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7.3 – Transporte IPv6 sobre um backbone MPLS

No documento Redes MPLS Fundamentos e Aplicações (páginas 116-119)

Devido à necessidade cada vez mais intensa do protocolo IPv6, os prove- dores de serviços precisam atualizar a sua infraestrutura de modo a transmitir tal protocolo, já que haverá demanda de tráfego IPv6, proveniente dos clientes conectados em sua rede. Para atender a esta necessidade, uma primeira solução seria a configuração do protocolo IPv6 em todos os roteadores do backbone, po- rém esta solução gera algumas desvantagens. Entre elas:

• Alguns dos roteadores podem não ter um sistema operacional que su- porte o protocolo IPv6, sendo necessária a atualização do parque de equipamentos.

• Como muitos clientes ainda estarão usando o protocolo IPv4, será neces- sário o funcionamento em dual-stack (executar IPv4 e IPv6).

• Para executar o protocolo IPv6 em um backbone, o IPv6 precisaria do su- porte ao LDP, o qual ainda não foi implementado.

Portanto, tal solução requer uma completa atualização de todos os rotea- dores pertencentes ao backbone, o que os provedores de serviços preferem evitar.

Por se tratar de uma tecnologia que transporta rótulos, o MPLS pode trans- portar informações além do protocolo IPv4 em seu payload, ou seja, o pacote rotulado pode ser um pacote IPv6, sem a necessidade de que os roteadores Ps executem o protocolo IPv6.

Com base nesta ideia, há algumas técnicas ou soluções disponíveis para integrar serviços IPv6 sobre o núcleo dos provedores de serviços, tais como: 6PE, 6VPE e PseudoWire. Todas essas soluções possuem a vantagem da não necessida- de de executar o protocolo IPv6 nos roteadores de núcleo (Ps); estes farão apenas um processo de comutação de rótulos. A solução PseudoWire tem algumas des- vantagens em relação às soluções 6PE e 6VPE – uma delas é o fato de adicionar cabeçalho de camada 2 para transporte num backbone MPLS. Outra desvanta- gem seria o fato de ser uma solução ponto-a-ponto, enquanto o 6PE e o 6VPE são soluções multipontos.

Embora existam alguns outros mecanismos de integração (IPv6 usando túneis nos roteadores CEs (Customer Edges) e IPv6 sobre um circuito de transporte sobre MPLS), ambos possuem limitações que impactam diretamente a sua adoção.

Condições são favoráveis para a introdução de um serviço IPv6 na borda da rede, de forma escalável, sem qualquer restrição de endereços IPv6 e sem colocar

o backbone em risco, já que os provedores de serviços possuem backbones bas- tante estáveis com uma infraestrutura IPv4, e vários cenários de integração são possíveis para ofertar serviços IPv6 na rede MPLS.

7.3.1 – Técnica 6PE

Desenvolvida pelo fabricante Cisco Systems, o método de integração conhecido como 6PE (IPv6 Provider Edge over MPLS) permite que domínios IPv6 se comuniquem com outros domínios IPv6 sobre um backbone MPLS-IPv4. Sua implementação não requer atualização nos roteadores de núcleo e nenhuma re- configuração, devido ao encaminhamento ser baseado em rótulo, o que provê um baixo custo no desenvolvimento do IPv6 no backbone. Podemos citar alguns outros benefícios do uso desse método de integração, tais como:

• Não há impacto na rede IPv4 existente e nos serviços MPLS.

• Não há impacto para o cliente, podendo o provedor fazer uso de rotea- mento estático ou dinâmico para conexão.

• Não é necessário qualquer parada na rede, podendo os roteadores 6PE serem adicionados ao backbone em qualquer momento.

• Apenas os roteadores de borda, conhecidos como roteadores PE (Provider

Edge), necessitam de atualização de software, caso o software atual não

possa efetuar tal implementação.

6PE é o método de integração escolhido e recomendado para futura ado- ção do IPv6 no backbone, eliminando o impacto na operação da rede e aumen- tando o lucro gerado pela infraestrutura IPv4 já existente. Na Figura 7.2 pode-se visualizar a arquitetura global do método 6PE, onde se percebe que quatro inte- rações de roteamento podem ser encontradas no caminho entre as estações IPv6:

• A nuvem IPv6 rodando um IGP IPv6 (RIPng, IS-ISv6, OSPFv3);

• Os roteadores CEs e os PEs trocando informações de roteamento IPv6 atra- vés de um IPv6 EGP (Exterior Gateway Protocol) – MP-BGP (MultiProtocol

Border Gateway Protocol), IGP ou rota estática;

• Os roteadores PEs formando um par de roteamento IPv6 através do MP-BGP;

• O roteamento na nuvem MPLS/IPv4 rodando um IPv4 IGP (IS-IS, OSPF) para estabelecer alcançabilidade entre os PEs.

É importante ressaltar que o método 6PE não tem nenhum impacto nos roteadores de núcleo, pois estes não têm conhecimento de que estão comutan- do pacotes IPv6, já que eles apenas usam encaminhamento de rótulo MPLS no

backbone.

Para que o transporte IPv6 possa ocorrer de forma transparente no back-

bone, é necessário impor uma hierarquia de rótulos no roteador 6PE de ingresso.

O rótulo de mais alto nível (top label) provê conectividade no núcleo MPLS-IPv4, sendo distribuído pelo protocolo LDP (Label Distribution Protocol). O próximo ró- tulo é utilizado pelo roteador 6PE de saída para encaminhamento IPv6, sendo este distribuído pelo protocolo MP-BGP. Na Figura 7.3 é observado o encaminha- mento de um pacote IPv6 através do backbone MPLS com 6PE.

Percebe-se, nesse caso, a saída do pacote IPv6 puro da Estação 1, sendo acrescentados rótulos IPv4 (L1) e IPv6 (L2) no 6PE1, efetuada a troca do rótulo de mais alto nível (L1) pelo rótulo L3 pelo roteador de núcleo (P1) e retirado o rótulo no P2. No 6PE2 o rótulo L2 é retirado para entrega do IPv6 puro à Estação 2.

Há também uma solução para transporte do IPv6 no backbone MPLS em uma VPN, o qual é chamado de 6VPE. Esta solução é similar para a operação do MPLS-VPN para IPv4. A diferença entre o 6PE e o 6VPE é que no 6VPE o prefixo

IPv6 do cliente pertence a uma VPN e é completamente separado dos prefixos de outros clientes que conectam para a mesma rede MPLS-VPN (De Ghein, 2007).

Figura 7.3 – Encaminhamento 6PE (Cisco, 2010)

No documento Redes MPLS Fundamentos e Aplicações (páginas 116-119)