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Trabalhos diversos e o método proposto

No documento Disposição discursiva do corpo (páginas 35-52)

Nos trabalhos intelectuais que não se relacionam absolutamente com percepção e sujeito, é compreensível apontar a pequeneza dessa teoria; não há de haver consideração da alteridade nem tampouco da disposição discursiva do corpo neste caso. No entanto, numa abordagem do sujeito pelo sujeito, é necessário haver esse cuidado. Em que pé está a ciência sobre o sujeito hoje?

Perdura sempre um espaçamento entre o conceito-nome e a coisa nomeada por causa do descompasso entre tempo da consciência e tempo real, da descontinuidade entre palavra e objeto e das impossibilidades cognitivas de apreender em todas as suas possibilidades um determinado conceito. A poesia é uma via de fuga dessa separação entre variados tempos e também das lacunas cognitivas. Através do trabalho sobre as faltas da experiência humana e da união de forças de sentido senão opositivas, pelo menos, inicialmente dissociadas, é que a poesia ganha maior viço e expressividade.

Um conceito quando enunciado, pensado ou aplicado a um indivíduo não é percebido em toda a sua construção histórico-teórica. Ele é percebido através de imagens que a ele foram atreladas pelo indivíduo e pelos termos que se sucedem mentalmente quando é ouvido tal nome ou vê alguém que se encaixa naquele conceito. Tampouco há uma correspondência entre o conceito que é imposto sobre o indivíduo. Assim se fala numa falta do conceito e numa falta do conceito quando posto sobre o objeto que nesse caso é o sujeito.

É o caso do termo louco, por exemplo O conhecimento científico é aquele que procura se purificar de noções intuitivas, é aquele que busca a objetividade. O que persiste? O que de fato é tal coisa? Quem é o louco? É gerado todo um esquema de hierarquização de forças pela atribuição dos conceitos que acaba por corromper a essência dos sujeitos e, com isto, a própria validade do conhecimento acerca destes sujeitos.

30 É em função das conjunturas humanas que os conceitos mudam, vide a ciclicidade que alguns historiadores apontam acerca da relação entre conjuntura, conceito e a ordem de questionamentos filosóficos de determinadas épocas.

A loucura progride conceitualmente e adquire novas significações em termos práticos, descritos a partir do uso instrumentos teórico-científicos próprios de um dado momento histórico. Como aponta Isaias Pessoti, foi tratada de forma mitológico-religiosa, organicista e psicológica. Assim como as áreas humanas desenvolveram novas formas de pensar outros fenômenos humanos. O que persiste na forma de descrever a loucura apesar das oscilações teóricas e do riquíssimo nível de precisão médica no estudo de suas formas até hoje?

O que indivíduos nomeados como loucos enunciaram acerca de si e que remontava à experiência humana geral em algum aspecto ou sentido. A abstração do conceito é pensar o que contém de constante não na palavra do louco, mas no comportamento corporal dos loucos, que é enunciado por si mesmo àqueles que o representaram de forma poética.

O trabalho de Foucault sobre a loucura tem aspectos mais interessantes nos trechos que se referem à loucura em seu não-ser e à linguagem oculta da loucura. Essa via de decomposição do ser indivíduo dito louco tem estados descritivos variáveis ao longo do texto, porém, transita entre uma aproximação da loucura à animalidade e uma mais ampla contra-natureza do homem que, ordeira mas oculta, dialoga com essa animalidade.

Dessa forma, há uma refutação de um contraponto maciço entre loucura e razão para afirmar que há na loucura algo que se integra à Razão, aqui entendida como uma força regular humana. O não-ser do louco, sua contra- natureza falaria da natureza humana geral, do Ser indeterminado e geral. O que é o não-ser? A constatação do não-ser provém da observação poética da perda de freios estipulados pela razão individual, o não-ser é justamente o que é manifestado no próprio corpo do indivíduo por essa perda da razão individual. A loucura quebra o arrazoar e deixa ver as relações que mantém o indivíduo

31 com essa Razão maior que integra os vários em-si e conjuga o Ser. Essa Razão que a loucura integra seria não o concatenar pleno, mas o movimento de forças naturais do qual quando conhecidas surge a liberdade moral do sujeito em adaptá-las no entendimento do imperativo categórico kantiano.

Foucault trata do exaurimento do interior racional do indivíduo, o local que filtra o que se diz ou o que é gesticulado, não havendo um interstício mais entre o que se sente e o que se mostra; o indivíduo é plenamente expressivo. Não mais arrazoa ato e sentido, ele parece morar no ato, ter se encaminhado para uma vivência sem eu, sem um ser. Em termos mais claros, o não-ser seria o dissolvimento do maquinário mental que atribui e arrazoa os atos, o não-ser é a verborragia corporal do desatino.

Um ponto relevante que é colocado por Foucault quase ao fim do livro é a questão de que o louco só existe como ser visto, há uma necessidade da alteridade para que o louco exista, o que afirma ser o louco plenamente um outro, não mais um em-si também, o que demonstra que existe necessidade de espectoralidade, mas não existe alteridade.

O louco seria não um espelho do homem, mas uma abertura ao discurso acerca do corpo oculto pelo homem que, quando perfeitamente são, consegue manusear a linguagem e fabricar a si de forma consciente. A condição do louco o poria numa plenitude corporal discursiva que tem a aparência de animalidade e tem origem possivelmente na perda da alteridade.

O que é evidente no trabalho de Foucault é como seu texto por vezes incide em lugares líricos em sua exposição, os quais são extremamente elucidativos sensivelmente, porém acabam gerando resultados restritos fluxo entre os pontos imagem e narrativa do que comprometidos com a passagem de conhecimento claro. O prazer no texto acaba por causar um desligamento entre frase e objeto, gerando uma relação de frase à frase.

Percebe-se o valor do estudo histórico-filosófico da loucura feito pelo autor e ainda mais valoroso o é por vezes ter trabalhado o tema numa via que ia à palavra poética, a qual apesar de abstrata e sem significação precisa,

32 acaba conduzindo ao objeto de que se fala por meio dos artifícios que são próprios da poesia.

Deve ser problematizada a abordagem abstrata nos termos em que é feita da loucura. Apesar de se tratar de um fenômeno, os movimentos do sujeito prevalecem; há uma atenção aos indivíduos em sua corporalidade que apresentam essa situação fática da loucura. Nessa atenção dada ao sujeito, Foucault os apreende numa percepção por vezes poética, registrando o que eles enunciaram por si mesmos. É louvável a utilização desse método dentro da filosofia, porém algumas ressalvas merecem ser feitas. Como os termos em que descreve o sujeito não estão devidamente delimitados, eles assumem um lugar imagético. Isso é algo a ser pensado e problematizado dentro de uma produção científica.

A utilização de metáforas não parece permitir contrapeso senão com outras metáforas. A beleza que existe no retrato do sujeito com uma metáfora é inegável, porém a ciência necessita de uma clareza de referência e transparência de conceito que é conseguida de duas formas: ou se cria um vocabulário próprio e um todo filosófico algo sistêmico onde tal termo aponta àquela noção e se persiste nas metáforas devidamente ajambradas num todo coeso ou as metáforas são em algum momento postas de lado através da adoção desse mencionado discurso científico claro e claramente relacionado com o que se deseja retratar e isso se dá justamente quando o autor faz balizamento de seus conceitos com conceitos gerais e notórios dentro das ciências humanas.

O esforço dele se coaduna com o desejo de dar fim à imposição dos conceitos sobre as coisas e deixar que elas se enunciem que é tão importante dentro do trabalho.

É sabido que os esforços pragmáticos excessivos encontram rapidamente esforços idealistas, justamente por isso é necessária uma atenção ao método para que não se utilizem um dos os opostos metodológicos, mas uma síntese entre ambos.

33 Como a metáfora desponta do texto não aceitando refutação e só ela consegue registrar devidamente movimentos metafísicos que são mostrados pelo o estudo do sujeito, o uso das metáforas deve andar junto a um discurso científico, tudo para que o sujeito seja retratado o mais próximo possível do que ele é consigo, mas sem que se perca a clareza necessária ao conhecimento, possibilitando posterior refutação e progresso, nem que um conceito se anule na beleza sinuosa ou na musicalidade de um fluxo narrativo quase literário.

A transposição da vivência humana para o papel pode ser entendida muitas vezes como uma desumanização dessa vivência; há um movimento ideológico dentro da própria arte que leva a crer que transmutar a vivência em termos é descolá-la da fluidez que o humano tem numa via ativa, é fazer perder a graça da vivência dos corpos para trazê-los à poeira dos termos.

Muito do que foi o estruturalismo parece advindo dessa tentativa de pensar a vitalidade dos termos, encaminhando a ciência a uma relativização do que é construído por ela e da realidade em geral que dificultou tremendo a produção científica como era outrora, quando não havia tanto conhecimento acumulado sobre os temas que desde sempre inquietam os filósofos.

Sem diminuir a importância do estruturalismo, já que trouxe todo um arcabouço próprio acerca da linguagem, a qual ocupa lugar fundamental dentro dos estudos poéticos e filosóficos sobre os sujeitos, esse descolamento do signo e significante acabou por abrir um abismo dentro da epistemologia e gerou um persistente desconforto na afirmação no meio científico. A cautela sempre foi fundamental dentro da produção científica, os autores devem estudar densamente seus arcos de interesse antes de proferir qualquer possível verdade acerca dos sujeitos.

A consideração de uma ciência fundamental ou a tentativa de defender uma área enquanto ciência não se mostra produtiva para se esclarecer a experiência dos sujeitos; são esforços que devem andar juntos ao fim último que é o entendimento da experiência humana. Não há como afirmar que uma ciência não dialoga senão consigo na apreciação da realidade, porque, por mais variados que sejam os métodos, a realidade é surpreendentemente una.

34 Assim sendo, não se postula pela afirmação de que todos os assuntos se relacionam a uma consideração da linguagem de sua enunciação, tampouco se pretende falar do lugar de primazia que deve ter a literatura ou a filosofia, porém algumas certezas persistem.

Algumas imposições da natureza devem ser reafirmadas como centrais na produção de conhecimento. A questão da linguagem e a possibilidade ou não manuseio do mundo pelo homem devem ser postas de lado para que se percebam a importância que uma via que tome poesia e filosofia têm para a consideração dos sujeitos e das coisas nomeadas.

“Suprir a ausência de pessoas, coisas e ações, chamando-as, exprimindo o sentimento que elas provocam, articulando um ponto de vista sobre elas — esta, a direção fundamental da nossa linguagem.” (Bosi, 1977, p. 59) A linguagem não deixa senão ela mesma na forma da poesia para driblar a alteridade e a nomeação corriqueira que foge à essência das coisas.

Poesia é não-metafísica. É ordenamento sem arbitrariedade. É observação e carrega uma função de estranhamento que é típico de meios como a sociologia e a antropologia, por exemplo, algo de empírico na sua formulação, algo de material em sua própria apresentação. É algo que é conservado da filosofia, essa função do real posto em evidência, quase estranhado para que seja notado em toda minúcia; o distanciamento para notar a realidade em toda sua plenitude. Esse apego ao real em tempo presente deve ser notado de ainda mais importância.

A poesia é a possibilidade de uma emanação do ser, de um mostrar-se a si em seu núcleo anterior à nomeação. O que Heidegger entendia como necessário era dar fim à metafísica pela defesa do olhar poético para entendimento do ser.

A poesia em seu o jogo de oposição e conjunção de termo e sonoridade acaba por criar um desenho mental que se corresponde a um objeto ou ideia; é a poesia uma forma de se ver no texto os seres, ver os corpos em ato e sentido. A poesia é uma possibilidade de fazer corpo da palavra.

35 A metafísica que acaba sendo criada com o olhar poético gerado por Heidegger não é metafísica, não se trata da deposição de termo, não há uma desconexão, é um movimento inteiramente pertencente ao ente que se enuncia.

A poesia é uma forma de se equilibrar entre universalismo e particularismo e entre racionalismo e empirismo na consideração dos seres em sua essência, porque permite uma troca equânime entre esses pólos. Faz tomar as vias que seriam paralelas de uma vez só, já que os elementos que compõem o registro da ideia são práticos, ou melhor, sensoriais, e os elementos que formam a ideia residem debaixo do registro querendo se alçar ao entendimento do leitor. A ideia e a matéria não se pertencem estritamente dentro do poema, justapõem-se, não se impõem e, não precisando competir por território, elas se fazem conhecer uma a outra pelo leitor.

Como visto, no entanto, acerca do que é feito do louco com Foucault, a poesia precisa ser contrabalanceada pelos métodos científicos de outras áreas da sociologia e da antropologia para não incorrer em excessos.

A antropologia e a sociologia não guardam relação próxima com a poesia, e apesar de ser possível cair em excessos como ocorreu com Lombroso, seu método e finalidades empíricas, possuem um método que freia a desconsideração de limites da alteridade dentro da produção de conhecimento sobre o sujeito.

É justamente por isso que é defendido um balanço entre o método poético, com o consequente resgate da filosofia, com ciências que falem de como as coisas de fato são, sem permissividade alguma com lugares líricos de forma a gerar uma leitura essencialmente material dos seres, como, por exemplo, com a sociologia de Durkheim no livro “O suicídio”, na qual ela é afeita aos fatos sociais somente, mesmo com sua desconsideração do sujeito, ou com a leitura antropológica de Hélio R. Silva em Travesti.

Quais são os métodos válidos para estudo do corpo do outro levando em conta as limitações da alteridade aqui nomeadas como disposição negativa do

36 corpo? Uma via literária encontra a limitação já exposta que vem com os excessos abstratos. As metáforas têm uma força que impossibilita um contraponto senão em metáforas e é dessa forma que o discurso excessivamente abstrato se arrasta. Do que resulta a força das metáforas? Como entende Heidegger, elas se enunciam dos próprios objetos poéticos. As metáforas são fortes porque realmente provêm do âmago do Ser, se assim não o fosse, não seria possível se deixar tomar pela envoltura física da palavra arduamente talhada. No entanto, como avaliar o sujeito, o qual também compõe o Ser, se o texto não guarda uma relação clara com a realidade e isso é dito porque é nesse ponto que a filosofia e literatura se separam. O ponto parece ser fazer caminhar juntos a poesia e a utilização do método científico quando se investiga o sujeito e prosseguir a conjugando os resultados das duas áreas.

Esse segmento do trabalho quer mostrar que é possível falar de uma experiência individual como o suicídio sem falar no sujeito sem anulá-lo em metáforas muito pesadas, apesar de extremamente significativas, como mostrado com Foucault.

O trabalho de Durkheim acerca do suicídio é feito da consideração de seu objeto não como um ato individual, mas como um fato social.

[...] se considerarmos o conjunto dos suicídios cometidos numa determinada sociedade durante uma determinada unidade de tempo, constataremos que o total assim obtido não é uma simples soma de unidades independentes, uma coleção, mas que constitui por si mesmo um fato novo e sui generis, que tem sua unidade e sua individualidade, por conseguinte sua natureza própria e que, além do mais, essa natureza é eminentemente social.

Ele deseja pesquisar as condições que geram a chamada taxa social do suicídio, a qual seria característica de cada sociedade e invariável a um período de tempo longo se não ocorresse nenhuma mudança estrutural na sociedade.

A principal hipótese que Durkheim demonstra em Le suicide é a de que deve a soma total de suicídios em uma dada sociedade deve ser tratada como um fato que somente pode ser explicado plenamente em termos sociológicos, e não por motivações pessoais dos atos de autodestruição; a unidade de analise é a sociedade e não o indivíduo. (Durkheim, 2000, p. XXV)

37 Afirma a utilidade de técnicas quantitativas, essenciais às ciências sociais, refuta teorias que pretendiam explicar as variações no número de suicídios com base em fatores psicológicos, biológicos, ‘raciais’, genéticos, climáticos ou geográficos e, por fim, demonstra com provas empíricas a possibilidade de uma sociologia pragmática.

Em suma, o que esses dados estatísticos expressam a tendência ao suicídio pela qual cada sociedade é coletivamente afligida. Não nos é possível dizer atualmente em que consiste essa tendência, se ela é um estado sui generis da alma coletiva, com realidade própria, ou se representa apenas uma soma de estados individuais. (Durkheim, 2000, p.24)

Em nota de rodapé, o autor declara que não pretende hipostasiar a consciência coletiva nem admite alma substancial nem na sociedade nem no indivíduo.

Opera mantendo o que é próprio do sujeito de fora do estudo, de forma constante e relacionada a outras matérias, não tratando desses pontos do sujeito o aborda de forma indireta, somente nas relações que ele guarda com a sociedade.

Essa disposição do sujeito aliada a dados objetivos verificáveis demonstra que é possível trabalhar o sujeito de forma correspondente às finalidades delimitadas no próprio trabalho e obtidas com a atenção ao método, quais sejam a prova de que movimentos considerados indissociáveis do sujeito podem ser dissociados teoricamente sem incorrer em arbitrariedades na avaliação do sujeito. Como assevera, ainda no início do livro:

Que o sociólogo, em vez de contentar-se com meditações metafísicas a propósito de coisas sociais, tome por objeto de suas pesquisas grupos de fatos, claramente circunscritos, que em certo modo possam ser assinalados com o dedo, e dos quais se possa dizer onde começam e onde acabam, e que se concentre, obstinadamente, a eles. (Durkheim, 2000, p.3)

A consideração sociológica não é suficiente para o entendimento do sujeito para si, porque coloca sua essência de lado.

Postula-se que para um entendimento pleno do ser o método e a condução regrada da pesquisa não bastam, devem ser aliados a uma consideração filosófico-poética do sujeito.

38 O ato não é tomado como discurso para Durkheim, porque não dá primazia ao ato nem ao sujeito discursivo corporalmente. A abordagem antropológica dá a atenção devida ao ato. Agora se inicia o apontamento metodológico através do travestimento e da figura do sujeito travesti.

A etnografia de Hélio R. Silva é marcada pela vivência do pesquisador dentro do núcleo de vivência do sujeito objeto de pesquisa. O autor faz um trabalho de registro da vida de intimidade pública de travestis que frequentavam e se prostituíam na Lapa com sonhos de Europa ou de um homem que as fizesse feliz. Tem um toque profundamente literário em função da relação próxima que o autor manteve com os indivíduos-personagens de sua obra e também do olhar poético que possui o autor. “Lucrécia chorava no meu colo. Pensei em uma filha e me quedei a fazer cafuné em sua cabeça e a me perguntar o que era falso e o que era verdadeiro naquela vida.” (Silva, 1993, p. 21) Todos os nomes deles foram mudados de forma a preservar sua privacidade.

Lucrécia confessou depois a Cláudia que ‘aquela tristeza era pra ele ir ficando’. Ele sempre fica quando ela faz isso. Aqui, mais uma vez, o hábil recurso a tais artimanhas femininas – ou melhor, artimanhas de um tipo de mulher que nos é dado até hoje como um estereótipo -, mas tudo isso agenciado com rara competência, precisão. Extremamente interiorizado. (Silva, 1993, p.19)

O que se pretende destacar nesse ponto é que um retrato antropológico como é o de Hélio R. Silva chega a conclusões muito próximas de um retrato filosófico-poético do travestimento feito por Severo Sarduy e disso se pretende

No documento Disposição discursiva do corpo (páginas 35-52)

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