a nível comunitário (Anexo II da Directiva Habitats), e a situação de seca extrema vivida, com implicações para os trabalhos em curso, o pedido de alteração contemplou igualmente a realização de novos trabalhos de caracterização, e a reprogramação de outros.

Já em Fevereiro deste ano, e por forma a contornar um obstáculo relacionado com a imputação das despesas da LPMA ao projecto, foi apresentado um segundo pedido de alteração. Aproveitando uma opurtunidade única concedida pela Comissão, foi posível apresnetar os asscoiados da LPMA que já faziam parte do projecto através da associação como novos parceiros a título individual, passando assim a ser possível a apresnetação de despesas por eles realizadas. No que diz respeito à estrutura e organização do Projecto, esta encontra-se sintetizada no diagrama abaixo. Os trabalhos previstos, a desenvolver por diferentes parceiros, dividem-se, de acordo com o LIFE-Natureza, num total de 29 acções:

Trabalhos Preparatórios, Elaboração de Planos de Gestão e/ou Planos de Acção (9 acções);

Compra / Arrendamento de Terrenos e/ou Direitos (1 acção, interligada com necessidades previstas para os trabalhos de gestão);

Trabalhos Únicos de Gestão do Biótopo (4 Acções); Gestão Sazonal do Biótopo (7 Acções);

Sensibilização do Público e Divulgação dos Resultados (6 Acções);

Funcionamento Geral do projecto (3 Acções, referentes à gestão pelo Beneficiário e pela LPMA e Auditoria Externa).

(10)
(11)

No que diz respeito às funções dos parceiros, as equipas científicas (CEBV-FCUL, UE, ERENA) eram responsáveis pela maioria dos trabalhos preparatórios do projecto, que envolveram estudos de caracterização, inventariação e monitorização biológica. No seguimento destes, as mesmas equipas estavam associadas ao desenvolvimento de acções no terreno, como ensaios de gestão e sua monitorização, com as quais se visou a proposta de medidas de gestão para os habitats e espécies alvo.

O ICNB apoiou tecnicamente um trabalho preparatório relacionado com a inventariação de morcegos e monitorização da respectiva actividade alimentar em relação com a utilização agro-silvo-pastoril do solo. Para além disso, desempenhou ainda funções importantes ao nível do acompanhamento do desenvolvimento do PIER, através da proposta e aconselhamento ao nível das medidas de gestão a adoptar.

No conjunto de trabalhos de gestão previstos, destacam-se as intervenções dos parceiros privados (individuais, associativos e gestores de caça), responsáveis pela implementação no terreno da maioria das acções de gestão que decorreram no período do projecto, com especial ênfase para as acções únicas de gestão (envolvendo a prevenção e combate a fogos florestais, trabalhos em prados permanentes e montados, intervenções para recuperação e valorização de linhas de água) assim como ao nível das medidas de fomento de habitat para a fauna silvestre (acções de gestão sazonal do biótopo).

Na realização de trabalhos de gestão, e a par com as dos parceiros privados, salientam-se também as intervenções públicas, orientadas e coordenadas pela CMMN e CME, responsáveis por trabalhos relativos a controlo e gestão de acessibilidades e intervenções em linhas de água. Numa perspectiva pós-projecto, e tendo em conta as responsabilidades atribuídas às autarquias, a nível nacional, em matéria da Rede Natura 2000, estas duas entidades foram igualmente responsáveis pelo desenvolvimento dos instrumentos de ordenamento e gestão do Sítio, que em candidatura se equacionou serem diferenciados (Plano Integrado de Ordenamento e Gestão Florestal para a vertente de ordenamento/gestão florestal; e Plano de Gestão do Sítio para a vertente de conservação da natureza/desenvolvimento rural). Face à possibilidade de integração num único instrumento - o Projecto de Intervenção em Espaço Rural - destas duas vertentes, as duas autarquias acordaram, logo em Maio de 2007, a adopção deste modelo de Plano - previsto desde a publicação da Lei de Bases de Ordenamento do Território mas só regulamentado através da Portaria 389/2005- como instrumento a adoptar para cumprimento dos objectivos inicialmente dispersos pelas acções A6 e A7, indo aliás de encontro a dúvidas colocadas pelos representantes da Comissão na primeira visita efectuada ao projecto quanto ao interesse daquela dispersão/dissociação dos instrumentos de gestão.

A CMMN, sendo Beneficiária do projecto, não esgotou os trabalhos acima descritos a sua acção (em parte também devido a funções assumidas na sequência da desistência da APSM), estendendo-a igualmente a acções de apoio a privados e equipas científicas, trabalhos de caracterização biológica desenvolvidos com recursos internos e/ou contratação externa, fiscalização regular do Sítio de Monfurado, propagação de espécies florestais e ripícolas necessárias a trabalhos de gestão, desenvolvimento de parcelas não experimentais para ensaios de gestão com carvalhais, prevenção, detecção e combate a fogos florestais e promoção do envolvimento, sensibilização e divulgação ao público (escolar e geral) para os valores naturais existentes e desenvolvimentos do Projecto.

No que respeita à gestão e administração do projecto, e tendo em conta o elevado número de parceiros resultantes da desistência da APSM, procurou-se adaptar o esquema de funcionamento, anteriormente equacionado nos formulários de candidatura, de forma a assegurar uma correcta coordenação, sem colocar em causa a necessária eficácia e liberdade que cada parceiro deveria possuir, de forma a melhor desempenhar os seus trabalhos. Para o efeito, foram alteradas a estrutura e frequência de reuniões do órgão de gestão do projecto.

Conforme facilmente se pode perceber, a CMMN foi responsável pela coordenação e gestão do projecto, para além da dinamização dos Conselhos de Gestão e Consultivo. Estes órgãos, iniciaram formalmente as suas funções, muito embora a regularidade prevista para as reuniões tivesse que ser alterada.

(12)

Coordenação e Gestão do Projecto

Contactos com a Comissão, ou elementos por ela designados, no âmbito das actividades de gestão Estabelecimento de protocolos com parceiros e transferência das verbas aplicáveis

Transmissão de orientações a parceiros

Transmissão de solicitações de parceiros à Comissão Elaboração dos Relatórios Técnicos e Financeiros do Projecto

Contratação de Auditoria Externa e Fornecimento de toda a informação solicitada

Coordenadores: Vereadora Hortênsia Menino

Apoio Técnico

Elementos: Chefe Div. Ambiente; Chefe Divisão

Obras; Técnicos Ambiente; Técnico SIG

Apoio Administrativo / Financeiro Elementos: Técnica Economia; Técnico Admin.

Local; Chefe Secção Contabilidade; Chefe Secção Aprovisionamento

Conselho de Gestão

Funciona em estreita ligação com as acções A6 e A7 Tem por missão acompanhar, dar pareceres e propor alterações aos

trabalhos em curso no âmbito do Projecto e à proposta de Plano de Gestão. Reune semestralmente.

Elementos:

1 representante de cada parceiro público e privado

Conselho Consultivo

Tem por missão dar pareceres não vinculativos e propor alterações às propostas do Plano de Gestão e acções de gestão, com vista à

sua melhor adequação a necessidades específicas. Reunirá semestralmente , de forma intercalada com o Conselho de Gestão.

Elementos:

Representantes de outras entidades, públicas ou privadas, que sejam propostos por qualquer dos membros do Conselho de Gestão. Serão convidados pelo Conselho de Gestão a integrar este orgão, podendo tal suceder a título pontual (para se pronunciarem apenas sobre determinadas matérias) ou contínuo (para acompanhamento ao longo de todo o projecto).

Actualmente são membros deste órgão: Presidentes das Juntas de Freguesia (Nossa Senhora da Vila; Santiago do Escoural; São Cristóvão; São Sebastião da Giesteira; Boa Fé; Guadalupe); Representantes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, Direcção Regional da Agricultura do Alentejo; Direcção Regional do Alentejo do Ministério da Economia, Grupo de Amigos de Montemor-o-Novo, CEAI – Centro de Estudos da Avifauna Ibérica, APORMOR – Associação de Produtores de Bovinos, Ovinos e Caprinos da Região de Montemor-o-Novo, Associação de

Agricultores do Distrito de Évora, FLORASUL – Associação de Produtores da Floresta Alentejana, SUBERÉVORA – Associação dos Produtores Florestais de Évora.

Auditora Independente Tem por missão dar pareceres e elaborar o

Relatório de Auditoria Financeira Independente

ao Projecto, nos termos previstos no Regulamento

LIFE

Elementos:

(13)

4. D

ESENVOLVIMENTO

T

ÉCNICO

Considerando a estrutura de Relatório Final proposto pela Comisão, a presente secção descreve, com o detalhe e relevo entendidos adequados, as principais actividades desenvolvidas e problemas encontrados no âmbito do Projecto.

Para informação adicional sobre algumas das acções poderão igualmente consultar-se os documentos fornecidos no CD que se anexa, que contem relatórios os relatórios finais elaborados pelas diversas equipas, cartografia produzida, fotografias e outros derivables ainda não entregues à Comissão.

5.1. Acções Preparatórias

Os trabalhos de Caracterização da Distribuição Actual e Potencial das Espécies da Flora do Anexo II, integrados na Acção

A1, foram iniciados no primeiro trimestre do Projecto, tal como previsto na candidatura. No caso de Narcissus fernandesii e

Hyacinthoides vicentina, a equipa do CEBV-FCUL efectuou a prospecção pedestre de cerca de 48 km de linhas de água,

durante o período de floração de ambas as espécies (Março a Maio de 2004). Em paralelo, os trabalhos de prospecção envolveram a caracterização qualitativa das linhas de água em causa com identificação dos troços de habitat potencial, bem como a realização de inquéritos à população com vista à localização de outras populações de Narcissus fernandesii. Para a espécie Hyacinthoides vicentina não foram realizados inquéritos, uma vez que esta espécie poderia ser facilmente confundida com as espécies do género Scilla.

Foi inicialmente confirmada a presença de alguns dos núcleos de Narcissus fernandesii identificados por outros investigadores na proximidade do Sítio de Monfurado, mas não dos núcleos anteriormente descritos para o seu interior. Foram efectuadas várias deslocações aos locais onde a presença da espécie se encontrava descrita – Sítio de Cabrela, Ribeira das Alcáçovas/Ponte da Pedra e Ribeira de S. Cristóvão/Calcanhar do Mundo.

Durante as deslocações efectuadas ao Sítio de Cabrela, surgiram dúvidas relativas à posição taxonómica de alguns exemplares de Narcissus (Narcissus fernandesii ou Narcissus jonquilla). Face às dúvidas existentes, foi feita a caracterização morfométrica in situ de flores de Narcissus nos dois locais acima referidos e em dois locais adicionais – Ribeira da Peramanca, 7 Km a montante da Ribeira das Alcáçovas, e bacia do Guadiana, área de distribuição de

Narcissus jonquilla (total de 40 flores). Este procedimento, e os contactos estabelecidos com botânicos de outras

instituições (ISA, UE e Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural) não foram suficientes para esclarecer a posição taxonómica dos exemplares do Sítio de Cabrela (Calcanhar do Mundo). Uma vez que se previa usá-los como fonte de propágulos para as acções D1 e D2, optou-se por solicitar a um taxonomista com vasta experiência no género

Narcissus a identificação desses exemplares: Alfredo Barra, do CSIC e Real Jardin Botanico de Madrid. Foi concluído por

este investigador que os exemplares provenientes dos locais onde havia sido anteriormente referida a existência de

Narcissus fernandesii, se tratavam de Narcissus jonquilla (espécie não elencada na Directiva Habitats). Deste modo, e

apesar de prospecções posteriores realizadas no âmbito das acções de monitorização, não foi confirmada a existência de

Narcissus fernandesii no interior do Sítio de Monfurado ou na sua envolvente. As sementes recolhidas no primeiro ano dos

núcleos atrás referidos – que se tratam afinal de Narcissus jonquilla – deram entretanto origem a um conjunto de plantas que foram objecto de utilização no âmbito de trabalhos de valorização/recuperação de habitats ripícolas (ac ção C4) e de educação ambiental (acção E1).

Figura 1 – Exemplares de Narcissus jonquilla plantados nas margens do rio Almansor

No caso de Festuca duriotagana, a equipa procedeu à prospecção de 27 Km adicionais de linhas de água para o levantamento da distribuição da espécie. Paralelamente, e à semelhança do realizado para as restantes espécies, procedeu também a uma caracterização qualitativa das linhas de água e à identificação dos troços potenciais para ocorrência desta espécie. Estes trabalhos foram desenvolvidos durante o período de floração, quando a espécie pode ser facilmente observada, em percurso pedestre (Maio a Julho de 2004). Durante a prospecção, a equipa recolheu exemplares

(14)

de Festuca spp., (60 exemplares) para identificação em laboratório, uma vez que existiam outras espécies afins, do género

Festuca, nas áreas prospectadas.

Com vista ao esclarecimento de algumas dúvidas taxonómicas, a equipa procedeu à observação de exemplares de

Festuca duriotagana em Herbário, bem como a reuniões com investigadores de outras universidades (ISA e UE).

Mantendo-se as dúvidas, e à semelhança do que tinha acontecido para a espécie Narcissus fernandesii, a equipa recorreu novamente aos trabalhos de investigadores, por forma a obter uma confirmação mais rigorosa do taxa em causa. Tendo consultado diversas entidades e investigadores para identificação de 12 especímenes de Festuca sp. (nove recolhidos no Sítio de Monfurado e 3 no Sítio de Cabrela), apenas dois aceitaram fazer a identificação. A grande variabilidade morfológica do taxa dificulta a identificação, pelo que a maioria dos investigadores considerou não reunir experiência e conhecimentos para assegurar o rigor exigido na identificação.

Em Setembro de 2004, a equipa do CEBV-FCUl viu confirmado para 10 dos 12 exemplares enviados, o taxon Festuca

duriotagana, tendo optado por solicitar novamente (as dúvidas mantinham-se), ainda que mais tarde, a confirmação de

cinco desses especímenes e de outros cinco adicionais. Os resultados, comunicados por e-mail em finais de 2005, indicaram que os exemplares não pertenciam a Festuca duriotagana mas sim a Festuca ampla. Face aos resultados obtidos, e apesar de todo o trabalho realizado na prospecção da espécie, a equipa do CEBV-FCUL cessou em 2006 todas as actividades relacionadas com Festuca duriotagana. Nesta tomada de decisão, pesou o facto de o ICNB ter questionado a criação do taxon no Plano Sectorial da Rede Natura 2000, uma vez que a espécie não apresentava estatuto de conservação na Directiva Habitats.

Face à não confirmação de duas das três espécies contempladas nesta acção, nomeadamente, Narcissus fernandesii e

Festuca duriotagana, foi necessário rever o desenvolvimento da mesma. Deste modo, a equipa canalizou todos os

esforços num único sentido, procurando localizar, na área do Sítio de Monfurado e/ou áreas envolventes, outras populações de Hyacinthoides vicentina.

Figura 2 – Área total prospectada para caracterização da distribuição de Narcissus fernandesii, Hyacinthoides vicentina e Festuca

duriotagana no Sítio de Monfurado (2004-2007). A prospecção efectuada em 2006 e 2007 refere-se apenas a H. vicentina.

No que diz respeito a Hyacinthoides vicentina, muito embora inicialmente não tenham sido detectados indícios de presença da espécie dentro dos actuais limites do Sítio de Monfurado, foi identificada, já após a redacção do Pedido de Alteração, e apesar de terem sido inicialmente prospectadas áreas adjacentes e com habitat semelhante, uma população localizada no interior do Sítio de Monfurado. A população em questão localiza-se na Herdade do Carvalhal dos Arezes e distribui-se por uma área de cerca de 10 ha, ocorrendo em prados inseridos num montado esparso, comportando cerca de um milhar de plantas.

(15)

Figura 4 – Habitat da primeira população de Hyacinthoides vicentina identificada no interior do Sítio de Monfurado (A); pormenor da espécie Hyacinthoides vicentina (B) (© CEBV-FCUL)

Posteriormente, e decorrendo dos trabalhos de prospecção de charcos temporários – acção A4 – foi identificada pela equipa do ISA outra população localizada no interior do Sítio, que se insere num eucaliptal gerido de forma menos intensiva, onde ocorre igualmente um conjunto de espécies características do habitat charcos temporários mediterrânicos (3170*). Esta área foi visitada no âmbito da inspecção ao Projecto promovida pela Comissão e a respectiva população foi objecto de caracterização, pela equipa do CEBV-FCUL, na Primavera de 2007. Também nesta estação, a equipa da CMMN identificou, no âmbito dos trabalhos da Via Verde que se encontra a ser implementada, um conjunto de populações que, após deslocação da equipa do CEBV-FCUL ao local, se confirmou serem de Hyacinthoides vicentina e foram igualmente caracterizadas por aquela equipa. Outras referências para plantas com as características florísticas de

Hyacinthoides vicentina (que facilmente se confundem com espécies do género Scilla, com ampla distribuição no Sítio)

comunicadas por alguns dos novos parceiros do Projecto, foram objecto de visita e não confirmação, muito embora os resultados obtidos pela equipa do CEBV-FCUL apontem para efectivos bastante superiores aos inicialmente esperados. Com uma distribuição confinada ao sector Oeste do Sítio, nomeadamente, às áreas de Gouveia, Corta-Rabos e Monfurado/Gamela, a equipa verificou que a primeira região apresenta uma maior abundância máxima e maior proximidade entre os núcleos. Para além disso, observou ainda que o contacto entre as populações existentes na região de Gouveia e Corta-Rabos se faz aparentemente ao longo de uma faixa relativamente estreita, não tendo sido identificada nenhuma zona de contacto entre as populações de Monfurado/Gamela.

Durante os trabalhos de prospecção, a equipa verificou também que a maioria dos núcleos identificados apresentava indícios de pastoreio, muito embora não aparentassem ter origem recente. Foram identificados dois modelos de pastoreio compatíveis com a conservação da espécie, que se mantêm há cerca de 10 anos.

No que respeita a medidas de gestão, estas só foram definidas para Hyacinthoides vicentina, devido ao facto das outras duas espécies não terem sido confirmadas para o Sítio de Monfurado. A equipa, com vista à conservação das populações de jacinto-selvagem (nome vulgar para Hyacinthoides vicentina), definiu seis medidas de gestão, nomeadamente, adequar a mobilização do solo à conservação da espécie; adequar a pastorícia através da promoção de um encabeçamento reduzido, aliado à redução da permanência do gado; condicionar as práticas agrícolas intensivas nas áreas de ocorrência de Hyacinthoides vicentina; manter de clareiras em formações de mato e explorações florestais sem pastoreio; condicionar a drenagem e alteração da fisiografia de linhas de água secundária; e dar continuidade à monitorização da espécie. Em termos de produtos identificáveis, para além das medidas de gestão propostas pela equipa e acima elencadas, desde 2004, altura em que foi concluída, que a equipa tem vindo a actualizar a cartografia da distribuição actual e potencial das espécies de Flora de Interesse Comunitário, sendo que, como já foi referido, das três espécies inicialmente consideradas, no final, apenas uma foi confirmada. O relatório final, bem como todos os produtos produzidos pela equipa no âmbito da acção, seguem, em formato digital, com o presente relatório final do Projecto.

A Acção A2, direccionada para a Avaliação do estado de conservação dos povoamentos de Quercus spp., especialmente

Quercus pyrenaica e Quercus faginea, esteve, à semelhança da acção anterior, a cargo da equipa do CEBV-FCUL. Esta

acção, que teve por objectivos actualizar a informação cartográfica existente sobre a ocorrência e distribuição de Quercus

pyrenaica (carvalho-negral) e Quercus faginea (carvalho-cerquinho) e avaliar o estado de conservação dos habitats em

que ocorrem, através da vegetação epífitica bioindicadora (líquenes e briófitos) dos povoamentos de Quercus spp. do Sítio, decorreu de acordo com o previsto na candidatura, não tendo sido necessárias mudanças significativas da proposta inicial.

(16)

No que respeita a trabalhos desenvolvidos, no Outono de 2003, a equipa procedeu à prospecção da distribuição de

Quercus pyrenaica e Quercus faginea no Sítio de Monfurado, de modo a actualizar, completar e/ou corrigir a informação

cartográfica disponível antes do Projecto. Face aos resultados obtidos, a distribuição de carvalhos ou núcleos de carvalhal no Sítio revelou-se algo diferente da indicada na pré-cartografia existente, que sintetizava os trabalhos disponíveis anteriormente ao projecto, provenientes de diversos estudos e autores.

Novas ocorrências foram registadas, especialmente de carvalho-cerquinho (e.g. quadrante SE do Sítio), mas em certos locais não se confirmou a presença de carvalhos. Os povoamentos são pequenos e fragmentados, ocorrendo Quercus

pyrenaica essencialmente na zona central e Quercus faginea na sua periferia. A co-ocorrência das duas espécies no Sítio

é rara. Independentemente da espécie, os carvalhos encontram-se sobretudo confinados a sebes ou restos de sebes, sendo poucos os núcleos, seja em bosquetes ou em linhas de água. Para auxiliar a gestão futura do Sítio, e

adicionalmente ao previsto nos objectivos da acção, a cartografia de distribuição produzida inclui também a

classificação das ocorrências segundo quatro categorias: exemplar isolado, grupos de árvores em sebe, em linhas de água ou em bosquete (não associado a sebe ou a linha de água).

Figura 5 – Exemplares de carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e carvalho-cerquinho (Quercus faginea) cartografados durante os trabalhos de prospecção (© CEBV-FCUL)

Nas saídas de campo foram amostradas 50 parcelas (2000m2 cada) para caracterização dos povoamentos de Quercus spp. Estas parcelas incluíram 15 parcelas com carvalhos (pelo menos uma das espécies, Quercus faginea ou Quercus

pyrenaica), 17 com montado misto de sobreiro (Quercus suber) e de azinheira (Quercus ilex) e 18 com apenas uma destas

duas últimas espécies. Para cada local foi efectuada uma caracterização qualitativa e quantitativa com recurso à observação directa e a medições que foram registadas nas fichas de campo, sendo igualmente recolhidos dados relativos à regeneração natural, percentagem de danos nas árvores e causa desses danos, e dados complementares como a diversidade de espécies arbustivas presentes. Estes trabalhos encontram-se concluídos.

Ao nível da avaliação da biodiversidade da vegetação epífitica, procedeu-se à localização e identificação de bosques de

Quercus ilex, Quercus faginea e Quercus pyrenaica, como potenciais áreas a serem estudadas, tendo-se testado quer a

ficha de campo, desenvolvida especialmente para esta acção, quer a metodologia adoptada para a inventariação das espécies criptogâmicas epifíticas. Nas saídas de campo foram efectuados estudos florísticos em 23 locais de amostragem localizados na zona norte e centro do Sítio. Procedeu-se à identificação e classificação das amostras de briófitos e líquenes recolhidas, através de equipamento adequado e bibliografia específica e actualizada. Foram identificadas 22 espécies de briófitos (hepáticas e musgos) e 103 espécies de líquenes, nenhuma das quais elencada pela Directiva Habitats. Tal como previsto na candidatura, o material colhido e identificado constituirá um herbário de referência, a depositar em LISU (Herbário do Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural).

(17)

Para além do tratamento e classificação das amostras recolhidas (solos, líquenes e briófitos), foram também desenvolvidos trabalhos de introdução dos dados, em suporte informático e respectiva integração e análise. Estes trabalhos, permitiram obter a cartografia do estado de conservação dos povoamentos de carvalho-negral (Quercus

pyrenaica) e carvalho-cerquinho (Quercus faginea), bem como a cartografia de distribuição dos epífitos indicadores.

Figura 7 – Cartografia do estado de conservação dos povoamentos de Quercus spp.

No que respeita ao contributo da acção para as medidas de gestão, a equipa concluiu que os povoamentos de Quercus

faginea e Quercus pyrenaica estão representados no Sítio por indivíduos isolados ou em pequenos núcleos

(principalmente sebes), com distribuição fragmentada. Ambas as espécies apresentam um bom nível de vitalidade, mas o grau de regeneração natural é muito baixo, o que acontece com o Q. faginea, ou praticamente limitado à rebentação por toiça, no caso do Q. pyrenaica. Para contrariar o isolamento dos núcleos de carvalho-cerquinho e favorecer a permanência/expansão de ambas as espécies, a equipa propõe medidas para a gestão dos montados do Sítio. Entre as medidas propostas, encontram-se a restrição espacial e/ou da intensidade e tipo de pastoreio, a limpeza selectiva dos matos e sebes em galerias ripícolas, a plantação, quando em ausência da regeneração natural, a promoção do mosaico paisagístico e o melhoramento do estado sanitário e estrutura etária do sobreiro e azinheira.

No que respeita a produtos identificáveis, o relatório final da acção foi concluído em Junho de 2007, enviando-se em anexo, em formato digital. Conjuntamente com este relatório, foi produzida cartografia diversa, entre a qual cartografia do estado de conservação dos povoamentos de carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e carvalho-cerquinho (Quercus faginea), e a cartografia de distribuição dos epífitos indicadores.

Tal como transmitido anteriormente, quando do envio do relatório intercalar em Maio de 2007,os trabalhos da Acção A3, relativos à Inventariação da Ictiofauna do Sítio de Monfurado e Proposta de Programa para a sua Gestão, foram concluídos em Setembro de 2006.

Tendo-se iniciados os trabalhos em Outubro de 2003 de acordo com o cronograma inicialmente definido, estes trabalhos foram diferenciados consoante os seus objectivos:

a caracterização da ictiofauna presente nas linhas de água, com definição de 40 pontos de amostragem em linhas de água, o que possibilitou a construção de mapas de distribuição para cada espécie capturada;

o levantamento de obstáculos à continuidade longitudinal, que possibilitou a identificação, localização e

caracterização dos mesmos, sendo estes definidos como estradas (passagens para gado, pessoas e veículos), estruturas transversais (açudes, paredões de albufeiras e passagens) e vedações. Mais tarde, a equipa atribuiu ainda uma classificação qualitativa às estruturas, de acordo com o grau de dificuldade da sua transposição para a ictiofauna (fáceis, intermédios e difíceis ou intransponíveis).

a caracterização da ictiofauna em albufeira, que permitiu determinar abundâncias para cada espécie capturada,

(18)

a caracterização da actividade da pesca desportiva, através da execução inquéritos junto de Associações de Pesca Desportiva cujos associados se sabia poderem, eventualmente, frequentar o Sítio de Monfurado.

Figura 8 – Exemplos dos trabalhos desenvolvidos pela UE: mapa de distribuição de espécie (neste caso, diz respeito à distribuição da boga-portuguesa) e levantamento e caracterização dos obstáculos à progressão da ictiofauna

No que respeita a resultados, foi confirmada a presença, em linhas de água, de seis espécies autóctones (Anguilla

anguilla, Cobitis paludica, Barbus bocagei, Chondrostoma lusitanicum, Chondrostoma polylepis e Squalius pyrenaicus),

das quais três integram o Anexo II da Directiva Habitats (Chondrostoma lusitanicum, Chondrostoma polylepis e Squalius

pyrenaicus) e três espécies exóticas (Lepomis gibbosus, Micropterus salmoides, Gambusia holbrooki).

Característica geral da comunidade ictiofaunistica do Sítio, é a sua reduzida riqueza específica de espécies autóctones. Esta conclusão, retirada pela equipa, resultou do reduzido número de capturas, sendo que em cerca de 50 % dos 40 pontos amostrados, não foi capturada qualquer espécie. Um aspecto negativo revelado por estas amostragens refere-se ao facto de a distribuição das espécies exóticas ser mais ampla que a das autóctones. Praticamente todos os locais onde existem autóctones estão também povoados por exóticas, havendo nalguns destes locais dominância destas última s. Devido à natureza temporária das Ribeiras de Monfurado, o número de indivíduos capturados sofre uma redução significativa durante o Verão, fruto da ausência de água na maioria dos cursos de água neste período.

Figura 9 – Trabalhos de captura (pesca eléctrica) realizados pela equipa da UE

No que respeita à gestão destas áreas, e com base nos mapas de distribuição de cada espécie, a equipa propôs medidas como o controle da qualidade das águas, a preservação da galeria ripícola, a preservação da estrutura das comunidades ícticas autóctones, o condicionamento de acesso a pegos em período estival, o controle (eliminação física) da perca -sol, a minimização ou eliminação de obstáculos à progressão longitudinal e a manutenção de caudais ecológicos. Não contemplado na primeira versão do relatório final, a equipa, após solicitação por parte da CMMN, hierarquizou estas medidas, através de uma escala: prioridade baixa, moderada e elevada.

(19)

Em relação aos obstáculos à continuidade longitudinal, as estradas constituem a maior parte dos obstáculos inventariados; contudo, as estruturas transversais relacionadas com a utilização de água para fins agrícolas, de forma geral, são as mais difíceis de transpor. A presença de vedações, para impedimento da passagem de gado, potencia a acumulação de detritos de grandes dimensões, dificultando ou interrompendo o fluxo normal da água , originando assim, igualmente barreiras à passagem.

Figura 10 – Exemplos de obstáculos à passagem da ictiofauna

Ao nível das albufeiras, os trabalhos realizados evidenciaram um claro domínio de espécies exóticas em detrimento das espécies de origem autóctone, sendo que, no total, o número de espécies aqui detectadas foi inferior ao registado nos cursos de água. Este resultado é entendido como devendo-se ao facto de a maioria das espécies existentes nas linhas de água não encontrar condições de sobrevivência nas albufeiras, devido à ausência de habitats adequados, designadamente, zonas de baixa profundidade, com vegetação aquática e outros locais de abrigo, zonas lóticas, abundância de detritos animais e vegetais, fitobentos, perifíton e macroinvertebrados de que se alimentam.

Figura 11 – Mapa das albufeiras amostradas pela equipa da UE

No que respeita a pesca desportiva, das 13 albufeiras analisadas, apenas uma, a albufeira da Gouveia, apresentou uma boa adequabilidade para a pesca desportiva. No extremo oposto, a albufeira da Defesa, é a única albufeira considerada como de má qualidade para esse fim. Todas as restantes apresentam média adequabilidade. De forma a caracterizar este desporto, a equipa da UE realizou ainda inquéritos junto dos pescadores. Verificou que o interesse pelas albufeiras tinha vindo a diminuir, consequência da diminuição das populações ícticas, em particular da achigã. Na opinião dos inquiridos, as principais ameaças à ictiofauna são a pesca excessiva, por vezes com recurso a métodos ilegais, a diminuição do nível da água e a poluição. Por estes motivos, são favoráveis à criação e atribuição de concessões de pesca, medida que, segundo os mesmos, permitiria um melhoramento das condições de pesca nas albufeiras, rios e ribeiras, bem como a sua participação efectiva na gestão dos recursos, assunto para o qual parecem motivados.

Em relação a medidas de gestão, a equipa propõe o melhoramento de acessibilidades a algumas albufeiras, aumento da abundância de espécies com interesse para a pesca desportiva (com destaque para Micropterus salmoides, Barbus

bocagei, Cyprinus carpio e Chondrostoma polylepis) em algumas albufeiras, criação de zonas de abrigo para preservação

da riqueza específica, ensaios de controlo da perca-sol (com recurso a captura e esterilização química dos machos), controle da qualidade da água e instalação de uma rede de cinco postos de conveniência, disseminados pelo Sítio,

(20)

destinados a apoiar logisticamente a actividade da pesca desportiva e simultaneamente, a orientá-la e regrá-la. Para além destas medidas, a equipa propôs ainda melhoria dos espaços envolventes às albufeiras, através da instalação de zonas ensombradas, recolha de lixo, instalação de painéis informativos e parqueamento. A prioridade de aplicação destas medidas a cada albufeira foi igualmente definida.

Figura 12 – Mapa com localização dos postos de conveniência propostos pela equipa responsável pela Acção

Em termos globais, a acção A3 decorreu conforme previsto, dela tendo resultado não só um conhecimento mais

vasto acerca do elenco ictiofaunístico existente no Sítio, mas também das actividades tradicionais associadas à sua utilização, bem como a identificação das principais ameaças à sua conservação. Decorrendo dos trabalhos

realizados, a equipa apresentou ainda uma proposta de medidas de gestão concretas, tais como a eliminação de obstáculos à conservação e/ou melhoramento de condições de habitat para espécies autóctones e o melhoramento das acessibilidades.

No que respeita a produtos identificáveis, a equipa produziu cartografia com a distribuição das espécies ícticas (linhas de água e albufeiras) e principais obstáculos à progressão longitudinal. Muito embora estes produtos já tenham sido enviados com o relatório intercalar em Maio de 2007, optou-se por enviar novamente em anexo estes produtos, bem como o relatório final da acção elaborado pela equipa da UE.

A Acção A4, referente à Caracterização do Habitat “Charcos Temporários Mediterrânicos” e Proposta de Programa para a

sua Gestão, teve como objectivo a monitorização dos charcos temporários identificados para o Sítio de Monfurado e a

respectiva confirmação da idoneidade ecológica dos mesmos. Apesar de ter arranque previsto para Outubro de 2003, o início desta acção foi protelado para 2004, para que a equipa responsável pelo seu desenvolvimento pudesse utilizar como base da sua execução a cartografia integrada de habitats do Sítio (resultante da integração de trabalhos anteriormente promovidos pelo ISA, UE e ex-DRAOTA), produzida ao longo desse ano pelo extinto ICN, agora ICNB.

Deste modo, e considerando que o adiamento temporal do início dos trabalhos não colidia nem invalidava a realização de acções que dele dependiam, a CMMN entendeu conveniente, tal como sugerido pelo ex-ICN, aguardar pelo fornecimento desta cartografia – o que veio a verificar-se em Outubro de 2004 – para depois proceder à adjudicação dos trabalhos. Estes foram adjudicados, de acordo com o inicialmente previsto em candidatura à equipa do Instituto Superior de Agronomia (ISA). Esta equipa, coordenada pela Dra. Dalila Espírito-Santo, apresenta uma vasta experiência nacional na identificação deste tipo de habitats, tendo participado nos Estudos Preparatórios que envolveram a caracterização fitossociológica dos Sítios de Cabrela e Monfurado e permitiram a sua proposta para integração da Rede Natura 2000. Na sequência de uma visita preparatória à área do Sítio promovida pela CMMN em Janeiro de 2005, e face a condições climatéricas que impossibilitaram o início dos trabalhos na Primavera (ausência de precipitação), os procedimentos de consulta só tiveram lugar entre Maio e Agosto de 2005, tendo a adjudicação dos trabalhos sido efectiva em Novembro desse ano. Paralelamente, foram dinamizadas reuniões preparatórias com a equipa que envolveram, por parte do acompanhamento da CMMN, a recolha e síntese de informação cartográfica que se afigurou útil aos trabalhos de prospecção, designadamente ao nível de solos, relevo, fotografia aérea e elementos anteriores acerca da distribuição do habitat.

(21)

O início dos trabalhos de campo só pode ser assegurado com as primeiras precipitações de Outono/Inverno em D ezembro de 2005 – de acordo com o cronograma aprovado no primeiro Pedido de Alteração. Orientados localmente pela Dra. Carla Cruz, os trabalhos envolveram:

Fase 1: Prospecção das áreas de distribuição do habitat “Charcos temporários Mediterrânicos” Fase 2: Actualização da cartografia de distribuição dos habitats “Charcos Temporários Mediterrânicos” Fase 3: Realização de amostragens sazonais e identificação de ameaças à conservação do habitat “Charcos Temporários Mediterrânicos”

Fase 4: Elaboração de Relatório Final e Proposta de Programa de Gestão para o habitat “Charcos Temporários Mediterrânicos”.

Concluídos todos os trabalhos, a equipa apresentou em Novembro de 2007, o Relatório Final onde incluiu a Proposta de Programa para gestão do habitat “Charcos Temporários Mediterrânicos”. No que respeita às três primeiras fases, os trabalhos desenvolvidos foram no sentido de confirmar a ocorrência do habitat prioritário 3170* - Charcos Temporários Mediterrânicos, nos locais identificados na cartografia inicial fornecida pelo ex-ICN. Com o auxílio desta cartografia, a equipa visitou os 16 pontos identificados como charcos temporários, tendo efectuado em cada local, inventários fitossociológicos das comunidades florísticas locais. Adicionalmente, e por sugestão da equipa técnica da CMMN, a equipa do ISA visitou ainda outros locais que, devido às suas características pedológicas e geomorfológicas apresentavam potencial para a ocorrência/distribuição deste tipo de comunidades. Daqui resultou a identificação de três novos pontos, sendo que em dois deles, a equipa registou apenas a presença de uma das espécies indicadoras ( Isoetes histrix) , enquanto que no terceiro local, que corresponde a um eucaliptal em São Cristóvão, foi logo classificado como habitat 3170*. Este último ponto, foi identificado quando a equipa do ISA, por solicitação da equipa técnica da CMMN, se deslocou ao eucaliptal para confirmação taxonómica da espécie Halimium verticillatum. Chegada ao local, para além da confirmação da espécie, a equipa identificou ainda, em clareira provavelmente originada pela excessiva humidade do solo, a presença de um prado húmido com as três comunidades definidas da Isoeto-Nanojuncetea (habitat 3170*).

Face a todos os trabalhos desenvolvidos, dos 16 locais inicialmente cartografados como “Charcos Temporários Mediterrânicos“, apenas cinco eram considerados, no Outono de 2006 como potenciais charcos temporários. Na Primavera de 2007, e após confirmação, a equipa concluiu que a classificação de “Charco Temporário Mediterrânico” era apenas confirmada para dois dos pontos cartografados como habitat 3170*. Segundo a equipa, a caracterização assentou, em ambos os pontos, em vários critérios: (1) variação temporal ao longo do ano num mesmo biótopo, ou seja, uma sucessão de comunidades num mesmo espaço físico, à medida que a toalha freática regride com a entrada em estio; (2)

microgeosigmeta constituídos por um número variável de comunidades (≥ 2) pertencentes a mais do que uma aliança da

ordem Isoetetalia (classe Isoeto-Nanojuncetea): (3) coexistência de duas espécies de Isoetes no mesmo charco, sucedendo-se catenalmente da maior para a menor profundidade de água (gradiente de humidade e temperatura): Isoetes

setaceum (Isoetion) – Isoetes histrix (Cicendion).

Figura 13 – Charco temporário identificado pela equipa do ISA

Apesar de descontínua e fragmentada a distribuição do habitat concentra-se numa única área aplanada, correspondendo ao sector oeste do Sítio. Localizados os dois pontos identificados como se tratando de habitat 3170* em propriedades diferentes, a equipa refere, no Relatório Final da Acção, a necessidade de comungarem de uma gestão comum, podendo as valas de drenagem existentes conduzir ao seu desaparecimento.

Decorrendo de alterações metodológicas que, tal como transmitido no primeiro Pedido de Alteração, se entendeu irem de encontro aos objectivos inicias da acção e do Projecto, e que visavam assegurar resultados que, do ponto de vista da futura gestão do Sítio, se revelavam particularmente mais eficazes, a equipa integrou também no Relatório Final da Acção, propostas de medidas de gestão para espécies com elevado valor conservacionista, como é o caso do Halimium

Referências

Documentos relacionados

O Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, de 2007, e a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, instituída em 2009 foram a base

Ressalta-se que mesmo que haja uma padronização (determinada por lei) e unidades com estrutura física ideal (física, material e humana), com base nos resultados da

Art. O currículo nas Escolas Municipais em Tempo Integral, respeitadas as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Política de Ensino da Rede, compreenderá

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

O Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb), criado em 2000, em Minas Gerais, foi o primeiro programa a fornecer os subsídios necessários para que

The challenges of aging societies and the need to create strong and effective bonds of solidarity between generations lead us to develop an intergenerational

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Contemplando 6 estágios com índole profissionalizante, assentes num modelo de ensino tutelado, visando a aquisição progressiva de competências e autonomia no que concerne