• Nenhum resultado encontrado

2.5 Efeito de Fre´edericksz

2.5.1 Transi¸c˜ao de Fre´ederickzs: Est´atico

Quando temos a aplica¸c˜ao de campos externos s˜ao adicionados `a densidade de energia livre, os termos envolvidos com a contribui¸c˜ao destes campos. Para esse caso, a fe ´e a densidade de energia devido ao campo el´etrico apli-

cado. Esta quantidade contribui com sinal negativo, pois a reorienta¸c˜ao da mol´eculas devido ao campo externo tende a diminuir a energia do sistema[38]

A densidade de energia livre depende da soma da energia el´astica e energia el´etrica dada por:

f = fd+ fe (2.21)

e como a densidade de energia el´etrica depende da orienta¸c˜ao do diretor quando aplica-se o campo el´etrico, ent˜ao:

fe = −

1

2ǫ0∆ǫ[ ~E · ~n]

2

, (2.22)

sendo ∆ǫ a anisotropia diel´etrica, em que ∆ǫ = ǫk − ǫ⊥. Como j´a foi dito,

se a anisotropia diel´etrica for positiva(∆ǫ>0) o diretor tende a se alinhar paralelamente ao campo aplicado, e se a anisotropia for negativa (∆ǫ<0) o diretor tende-se alinhar perpendicularmente ao campo el´etrico.

2.5.1.1 Ancoramento Forte

Considerando uma amostra de cristal l´ıquido confinada entre duas placas de espessura h, e aplicando um campo el´etrico perpendicularmente `a dire¸c˜ao inicial do diretor ~E = Eˆk, a anisotropia diel´etrica ser´a positiva, assim o vetor diretor ˆn tende a se alinhar paralelamente ao campo ~E, como ´e mostrado na figura 2.6(b).

O ancoramento ´e do tipo forte, quando as condi¸c˜oes impostas pela su- perf´ıcie s˜ao fixas, θ(0) = 0 e θ(0) = θ(h) = 0. O ancoramento nas superf´ıcies inferior e superior, ´e do tipo planar, ou seja, o vetor diretor est´a orientado paralelamente a superf´ıcie. Devido a simetria desse problema, o diretor ˆn

1

que representada esse estado f´ısico distorcido [38] ´e dado por: ˆ

n = cos θ(z)ˆi + sin θ(z)ˆk. (2.23) Podemos escrever a equa¸c˜ao 2.21:

f = 1 2[K11(~∇ · ˆn) 2 + K22(ˆn · ~∇ × ˆn) 2 + K33(ˆn × ~∇ × ˆn) 2 − ǫ0∆ǫ[ ~E ·~n] 2 ]. (2.24)

Substituindo a equa¸c˜ao 2.23 na equa¸c˜ao 2.24 obtemos ∇·~n = cos θ(z)θ′(z)

e ∇ × ~n = − sin θ(z)θ′(z)ˆj, onde θ(z) = ∂θ

∂z. Com isso, o termo associado a

constanteK22, desaparece, uma vez que (ˆn · ~∇ × ˆn) 2

= 0. Assim, reescrevendo a equa¸c˜ao da densidade de energia livre, temos:

f = 1 2[K11θ ′2(z) cos2 θ(z) + K33θ′2(z) sin 2 θ(z) − ǫ0∆ǫE 2 sin2 θ(z)], (2.25)

sendo E o campo el´etrico cr´ıtico. Esse campo el´etrico cr´ıtico pode ser dado por: Ec = π h r K ǫ0∆ǫ , (2.26)

onde h ´e a espessura das placas de confinamento e K ´e a aproxima¸c˜ao das constantes el´asticas envolvidas. A diferen¸ca de potencial cr´ıtico n˜ao depende da espessura da c´elula e ´e dada por:

Vc = hEc = π

r K ǫ0∆ǫ

. (2.27)

O campo el´etrico cr´ıtico representa o valor cr´ıtico necess´ario para que haja uma transi¸c˜ao do estado uniforme, onde as condi¸c˜oes impostas pela superf´ıcie seja satisfeita por todo o volume da amostra de cristal l´ıquido, quando E<Ec,

para um estado distorcido. E quando E>Ec, o torque el´etrico sobre vetor

diretor ˆn do cristal l´ıquido nem´atico ´e maior que o torque induzido pela superf´ıcie no volume. Assim, o termo −1

2ǫ0∆ǫ[ ~E · ~n] diminui `a medida que a

transi¸c˜ao ocorre, e dessa forma a energia livre do sistema diminui[38]. Quando o campo el´etrico atinge o valor cr´ıtico, as mol´eculas do cristal l´ıquido que est˜ao localizados ao centro s˜ao facilmente distorcidas pelo campo, demonstrado na figura 2.6(b). Esse fato ocorre devido que no meio da amos- tra a intera¸c˜ao do vetor diretor com a superf´ıcie ´e fraca, o que torna o vetor diretor nem´atico vulner´avel a mudan¸cas externas[39]. Como mostra a fi- gura 2.6(b), h´a uma forte intera¸c˜ao das mol´eculas dos cristais l´ıquidos que est˜ao pr´oximos a superf´ıcie. Mesmo com o aumento da intensidade do campo

el´etrico essa configura¸c˜ao n˜ao ´e modificada, pois as condi¸c˜oes de ancoramento na superf´ıcie inferior e superior s˜ao do tipo forte. No caso em que a intensi- dade do campo el´etrico ser muito maior que seu valor cr´ıtico(E ≫ Ec), ocorre

uma mudan¸ca nas propriedades ´opticas do cristal l´ıquido em compara¸c˜ao ao campo nulo.

Esse ´e um dos princ´ıpios usados na constru¸c˜ao de mostradores digitais de cristal l´ıquido. ´E a transi¸c˜ao de Fre´edericksz que determina a passagem ou n˜ao da luz pelo cristal l´ıquido, definindo assim se o pixel ir´a aparecer aceso ou apagado no mostrador digital[35].

CAP´ITULO

3

METODOLOGIA

Nesse cap´ıtulo, apresentaremos o material da base desse trabalho, ressaltando suas caracter´ısticas.

3.1

Cristal l´ıquido 5CB

O composto 5CB (4′−pentil −4−cianobif enilo) ´e um cristal l´ıquido am-

plamente usado devido `a sua estabilidade de seus parˆametros f´ısicos dentro da faixa de temperatura em que se manifesta a fase nem´atica. A sua estabilidade qu´ımica e fotoqu´ımica despertam muito interesse para o uso de dispositivos eletro-´opticos. O cristal l´ıquido 5CB foi o primeiro cristal l´ıquido da fam´ılia cianobifenilos a ser sintetizado, sendo feito por George William Gray, Ken Harrison e J.A na Universidade de Hull em 1972[51].

O composto 5CB por se tratar de um cristal l´ıquido termotr´opico, ele tem sua mudan¸ca de fases atrav´es da mudan¸ca de temperatura,este composto apresenta a fase l´ıquido-cristalina com temperaturas abaixo de 291,15K, fase nem´atica com temperatura entre 291,15K e 308,13k e a fase l´ıquido-isotr´opico temperaturas acima de 308,13k. As transi¸c˜oes entre essas fases s˜ao revers´ıveis mediante o aquecimento e resfriamento da amostra. O composto 5CB, com f´ormula linear CH3(CH2)4C6H4C6H4CN , possui algumas propriedades

como: massa molecular 249,35 g/mol, densidade de aproximadamente 1.008 g/mL por volta de 25 graus Celsius.Foram usadas duas amostras de cristais l´ıquidos nem´aticos 5CB, para o estudo da microscopia.Os compostos foram obtidos junto a Sigma-Aldrich, e as c´elulas s˜ao lˆaminas de FTO (Oxido de Titˆanio dopado com Fluoreto) com espa¸cadores de 100µm. Em uma das

Figura 3.1: Representa¸c˜ao da f´ormula qu´ımica do cristal l´ıquido 5CB

Fonte: Autora,2018.

amostras foi feito procedimento para que ficasse com alinhamento planar, e a outra, para que ficasse com alinhamento twist.

3.2

Cristal L´ıquido 8CB

O cristal l´ıquido 8CB (4′− n − octil − 4 − biphenil − carbonitrila), apre-

sentando estrutura qu´ımica igual a da figura 3.2. Esse composto apresenta densidade de aproximadamente 0, 99g/cm3

, massa molecular de 291, 43g/mol e sua aparˆencia ´e fluida viscosa de colora¸c˜ao branca. O composto foi adqui- rido junto a empresa Sigma-Aldrich sendo utilizado sem maiores purifica¸c˜oes.

Figura 3.2: Representa¸c˜ao da estrutura qu´ımica do cristal l´ıquido 8CB.

Fonte:Autora,2018.

O composto 8CB ´e classificado como cristal l´ıquido termotr´opico ca- lam´ıtico. Neste tipo de cristal l´ıquido, as mesofases s˜ao observadas a partir da varia¸c˜ao da temperatura.A transi¸c˜ao de fase desse composto ´e dada na tabela 3.1[47,48].

Tabela 3.1: Temperaturas de transi¸c˜ao de fases do cristal l´ıquido 8CB Mudan¸cas de fase Temperatura em Kelvin Sol´ıdo-cristalino para esm´etico-A 296

Esm´etica-A para nem´atico 306,5 Nem´atico para L´ıquido isotr´opico 313,5

O 8CB apresenta uma boa estabilidade fotoqu´ımica, possibilitando as- sim estudar suas propriedades fotoel´etricas e fotot´ermicas mesmo sendo sub- metido a feixes de laser de potˆencia moderada(P <200mW ). A tabela 3.2 apresenta as constantes f´ısicas desse composto.

Tabela 3.2: Constantes f´ısicas do cristal l´ıquido 8CB k11(10−12N ) 7,0 k22(10−12N ) 4,9 k33(10−12N ) 11,0 ρ(g/cm3 ) 0,99 γ(mP a · s) 28,0 ne 1,66 no 1,52 ǫ⊥ 5,4 ǫk 13,3

Temos que a transi¸c˜ao entre nem´atico-isotr´opico ´e dita de primeira or- dem, de forma que algumas vari´aveis termodinˆamicas variam descontinua- mente na transi¸c˜ao, tais como a densidade e o parˆametro de ordem, contudo temos que a natureza da transi¸c˜ao esm´etico-A para nem´atico n˜ao ´e bem definida[35]. De Gennes[23] fala que a transi¸c˜ao ´e de primeira ordem em compostos que apresentam uma pequena faixa de temperaturas onde a fase nem´atica ´e observada; de Gennes tamb´em sugeriu a existˆencia de um com- portamento cr´ıtico para a transi¸c˜ao de segunda ordem em compostos que apresentam uma ampla faixa de temperaturas onde a fase nem´atica ´e obser- vada[35].

Na figura 3.3 ´e mostrado o espectro de absor¸c˜ao do 8CB, medido sb temperatura de 295K. Note que, o composto possui uma banda de absor¸c˜ao aproximadamente em 315nm, sendo quase transparente na regi˜ao de 400 e 600nm. Esta banda de absor¸c˜ao corresponde `a transi¸c˜ao π −→ π∗ com a

mais baixa energia do anel benzˆenico, que originalmente est´a centrada em 256nm[57] . Entretando, a superposi¸c˜ao de an´eis arom´aticos e a presen¸ca

Figura 3.3: Espectro de absor¸c˜ao do cristal l´ıquido 8CB

Fonte:Silva[35]

dos cianobifenilas(-CN) deslocam essa banda para maiores comprimentos de onda[35,57].

3.3

Porta amostra

A amostra foi confinada em c´elulas, cujas lˆaminas de FTO( ´Oxido de Titˆanio dopado com flureto) continham deposi¸c˜ao de octadeciltriclorosilano. Foi usado um espa¸cador de 100µm.

Figura 3.4: Formato ilustrativo das c´elulas preenchidas por cristal l´ıquido

Fonte: Autora,2018

• Lˆaminas de vidro com deposi¸c˜ao de surfactante; • Mini-morsa;

• Espa¸cadores de Mylar; • Cola ep´oxi.

O procedimento para montagem da c´elula consiste em corta duas tiras finas do espa¸cador e coloc´a-las entre duas lˆaminas. A mini-morsa2

´e usada para estabilizar a configura¸c˜ao ilustrada na figura 3.4 e deixar a c´elula com espa¸camento mais pr´oximo poss´ıvel da espessura do espa¸cador usado. No caso de lˆaminas com superf´ıcies condutora, ´e importante que as faces condu- toras estejam voltadas uma para outra no porta amostra. Para isso ´e usado um mult´ımetro para verificar qual a face ´e condutora. Para selar o porta amostra, ´e aplicado a cola ep´oxi nas laterais. O preenchimento das c´elulas com o cristal l´ıquido ´e feito via capilaridade3

. O cristal l´ıquido 8CB, que apre- sental uma alta viscosidade, ´e necess´ario que o aque¸ca inicialmente at´e que atinja a fase isotr´opica, permitindo que a c´elula seja preenchida sem muita dificuldade. As duas aberturas que restam s˜ao seladas com cola ep´oxi[35].

3.4

Microscopia de Luz Polarizada

A t´ecnica de microscopia de luz polarizada(MOLP), foi o primeiro m´etodo a ser usado para identifica¸c˜ao das fases dos cristais l´ıquidos, essa t´ecnica cons- titui uma importante ferramenta para o estudo de propriedades de sistemas l´ıquidos-cristalinos, devido a sua simplicidade e sensibilidade.

Nesta t´ecnica, ´e explorada nas amostras de cristais l´ıquidos a birrefringˆencia, texturas apresentadas por estes compostos, as fases em que se encontra as mol´eculas de cristais l´ıquidos, como tamb´em a determina¸c˜ao da temperatura de transi¸c˜ao e para verifica¸c˜ao do alinhamento em que se encontra o porta amostras usados nos experimentos.

De forma geral, o mecanismo que envolve o processo de microscopia de luz polarizada ´e dado quando uma amostra de cristal l´ıquido ´e posicionada entre dois polarizadores cruzados, ou seja, a dire¸c˜ao relativa entre o polarizadores

2

´e um equipamento de extrema utilidade para prender, suavemente, equipamentos fr´ageis como placas e componentes eletrˆonicos

3

´e a propriedade f´ısica que os fluidos tˆem de subir ou descer em tubos extremamente finos

´e de 90 graus. Sendo que a amostra possui um alinhamento planar, temos que neste tipo de alinhamento o vetor diretor ˆn est´a parelelo ao plano da (x,y), como ´e mostrado na figura 3.5. Assim, o vetor diretor ˆn n˜ao depende do eixo-z. O eixo incide perpendicularmente ao plano da amostra.

Figura 3.5: Representa¸c˜ao da configura¸c˜ao da microscopia de luz polarizada.

Fonte: Autora,2018.

O polarizador ´e posicionado entre a fonte de luz e a amostra, fazendo com que a luz torne-se linearmente polarizada. Como os cristais l´ıquidos s˜ao birrefringentes, aluz ao atingir a amostra ´e dividida em duas ondas, or- din´aria e extraordin´aria, com a polariza¸c˜ao perpendicular entre si. Sendo a intensidade da luz I = A2

, sendo A a amplitude da onda, dessa forma, es- crevemos as ondas ordin´arias e extraordin´arias como sendo A sin β e A cos β, respectivamente; e β ´e o ˆangulo entre o vetor diretor ˆn e a polariza¸c˜ao da luz incidente[35]. As duas ondas atravessam a amostra em tempos diferen- tes: nod

c e ned

c , sendo c a velocidade da luz no v´acuo 4

, d ´e a espessura da c´elula e no e ne s˜ao os ´ındices de refra¸c˜ao da onda ordin´aria e extraordin´aria,

respectivamente.

Estas ondas se propagam em diferentes velocidades ao longo da amostra devido a birrefringˆencia do cristal l´ıquido, assim da origem a uma diferen¸ca de fase entre as duas ondas, ao escrevermos as equa¸c˜oes de propaga¸c˜oes das ondas, temos que : A sin β cos(wt − 2π

λ0ned) e A sin β cos(wt −

λ0nod), logo a

diferen¸ca de fase ´e dada por:

∆φ = 2π λ0 (ne− no)d (3.1) 4 ´e de aproximadamente 3,0 × 10 8 m/s

devido a essa diferen¸ca de fase, o feixe transmitido pela amostra tem seu plano de polariza¸c˜ao rotacionado em rela¸c˜ao ao plano de polariza¸c˜ao de luz incidente. Assim, a intensidade que passar pelo analisador depender´a dos ´ındices de refra¸c˜ao ordin´ario e extraordin´ario, no e ne, do ˆangulo β e da

espessura da amostra d, sendo dada por:

I = I0sin 2 2β sin2 [πd λ0 neno pn2 ecos 2θ + n2 osin 2 θ], (3.2) onde I0 ´e a intensidade da luz incidente sobre a amostra, λ0´e o comprimento

de onda usado, e θ ´e um ˆangulo que o vetor diretor faz com o eixo z. O primeiro termo dessa equa¸c˜ao descreve a varia¸c˜ao da intensidade de luz que passa em uma amostra birrefringente entre polarizadores cruzados. Para uma c´elula com alinhamento homeotr´opico, onde o vetor diretor est´a paralelo ao plano da c´elula, de modo que temos ainda ˆnkˆz, teremos θ = 0[35]. Neste caso, a onda ordin´aria ´e a ´unica que se propaga na amostra, como ela n˜ao sofre altera¸c˜ao em sua polariza¸c˜ao, est´a ´e bloqueada pelo analisador, resultando o bloqueio da luz e um padr˜ao escuro ´e obtido. Para θ = 0 =⇒ I = 0, de acordo com a equa¸c˜ao 3.2[35,45,49].

Figura 3.6: Aparato experimental: (a) Microscopio Zeiss Stemi 2000-C com CCD, (b) fonte MGF-3010 da Mywave e (c) aparato instrumental montado.

Fonte:Lima[50]

A microscopia de luz polarizada foi realizada com microsc´opio Stemi 2000- C, do fabricante Zeiss, figura 3.6 (a). As imagens foram obtidas com uma

cˆamera CCD, acoplada ao microsc´opio, e com o aux´ılio do software de mo- nitoramento Geovision-250. Para aplica¸c˜ao do campo el´etrico, foi utilizado uma fonte MGF-3010, da empresa Mywave (figura 3.6 (b)), para aplica¸c˜ao de voltagem ac e a combina¸c˜ao das voltagens ac e dc. A fonte de voltagem MGF-3010, permite varia¸c˜ao com certa precis˜ao, o que ajuda nas medidas.

Foi feita analise usando a t´ecnica de microscopia de luz polarizada em uma amostra de cristal l´ıquido nem´atico 5CB com alinhamento planar, como ´e visto na figura 3.6 A amostra de cristal l´ıquido nem´atico 5CB com alinha-

Figura 3.7: Texturas apresentadas na microscopia de luz polarizada (a) da amostra que teve alinhamento Twist e (b) da amostra que passou por trata- mento para ficar com alinhamento planar.

Fonte: Autora,2018.

mento twist, na microscopia de luz polarizada apresentou textura da figura 3.7(a), o que nos mostra que o tratamento no qual a amostra foi submetida n˜ao foi eficiente, observe a semelhan¸ca da figura 1.9 com a figura 3.7(a). E a amostra que possui alinhamento planar, tamb´em n˜ao foi eficiente seu tratamento, e dessa forma a figura 3.7(b), tamb´em n˜ao possui uma textura esperada.

Nos experimentos descritos pela literatura, os padr˜oes foram observados em amostras com alinhamento bem definido. No entanto,observamos que as amostras usadas n˜ao est˜ao com um bom alinhamento, ´e poss´ıvel que essa n˜ao precis˜ao no alinhamento, tenha exercido influˆencia nos padr˜oes observados.

CAP´ITULO

4

TRANSIC¸ ˜AO DE FRE´EDERICKSZ

A transi¸c˜ao de Fre´edericksz ´e a reorienta¸c˜ao do vetor diretor ˆn sob efeito de campo externos, podendo ser el´etrico ou magn´etico. Essa aplica¸c˜ao foi estudada inicialmente por Fre´edericksz e Zolina em 1933[54]. Essa transi¸c˜ao est´a ligada a constantes el´asticas do material, a espessura do porta amostra do cristal l´ıquido e com a amplitude do campo externo aplicado. Quando o campo externo aplicado ´e menor que o valor cr´ıtico, n˜ao h´a mudan¸ca no vetor diretor. E quando o campo externo atingi o valor cr´ıtico, a reorienta¸c˜ao come¸ca a ocorrer e aumenta conforme h´a o aumento da amplitude do campo. Neste cap´ıtulo, faremos o estudo da reorienta¸c˜ao do vetor diretor ˆn, atrav´es da contagem de an´eis gerados no fenˆomeno de auto-modula¸c˜ao do feixe inci- dente.

4.1

Aparato Experimental

O objetivo deste cap´ıtulo ´e estudar a transi¸c˜ao de Fre´edericksz atrav´es da aplica¸c˜ao foto-induzidas em uma amostra de cristal l´ıquido 8CB na mesofase nem´atica.

O aparato experimental utilizado para caracterizar o fenˆomeno de reori- enta¸c˜ao do vetor diretor ˆn ´e apresentado na figura 4.1. A amostra de cristal l´ıquido foi excitada por um laser IZI, da empresa laser line, com comprimento de onda 532nm e linearmente polarizado na vertical. A amostra foi colocado

em um suporte de metal junto com o peltier5

. Devido a pequena janela do suporte, foi montado um telesc´opio com a inten¸c˜ao de reduzir o diˆametro do feixe, formando por duas lentes de focos f1 = 10cm e f2 = 5cm, dessa

forma, permite que haja uma ampla varia¸c˜ao no ˆangulo de incidˆencia. O feixe transmitido foi projetado em um anteparo a cerca de 2 metros da amostra, de forma que permiete a contagem dos an´eis gerados pela auto-modula¸c˜ao da fase do feixe. Foi usado uma fonte Digital PLD-1 para Diodos Laser, para controle da potˆencia incidente, e tamb´em uma fonte de voltagem que serviu para aquecer a amostra, para que o cristal l´ıquido ficasse na mesofase nem´atica.

Figura 4.1: Aparato experimental para o estudo da transi¸c˜ao de Fre´edericksz

Fonte:Autora,2018.

4.2

An´alises

O contato entre um cristal l´ıquido bem alinhado com um feixe de luz polarizado apresenta o surgimento de efeitos de reorienta¸c˜ao, pois quando o campo ´optico ultrapassa o valor cr´ıtico, dependente dos parˆametros do material, a orienta¸c˜ao inicial torna-se inst´avel e um torque ´optico atua sobre o diretor, dirigindo-se assim uma nova orienta¸c˜ao[35].

Esses processos de reorienta¸c˜ao induzida pela luz acontece a partir da intera¸c˜ao da polariza¸c˜ao el´etrica induzida nas mol´eculas de cristal l´ıquido e o campo el´etrico, isso matematicamente ´e escrito em termos do torque experimentado pelas mol´eculas de cristais l´ıquidos[35,56], logo:

~ Topt= ( ∆ǫ 4π)h(ˆn · ~E)(ˆn × ~E)i. (4.1) 5 pastilha t´ermica

Sendo ∆ǫ a varia¸c˜ao da anisotropia diel´etrica da amostra de cristal l´ıquido e ~E ´e o campo el´etrico aplicado. o termo que se encontra em h...i representa a m´edia temporal, uma vez que o campo ´optico ´e oscilante[35,56].

O cristal l´ıquido apresenta uma dupla refra¸c˜ao, conhecida como birre-

fringˆencia, por ser um material anisotr´opico, ele apresenta ´ındices de refra¸c˜ao diferentes, para a polariza¸c˜ao da luz perpendicular ao eixo ´optico (no) e para

a polariza¸c˜ao paralela ao eixo ´optico(ne). A refra¸c˜ao para a luz polarizada

perpendicularmente ao eixo ´optico ´e chamado de refra¸c˜ao ordin´aria e para a luz polarizada paralelamente ao eixo ´optico ´e chamada de refra¸c˜ao extra-

ordin´aria.As dire¸c˜oes dos raios refratados podem ser diferentes, devido aos ´ındices de refra¸c˜ao (no, ne) e consequentemente, diferentes velocidades de

fase[55]. A onda ordin´aria possui a condi¸c˜ao (ˆn · ~E) = 0, assim o torque n˜ao ´e originado a partir dela. Logo, apenas a onda extraordin´aria que pode induzir a reorienta¸c˜ao ´optica.

Ao incidirmos um feixe linearmente polarizado sobre a amostra de cris- tal l´ıquido nem´atico sob alinhamento homeotr´opico com incidˆencia normal, o torque ´optico ser´a nulo e n˜ao ocorre reorienta¸c˜ao. Por´em, as mudan¸cas t´ermicas na ordem orientacional podem se unir com ao campo ´optico, fazendo assim que o torque n˜ao seja nulo. Quando o campo ´e intenso suficientemente a orienta¸c˜ao inicial torna-se suscet´ıvel a reorienta¸c˜ao. Dessa forma, uma pe- quena reorienta¸c˜ao ´e estabelecida, podendo aumentar devido ao surgimento de uma onda extraordin´aria no meio. Esta ´e a configura¸c˜ao ´e que defini o fenˆomeno limite no qual uma amostra sob alinhamento homeotr´opico se re- orienta sob uma incidˆencia normal, fenˆomeno esse conhecido como transi¸c˜ao ´optica de Fre´edericksz. Esse fenˆomeno ´e caracterizado por um valor cr´ıtico de intensidade ´optico bem definido e pode ocorrer sempre que a geometria inicial da amostra permita uma propaga¸c˜ao apenas ordin´aria. O efeito de transi¸c˜ao ´optico de Fre´edericksz, entre outros fenˆomenos limites podem ser considerados como efeitos de transi¸c˜ao de ordem.

A transi¸c˜ao ´optica de Fre´edericksz ´e um an´alogo ´optico do efeito de transi¸c˜ao de Fre´edericksz induzido pelo campo el´etrico ou magn´etico em cris- tais l´ıquidos[35].

4.3

Resultados

O principal objetivo ´e estudar a reorienta¸c˜ao do vetor diretor ˆn em uma amostra de cristal l´ıquido 8CB. Dessa forma, foi medido o n´umero de an´eis produzidos pela auto-modula¸c˜ao de fase, originado pela intera¸c˜ao entre o feixe de luz polarizada e o material. Este efeito corresponde a uma forte

distor¸c˜ao da frente de onda durante a sua propaga¸c˜ao devido aos efeitos n˜ao- lineares, sendo observado quando o feixe laser incide na amostra de cristal

Documentos relacionados