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2.   O TEXTO DO STABAT MATER 21

2.3.   Estrutura do poema em latim 24

2.3.1.   Tradução para o português 25

 

O texto em latim, com tradução para o português12:

1. Stabat Mater dolorosa Iuxta crucem lacrimosa Dum pendebat Filius. Cuius animam gementem Contristatam et dolentem Pertransivit gladius.

Estava a mãe dolorosa junto à cruz lacrimosa enquanto pendia seu filho. Cuja alma soluçante, inconsolável e angustiada transpassava o gládio.    

2. O quam tristis et afflicta Fuit illa benedicta

Mater unigeniti!

Quae moerebat et dolebat, Pia Mater, dum videbat Nati poenas incliti.

Ó, quão triste e aflita estava ela bendita mãe do Filho Unigênito! Que chorava e sofria, pia mãe, enquanto via as penas do seu Filho.

 

                                                                                                                         

3. Quis est homo qui non fleret, Matrem Christi si videret

In tanto supplicio?

Quis non posset contristari, Christi Matrem contemplari Dolentem cum Filio?

Qual é o homem que não se entristeceria se contemplasse a mãe de Cristo

em tanto suplício?

Quem poderia conter as lágrimas vendo a mãe de Cristo

sofrendo com o seu Filho?  

4. Pro peccatis suae gentis Vidit Iesum in tormentis, Et flagellis subditum. Vidit suum dulcem natum Moriendo desolatum Dum emisit spiritum.

Pelos pecados do seu povo viu Jesus no tormento, submetido ao flagelo. Viu seu caro filho morrendo desolado, ao entregar seu espírito.

5. Eja Mater, fons amoris Me sentire vim doloris Fac, ut tecum lugeam. Fac, ut ardeat cor meum In amando Christum Deum Ut sibi complaceam.

Ó mãe, fonte de amor

faz com que eu sinta toda a sua dor para que eu chorei contigo.

Faz com que meu coração arda no amor a Cristo Senhor

para que eu o agrade.

 

6. Sancta Mater, istud agas, Crucifixi fige plagas

Cordi meo valide. Tui nati vulnerati,

Tam dignati pro me pati, Poenas mecum divide.

Mãe Santa, marca profundamente no meu coração

as chagas do teu Filho crucificado. Teu Filho coberto de chagas por mim sofreu tão digno, divide suas penas comigo.    

7. Fac me tecum, pie, flere,

Crucifixo condolere,

Faz com que eu chore contigo piamente e que suporte a cruz

Donec ego vixero.

Juxta crucem tecum stare, Et me tibi sociare

In planctu desidero.  

enquanto eu viver. Quero estar em pé ao teu lado, junto à cruz chorando junto a ti.    

8. Virgo virginum praeclara, Mihi jam non sis amara Fac me tecum plangere. Fac, ut portem Christi mortem Passionis fac consortem, Et plagas recolere.

Virgem de virgens notável, não sejas rigorosa comigo,

deixa-me partilhar do teu sofrimento.

Faz com que eu carregue a morte de Cristo que participe da Sua paixão,

e que rememore suas chagas.    

9. Fac me plagis vulnerari, Fac me cruce inebriari, Et cruore Filii.

Flammis ne urar succensus Per te, Virgo, sim defensus In die judicii.

Faz-me ferido em chagas, inebriado pela cruz,

e pelo sangue do Filho.

Que inflamado e elevado pelas chamas eu seja defendido por ti, ó Virgem, no dia do julgamento.  

 

10. Fac me cruce custodiri Morte Christi praemuniri Confoveri gratia

Quando corpus morietur, Fac, ut animae donetur Paradisi gloria.

Amen

Faz-me protegido pela cruz, fortalecido pela morte de Cristo e confortado pela graça,

Quando o corpo morrer

faz com que seja dada à alma a glória do paraíso.

Amém.

A divisão temática do poema se faz em três partes. A primeira começa com a descrição da Virgem Maria aos pés da cruz no Gólgota, lamentando a morte de seu único filho, sacrificado pelos pecados da humanidade, nas primeiras quatro estrofes. As estrofes 5 a 9, segunda parte, são uma prece humana, uma súplica para que Maria permita ao rogante sofrer com ela. A estrofe final sozinha corresponde à última parte, cuja temática trata do pedido de salvação do pecador e redenção dos pecados do homem.

O começo do Stabat Mater foi baseado em João 19:25, que diz: “Stabant

autem iuxta crucem Iesu mater eius ut soror matris eius Maria Cleopae et Maria Magdalene”.13 A primeira estrofe coloca Maria como testemunha do sofrimento e da

morte de Cristo. No primeiro terceto é lançado um olhar sobre Maria, que chorava perto de seu filho crucificado. No segundo terceto o olhar é lançado sobre Jesus, cujo corpo estava transpassado por uma espada. A expressão do pesar se dá através das palavras dolorosa, lacrimosa, gementem, contristatam e dolentem. A segunda estrofe fala da aflição da bendita mulher (Lucas 1:28:“Benedicta tu in mulieribus”), mãe do Filho único, e de sua agonia ao ver o sofrimento de Cristo. O autor faz uma reflexão na terceira estrofe, perguntando-se o que fariam os outros ao contemplar aquela situação. Quem se conteria ao ver a compaixão e a dor da Virgem Maria por seu filho? Em seguida, na quarta estrofe o autor elucida o motivo do sofrimento de Cristo. Maria vê seu filho executado pelos pecados dos homens. Ela o vê dando sua alma pelos outros. A última linha, que diz que ele deu sua alma, se baseia em Matheus 27:50 que diz:

“Jesus autem iterum clamans voce magna emisit spiritum.”

Na quinta estrofe começa a segunda parte do poema, onde o autor dirige sua oração à Virgem. Começa já usando o vocativo “Eia, Mater”. Ele demonstra compaixão pelo sofrimento da Mãe e quer com ela dividir este pesar, além de pedir que através do amor a Cristo ele seja consolado. A próxima estrofe também é iniciada com um vocativo, “Sancta Mater”. O autor aceita o sacrifício de Jesus e pede para compartilhar das chagas e dos tormentos deste que morreu por ele, fazendo um paralelo entre o sofrimento do homem e o sofrimento de Cristo. No primeiro terceto da

                                                                                                                         

sétima estrofe o autor expressa sua compaixão para com o Filho, dizendo chorar e suportar o peso da sua morte enquanto viver; no segundo terceto ele demonstra compaixão para com a Mãe, dizendo querer acompanhá-la chorando aos pés da cruz. A oitava estrofe começa com o vocativo “Virgo virginum praeclara”. Nesta estrofe o autor inverte a compaixão da estrofe anterior: nas primeiras linhas ele demonstra compaixão por Maria, pedindo pra chorar junto a ela. Nas linhas seguintes ele demonstra compaixão por Cristo, pedindo para participar da paixão e da remoção das chagas do corpo. O autor expressa na nona estrofe mais uma vez o desejo de compartilhar do sofrimento e do padecimento na cruz. Pede à Virgem por clemência no dia do Juízo. Na estrofe final o autor faz o pedido maior de todo cristão: que a cruz proteja, fortaleça e conforte; que na hora da morte a alma seja salva e alcance a glória eterna do paraíso.

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