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A legislação brasileira relacionada à divulgação de informações pelos entes e entidades públicas tem avançado a passos largos nas últimas décadas. Já na Constituição Federal (CF) de 1988, em seu art. 37, estabelece-se o princípio da publicidade, segundo o qual todo ente e entidade da federação deve acatar: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988).

Também no parágrafo único do art. 70, a CF determina que toda pessoa física ou jurídica que receba recurso público deverá prestar contas:

CF, 1988, Artigo 70, Parágrafo único: Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária (BRASIL, 1988).

Além da Constituição Federal, o legislador, no intuito de fomentar a transparência, publica em 1998 a Lei 9.755/98 que estabelece o site Contas Públicas, no qual todos

os entes e entidades componentes da administração direta e indireta teriam de divulgar informações financeiras.

Já em 2000 é promulgada a Lei Complementar n.º 101, ou Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que, logo em seu art. 1.º, estabelece: “A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente” (BRASIL, 2000).

A LRF estabelece ainda em seu artigo 48:

São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos (BRASIL, 2000, grifo nosso).

Na LRF os meios eletrônicos são estabelecidos como veículo de transparência da gestão fiscal.

Em 2005 é promulgado o Decreto 5.482/2005, que dispõe sobre a divulgação de informações dos entes públicos na internet e determina em seu art. 2.º:

Os órgãos e entidades da administração pública federal, direta e indireta, deverão manter em seus respectivos sítios eletrônicos, na Rede Mundial de Computadores – Internet, página denominada Transparência Pública, para divulgação, de dados e informações relativas à sua execução orçamentária e financeira, compreendendo, entre outras, matérias relativas a licitações, contratos e convênios (BRASIL, 2005, grifo nosso).

Também, em 2005 a Controladoria Geral da União (CGU) emite Portaria n.º 262, de 2005, na qual estabelece: “Os órgãos e entidades do Poder Executivo Federal sujeitos a tomada e prestação de contas anuais manterão, em seus sítios eletrônicos na rede mundial de computadores – internet, página com o título ‘Processos de Contas Anuais’ [...]” (CGU, 2005).

Por fim, o mais recente avanço no que tange à normatização da transparência pública refere-se à Lei 12.527/2011 ou Lei do Acesso à Informação, que inova bastante, ao estabelecer o direto ao acesso à informação por parte da sociedade tanto no que tange à transparência passiva, quando a administração pública recebe solicitações de informação e a elas responde, quanto no que tange à transparência ativa, quando o poder público promove, independentemente de solicitação, em seus portais eletrônicos, informações de interesse coletivo.

A Lei especifica ainda quais formatos de divulgação e tipos de informação a serem divulgados. Também determina a criação de “Serviço de Informações a Cidadão”, para atender às solicitações de informação do público.

A lei determina, em seu art. 8.º, que os entes deverão divulgar no mínimo

I - registro das competências e estrutura organizacional, endereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público; II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos financeiros;

III - registros das despesas;

IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos celebrados; V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e

VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade (BRASIL, 2011).

Além dos itens anteriores, os sites deverão:

I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão;

II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;

III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;

IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da informação;

V - garantir a autenticidade e a integridade das informações disponíveis para acesso;

VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;

VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade detentora do sítio; VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência (BRASIL, 2011).

Por fim, a lei determina, em seu art. 30, que a entidade deverá publicar anualmente, em seu site, as seguintes informações:

I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos últimos 12 (doze) meses;

II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com identificação para referência futura;

III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informações genéricas sobre os solicitantes (BRASIL, 2011).

Portanto, no que tange à transparência, os itens citados são de divulgação obrigatória e devem compor qualquer índice de transparência que seja construído,

sem o prejuízo da inclusão de novos itens de publicação não obrigatória que sejam relevantes para os usuários das informações disponibilizadas pela universidade.